Capítulo 06



N/A = Que capítulo do capeta! ¬¬ Desculpem mesmo a meguíssima demora na postagem, prometo que o próximo demorará bem menos. Porém, teve todas as festas, viagens, férias, preguiça ~admito, eu tive preguiça u.u~ e acabou atrasando. Isso sem contar que ele parece... diferente dos outros. Talvez seja o fato de eu não saber descrever cenas de ação. e.e' De qualquer forma, desejo uma boa leitura a todos :D

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- O que você está fazendo? - ouviu-se o murmúrio de Rony logo atrás de Harry.


- O que você acha? - ele perguntou, inabalável.


Hermione estava deitada, adormecida, enquanto Harry inspecionava seu corpo, sem um pingo de vergonha ou respeito. A luz da varinha iluminava a pele branca e imaculada, enquanto os olhos verdes, com um brilho determinado e frio vasculhavam a procura de alguma coisa.


A visão disso fez o sangue de Rony ferver.


- Pare de ser paranoico, Harry, e tire as mãos dela! Ela não tem Horcrux nenhuma! - Rony logo se intrometeu, mas Harry teve uma reação rápida, deixando a varinha em riste e apontada para a cara do amigo, paralisando-o no mesmo lugar.


- Não me obrigue a ter de estuporá-lo, Rony. - foi a resposta simples, enquanto encarava-o com aquela determinação fria e insensível.


Rony ponderou, só por um instante, mas não houve acordo, foi a conclusão de Harry aos olhos azuis e faiscantes de raiva e o indício de que iria atacá-lo, com varinha ou sem.


- ESTUPEFAÇA! - o jato colorido atingiu o amigo em cheio, sem qualquer erro pela pouca distância. - Desculpe, amigo. - murmurou, ao observá-lo caído e desacordado no chão de pedra.


 


 


- Será muito mais rápido! Sabe que não podemos perder nenhum segundo! - falou Hermione, alterada pelas constantes recusas de Harry.


- Não sou tão idiota que não perceberia que apenas planejar em cima das suas informações não seria muito mais rápido. No entanto, é você que vai arriscar o seu pescoço lá fora? Eu acho que não.


Era impressionantemente irritante o modo calmo e indiferente com que ele tratava qualquer situação. Mesmo nas discussões mais acaloradas, ele não saía da sua constante insensibilidade, algo que, ela diria com uma larga margem de sabedoria, até mesmo Voldemort parecia mais sensível que ele. Sem contar que era ainda mais irritante lembrar de seu mestre em todos os lugares.


Rony se prostrou ao lado dela, para ir em sua defesa.


- Ela é a nossa amiga...!


- Ela é uma prisioneira. - se fosse possível, aquela simples frase, dita num tom gélido, pareceu esfriar totalmente o ambiente claustrofóbico da antiga cela de Rony. O silêncio perdurou por alguns instantes, enquanto Rony e Hermione encaravam um Harry quase ditador a sua frente.


- Ok, então o que você sugere? Que fiquemos sentados, esperando até sermos encontrados? - Hermione falou mais baixo, ajeitando melhor as vestes por cima da camisola. A mesma veste bruxa que, sem intenção, foi “roubada” de seu antigo quarto.


- Não. Você dará todas as informações e planejaremos em cima disso. Depois eu me certificarei de que elas são verdadeiras antes de executarmos o plano.


- Mas... mas... isso vai demorar muito! - Hermione sentiu uma leve irritação por terem ficado brigando por algo que já havia sido decidido muito antes. Por que não poupar tempo?


- Prefere a outra opção, que sou eu descobrindo tudo sem informação alguma sua? - os olhos verdes a penetraram e foi como sentir uma avalanche de gelo sobre si.


Murmurou, resmungou, protestou... mas não havia mais o que fazer. Ela precisava de Harry e o tempo era curto. Se queria rever sua liberdade, iria ter que aturar os caprichos do velho e, agora, estranho amigo e engolir o orgulho.


- Faça o que quiser com as informações, só tente começar logo com isso e demorar o menor tempo possível. - cedeu, por fim, emburrada.


 


 


Hermione nunca soube da inspeção a que foi submetida, mesmo que, durante os próximos dias, em que traçaram um plano, tenha percebido que Rony encontrava-se muito ranzinza quando era obrigado a falar com Harry. Ganhou outras manias estranhas como sempre se sentar ao seu lado e a apoiar em qualquer briga, mesmo que no fim das contas, Harry simplesmente fizesse o que lhe dava na cabeça e era o que valia dali em diante.


Após os longos e árduos dias de planejamento – onde a grande maioria das suas ideias sempre eram frustradas pelas constantes intervenções de Harry -, finalmente tudo ficou pronto e ele decidiu verificar as informações recebidas ou, no caso da rotina, descobrir as necessárias.


Foi só nesse momento, quando Harry começou a se ausentar, que percebeu o quanto a presença de Rony podia realmente ser incômoda. Não que ele fosse irritante, ou sua presença desagradável, mas os cabelos - antes bem cuidados – agora encontravam-se num vermelho escurecido e opaco, muitíssimo parecido com... os olhos do seu mestre.


Era tudo o que precisava para relaxar. Tentar dormir e dominar a sensação de estar sendo vigiada o tempo todo, com o toque perfeito do destino para enlouquecê-la. Tudo seria muitíssimo menos assustador, ou paranoico, se houvesse iluminação completa no ambiente e não aquele simples potinho, onde um fogo mágico crepitava, como sendo a única fonte de luz.


Por sorte, Harry terminou, mais rápido do que supunha, sua verificação e chegou com tudo o que precisariam para começá-lo.


- Pronto, tudo confirmado. Já coloquei a poção sonífera nos irmãos Carrow e em sua escrava, peguei suas roupas e mais um pedacinho deles para a poção Polissuco. Começaremos amanhã.


- E qual a rotina deles? - logo perguntou Hermione, ansiosa.


- Contarei amanhã. Saiba, apenas, que os planos funcionarão sem modificações.


- Certo. - falou um pouco emburrada, pois sabia que se ele não estava disposto a falar, nem insistindo ele o faria e só a irritaria ainda mais.


- Ok, hum... e o que faremos até lá? - perguntou Rony, se debruçando sobre as pernas, olhando as chamas aprisionadas no pote.


- Vou revisar os planos, divirtam-se. - ele levantou-se da rodinha e foi até um canto, começando a perder-se em pensamentos, como já era costumeiro.


Ninguém falou nada por certo tempo, até que Hermione decidiu fazer a pergunta fatídica a Rony. Por alguma razão temera tocar nesse assunto nos dias anteriores e, mesmo agora, não tinha coragem de o fazer na frente de Harry.


- Hum... Rony... - começou baixinho, também com os olhos pregados nas chamas – O que... o que aconteceu com o Harry?


- Sei lá, ele tá mais estranho que o normal, desde que te sequestrou.


- Mais estranho? Achei que fosse normal pra você.


- Bem, dá pra se acostumar com algumas excentricidades dele em um ano e alguma coisa, mas ele anda estressado pra caramba desde que você chegou.


- Como que você pode saber? Ele parece que tem um coração de pedra! - exclamou baixinho, erguendo os olhos para ele intrigada.


- É exatamente por isso que sei que ele está estressado. Sempre em alguma situação de ameaça, ele fica desse jeito aí...


- Ele me acha ainda uma inimiga? - suspirou, conformada. Não seria de surpreender...


- Você não, provavelmente, mas essa sua coleira, sim. Não vai ter jeito, ele é super desconfiado. Ultimamente...


- Nem imagino os horrores que ele passou nesses 10 anos...


- Ele disse que um eremita o encontrou, quase a beira da morte, e o ensinou a como sobreviver. Não conta muito mais do que isso. - ele olhou para o outro lado, parecendo pensativo, deixando Hermione intrigada.


- Está me escondendo algo? - ergueu a sobrancelha, mais interessada.


- Não é nada. - suspirou.


- Fale. - cruzou os braços, olhando-o incisiva.


Rony não havia mudado em quase nada. Era só lhe dar um olhar mais feio e ele logo cedia.


- Ele não tinha morrido quando Você-Sabe-Quem fez questão de Hagrid mostrar o corpo dele para todos... enquanto todos brigavam, ele simplesmente se levantou e fugiu. Eu sei, deve ter sido barra ter que se entregar pro próprio Lorde das Trevas pra morrer...


- Ele... fugiu? - Rony só podia estar de brincadeira! Porém, observando as expressões sérias, soube que não era – Não posso acreditar... todas essas mortes... escravizações... esse caos... poderia ter sido diferente.


- Eu sei. Poderia não ter acontecido tudo isso, ou poderia ser pior e nem uma segunda chance termos.


- Rony...


- Não estou defendendo que a fuga dele foi certa. - ele logo interrompeu numa frase rápida, quase nervosa - Só que... eu compreendo em parte o que ele sentiu naquele dia. Ele morreu, Mione. Ele desistiu de muita coisa para sacrificar a vida por nós. Pra que? Olha o que aconteceu! Se ele tivesse morrido verdadeiramente, o sacrifício dele iria ser totalmente em vão. Voltar da morte não traria a nossa vitória.


Silêncio. Os olhos azuis de Rony encararam os de Hermione por um longo tempo, antes dele retornar a falar, ainda aos sussurros.


- No começo eu tive raiva dele por ter te deixado pra morrer. Mas, quando fomos te raptar, ele quase não me deixou participar do plano porque não achava justo que eu arriscasse a minha vida. - ele franziu o cenho ainda mais concentrado – Ele não mudou, Mione... no fundo, ele não mudou. Só acho que ele percebeu que morrer por uma causa não traz vitórias à uma Guerra.


A conversa terminou. Ainda permaneceram, cada um dos três, acordados e pensativos em seus próprios cantos, mas logo Harry fez com que todos dormissem, pois precisavam acordar cedo. A execução do plano seria no dia seguinte, às sete horas da manhã.


 


 


- Todos inteiros? – perguntou uma voz feminina, de um beco qualquer de Londres, logo após o nítido som de aparatação.


- Se não parar de apertar meu braço, com certeza não! – dizia outra, com tonalidade mais fina, ligeiramente indignada. – Obrigada!


- Rony? – a voz continuou, parecendo ignorar a reclamação anterior.


- A-acho que sim, Harry. – falou meio gaguejante, uma voz bem mais grossa do que o natural de Rony.


- Ótimo, vamos fazer o mais rápido possível. Esses saltos altos estão me matando! – reclamou, já se ouvindo que começava a caminhar.


- Passos pequenos, Harry, com a ponta do pé. É para andar, não marchar! – se ouvia logo depois, enquanto outros passos o seguiam.


Um muxoxo de reclamação foi ouvido pela bronca recém dada, antes das três pessoas saírem do beco.


Pegando a via principal, os irmãos Carrow e sua escrava agora se encaminhavam para a fábrica, como numa manhã normal. Nada indicava que haveria alguma conturbação na rotina, como um certo trio andava planejando secretamente durante os dias anteriores.


Para o espanto, somente de Rony, a “fábrica” não passava de uma pequena construção, parecida com uma casa por fora. Ao adentrar, encontravam-se em um espaço vazio relativamente grande, onde havia mais duas portas na parede oposta a que tinham adentrado.


Enfileiradas em quatro colunas, havia vinte mesas, onde encontravam-se pessoas sentadas em suas respectivas cadeiras que recitavam feitiços sobre faixas de couro negro, sem olhar para os lados. Hermione não precisava que eles levantassem a cabeça para saber serem escravos. Rondando a sala, havia uma dúzia de Guardas que logo se voltaram para eles e fizeram uma reverência.


Harry, disfarçado de Aleto Carrow, aproximou-se de um deles com extrema lentidão para não denunciar sua falta de habilidade com o salto alto, enquanto Hermione e Rony iam logo atrás.


- Imagino que o relatório de sempre... – começou ele, com frieza.


- Sim, senhora. Doze caixas produzidas, desde que chegaram às seis. – informou o aprendiz de comensal, com um mínimo de nervosismo.


- O esperado. – Harry passou por ele, sendo seguido fielmente por Rony e Hermione até a porta à esquerda.


Dentro da porta, havia caixas e mais caixas empilhadas, como um depósito. Ali, como informara Hermione a Harry, era também usado pelo Lorde das Trevas como um escritório particular quando vinha visitar regularmente a fábrica.


- Por que entramos aqui, Harry? – falou baixo, Rony, ao ouvido deste.


- Seguir a rotina e tirar esses sapatos por dois minutos! – falou um Harry com uma voz agoniada, enquanto se apoiava na parede com expressões de dor.


- É, Rony... – sussurrou Hermione, enquanto observava Harry a massagear os dedos dos pés – Às vezes é vantajoso se fingir de brutamontes descerebrado... você faz esse papel muito bem.


- Muito engraçado, Mione. – Rony resmungou, carrancudo, recebendo apenas um riso por parte dela.


- Veja o lado bom, você praticamente não fará nada. Só faz cara de durão e amedrontador, igual qualquer guarda-costas. – respondeu Hermione, ainda meio risonha.


- Por que eu sempre fico com o papel inútil dos planos? – desabafou em desânimo e, apesar de ser bem comum em Rony, era muito esquisito verificar isso em Amico, com aqueles traços fortes e amedrontadores.


- Teria dado o papel principal com todo prazer. – grunhiu Harry que continuava a massagear as pontas dos pés.


- Pensando bem, eu dispenso esse papel. – corrigiu-se rapidamente ao analisar o amigo com os dedos vermelhos.


- Rony, você ainda vai descobrir que os papéis inúteis costumam ser os mais seguros. – respondeu compreensivamente Hermione.


Após alguns minutos, finalmente Harry se deu por satisfeito na massagem e levantou-se, para colocar os sapatos apertados.


- Ótimo. Agora que meus dedos respiraram um pouco e já devemos ter ficado o suficiente aqui dentro, vamos continuar e acabar logo com isso. Venham.


Com Hermione de um lado e Rony o seguindo logo atrás, caminharam calmamente para a porta ao lado. Diferente da sala anterior, aquela sala não permanecia desocupada. Um dos Guardas encontrava-se no aposento, verificando se o trabalho de enfeitiçar as faixas havia sido bem feito.


Rony e Hermione olharam imediatamente para Harry, mas este não pareceu impressionado com aquilo. Simplesmente caminhou até o lado do rapaz, olhando atentamente o que fazia por cima do ombro.


Claro que não passou muito tempo, as mãos dele começaram a tremer de nervosismo, mas Harry continuou indiferente apenas observando, até...


- Alguma avaria aparente?


- Na-nada ainda, senhora. – respondeu ele, tentando continuar o trabalho, mas só a presença de um superior ao seu lado parecia deixá-lo nervoso ao extremo.


- Nada que seus falhos feitiços de detecção tenham percebido, acredito. – Harry fez uma carranca, estreitando os olhos. – Uma das coleiras que saiu daqui não foi fabricada devidamente e quase um mestiço escapou. Você tem ideia do que isso poderia causar, senhor Neumann?


- N-não, senhora. – ele falou ainda mais apavorado.


- Isso. – começou Harry, ameaçadoramente, inclinando-se para um rapaz que já se encolhia de medo, quando alguém interrompeu seu show de terror, abrindo a porta e chamando atenção de todos os presentes.


Por sorte, Harry não havia completado o plano que tinha em mente antes da pessoa interrompê-lo. Hermione viu quando ele depositou novamente a varinha por debaixo das vestes discretamente.


- O que quer? - perguntou friamente, com um toque irritadiço na voz. O mesmo Guarda que havia lhe dado o relatório matinal era o visitante do aposento.


- Queria informar... que o Lorde das Trevas a espera na sala ao lado. - havia uma pequena e quase imperceptível reticência em sua voz.


O silêncio perdurou por alguns instantes, enquanto Harry erguia uma sobrancelha, pela notícia inesperada. Por alguns segundos Hermione percebeu que ele teve um ímpeto de olhá-la, mas pareceu conseguir se conter. Endireitou-se em pouco tempo, encarando o novo visitante do aposento seriamente, antes de responder.


- Irei imediatamente. – informou, começando a caminhar para a porta.


Mal tinha dado o segundo passo para fora do aposento, o mesmo indagara:


- Por que sua escrava não a está seguindo, senhora?


- Minha... escrava? – ele inquiriu, voltando os olhos para trás, procurando por Hermione. Esta permanecia parada apenas a observar ele ir caminhando.


Hermione engoliu em seco, quando os olhos negros de Aleto penetraram os seus, gélidos.


- Não está me seguindo...?


Hermione sentia que perdia gradativamente o chão. Por alguns momentos, esqueceu-se de que aquilo era um teatro, de que estava disfarçada. Tudo em que conseguia pensar era que se seguisse aquela mulher seria como caminhar em direção à forca. Empalidecia de medo e seus olhos mostravam o mais puro pavor, sem se preocupar em demonstrar todo seu horror.


Quando Harry abriu a boca novamente, era como se estivesse prestes a lhe dar a sentença de morte.


- Venha até aqui, inútil! – ordenou rispidamente.


Hermione estava aterrorizada. Por sorte, nenhum dos dois aprendizes a comensais entenderam o verdadeiro motivo de seu desespero, acreditando que o problema seria Aleto castigá-la severamente mais tarde. Provavelmente isso ainda seria melhor opção do que, naquele momento, ser obrigada a caminhar direto para a boca do lobo. A única pessoa que podia controlá-la tinha que ter aparecido e a situação a obrigado a se aproximar dela?


Sem qualquer escapatória, deu passos vacilantes na direção de “sua senhora” que, assim que ficou perto o suficiente, puxou-a em direção a si com brutalidade. Hermione não via nada além do chão, enquanto ouvia Harry ainda a falar.


- Acertarei essa afronta mais tarde, escrava.


Como se não bastasse já ter de, praticamente, caminhar para a forca, ainda precisou ouvir uma ameaça. Quase arrastada, Hermione, de cabeça baixa, tentava controlar o suor frio que começava a escorrer por sua testa, pensando se sua faixa estaria bem escondida sob o cabelo comprido daquela escrava; se notariam a qualquer momento o pequeno alfinete que colocara para ajustar a coleira. Mas sua maior preocupação era se ele decidisse ler sua mente. Diferente de Harry, não aprendera oclumência e, mesmo assim, só por ser sua escrava, era obrigada a desfazê-la com uma simples ordem.


- Volte aos seus afazeres. – ouviu, enquanto era empurrada para dentro da sala e a porta era fechada logo em seguida.


Temeu erguer os olhos e voltar a encarar o par de olhos vermelhos. Temeu fazer qualquer ato que pudesse denunciar que não era quem aparentava ser.


O som produzido pelos saltos altos de Aleto pode ser ouvido claramente enquanto se aproximava, e as mãos firmes, não sabia se do verdadeiro Harry ou se Aleto também poderia ser daquele jeito, a segurar por seu braço e começar a carregá-la para mais perto da pessoa que lutara durante mais de dez anos para conseguir fugir.


- Milorde. – ouviu a voz quase ao seu lado, por terem quase a mesma altura, e o leve dobrar de seu corpo, que obrigou Hermione a também fazer o mesmo. – Que surpresa em ter sua presença aqui mais cedo do que o esperado. Posso saber o porquê de sua visita antecipada?


Hermione tentava manter a cabeça no lugar, tentando se concentrar no que ocorria no ambiente a volta, apesar de ser bem difícil. Uma das coisas em que tentou se concentrar era na interpretação de Harry. Precisava admitir que ele conseguia fazer bem o papel de falso.


- Estive ciente de alguns incidentes desagradáveis por esses dias e acredito que um dos alvos possa ser aqui. – ouviu a voz friamente analítica, fazendo surgir um arrepio em sua espinha que nunca sentira com tanto tempo de convivência. Quem sabe não fosse porque era a primeira vez que estivesse fugindo dele e se encontrasse a apenas uma poção polissuco e a, talvez, um metro de distância? – Aconteceu algo estranho por aqui esses dias, Aleto?


- Nada saiu da rotina. – respondeu “Aleto” com objetividade – Está tudo em absoluta ordem. Mas informarei imediatamente se perceber qualquer coisa errada.


Hermione começou a sentir uma leve segurança de que aquilo não passava de uma sessão de aviso e ergueu levemente a cabeça, encarando o Lorde em pé, solitário, logo a frente de ambos. Via pela primeira vez ele de frente com um de seus comensais. Era uma visão... estranha.


- Isso seria de extrema utilidade... – respondeu, após algum tempo de análises às caixas do aposento com um ar pensativo. Instantes depois, voltou os olhos diretamente para Hermione e para o braço que Harry decidira não largar ou, se esquecera de que ainda segurava. – Mas, aproveitando que precisava vir aqui para verificar se os acontecimentos acabaram afetando o lugar ou não, gostaria de saber como está indo a divisão. – ele olhou significativamente para Hermione.


- Isto? – perguntou “Aleto”, puxando levemente o braço de Hermione para trás, obrigando a olhá-la. – Estou levando. Amico irá entender em alguma hora sobre os limites que dei a ele para usá-la. Até lá, será um aborrecimento, visto que ela já é imprestável por natureza e Amico apenas ajuda dando ordens contrárias às minhas para me contestar. – bufou, com ar meio cansado e aborrecido.


- Vejo que não tiveram muita evolução. – o Lorde comentou calmamente. Hermione sentiu o estomago congelar, ao observar que ele tinha as atenções demais nela. – Acho que não terá outro jeito a não ser dar uma ajuda para que possam se entender...


- Ajudar? – intrigou-se, falando em voz alta, “sua senhora”. Depois, como se quisesse se corrigir, continuou – Mas é claro que não precisa se dar tanto trabalho por uma simples serva como eu, Milorde.


- Aleto, Aleto... não será nenhum grande fardo para mim. – nesse momento, para piorar o desespero de Hermione, ele começou a andar de um lado para o outro. Isso indicava que estava estudando minuciosamente o método perfeito para enrolar sua presa em suas teias – O problema de sua escrava é claramente a falta de discernimento de que existe uma única autoridade e que os outros são donos secundários. Ela precisa aprender as prioridades, e a situação está propícia para que eu possa ajudá-la na tarefa de criar as prioridades certas.


Hermione sentia seus joelhos começando a ceder lentamente a cada palavra. Já sabia no que isso ia dar, olhando o espaço vago ao lado direito dele onde sempre estivera depois de sua ascensão. Provavelmente, estava querendo arranjar uma substituta. Por que não tinha ido no dia seguinte? Por que tinha que ter escolhido justamente aquele dia para isso!?!


- Seria uma grande honra que pudesse fazer isso por mim, Milorde... – começou a falar “Aleto” com um leve ar reticente. Harry claramente percebia que começava a se enrolar numa teia que não tinha volta. – Mas não entendo porque a situação só se tornou propícia nesse momento.


- A ilusão estava muito boa para ser verdade. – comentou com ar decepcionado, enquanto colocava as mãos para trás e caminhava pelas caixas. – Claro que notou a falta de algo em mim, estou certo, Aleto? – ele perguntou, enquanto Harry seguia com os olhos o mestre que, aparentemente, era pouco mais velho que ele.


- Sua e... – Hermione deu uma cotovelada leve em Harry. Por sorte, ele parecia estar entretido em olhar alguma coisa numa caixa qualquer da pilha – mascote não está ao seu lado...


- Isso se deve a alguns problemas que a impossibilitam de fazer isso. Não sei por quanto tempo. Então, resolverei o meu problema temporário com minha mascote e o seu com sua escrava, ao mesmo tempo. Uma oportunidade única, devo acrescentar.


Hermione imaginou que Harry, assim como ela, provavelmente tentou segurar as expressões faciais para não demonstrar malícia ao ouvir aquelas palavras. Convivendo por tanto tempo, sabia que o orgulho dele era grande demais para admitir aos seus servos que alguém tinha conseguido lhe passar a perna e roubar algo tão precioso praticamente na sua frente.


- Seria uma grande honra, Milorde. – respondeu simplesmente Harry o mais próximo da imotividade possível.


- Então, entregue-a para mim. – simplesmente disse, enquanto voltava novamente as íris vermelhas para as “duas”.


- Gostaria muito de fazê-lo imediatamente, Milorde. – começou Harry com certa rapidez não característica. Provavelmente fora causado por Hermione parecer perder a sensibilidade das pernas por alguns instantes, obrigando Harry a mantê-la em pé pela mão que segurava seu braço. – Mas precisarei dela pelos próximos minutos, se não se incomodar em recebê-la mais tarde.


- Precisará? – ele perguntou cético, enquanto erguia uma sobrancelha.


- Neumann relaxou enquanto verificava os feitiços das futuras coleiras e poderia ter acontecido um desastre grave se não fosse descoberto o erro a tempo. Quero endireitá-lo, mas isso poderia atrasar a entrega. Para isso não ocorrer, iria usá-la para continuar o serviço, enquanto me ocuparia com Neumann. – explicava Harry detalhadamente.


- Seu irmão não poderá fazer isso, Aleto? – perguntou, cruzando os braços.


- Iria se distrair com facilidade com a lição que reservei a Neumann e não posso permitir que algo defeituoso saia daqui mais uma vez, Milorde. – os argumentos eram convincentes, mas Hermione temia o pior em cada frase pronunciada.


- Não deveria ser tão tolerante. A última remessa foi realmente decepcionante... Porém... - Hermione não podia acreditar. Com tantas horas vagas pra fazer discurso, ele tinha de fazer naquele momento? Porque não falar que podia simplesmente esperar, acrescentando qualquer coisa humilhante e grossa, para alimentar aquele ego enorme? - como alguns minutos não farão, realmente, muita diferença para mim, serei generoso, Aleto. Claro, aproveite este tempo para discutir sobre isso com seu amado irmão... – ele ergueu levemente o canto dos lábios num sorriso de diversão.


- Amico não tem no que opinar nas coisas que não lhe pertencem. – respondeu com frieza, estreitando os olhos, o que pareceu agradar ainda mais ao Lorde.


- Então, assim que terminar seus afazeres, aguardarei a entrega de sua escrava em minha casa. – ele prosseguiu até a porta – Divirta-se na sua disciplina. – ele ainda desejou, antes de abrir a porta e sair.


Harry saiu logo em seguida com Hermione ainda sendo carregada para a outra sala novamente, de preferência ao ter certeza que o Lorde realmente fora embora da fábrica. Quando entrou, Rony encontrava-se próximo a algumas caixas e virou-se com uma brusquidão tão grande quando adentraram no aposento, que mesmo Harry ficou paralisado por alguns segundos.


Depois do choque inicial entre os três, entreolharam-se. Foi um momento de reconhecimento. Logo depois, a pergunta muda era feita apenas com uma olhada ao redor: Onde estava Neumann?


- Não se preocupem, eu... eu estuporei ele. – falou baixo, num tom vacilante e então indicou com a cabeça as caixas no fundo da sala.


Hermione sentiu Harry suspirar aliviado.


- Muito bem, Rony. – parabenizou Harry, sorridente – Adiantou nosso serviço enquanto estávamos conversando com a víbora. Vamos rápido, a poção pode perder o efeito a qualquer momento. Estamos extrapolando nosso tempo.


Os três logo se recompuseram, pegando um número aloprado de futuras coleiras, colocando nos bolsos das roupas internas às comuns vestes de bruxo. Logo ficaram em formação para sair o mais “rotineiramente” possível, dando qualquer desculpa para terem que ir mais cedo.


Caminharam todo o trajeto para a porta sem ninguém impedi-los ou mesmo fazer qualquer comentário do que estavam fazendo. Isso, tudo ocorria perfeitamente bem; até a poção deixar de fazer efeito quando estavam bem de frente com a porta.


A primeira a descobrir isso foi Hermione que começava a se enforcar com sua coleira, que ajustara para o pescoço da escrava de Aleto, e teve de reajustá-la rapidamente antes que se asfixiasse. Ao olhar para o lado, os cabelos flamejantes começaram a aparecer na cabeça de Amico, e os cabelos de Aleto a encurtarem.


Voltou os olhos para trás. Mais de trinta pares de olhos se voltavam, principalmente, para o cabelo vermelho e chamativo de Rony enquanto a transformação se desfazia .


Deviam ter trazido poções sobressalentes! A visita imprevista com o Lorde tinha demandado mais tempo do que o planejado.


Hermione não teve dúvidas quando pegou a varinha de Harry. Explodiu a porta e saiu correndo para a rua, sabendo que os dois amigos corriam logo atrás. Dobrou a esquina e explosões foram ouvidas logo depois. O choque da situação não tinha assustado os Guardas tempo suficiente para ganharem mais distância. Ao olhar para trás, viu o momento em que eles apareciam na esquina e apontavam suas varinhas em direção aos três e teve uma reação instantânea. Virou-se bruscamente e conjurou uma placa metálica logo atrás dos amigos.


Os dois paralisaram, com as mãos na cabeça. A placa praticamente se desintegrou com a pancada dos feitiços, mas tinha dado tempo de correr até ficar entre os Guardas e os amigos.


- Regere Elementum!


O chão aos pés de seus perseguidores imediatamente afundou. Alguns conseguiram se agarrar às bordas e outros caíram no buraco que tinha acabado de surgir.


- O que estão fazendo!?! Corram! Eu cuido deles sozinha! – gritou Hermione, chamando a atenção dos dois que ainda estavam abobalhados com o ocorrido.


- Mas, Hermione! – protestou Rony. Mas não teve tempo de terminar a frase, antes de ter que se jogar no chão para não receber uma rajada de feitiços na cabeça os quais Hermione não conseguia defender completamente – Não tem como lutar contra todos eles sozinha! Vai ser pega!


- Só que eu não vou ser morta se for pega, vocês sim! - respondeu ríspida – Agora vão logo! – no momento que fez um sinal mínimo para o lado com a varinha, uma parte da terra acabou indo para o lado e destruindo uma construção. Com isso, pessoas começaram a sair em pânico de suas casas.


- Mione, pare de mover essa terra! - gritou Harry em meio a gritaria, agora tendo também que cuidar para não ser pisoteado.


- Eu não consigo! - cada vez que movia a varinha, acontecia uma catástrofe maior. - Se movo a varinha, a terra também mexe!


- Então, mantenha essa varinha parada! Rony, pegue as armas. Vamos matar alguns Guardas, mas tente não acertar os civis. Depois tentamos consertar esse feitiço maluco da Hermione. - ordenou Harry, enquanto ele mesmo já pegava as armas do cinto escondido embaixo da capa - Ninguém vai deixar ninguém para trás. – falou Harry, estreitando os olhos, enquanto carregava a arma e os olhos fixos nos alvos.


- Espera, você disse matar? – mais uma catástrofe e mais feridos. Os Guardas estavam atordoados com tantas pessoas correndo e a terra que não parava de se mover.


- Só nos dê cobertura do jeito que puder, ok? Não quero mais mortes do que o estritamente necessário. – apesar da voz séria, havia um sorrisinho divertido nos lábios de Harry – Rony, o primeiro que conseguir quebrar uma varinha é o vencedor da disputa.


“Do que estavam falando? Eles eram loucos de brandar armas de fogo naquele caos?”, indagou-se mentalmente Hermione, com o coração aos pulos. Porém precisava prestar atenção na própria varinha e em como finalizar o feitiço, procurando qualquer informação em seu cérebro que a ajudasse nisso.


Estava uma confusão sem tamanho e estava um pouco difícil de se concentrar. Eram gritos, tiros, feitiços e terra se movendo – não é como se ficar completamente imóvel fosse muito fácil. Por fim, milagrosamente, veio a solução do problema ao lembrar-se finalmente de um feitiço que poderia dar certo.


- Petrificus Elementum! - três casas desabaram. Precisava manter a cabeça fria. Talvez se girasse um pouco mais depressa... - Petrificus Elementum! - Mais pessoas feridas. Provavelmente era a entonação da segunda palavra que estava errada... como tinha dito da primeira vez? Foi tão rápido. - Petrificus Elementum! - tentou, pela terceira vez, finalmente funcionando.


A terra parou de se mover assim que pronunciou, corretamente, o feitiço. Havia elevações, distorções e depressões no meio da rua, além dos destroços de casas e pequenos prédios caídos que pareciam, estranhamente, estar 'flutuantes' no ar. Estava tão entretida em obter a resolução do problema que não percebeu que em meio às suas tentativas falhas, os Guardas decidiram fugir apavorados. O local só possuía três almas inteiras e vivas no meio da destruição.


- Mas... que loucura... foi essa? - perguntou Harry carrancudo.


- Erm... bem... estava tentando parar o feitiço. - olhou em volta. Ainda tinha pessoas vivas em meio aos destroços. - Droga, precisamos ajudá-los!


- TENTANDO, HERMIONE? - Harry a parou, assim que ela já se encaminhava para os feridos - Não fuja do assunto! Tínhamos que fazer isso o mais discretamente possível e destruímos a rua inteira!


- Olha, não é culpa minha você ser um pão-duro que não faz doses a mais de poções polissuco para um caso de emergência!


- Não quero me intrometer na discussão, mas podem trazer reforços a qualquer momento. Vamos sair logo! - falou Rony um pouco nervoso.


Os dois deram um muxoxo desgostoso, mas concordaram.


- Só me deixe fazer alguns curativos nos feridos. - pediu Hermione, indicando as pessoas que pediam por ajuda.


- Não temos tempo, Mione. Eles podem chegar a qualquer momento! - Rony exclamou, olhando para os lados.


- É rápido, prometo! - implorou, fazendo Harry revirar os olhos.


- Se chegar algum reforço, vou te aparatar pro esconderijo, está entendendo? - perguntou incisivo, recebendo um sinal positivo. - Ótimo. - revirou os olhos, enquanto ela saía correndo para ajudar quem pudesse. - Não mudou nada. NADA! Inferno!


- Não acredito nisso. Com tantas qualidades pra permanecer, tinha que ser essa? - Rony exclamou, passando a mão pelos cabelos, pressionando tanto os dedos pelos fios, que parecia querer arrancá-los da cabeça.


- O que ela tinha na cabeça quando lançou um feitiço? Por que não aparatar logo de cara!? - resmungou de mau humor, olhando para lados e para o alto a procura de qualquer problema. - E afinal de contas, que feitiço era aquele?


- Vou saber? Perdi uns bons anos da minha vida preso como um animal. Achei que soubesse.


- Não faço ideia do que seja, sinceramente. Ainda assim, mesmo depois disso, talvez ela realmente não esteja sendo controlada a distância. - resmungou, estreitando os olhos ao vê-la ajudando mais uma vítima do caos. - Ela queria realmente nos proteger. Ainda que só esse feitiço deva ter chamado a atenção de metade de Londres.


- Se confiasse nela desde o início, poderíamos ter adiantado muita coisa. Evitado muita coisa. - resmungou Rony.


- Rony, você é um bom estrategista e me ajudou muito desde que te encontrei. Mas ainda não aprendeu que o mundo não é feito de peças brancas e pretas definidas, como no xadrez. Não podemos confiar.


- Isso quer dizer que não confiou em mim quando me encontrou?


Harry o observou com o canto dos olhos por alguns instantes.


- Não. - realmente, aquela era a prova de que ele estava mais objetivo do que a anos atrás. De certa forma, a sinceridade grossa do amigo era reconfortante, apesar da decepção da resposta. - Bem, vou chamar a Mione. Estou tendo pressentimentos ruins e não quero arriscar.


Poucos minutos depois, os três desapareceram do local.

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Respondendo Reviews...

Poly = Não reclamarei nada se continuar a me mandar comentários grandes. Pode criticar também se achar que alguma coisa ta ruim, que melhoro no próximo se puder. Sugestões sobre o que pode acontecer, idéias, verei se é possível colocar na fanfic também. (deixando comentado, pro leitor que ler além da Poly, que isso vale pra todos. Criticas construtivas são bem vindas u.u)

Tem muitos estilos de fanfics que são intragáveis pra mim. Normalmente, no caso do Voldemort e da Hermione, é justamente um relacionamento 'amoroso'. Eu gosto da relação dos dois, mas não exatamente de um modo romântico (não que fosse impossível, mas ia precisar de um desenvolvimento monstro pra ser convincente e esse não é o foco da minha fic xD)

Quanto ao Harry, sim, exatamente isso. Ele deixou mais o lado todo certinho dele pra ser um pouco mais realista. u.u Obrigado pelos comentários *-*

Krys = Aqui está a resposta da sua pergunta xD Desculpe a demora, essa joça tava um 666 pra fazer. Acho que devo ter refeito ele umas 3 vezes (não o esqueleto, só os detalhes fúteis -.-), mas o próximo sai logo, com certeza u.u

Obrigado também a todos que lêem e gostam da fanfic =D 

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