No escritório
Conseqüências daquela noite
Autora: Christine Annette Waters
N/A1: Ok, nem preciso falar, né? HARRY POTTER NÃO PERTENCE A MIM!
Capítulo 6:
“ O senhor Malfoy espera uma filha sua.”
Incrível como sete palavras, apenas sete palavras, mudam completamente a vida de uma pessoa.
Principalmente se essa pessoa for Harry Potter.
Dumbledore e Pomfrey haviam falado sem parar durante uma hora, explicando tudo sobre a nova situação dos garotos. Pomfrey principalmente. Ficava martelando sem parar, lembrando aos garotos como a gravidez masculina era altamente instável e perigosa, tanto para Draco quanto para a menina. A enfermeira repetia o tempo todo que eles precisariam ficar unidos e protetores ( Draco afundou ligeiramente na poltrona de encosto alto nessa altura da conversa), nem que fosse pura e simplesmente para o bem da criança. Também dissertava sobre os perigos do estresse sobre o bebê, praticamente implorando para que os dois, pelo menos nos sete meses restantes da gestação, deixassem o orgulho de lado e não brigassem, dessem uma trégua.
Basicamente o monólogo de Pomfrey girara em torno desses tópicos durante a última hora, interrompido apenas por breves monossílabos de concordância do diretor. Mas Harry não ouvia nada, não prestava atenção. Não conseguia prestar atenção talvez fosse a expressão mais correta.
“ Oh, Merlin. Não pode ser...”
Quando, naquele dia fatídico no Salão Principal, percebera que realmente havia se entendido bem demais com Draco na noite anterior, sua pressão baixara bruscamente, é verdade. Na verdade, achava que Ron e Hermione só não haviam percebido que havia algo errado com ele porque naquele exato momento o sonserino resolveu desmaiar do outro lado do salão, muitíssimo provavelmente por não ter exatamente o que se pode dizer de resistência a emoções fortes, digamos assim. E todas as atenções dos alunos se voltaram para ele, e os melhores amigos não foram exceção (“Será que o bichinha loiro tá de porre?”, comentário de Ron enquanto tentava ver entre os sonserinos que tentavam acudir o garoto). Harry aproveitou a distração da Torre da Grifinória inteira para ir embora, desnorteado com que acabara de saber, uma náusea descomunal subindo-lhe pela garganta. O que acabara de lembrar...
“ Oh, Deus...”
Agora, um novo grande problema se instalava bruscamente na sua vida. Uma filha. Filha. Filha dele com Draco . Já como não bastasse Voldemort pairando sobre sua existência como uma sombra ameaçadora, agora ele tinha...uma filha. Beleza. Realmente era o que faltava para tornar tudo perfeito.
Potter, você sabe que vai se arrepender disso amanhã, não sabe?”
Mas que estranho... parecia estranhamente predestinado esse bebê. O encontro no corredor... quantas eram as chances deles toparem de frente, caídos de tanto bêbados, numa Hogwarts gigantesca? Ele também poderia estar com alguma sonserina, se agarrando em algum canto escuso. Mas não...ele estava ali... exatamente ali. Como que obra caprichosa do destino. Bem, qualquer um que estivesse lá em cima, Deus, Alá ou o raio que o parta deveria ter uma implicância descomunal com ele, afinal.
“ Draco, você sente atração por mim?”
E por quê, em nome de todos os céus, ele havia feito aquela maldita pergunta? Bêbado sim. Muito bêbado, certo. Mas nunca, nem em seu pior torpor alcóolico, ele havia pensado em se agarrar com Draco Malfoy em um banheiro deserto. Está bem, um pouco mais que agarrar.
“ Ah sim...com certeza.”
A resposta...apenas quatro palavras saídas da boca do sonserino... uma noite... e pronto. Dali a nove meses, ele teria um chorinho de bebê como trilha sonora.
Fantástico.
“ --- ... Principalmente você, Harry... Harry? Harry? Você está ouvindo?”
Pelo visto Pomfrey havia encerrado seu discurso. Dumbledore o chamava, os olhos azuis mais brilhantes do que o normal. Pomfrey olhava com um olhar cheio de censura, praticamente o fuzilando. E Draco...bem, Draco nem ousava olhar na direção dele. Olhava meio distraído para as bugigangas de Dumbledore em cima da escrivaninha, os dedos tamborilando na barriga. Harry sentiu de repente o estômago despencar. Era como se a ficha tivesse acabado de cair.
“ Por Morgana, como vai ser quando a barriga dele começar a crescer?! ”
“--- Harry?” – Dumbledore o chamara suavemente. Draco de repente pareceu sair do transe e olhou mais atentamente o diretor. Os dedos continuando a tamborilar na barriga.
“--- Ahn...desculpe. Continue.” – Harry começou a se sentir estranhamente intimidado pelo olhar de Pomfrey constantemente em cima dele.
Dumbledore suspirou pesadamente. Parecia mesmo preocupado
“— Eu dizia para todos sermos discretos nesse assunto. – O diretor fez uma singela pausa. O silêncio pareceu ecoar – Temos que ter muito cuidado para comentar esse assunto. – Draco desviou o olhar do diretor e revirou os olhos para o teto, parecendo ainda mais nervoso – O ideal era que esse assunto nem saísse daqui, mas realmente não haverá jeito. Precisaremos contar para algumas pessoas.”
“ --- Que tipo de pessoas? – perguntou Draco sem desviar os olhos do teto.
Dumbledore olhou o sonserino com uma expressão que se poderia classificar de espantada.
“ --- Bem, os professores.”
“--- Os professores? – guinchou Madame Pomfrey – Diretor, havíamos concordado que... “
“ --- Sim, Papoula, eu sei. – cortou Dumbledore com elegância – Mas realmente não sabemos se alguma coisa estranha poderá acontecer ao Sr. Malfoy... – Draco deu um suspiro enfastiado - ... durante as aulas. – Dumbledore correu os olhos azuis pelos presentes .
Pomfrey já parecia conformada:
“—Apenas os professores, então.”
“--- Sim, apenas os professores. – confirmou Dumbledore – Outras pessoas saberem já é perigoso demais. – disse, enfatizando o “demais”. Harry engoliu em seco – É muito arriscado. Se a informação caísse em mãos err...
“--- Diretor?”– Harry inspirou fundo e tomou coragem para perguntar alguma coisa. Todos olharam para ele, até os quadros ( que por sinal, haviam cochichado feitos conspiradores a reunião toda). Dumbledore o encarou curioso, Pomfrey olhou aborrecida e Draco olhou direto para ele a primeira vez em uma hora. E desviou o olhar rapidinho, vermelho como o cabelo dos Weasleys.
“ Ahn... eu queria saber se eu...se eu poderia falar com o Ron e a Hermione.”
Os quadros recomeçaram a cochichar rápida e silenciosamente, formando na sala um ruído meio irritante. Drago resmungou algo como “ sempre a sangue-ruim e o pobretão” e Pomfrey fungou, parecendo ofendida só com a pergunta:
“-Ora, Sr. Potter! Não ouviu nada que o diretor disse?”
“--- Papoula, por favor – interrompeu Dumbledore, encarando Harry com os profundos olhos azuis – Harry, se quiser conte, já que você tem total confiança neles. Você merece desabafar com alguém.”
Pomfrey deu outra fungada, deixando clara sua completa desaprovação. Draco fingiu um ataque de tosse para disfarçar uma risadinha. Ia ser muita engraçada a cara do Weasley quando soubesse da grande notícia. Ia mesmo.
Os quadros, ao que parecia, haviam perdido o assunto e haviam se calado. Os outros bruxos presentes na sala também. Agora o silêncio era completo, só interrompido de vez em quando por um bruxo medieval cochichando com seu vizinho.
Foi Dumbledore que resolveu encerrar o assunto, pelo menos por aquela noite. Levantou-se e pigarreou alto:
“--- Acho que por hoje não poderemos resolver mais nada.”– disse, olhando para os dois jovens a sua frente. Nenhum o encarou. Harry estava com o olhar meio perdido na direção das bugigangas de prata do diretor. Draco...bem, Draco parecia que nunca tinha achado os cadarços do tênis tão interessantes antes. Ambos ainda estavam muito desnorteados.
“ Também acho. Os rapazotes deveriam dormir já. – concordou Pomfrey, levantando-se e arrumando a saia. E virando-se para Harry e Draco – Vocês deveriam ir para os dormitórios. Amanhã será um dia longo. “
Meio sem pensar, os garotos obedeceram, levantando-se, se despedindo de forma meio vaga e saindo. Estavam distraídos demais também para perceber que Pomfrey não havia ido com eles.
O caminho para a torre e a masmorra era único, apenas se cingindo em uma escada perto do Salão Principal, de forma que Draco e Harry tiveram que ir juntos no caminho. Foi uma caminhada meio longa, na questão constrangimento mútuo. Draco ainda estava meio voando, andando sem prestar atenção direito aonde ia. Harry, por sua vez, estava pensando em algo, parecendo meio preucupado. Coçava a cabeça a intervalos regulares, resmungando coisas indecifráveis. E irritantes.
“--- Que que foi?”– perguntou Draco, saindo de seu transe e prestando atenção aos resmungos do outro. Harry coçou a cabeça outra vez antes de responder:
“--- Sabe...eu estava pensando que...”
“--- Que?” – os dois já se aproximavam da escada os separaria.
“--- Eu estava pensando... como vai ser quando a barriga começar a crescer.”
“--- Só isso? – Draco deu um risinho desdenhoso – Você acha mesmo que Dumbledore ia deixar passar essa?”
Harry se sentiu corar até a morte. Graças a Merlin que o corredor estava escuro.
“--- O que ele vai fazer?”
“--- Eu não entendi direito, mas ele me mandou ir falar com ele quando começar a engordar – Draco tentava parecer despreocupado, mas havia uma nítida nota de tensão em sua voz – Ele com certeza não vai deixar eu andar com um barrigão pela escola. “
Eles haviam chegado à escada. Subindo, ela dava na torre da Grifinória. Continuando o corredor, ela dava nas masmorras da Sonserina. Harry parou ao pé da escadaria, balançando nos pés, não sabendo claramente o que fazer nem o que falar. Provavelmente teria ficado assim o resto da noite, se Draco não tivesse murmurado um constrangido “ Boa noite” e tivesse seguido quase correndo pelo corredor, deixando um Harry Potter plantado na escada, sabendo se subia ou não. Se subisse e fosse para a Torre, tinha certeza que encontraria Ron e Hermione sedentos por explicações. E ele sabia que teria que dá-las. Conformado, começou a subir, arrastando os pés.
Ele não sabia nem como ia começar a falar.
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