Depois de Uma Tempestade...



N/A-Esse capítulo contem alusões à minha songfic "Tudo o Que Te Peço". Se quiserem entender melhor como Lupin consegue fazer Mary voltar ao normal, por favor, leiam a song (publicidade básica )

Contém, igualmente, alusões à fic “Uma Prece Por Snape”, de Regina McGonagall e, para não variar muito (eheh), o final é alusório à minha fic “Harry Potter e a Batalha Final”



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Foi como se um Dementador tivesse entrado na sala. Lupin e o casal Hallow ficaram parados, em choque. Lupin sentiu um calafrio percorrer todo o seu corpo. Só vira Mary transformada uma vez e não tinha a menor vontade de ver de novo, sabendo perfeitamente da aflição que ela sentia a cada mutação.

Da outra vez que a vira na sua forma vampírica, ela quase o mordera, mas ele tivera a presença de espírito suficiente para conseguir trazê-la à realidade. Mary não era uma vampira qualquer. Era revoltada com a sua condição e jamais aprendera a se transformar por vontade própria ou tivera forças para se proteger dos raios de luar... mas, daquela vez, ela havia se transformado por opção, sim. Ela queria se embrenhar nas trevas que a aprisionavam desde menina, como única forma de se alhear da dor que toda aquela situação estava provocando dentro de si.

Era a segunda vez que ela virava vampira em tão pouco tempo... Apenas dois dias antes, Lupin recebera uma coruja da parte de Gina Weasley, lhe pedindo que fosse até Hogwarts o mais rápido possível: Mary havia se transformado acidentalmente durante a noite e estava precisando dele. Coincidência ou não, isso acontecera justamente no mesmo dia em que Mary recebera uma carta da mãe, ameaçando ir até a Inglaterra buscá-la , caso ela insistisse naquela "loucura" de casar com um lobisomem.

No mesmo dia, também, pouco antes da mutação, ela descobrira que Hermione Granger, a sua aluna mais inteligente, desconfiava da sua situação de criatura das trevas.

Conscientemente ou não, Mary se transformava quando se sentia aflita, triste ou desesperada.

Lupin avançou para ela e a segurou com força por um braço, enquanto Jane, que olhava a filha, apavorada, deixava escapar um grito de horror:

- O senhor está louco??! Não se aproxime dela, homem, ou além de lobisomem vai acabar virando vampiro, também!

Mas ele não hesitou. Mary se debatia, com a boca aberta, tentando cravar os caninos no seu pescoço. Ele a sacudiu:

- Mary, já chega!

- A Jane está certa! - Exclamou Richard, se aproximando, aflito. - A Mary não tem a menor ideia do que está fazendo! Quando se transforma, ela nem sabe mais quem ela é!

- Não se preocupe, Sr. Hallow. - retorquiu Lupin, com voz firme. - Eu já fiz isso antes. Eu sei como fazê-la voltar ao normal. É só puxar o subconsciente dela do jeito certo.

Jane e Richard trocaram um olhar confuso e expectante. Depois, olharam para Lupin, que fixava os olhos nos de Mary, pedindo, com voz meiga:

- Por favor, Mary, domine o mal que há dentro de você. Domine a sua revolta. Vem, Mary, volta. Eu vou cuidar de você. Eu não vou te deixar. Prometo.

Com o espanto expresso nos olhos, Jane e Richard viram como a filha, a pouco e pouco, voltava ao seu estado normal.

Richard aproveitou para correr para a porta e fechá-la. A lua sumiu... e Mary se deixou cair nos braços de Lupin, soluçando:

- Desculpa, Remo! Por favor, me perdoa!

Ele a abraçou com carinho, passando a mão pelos seus cabelos.

Durante longos segundos, o silêncio reinou na sala... Depois, foi quebrado pela voz embargada de Richard, que suspirou, olhando a mulher:

- Jane... eu acho que nós nos enganamos. Depois do que eu vi aqui, me desculpe, Jane, mas nem você nem ninguém vai conseguir me convencer de que a escolha da nossa filha não é a mais acertada.

Jane estava branca; mais pálida do que a filha, se isso era possível. Acercando-se dela e de Remo, gaguejou:

- O meu marido está certo, Sr. Lupin. Depois do que nós presenceamos aqui, eu tenho que dar o meu braço a torcer: o senhor é o homem certo para a nossa filha, sim.

Mary olhou primeiro para a mãe, depois para o pai e de novo para a mãe, incrédula. Não conseguiu falar. Os seus olhos encontraram os de Jane, cheios de lágrimas, e as duas se abraçaram, finalmente reconciliadas.



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- Parabéns aos noivos! – Exclamou Sarah, abraçando Lupin e Mary, ao mesmo tempo.

Sarah McGonagall Snape era sobrinha da Professora Minerva McGonagall (a austera porém bondosa Professora de Transfiguração da Escola de Hogwarts) e casara havia pouco tempo com o Professor de Poções, Severo Snape. O seu amor por ele vinha já de longa data. Despontara nos tempos em que ela era apenas uma menina cigana, que estudava na mesma classe que Mary e Tonks, suas maiores amigas.

- Parabéns para você também, Srª Snape! – Respondeu Mary, com um largo sorriso. – Você me desculpe, eu não falei nada sobre o seu casamento da última vez que nos encontramos, simplesmente porque eu não sabia de nada. A cabecinha de vento da Ninfa esqueceu de me contar!

Tonks corou, o seu rosto assumindo o mesmo tom que o seu cabelo tinha naquele momento, além de estar apartado ao meio e caindo sobre os ombros.

- Ora! – gaguejou. – Vocês não podem esperar que eu me lembre de tudo!

As amigas riram e Mary aproveitou para tentar satirfazer a sua curiosidade, perguntando a Sarah uma coisa sobre a qual se interrogava fazia muito tempo:

- Me diz uma coisa, Sarah: como é que é… viver com o Snape? Não me leve a mal, amiga, mas eu sempre achei tão estranho que você tivesse se apaixonado por um homem tão desagradável… Quer dizer, para você é óbvio que ele não é desagradável! – Deteve-se, corando, temendo ter provocado um desastre pior do que os de Tonks, que a olhou, de boca aberta, enquanto Lupin pigarreava, desconfortável.

Contudo, Sarah riu e disse apenas:

- Não se preocupe, Mary. Ele parece desagradável, mesmo.

Mary sorriu, meio envergonhada do que dissera, mas resolveu continuar:

- Ah… é que ele é sempre tão duro e vive de cara fechada… Vem cá, Sarah, ele nunca ri?

- Oh, ele ri, sim. – Replicou Sarah, calmamente. – Mas só em ocasiões especiais. – Brincou, piscando o olho, o que fez com que Tonks soltasse uma sonora gargalhada e Lupin reprimisse outra, tentando manter a discrição.

- Bom… especial, ele deve ser mesmo; em todos os sentidos! – comentou Mary, com um risinho malicioso, enquanto Lupin corava, disfarçando um sorriso teimoso.

Foi nesse preciso momento que o sorriso desapareceu dos lábios de Mary. Ela começou a tremer e os seus olhos assumiram uma expressão estranha. Lupin a olhou, aflito. Jamais a vira daquele jeito e não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Ao pensar em Snape, ela o vira na sua frente, caído no chão, como morto.

- Uma visão… - murmurou Sarah, empalidecendo. – ela está tendo uma visão…

- Fazia tempo que eu não via isso acontecer! – exclamou Tonks, alarmada.

O mundo ao redor de Mary começou a rodar e Lupin teve que segurá-la, impedindo-a de cair no chão. Com a ajuda de Tonks e Sarah, ele a deitou no sofá. Ela continuava tremendo e suava frio. Na frente dos seus olhos passavam as imagens mais terríveis que ela já vira: o seu primo Rony Weasley avançava com ar estranho, de varinha em riste, apontada para Hermione Granger, que chorava desesperada, encolhida, encostada a uma parede; Harry Potter, aprisionado naquilo que parecia uma redoma de vidro, tinha um ar de desespero apavorado; Draco malfoy e seus amigos Crabbe e Goyle caídos no chão, mortos; um rosto disforme, lembrando uma serpente esbranquiçada, de olhos vermelhos, ria com ar terrivelmente divertido; Mary conseguia escutar os seus risos. Gargalhadas agudas, frias, aflitivas, insuportáveis… E Rony continuava avançando para Hermione… E um homenzinho gordo, baixinho, de olhos aquosos e uma mão que parecia feita de prata apontada a Lupin, estava pronto para matá-lo…

Depois disso, Mary não viu mais nada. Acabava de desmaiar.

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