Superando Inseguranças



CAPÍTULO III

Superando Inseguranças




Lupin acordou com Mary nos seus braços. Dormia serena, com um sorriso de felicidade nos lábios e ele teve certeza de que ela estava sonhando com ele. Era o mesmo sorriso que ela fazia sempre que olhava para ele, meio insunuante, meio acanhado... Aquele sorriso que o encantar desde o primeiro dia.

Ficou ali, olhando para ela, com dó de acordá-la de um sono tão cheio de paz... mas o tempo não estava a seu favor. Dali a pouco tempo, ela teria que estar em Hogwarts, para dar mais uma das suas aulas de Adivinhação.

O sentido do dever e da responsabilidade se sobrepôs ao desejo impossível de prolongar aquele momento e ele a acordou, com um beijo doce.

Mary abriu os olhos, ensonada, olhou-o e se espreguiçou, sem perder o sorriso. Acariciou o braço dele, que estava apoiado junto do seu travesseiro e disse:

- Bom dia.

- Bom dia. – ele respondeu. – Dormiu bem?

Ela acenou afirmativamente com a cabeça e declarou:

- Estava sonhando com você. Um sonho tão lindo...

Lupin sorriu. Adivinhara. Ela se aninhou no colo dele, suspirando:

- Me deixa dormir mais um pouco. Assim, nos seus braços. É tão bom.

Ele beijou os seus cabelos e a abraçou. Ficaram assim por uns momentos, até que uma nuvem cinzenta passou pelos olhos dele.

- Essa moleza vai acabar. – ele comentou, meio brincando, mas com um tom de preocupação na voz. – Com Dementadores por aí, de novo, nós vamos ter que ficar alerta. Voldemort – Mary estremeceu ao escutar aquele nome tão temido, mas ele continuou – tem algum plano e nós precisamos saber o que é. Depois do Dementador de ontem, não há a menor dúvida disso.

Ela suspirou. A mesma sombra conzenta turvou igualmente o seu próprio olhar. Voldemort era o mago das trevas mais temido de todos os tempos. A Ordem da Fênix, da qual o casal fazia parte, era uma espéci de organização de magos do bem, unindo esforças para derrotar o “lorde das trevas”. No ano anterior, ele fizera uma retirada estratégica, levando a seu lado vários dos seus seguidores (os chamados “Comensais da Morte”) e Dementadores (terríveis criaturas sugadoras de felicidade e de almas, guardas da prisão mágica de Azkaban), só possíveis de afastar com um feitiço de defesa avançado: o Patronus; aquilo que Mary usara, para salvar Tonks na noite anterior.

Agora, era já a segunda vez que a Ordem deparava com um Dementador extraviado. Isso só podia significar a tão temida reaproximação de Voldemort. A Guerra estava prestes a eclodir de novo.

- Falando nisso – ele continuou. -, ainda não te dei os parabéns pelo seu magnífico patrono.

Mary corou e, olhando para ele, retorquiu:

- Eu pensei em você. No seu amor. Foi a minha memória feliz.

Ele sorriu, com os olhos brilhando de carinho. Acariciou os cabelos dela, murmurando apenas:

- Minha bruxinha linda...

Ela baixou os olhos, falando a meia-voz:

- Me perdoa se eu te machuco com os meus ciúmes. Eu não suporto a ideia de te perder.

Lupin ia abrir a boca para replicar, mas ela pareceu adivinhar os seus pensamentos, já que prosseguiu:

- Eu confio em você, Remo! Só que ninguém pode mandar no coração... e os sentimentos de uma pessoa podem mudar de um momento para o outro.

Ele se afastou um pouco, com as sobrancelhas franzidas:

- Você acha que os seus sentimentos por mim vão mudar de repente? – Inquiriu, com um olhar indecifrável.

- Não! – ela exclamou, imediatamente. – É claro que não, Remo, eu não estava falando disso, você é o homem da minha vida e isso não vai mudar nunca! Mas...

- “Mas” o quê?

- Mas... – Mary respirou fundo, antes de falar, desviando os olhos para não encará-lo. – É que você é quase perfeito, Remo, seria impossível eu não me apaixonar por você. Você é uma pessoa tão fácil de amar... Já eu... Eu não. Eu não mereço o amor de uma pessoa como você. Eu tenho um temperamento difícil, sou desastrada, covarde, impaciente, tímida demais, vivo fazendo burradas, sou uma pessoa cheia de defeitos e com tão poucas qualidades...

Lupin suspirou e obrigou-a o olhar para ele, falando com seriedade:

- Sabe qual é o seu verdadeiro defeito? É não se dar valor. Mary Hallow, você não gosta de você mesma.

Ela não respondeu. Era verdade. Se alheara do mundo por causa do seu problema e era extrememente difícil para ela acreditar que alguém pudesse amá-la pelo que ela era, do jeito que ela era, com todos os seus defeitos. Os seus olhos brilharam, mas ela não queria chorar. Não queria mostrar fraqueza naquele momento... tanto mais que sabia que todas as palavras de Lupin não eram sinal de censura, mas sim de tristeza pela pouca auto-estima que ela sempre demonstrava.

- Eu vou te ajudar. – ele continuou. – Mas você vai ter que fazer a sua parte e começar a se valorizar, está certo?

Ela fez que sim com a cabeça e ele a abraçou, dizendo:

- Você não tem que se importar com o que as pessoas pensam de você. Eu sei muito bem o que é sofrer preconceito... Mas não fico me recriminando, achando que não valho nada. O primeiro passo para que as pessoas gostem de você é você mesma se gostar.

Mary não conseguiu mais conter uma lágrima, que escorregou pela sua face pálida. Gaguejou, com a voz embargada:

- Me ensina a ser como você, segura, valente...

- Shhh! – fez ele, baixinho, no ouvido dela. – Eu já prometi que vou te ajudar, não foi? Então, confie em mim... Mas, principalmente, confie em você mesma... Promete?

Ela prometeu; para ele e para si mesma. Sentiu que aquele homem era a sua salvação. Se alguém como ele a amava tanto, ela não poderia ser tão má como julgava ser.



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- Profª Hallow, visitas para a Srta no Salão Comunal. – rosnou a voz antipática de Filtch, o vigilante dos corredores de Hogwarts, do lado de fora do escritório de Mary, na escola.

Ela abriu a porta e agradeceu com o sorriso mais simpático que conseguiu esboçar e que se transformou numa careta de desagrado, assim que ele virou costas, sem um sorriso ou uma palavra, seguido da sua gata (tão antipática quanto ele), Madame Norra.

- Sujeitinho desagradável! – resmungou Mary com os seus botões.

- Eu ouvi isso! – guinchou uma voz trocista atrás dela, fazendo-a dar um pulo.

- Ai, Pirraça, que susto!! – ela exclamou, levando a mão ao peito, so lado do coração.

O poltergueist soltou uma gargalhada profundamente irritante e voltou a dizer:

- Eu ouvi o que você disse, Mary... ou deverei dizer “Professora Hallow”? – Fazendo uma mesura ridícula, bloqueou o caminho dela, acrescentando – Só podia ser professora de Adivinhação, mesmo. Numa matéria como essa, só colocam professores que são perfeitos idiotas. – Pirraça acrescentou uns insultos que Mary jamais conseguiria repetir.

Ela sentiu um frio na espinha. Desde os seus tempos de aluna em Hogwarts, Pirraça sempre conseguia intimidá-la e ela nem sabia ao certo porque a atingiam tanto as suas palavras provocadoras. Sentia-se ridícula por ficar intimidada por um simples poltergueist sem qualquer educação.

Lembrando-se das palavras de Lupin e de como ele lhe dissera uma vez que ela tinha tudo para ser uma excelente professora, sentiu que, pela primrira vez, não se deixaria abater pela zoação de Pirraça.

Sem saber direito como, se surpreendeu a si mesma ao responder:

- E só em Hogwarts é que poderiam admitir a presença de um poltergueist tão sem-graça. Dumbledore teve pena de você... e eu também tenho!

Deixando atrás dela um Pirraça sem palavras (algo raro, diga-se!), Mary seguiu o seu caminho, sem conseguir disfarçar um sorriso. Estava satisfeita consigo mesmo. Sabia que aquele era o primeiro passo para ganhar a segurança de que tanto precisava e que prometera a Lupin ganhar. Não queria decepcioná-lo de jeito nenhum!

Desceu até o salão comunal e o seu coração quase pulou pela boca ao deparar com uma senhora baixinha e um senhor magrinho, olhando para ela.

- Mãe? Pai? – exclamou Mary, totalmente espantada. – Vocês, por aqui?

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