As Rosas Têm Espinhos
N/A- Continuação da cena (adaptada) de “Harry Potter e a Batalha Final” que deixei a meio no capítulo anterior.
Capítulo chato para caramba, mas tinha que ser contado. Desculpem. Fica a promessa de melhorar nos próximos.
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Os olhos de Mary se encheram de lágrimas e o seu cérebro de confusão. Como poderia Lupin ter dito aquilo? “Não estou com vontade de tornar pública a minha vida sentimental”?
Ele percebera que dissera a coisa errada… ou pelo menos, da forma errada, mas ela não deu tempo para que ele se justificasse. Olhou para ele, com os olhos marejados de lágrimas.
- Eu pensei que você me amava… - Murmurou, confusa e extremamente decepcionada.
Lupin se voltou de novo para ela, com mágoa no olhar.
- Oh, Mary, não seja injusta! – Pediu. – Eu te amo tanto… - Estremeceu ao pronunciar aquelas palavras. Era a primeira vez que dizia que a amava com todas as letras. A única vez que se lembrava de ter dito algo parecido fora em resposta a um “eu te amo” dela no começo do namoro. A sensação que tinha era que as palavras, quando pronunciadas, aumentavam a intensidade dos sentimentos e, no caso, a sua fragilidade em relação a eles… Mas afinal não era tão ruim assim. Poderia até se acostumar, apesar de achar que não precisava de palavras para provar o que sentia. Continuou – Você está cansada de saber disso. Eu nunca achei uma mulher que me entendesse tão bem.
Ela estava cada vez mais confusa. Não entendia mais nada e não conseguiu evitar sentir que o ciúme sem sentido a corroía de novo. Deu por si dizendo a coisa mais idiota que poderia falar naquele momento:
- Nem a Ninfa? – Arrependeu-se de imediato, mas o estrago já estava feito.
Uma ruga profunda surgiu na testa de Lupin. Ele não podia acreditar que ela estava com ciúmes de Tonks. Que algumas pessoas sugerissem que poderia existir algo entre eles, ele já estava costumado. Até brincava com isso. Mas Mary? Como poderia ela imaginar que existiria algo entre os dois? Se o amor deles parecia um mar de rosas, aquilo deveriam ser os espinhos. Triste, comentou, em tom de censura:
- Mary, escute o que você está dizendo. Você está com ciúme da sua melhor amiga! Você não confia nela?
Ela sentiu que uma imensa vergonha a invadia. Como fora capaz de dizer aquilo? Como?
- É claro que confio… - Murmurou, sem conseguir achar uma justificação para aquilo que não conseguira evitar dizer, mas que sabia que não tinha o menor cabimento.
- É em mim que você não confia? – Ele inquiriu, em voz firme, sem deixar transparecer que se sentia magoado e ofendido perante a possibilidade dela desconfiar dele.
Mary, por seu turno, estava mais envergonhada do que nunca.
- Confio, mas… Não é uma questão de confiança, é… - Tentou se justificar, mas, mais uma vez, não conseguiu. Não tinha justificação possível.
Ele não perdeu o tom de censura e perguntou:
- Você acha que a Tonks alguma vez poderia me entender do jeito que você entende?
A ficha caiu por completo. Como fora burra! Lupin tinha toda a razão. Só alguém como ela, amaldiçoada como ele, poderia entendê-lo. Não podia acreditar no que havia dito.
- Não… - Replicou, com voz sumida, acrescentando – É claro que não! – Depois, respirou fundo e continuou – mas então porquê essa recusa em assumir a nossa relação?
Lupin não respondeu logo. Também ele se sentia envergonhado, embaraçado pelos motivos que o levavam a preferir manter aquele amor em segredo. Era uma coisa tão íntima… Não queria ter que dar satisfações da sua vida para ninguém e, acima de tudo, tinha medo da reação das pessoas. Medo e vergonha do que iriam comentar. Tentou explicar tudo a Mary, mas a sua voz tremia, para sua própria irritação, enquanto falava:
- Mary… eu… você sabe que eu nunca… nunca namorei… É muito difícil para mim lidar com essa situação… Você sabe como eu sou desajeitado… não sou mais um jovenzinho, não tenho mais idade para namorar. – Corando como um menino, acrescentou, em voz baixa – O que é que a Molly vai dizer?
Mary o olhava, perplexa. Então, era isso. Vergonha. Foi como se um peso imenso saísse de cima dela. Afinal, ele a amava, sim, e não tinha dúvidas quanto a isso. Era tudo uma questão de… vergonha?!
A custo, conteve uma gargalhada, perante aquela situação que considerava tão inusitada.
- Remo… você está com vergonha?
Ele corou mais ainda, o que a deixou ainda mais divertida, e gaguejou:
- Bom… é mais ou menos isso, sim. – Estava mais embaraçado ainda por ter que assumir.
Mary não conteve mais o riso. Com uma pequena gargalhada, puxou-o para ela pelo colarinho, dizendo:
- Oh, Remo, você fica tão bonitinho assim, vermelho, envergonhado… Tudo bem. Se o motivo é só esse, eu não me importo de continuar mais um tempo namorando em segredo, como dois adolescentes. É até mais emocionante.
Foi a vez dele rir, desarmado. Agora, sim, aquela era a Mary que ele amava, a sua Mary, que o entendia como ninguém. Diante daquele sorriso que sempre o encantara, nada mais importava e ele não podia protelar mais as coisas.
- Quer saber de uma coisa? – Ele começou – Que se dane a vergonha! O amor não tem espaço para vergonha. – Pegou a mão dela e a beijou, acrescentando, com firmeza – Hoje, à meia-noite em ponto, vamos assumir o nosso amor. Vamos entrar no novo ano oficialmente comprometidos.
Mary quase não acreditou no que acabar de ouvir. Era felicidade demais! Maior do que ela alguma vez havia imaginado. Quase perdeu os sentidos antes de exclamar, mostrando uma alegria extraordinária, quase infanti:
- Remo! Você está falando sério?
- É claro que estou. – Ele frisou, sorrindo. – E tem mais: assim que terminarem as aulas em Hogwarts e você entrar de férias do seu cargo de professora, eu quero que você seja a Srª Remo Lupin. – De repente, parou. Lembrou-se que não a pedira em casamento. Jamais haviam sequer tocado no assunto antes. Mais uma vez, ele temia estar fazendo a coisa errada e maldizia a sua inexperiência. Tentando esconder o tremor na voz, acrescentou – Quer dizer, você aceita?
- Se eu aceito? – Ela repetiu. Não precisaria dizer nada. Os seus olhos marejados de lágrimas de alegria já falavam por si. Mary sentia que o seu coração poderia rebentar de tanta felicidade. Lançando-se nos braços dele, murmurou – Oh, Remo, é claro que eu aceito! É a coisa que eu mais desejo na minha vida! – De repente, um pensamento lhe cruzou o cérebro; algo capaz de assombrar a sua felicidade. Uma dúvida terrível. – Mas… você tem certeza que quer se casar com uma… - Ia dizer “vampira”, mas deteve-se a tempo - …uma mulher como eu?
Ele beijou-a com carinho e murmurou:
- Mary, você deu sentido a minha vida. Além disso, que outra mulher aceitaria tão bem alguém com o meu problema e seria capaz de passar as noites de lua cheia comigo, me ver transformado e mesmo assim continuar me querendo? Só você mesmo.
Era verdade. Os dois se abraçaram e se beijaram com ardor. Era diferente, agora. Estavam noivos… e dali a apenas algumas horas, todos saberiam.
Saíram do quarto dos gêmeos, abraçados, trocando beijos e carícias, se separando apenas quando chegaram no topo da escadaria. Desceram até a sala. Molly continuava resmungando, mas a sua “vítima” era agora Gina. Acabara de descobrir que a filha lhe ocultara o fato de ter tido dois namorados e isso, para ela, era quase um insulto!
- Cadê a Tonks? – Perguntou Mary a Moody, que era dos poucos que não tinha saído da sala para evitar as brigas familiares.
Olho-Louco limitou-se a apontar a porta da rua. Era noite de lua nova. Mary estava segura. Resolveu ir procurar a amiga, para lhe contar as últimas novidades. Queria que ela fosse a primeira a saber. Saiu em busca de Tonks, enquanto Lupin tentava acalmar Molly.
A noite estava escura e ela sentiu um arrepio. Olhou em volta. Não via a amiga em lugar nenhum.
- Ninfa? – Chamou.
Nada. Silêncio completo.
- Ninfa? – Chamou, de novo.
O silêncio reinava e Mary começava a ficar nervosa. Andou um pouco na rua deserta. O seu coração batia desarvorado. A sua intuição lhe dizia que algo de ruim estava para acontecer. Foi então que viu Tonks, distraída, passeando na noite escura… e indo direta a um Dementador!
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