De Volta
Prólogo:
( Para situar quem ler, aqui vão excertos do final de “Esperando a Lua Nova 2”)
Remo a olhava, com um carinho infinito estampado nos olhos, sentado na beira da cama e segurando na mão uma rosa enorme, linda, de várias cores e tons indefinidos, oscilando entre o rosa e o vermelho, entre o amarelo e o cor-de-laranja, entre o azul e o verde. Estendeu a flor para ela, murmurando com um sorriso fraco:
- Seu presente de Natal. Achei melhor lhe entregar agora.
Mary lhe devolveu o sorriso. Sentou-se na cama e, acariciando os cabelos castanhos misturados com fios cinza do amado, pegou a rosa, dizendo com a voz embargada:
- É a flor mais linda que eu já vi em toda a minha vida.
Assim que tocou a mão dela, a flor assumiu um tom de rosa-avermelhado bem forte. Espantada, ela lançou um olhar interrogativo a Lupin, que a beijou, sentindo um enorme aperto no peito. Jamais tivera aquela sensação de saudade antecipada. Não sabia o quanto doía.
Queria pedir para ela não ir viajar, para ficar junto dele... mas não podia. Não era justo. Seria egoísmo da sua parte. Disse apenas:
- Já que nós vamos ficar longe por algum tempo, eu achei que esse era o presente mais apropriado para lhe oferecer... e a hora era essa. Não podia esperar até depois do Natal. Isso é uma Rosa da União. – Explicou, respirando fundo. – É uma flor mágica e muito rara. Ela mostra para quem a recebe as emoções de quem a oferece. Cada vez que ela estiver cor-de-rosa, é sinal de que eu estou pensando em você. Quanto mais forte for o tom, mais forte é a intensidade do pensamento.
(…)
Mary passou o Natal em relativa paz, mas a dor da separação e da má vontade dos pais em relação à sua história de amor deixaram-na deveras deprimida.
Tinha alturas em que se trancava no quarto, com o pensamento em Lupin. Como estaria ele? O que estaria fazendo? As corujas chegavam todos os dias para lhe suavizar as saudades, mas ela queria tê-lo ali, em pessoa, junto de si, nos seus braços...
Junto da janela do seu quarto, a Rosa da União mostrava um tom tão forte... mais forte do que o costume. Esse era o seu maior consolo: enquanto a flor estivesse daquele tom púrpura, ela e Lupin estariam juntos em pensamento, apesar de separados por um imenso oceano...”
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N/A- A segunda parte do capítulo foi retirada da minha fanfiction “Harry Potter e a Batalha Final” (e viva o “autoplágio”! Eheh)
Quando um casal apaixonado se separa, ainda que por pouco tempo, a saudade aperta de uma forma indescritível. Um dia parece uma semana; uma semana parece um mês; um mês parece um ano… Principalmente, quando é o primeiro amor concretizado de duas pessoas que já deixaram a adolescência faz muito tempo.
Era isso que estava acontecendo com Remo Lupin e Mary Hallow. Depois de meses de amor profundo, em que rara era a noite em que não dormiam abraçados, ela escondida no quarto dele no Largo Grimmauld, envoltos num clima de paixão, doçura e muita paz, a paz de que eles tanto precisavam.
As corujas chegavam todos os dias e a rosa tinha sempre um tom vermelho-vivo… Mas ele não estava ali… e nem podia conversar sobre ele fosse com quem fosse, graças à relutância dos pais em aceitá-lo na família.
O tema “Remo Lupin” era tabu lá em casa e cada vez que a mãe lhe perguntava se ela já havia tirado da cabeça a “ideia absurda de namorar uma fera descontrolada”, Mary fugia do assunto. Poderia falar da “poção mata-cão”, mas já tinham falado sobre isso antes e de nada adiantara (“E se ele esquece de tomar a poção?”, perguntava sua mãe) ou replicar que ela própria, por vezes, se transformava numa “fera descontrolada”, porque já sabia a resposta (“Mais um motivo!”, escutara ela várias vezes, já). Preferia se esquivar a uma conversa que, certamente, traria dor para as duas.
Contudo, no último dia do ano, dia do seu regresso a Inglaterra, não deu mais para fugir. A mãe a pressionou e a discussão foi terrível.
- Eu sou maior de idade, sou independente, posso fazer o que quiser da minha vida, sem a sua permissão! – Mary cuspira as palavras, se arrependendo em seguida. Sabia que estava magoando a sua mãe, que só queria o seu bem. Mas ela não entendia. Não sabia a pessoa maravilhosa que era Lupin… e nem queria saber.
Mary jamais brigara com a mãe antes, sempre haviam sido muito unidase e, na verdade, sendo ela filha única e, acima de tudo, vampira, sempre fora bastante protegida e até mimada. Era por isso que lhe doía tão profundamente a recusa dos pais em aceitar Lupin como o homem da sua vida, o homem que estava destinado para ela. Bem que a mãe poderia ver nas cartas ou na bola de cristal que ele a faria feliz, mas a Srª Hallow se recusava a consultar qualquer tipo de arte divinatória em relação àquele assunto (“Não preciso ver nas cartas para saber que um lobisomem e uma vampira não podem dar certo juntos!”).
Despediu-se dos pais no aeroporto da Portela, em Lisboa, com o coração pesado e uma enorme angústia no peito. O seu problema em Aparatar em longas distâncias a forçara a pegar de novo o avião para Londres, ao invés de viajar como qualquer bruxa ou feiticeiro que se preze.
No aeroporto de Heathrow, em Londres, Tonks e Lupin a esperavam, ansiosos. Tonks se divertia com o ar ansioso de Remo, que andava para lá e para cá, sem conseguir ficar quieto, parado no mesmo lugar e passava as mãos suadas pelos cabelos compulsivamente.
Tonks jamais o vira assim. A ânsia estava estampada nos olhos brilhantes daquele homem sempre tão controlado.
Finalmente, Mary surgiu, baixinha, quase perdida no meio da multidão e Tonks não conseguiu deixar de apertar a mão de Lupin, carinhosamente, em jeito de cumplicidade na sua alegria. Não poderia imaginar que Mary pudesse interpretar aquele seu gesto como tendo segundas intenções… mas foi exatamente isso que sucedeu. A amiga sentiu um tremendo peso no coração quando a viu segurando a mão do namorado.
O ciúme que invadiu Mary Hallow naquele momento quase a sufocou. Sempre confiara em Tonks com a sua própria vida e depositava total confiança em Lupin, mas sabia que ninguém podia mandar nos próprios sentimentos; os dois tinham ficado aqueles dias juntos… e se tivessem começado a sentir algo mais um pelo outro? Algo que já ouvira algumas pessoas torcerem para que acontecesse…
Não. Não podia ser. Sentiu uma imensa raiva de si mesma por pensar aquelas coisas sobre o homem que amava e a sua melhor amiga. Que absurdo! Travou uma luta interior contra o ciúme que sabia ser infundado e procurou ser o mais meiga possível com os dois. Abraçou e beijou Lupin, que a apertou contra ele com força. Em seguida, Tonks também a abraçou e ela disfarçou o mal-estar o mais possível, mas naquele momento decidiu: não podia esperar mais. Estava na hora de assumir a relação de uma vez por todas!
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Lupin, Mary e Tonks passariam o fim do ano com a família Weasley na casa deles, a Toca, que estava primorosamente enfeitada por milhares de fadas pequenininhas emitindo luzes coloridas e esvoaçando pela casa alegremente. Num canto, Gui beijava a sua namorada francesa, a belíssima Fleur Delacour, para escândalo de Molly, que pigarreou, fazendo com que eles desgrudassem um do outro.
- Francamente, Guilherme Weasley, onde estão os seus modos? Isso é uma festa de “Reveillon”, não é o Dia dos Namorados. Além disso, você está numa casa de família!
Gui ergueu a palma da mão no ar e falou, com ar indignado:
- Calma, mãe! Não estou ofendendo ninguém!
- Está ofendendo a mim, ora essa! – Exclamou Molly, em tom chocado.
Temendo que o rumo daquela conversa a tornasse numa grande discussão, Mary (totalmente saturada de brigas familiares) pegou discretamente a mão de Lupin e os dois se esgueiraram, sem que alguém desse por isso, até o quarto dos gémeos Weasley, Fred e Jorge. Fechando a porta atrás deles, Lupin beijou-a ardente e apaixonadamente, mas Mary não podia se perder nos seus devaneios amorosos, naquele momento. Suspirando, contrariada consigo mesma, começou:
- Remo, nós precisamos conversar…
Todavia, Lupin estava enlevado demais nos beijos para dar muito crédito às suas palavras. Depois de tanto tempo longe dela, a última coisa que ele queria fazer com Mary era conversar.
- Depois… - Murmurou, com a respiração acelerada, enquanto a segurava com força e percorria o seu pescoço com beijos.
Ela não pode deixar de sorrir, feliz. Os beijos e sussurros de Lupin e todo aquele calor que emanava do corpo dele a deixavam toda arrepiada. Por uns momentos, esqueceu tudo o que queria falar para ele e se deixou levar por aqueles beijos tão quentes e voluptuosos… Mas não podia continuar. Não agora. Tinha que falar. Assim que conseguiu, disse de novo:
- Remo… Remo, desculpe, mas eu preciso mesmo conversar com você.
Lupin soltou-a, respirou fundo, tentando voltar ao seu estado normal e passou a mão pelos cabelos desalinhados. O tom de voz dela era ansioso e ele começou a ficar ligeiramente preocupado.
- Que foi que houve? – Inquiriu, olhando-a com insistência.
Mary também respirou fundo, antes de responder:
- É que… Remo, eu… eu conversei com os meus pais… ou melhor, briguei com a minha mãe… Ela está furiosa, não te aceita de jeito nenhum! – Baixou a cabeça, triste e constrangida, o corpo tremendo. – Ela não sabe a pessoa maravilhosa que você é.
Lupin, que estava vermelho, empalideceu. Estava tudo perfeito demais… As coisas nunca haviam sido fáceis para ele e agora, que achava que tinha, finalmente, encontrado a felicidade, quando desistira de sonhar com ela, o mais certo era perdê-la. Murmurou:
- Se pelo menos a Molly soubesse do que está havendo entre nós… Eu tenho certeza que ela iria interceder por mim… Mas eu ainda não me sinto preparado para contar para ela.
Mary pegou a mão dele, nervosa, e gaguejou:
- é aí mesmo que eu estou querendo chegar, Remo. Nós já estamos juntos faz tanto tempo… Não tem mais porque esconder. E tem mais: eu tenho certeza que a minha mãe vai contar tudo para a tia Molly e, sinceramente, eu gostaria que ela soubesse por nós.
Lupin largou a mão dela, sem jeito, e se virou de costas, para não encará-la.
- Não, Mary… - Disse, buscando uma justificação, com a voz mais rouca do que o costume. – Eu não vou contar nada para a Molly. Desculpe, mas eu não estou com a menor vontade de tornar pública a minha vida sentimental.
Foi como se um soco tivesse atingido o estômago de Mary. Nunca imaginara ouvir palavras tão frias vindas do homem mais sensato e bondoso que já conhecera na sua vida.
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