O começo de uma nova vida



Bom, aí está mais um capítulo. Desculpem a demora, mas acabei tendo um bloqueio e não consegui escrever. Coisa de escritor, hehehe. Para compensar a demora, o próximo capítulo deverá sair logo logo. Mais uma vez, muito, muito, muito, muito obrigado a todos que têm lido e comentado. Espero que gostem desse aí. Já sabem né. COMENTEM, COMENTEM, COMENTEM.


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 Capítulo 14: O começo de uma nova vida


 Ron sentia que não havia nem dormido ainda quando sua mãe o acordou. Ao seu lado Harry continuava imóvel. O garoto resmungou alguma coisa e se virou na cama. Sua mãe continuou insistindo e ele finalmente abriu os olhos.


 - O que foi mãe. Eu acabei de dormir. E além do mais é domingo.


 - Eu sei meu filho, mas o ministro está aqui e quer falar com você.


 - O ministro? Mas o que ele quer? – Ron parecia finalmente acordado.


 - Não sei, mas ele veio com outros bruxos do ministério. É melhor você se apressar. E nem pense em voltar a dormir – Ron pensou em protestar, mas ao notar o olhar severo da mãe, mudou de ideia.


 - Tá bom, tá bom – Molly deu um beijinho na testa do filho e saiu do quarto. Ron se levantou e começou a procurar algumas roupas limpas. Enquanto se trocava, ouviu a voz de Harry.


 - Para com esse barulho que eu quero dormir.


 - Foi mau cara, mas o ministro tá aí embaixo querendo me ver – Harry aparentemente não processou o que o amigo dissera. Resmungou alguma coisa e voltou a dormir.


 Ron desceu as escadas ainda no meio do caminho entre o sono e o despertar. Quando chegou à cozinha encontrou sua mãe e seu pai já acordados, acompanhados do ministro e de dois bruxos de aspecto muito sério que Ron não conhecia.


 - Bom dia – Kingsley sorriu para ele.


 - Bom dia ministro. Bom dia – fez um aceno de cabeça aos dois outros bruxos que responderam cordialmente.


 - Me desculpe aparecer tão cedo num domingo, mas não podia esperar mais. Melhor você se sentar antes de explicarmos tudo – Ron se sentou ainda muito desconfiado. Shacklebolt pediu ao Sr. e à Sra. Weasley que os deixassem a sós e os dois prontamente se retiraram.


 - Bem, ainda não apresentei vocês – antes que o ministro pudesse terminar de falar, um dos bruxos se adiantou e esticou a mão para Rony. Ele se apresentou como sendo o chefe dos aurores. O outro repetiu o procedimento e se apresentou como o investigador da Suprema Corte dos Bruxos responsável pela investigação das mortes de Lúcio e Greyback. Ron pensou em falar alguma coisa, mas ao reparar o olhar do ministro, achou melhor simplesmente aceitar os cumprimentos e se sentar. Depois que todos já estavam servidos de uma xícara de chá, Shacklebolt falou.


 - É o seguinte Ron, como eu já havia lhe informado, mais cedo ou mais tarde você teria que prestar depoimento sobre todo esse tempo que ficou desaparecido – Ron ouvia tudo muito calado. Olhava de relance para os outros dois bruxos que mantinham olhares muito interessados nele. Voltou-se novamente para o ministro, que continuou.


 - O dia do seu depoimento finalmente foi marcado. Será daqui a uma semana. Eu trouxe esses dois aqui para tornar o ato oficial.


 - Como assim oficial? O que eu tenho que fazer? – Ron perguntou com um misto de preocupação e irritação. Essa foi a deixa para que o investigador começasse a falar.


 - Os procedimentos são os seguintes. Primeiro nós iremos ler para o senhor o motivo oficial do seu depoimento. Após a sua assinatura passaremos aos procedimentos de reconhecimento. De acordo com a lei bruxa, qualquer suspeito de assassinato – aquilo parece ter mexido de Ron. Não admitiria ser chamado de assassino. Se levantou de chofre da cadeira, gesto que foi acompanhado pelo ministro e pelo chefe dos aurores. Ron parecia roxo de raiva, mas não disse nada. O ministro pediu que ele se acalmasse e depois de um tempo, voltou a se sentar. O investigador continuou.


 - Como eu ia dizendo. Todo suspeito de assassinato deve por lei fornecer suas memórias. Sete bruxos poderão visitar a penseira ao mesmo tempo. O acusado, que poderá levar uma testemunha própria à sua escolha, o ministro, o investigador responsável pelo caso, o chefe dos aurores, uma testemunha indicada pela família da vítima e um especialista em reconhecimento e autenticação de memórias. Esse último tem a função de garantir que as memórias não foram alteradas. Durante a análise minuciosa das lembranças, perguntas poderão ser feitas ao depoente que pode escolher se deve ou não respondê-las – ele falava como se aquilo já fosse automático. Terminou tudo e ficou olhando para Ron, aguardando resposta.


 - Ok, entendi essa parte. Mas e quanto às memórias de Lúcio Malfoy e Fenrir Greyback? Fui torturado por eles e tenho certeza que esse caso ainda tramita no Ministério, certo ministro? – ele olhou para Kingsley que confirmou tudo.


 - Infelizmente senhor Weasley, as memórias dos dois não veem ao caso. Queremos ver o que o acusado tem a nos mostrar, não as vítimas. As memórias de...


 - ...serão vistas se esse caso realmente for a julgamento – o investigador ficou olhando atônito para o ministro que o interrompera.


 - Se o caso for a julgamento, a lei obriga a família Malfoy a fornecer as lembranças de Lúcio. Tenho certeza que você não se esqueceu disso – o outro bruxo continuava perplexo.


 - Claro que não senhor ministro. Mas o julgamento é um procedimento futuro. Precisamos nos concentrar agora, no que o menino tem a nos mostrar.


 - Malfoy e Greyback eram dois comensais da morte reconhecidos, que fizeram coisas horríveis. Pode ter certeza que usarei todo a minha influência como ministro e ex-chefe dos aurores para garantir que aquelas memórias sejam abertas e que tudo isso esclarecido. E tem mais, acho que seu tempo aqui se esgotou. Eu explico o restante ao garoto – o investigador ficou sem fala. Tentou argumentar, mas não conseguiu pensar em nada. Arrumou suas coisas e saiu sem se despedir de Ron. O chefe dos aurores conversou alguma coisa com Kingsley e saiu logo atrás. O ruivo ficou sentado imóvel encarando a parede. A ficha estava começando a cair e ele teria que reviver tudo de novo. Nesse instante o restante da casa começou a acordar. Percy e Harry apareceram na cozinha e estranharam a presença do ministro. Percy começou a cercá-lo de regalias, como se estivessem no Ministério. Jorge foi o último a descer. Shacklebolt mandou chamar Molly e Arthur e todos se sentaram.


 Kingsley explicou a todos o que tinha ocorrido. Alguns pareciam perplexos. Jorge ficou revoltado com o fato do seu irmão ser acusado de assassinato. Depois que todos se acalmaram, o ministro continuou.


 - Bom Ron, você já sabe de quase tudo. Só tem mais alguns detalhes. Infelizmente sua varinha terá que ser recolhida e você não poderá realizar nenhuma magia até o fim dos depoimentos – mais uma vez os gritos de revolta foram gerais. Arthur dessa vez também se exaltou. Não aceitava que o ministério tratasse seu filho como um assassino qualquer. Mais uma vez foi necessária toda a paciência do ministro.


 - Não tenho culpa. Ron ainda teve sorte. Se dependesse daquele investigador, ele seria mandado a Azkaban. Eu sei que é chato, mas, por favor, colabore com a gente. Não use nenhum tipo de magia de hoje em diante e nem saia de casa. Assim que tudo terminar eu devolvo sua varinha. Quero que tenha certeza que eu quero esclarecer tudo de uma vez por todas. A família Malfoy ainda inspira algum respeito, por isso estão fazendo tanto estardalhaço, mas eu confio em você. Você tem que me dizer o nome da sua testemunha até amanhã, ok? – Rony fez que sim com a cabeça. O ministro então se levantou e preparou-se para sair. Recolheu a varinha de Ron, que a cedeu com muita relutância. Tirou do bolso um rolo de pergaminho e leu seu conteúdo. Ao final pediu ao ruivo que a assinasse. Guardou novamente o pergaminho no bolso, despediu-se de todos e foi embora.


 Ninguém parecia saber o que fazer. Ron ficou calado admirando sua xícara vazia. Sua mãe estava atrás dele com as mãos em seus ombros. Os outros conversavam baixinho pelo canto. O ruivo finalmente se levantou.


 - A Gina e a Mione já devem estar chegando. Melhor vocês irem andando. Como não posso sair de casa, vou ficar aqui - ele falou antes de subir as escadas e voltar ao seu quarto. Os outros ficaram se olhando sem saber como agir. Finalmente, Arthur falou.


 - Acho melhor você ir buscá-las, Harry. Você poderá explicar melhor o que aconteceu – Harry acabou concordando e subiu as escadas para se preparar para sair. Bateu na porta do quarto de Rony, mas não obteve resposta. Empurrou a porta devagarinho e entrou. Ron estava deitado na cama, mas Harry logo percebeu que ele apenas fingia estar dormindo. Rapidamente juntou suas coisas e saiu.


 Harry se despediu dos Weasley e desaparatou para a Estação King’s Cross. Ainda era muito conhecido e enquanto esperava pelo trem, várias pessoas vieram falar com ele. Já estava ficando irritado quando uma garotinha de uns seis anos apareceu.


 - Oi, você é o Harry Potter? – ele sorriu e se abaixou para olhá-la de frente.


 - Sou sim. Qual o seu nome?


 - Michelle – ela se adiantou e lhe deu um abraço. Harry olhou para a mãe da menina, que sorria pra ele. Harry não pôde deixar de reparar que era muito bonita.


 - Você podia assinar aqui pra mim – ela tirou um objeto do bolsinho do vestido e entregou pro garoto. Harry logo reconheceu sua foto em uma dos cartões que vêm junto com os sapos de chocolate. Nunca tinha visto o cartão com a sua foto antes.


 - Claro que eu assino. Só que eu não tenho uma pena – ele sacou sua varinha e conjurou uma. A menina ficou completamente maravilhada. Harry assinou o cartão e devolveu para Michelle. A garota deu um beijinho em Harry em agradecimento. A garotinha mostrou a assinatura para a mãe, que não parava de sorrir pra ele. Ela também agradeceu ao menino e saiu com a filha. Harry reparou que por mais de uma vez a mulher voltou o olhar pra ele. O bruxo pensou em sorrir, quando levou um tapa. Se virou assustado para encontrar uma Gina furiosa.


 - Gostou dela, foi? – ela mantinha os braços cruzados e olhava pra ele com muita intensidade. Hermione ficou uma boa distância atrás da ruiva. Harry pensou em algumas palavras, mas não saia nada.


 - Não foi nada disso Gina. A filha dela veio me pedir um autógrafo. Só isso – ele falou suplicante.


 - Sei, uma garotinha né? E você então nem reparou na mãe dela.


 - Olhei pra ela, mas nem reparei em nada. Fica calma meu amor. Nunca faria nada com você. Você sabe disso. E tem mais, duvido que exista uma bruxa ou trouxa mais linda que você – demorou um pouco, mas a expressão de Gina foi mudando. Ela acabou relaxando e deu um abraço no namorado.


 - Se você olhar pra outra mulher, eu corto você sabe o quê fora – Harry se assustou com a expressão da menina, mas acabou sorrindo. Deu um beijinho nela e foram falar com Hermione.


 - Oi Mione, tudo bem? – a garota parou o que estava fazendo e olhou para Harry.


 - Ah, oi Harry, tudo. E com você?


 - Tudo bem. Acho que você deve estar procurando pelo Ron, certo? – ela olhou pra ele e fez que sim com a cabeça.


 - Ele não pôde vir. É uma longa história, eu conto no caminho. Mas não se preocupe, não aconteceu nada de ruim. Acho melhor irmos, tudo bem? – as duas responderam ainda muito intrigadas com o motivo de Ron não ter aparecido. Harry começou a contar tudo o que havia ocorrido. Hermione logo entendeu porque o ruivo não foi encontrá-la. Elas pareciam tão perplexas quanto os outros haviam ficado. Quando ele terminou, Mione perguntou.


 - Mas, como ele está sentindo com isso tudo?


 - Ele não está nada feliz. Mas tenho certeza que sua presença vai alegrá-lo. Precisamos realmente ir agora – as garotas recolheram suas coisas e, depois de se certificarem que não havia ninguém olhando, desaparataram.


 No momento que chegaram à Toca, Hermione já estava muito ansiosa para ver como Rony estava. Entrou em casa, mas não o encontrou em canto nenhum. A Sra. Weasley veio falar com ela.


 - Oi minha querida, tudo bem? – ela cumprimentou a menina com um abraço.


 - Oi Sra. Weasley, tudo. E com a senhora? – ela não estava prestando muita atenção. Molly logo deduziu porque a garota estava tão nervosa.


 - Ele está lá no quarto. Pode subir. Ele vai gostar de te ver – Mione ficou olhando para ela. Finalmente concordou com a cabeça, deixou suas coisas na sala e subiu as escadas. Ficou parada em frente à porta do quarto sem saber o que fazer. Respirou fundo e bateu. Demorou um pouco para ela ouvir resposta, mas se aliviou ao ouvir a voz do amado autorizando-a a entrar.


 Ron estava sentado na beira da cama mexendo em algumas coisas que Mione não sabia muito bem o que eram. Quando ele a viu, se levantou e abriu um sorriso. Hermione retribuiu, saiu correndo e se jogou nos braços do namorado, que se desequilibrou e os dois caíram na cama. Hermione ficou um pouco envergonhada com a posição em que os dois estavam e fez menção de se levantar, mas Rony não deixou.


 - Mas Ron, e se alguém chegar? – ela empurrava o menino com as mãos tentando se levantar.


 - Qual o problema? Eu tava com saudades – ele a segurava firme pela cintura. Ela ficou parada encarando-o, quando ele falou.


 - Eu te amo – seu rosto se iluminou e ela abriu um largo sorriso antes de responder


 - Eu também te amo – ela parou de resistir e permitiu que Ron a puxasse para um beijo muito apaixonado. Hermione realmente sentira falta dele e deixou que o beijo ficasse mais quente. Quando Ron começou a colocar as mãos dentro da sua blusa, ela travou. Adorava aqueles momentos com o namorado, mas sempre travava quando o garoto tentava ser mais ousado. Ron aparentemente levava numa boa e quase nunca tentava avançar o sinal. Em algumas dessas vezes, ela secretamente desejava que ele tentasse. Os dois ficaram se olhando quando Ron empurrou a namorada e se sentou. Hermione sentou-se ao seu lado, arrumando a roupa.


 - Como foi de viagem? – ele perguntou enquanto anda mexia em algumas de suas coisas.


 - Foi boa. Muito animada. Você não imagina os casos que me contaram dentro do trem – ela começou a contar as histórias que algumas meninas estavam comentando. Ron arregalava os olhos a cada detalhe mais picante. Em algumas delas não conseguia acreditar, especialmente a do garoto da Corvinal que foi expulso do dormitório das meninas da Lufa-Lufa, só de cueca. Os dois deram boas risadas, quando Mione resolveu comentar o que estava querendo desde que entrara no quarto dele.


 - O Harry me contou o que aconteceu hoje de manhã. Como você está? – a expressão do garoto imediatamente mudou e seu semblante se fechou. Hermione ficou um pouco apreensiva com a possível reação do namorado, mas Ron respondeu tranquilamente.


 - Eu fiquei chateado, é claro, mas o que eu posso fazer. Eu realmente matei os dois. Não tive outra escolha, eram eles ou eu. Até hoje isso me atormenta. Certas noites eu não consigo nem dormir. Mas, por outro lado vai ser bom, finalmente vou poder provar a todo mundo que eu não sou nenhum assassino – ele olhava para o chão a sua frente. Hermione esticou as mãos e segurou as dele. Ron começou a chorar baixinho e Mione preferiu não falar nada. Ficou observando as coisas nas quais Ron remexia quando deu de cara com um livro chamado “Doze maneiras infalíveis de encantar bruxas”. Sua curiosidade foi mais forte e ela teve que perguntar.


 - Que livro é esse? – Ron olhou pro livro em questão e ficou completamente vermelho. Tentou pegá-lo, mas a menina foi mais rápida. Ela ficou olhando pra ele e ele teve que responder.


 - Eu ganhei de Fred e Jorge, pouco antes de ir buscarmos Harry, antes da guerra – ela continuou sem entender por que Fred e Jorge dariam aquele livro a Ron. De repente começou a imaginar que Ron estivesse usando aquele livro para conquistar outras garotas e ficou roxa de raiva. Sem mais nem menos deu um tapa no ruivo e começou a falar.


 - Então é assim né. Ganhou um livro pra aprender a conquistar garotas. Aposto que já deve ter usado num monte delas. Seu cachorro – e começou a dar outros tapas nele. Rony se levantou se segurou os braços da menina.


 - Calma Mione. Eu usei o livro pra tentar ganhar só uma garota. A mais bonita que existe no mundo bruxo  por sinal – ela mantinha os braços cruzados e o olhar fixo nele.


 - Quem, posso saber?


 - Você.


 - Ah Ron, não vem com essa – apesar do tom de voz, seu olhar se desanuviou um pouquinho e ela parecia bem mais calma.


 - É verdade. Pensa bem. Já no nosso sexto ano eu descobri que realmente sentia algo por você, mas eu era incapaz de tentar alguma coisa. Acho que tinha medo de ser rejeitado ou coisa do tipo. Quando Fred e Jorge me deram o livro, eu enxerguei nele uma maneira de aprender a maneira certa de me aproximar. Acabou que com a guerra eu não pude empregar muitas técnicas.


 - Ah é, e que técnicas são essas? – ela já não parecia com raiva, apenas curiosa.


 - Bem, eu usei duas e acho que deram muito certo, especialmente a segunda. A primeira foi tentar ser cavalheiro e a segunda foi sempre te elogiar – Mione ficou vermelha como um tomate maduro. Parou de olhar pra Ron. O garoto chegou mais perto e abraçou a namorada. Sem levantar o rosto, ela falou.


 - E você acha mesmo que funcionou? Nunca funcionaria em mim, seu bobão.


 - A primeira nem tanto, mas a segunda definitivamente sim.


 - A do elogio? Essa que não funcionaria mesmo.


 - Funciona sim. Agora mesmo você estava espumando de raiva, mas assim que eu falei que você era a mulher mais bonita do mundo bruxo, sua expressão mudou completamente – ela passou a olhar pra ele, muito interessada.


 - Não foi nada disso.


 - Não adianta negar, você sempre gostou de receber elogios. Eu vi no casamento do Gui e da Fleur como você ficou quando o Viktor te elogiou. Eu resolvi adotar essa técnica e deu muito certo – ela corou ainda mais. Afundou novamente a cabeça no peito dele e perguntou, cheia de malícia.


 - Você acha mesmo que eu sou a mais bonita do mundo bruxo?


 - Tenho certeza. E do mundo trouxa também – ela abriu um largo sorriso. Ficou na ponta dos pés e deu mais um beijinho nele. Ron não deixou ela se afastar e aprofundou o beijo. Quando o clima já ia esquentando novamente, alguém bateu à porta.


 - Desculpe interromper, mas a mamãe vai ter um troço se vocês não descerem logo – reconheceram a voz de Gina. Ron xingou baixinho e se separou de Mione, ainda muito corada. Deram uma última olhada no quarto e desceram de mãos dadas.


 Chegaram à cozinha e encontraram toda a família reunida. A Sra. Weasley estava na cozinha terminando de arrumar algumas coisas quando viu os dois chegando. Largou tudo que estava fazendo e foi falar com eles.


 - Então vocês estão namorando. Quando pretendiam me contar hein? – Hermione ficou muito envergonhada e incapaz de encarar a nova sogra nos olhos. Ron, por outro lado, abriu um largo sorriso e respondeu.


 - Começamos ontem mamãe. No baile. Hoje teve a tal reunião com o ministro, então não tive tempo – para surpresa geral, Molly também sorriu e se apressou a dar um abraço em Mione.


 - Sempre soube que vocês se acertariam. Aquele seu namoro com o Viktor Krum nunca me convenceu muito. Ainda bem que tomou juízo, afinal não vai encontrar ninguém melhor que meu Roniquinho – a sala inteira irrompeu em risadas enquanto Ron foi ficando cada vez mais vermelho. Mione deu um beijo na bochecha do namorado que pareceu aliviar um pouco o clima.


 Um a um os Weasley foram falar com Hermione. Gui, que estava ali para o almoço, e Jorge começaram a fazer brincadeirinhas com os dois. Somente Percy, sério como sempre, manteve-se formal. O resto da tarde foi muito agradável. Ron e Mione saíram para namorar nos jardins e ficaram lá até o anoitecer. O ruivo havia quase se esquecido que dali a uma semana teria que fornecer suas memórias a um bando de desconhecidos. Se lembrou que tinha que escolher alguém pra ir com ele e depois do jantar chamou Harry e Hermione para uma conversa.


 - Eu preciso da ajuda de vocês com uma coisinha – ele disse depois que os três se ajeitaram no quarto do ruivo.


 - Pode falar. Aconteceu alguma coisa? – Harry respondeu esticando-se na sua cama de armar.


 - Nada de mais, mas acontece que amanhã eu tenho que indicar uma testemunha para ir comigo ao depoimento – Hermione ainda não tinha ouvido essa parte da conversa e ficou sem entender. Ron se apressou e explicou tudo a ela.


 - Então é o seguinte. O Harry tinha me falado que iria comigo caso eu precisasse, mas eu gostaria mesmo que a Mione fosse. Tudo bem? – Harry respondeu que sim e os dois voltaram sua atenção para a garota. Hermione parecia sem palavras.


 - Mione, tudo bem? – Ron perguntou, segurando as mãos da namorada.


 - Tá sim Ron, só que, só que eu não sei. Acho que ainda não estou pronta pra isso. Você me entende? Não sei se eu conseguiria ver todo o sofrimento que você passou. Leva o Harry. Aos pouquinhos você vai me contando tudo – os dois garotos pareciam não ter entendido direito. Ron ficou muito calado e Hermione começou a imaginar que ele estivesse magoado com a decisão dela. Iria falar alguma coisa, quando ele a interrompeu.


 - Eu te entendo. Então Harry, você vai comigo? – Harry demorou, mas acabou concordando. Convidou Ron para uma partida de xadrez e foi logo saindo do quarto. O ruivo e a morena ficaram sozinhos.


 - Você entendeu mesmo?


 - Claro meu amor, eu ficaria da mesma maneira. Prometo te contar tudo depois – ele se adiantou e deu um abraço nela. Hermione ficou ali, absorvendo o perfume do namorado e tentando imaginar quando foi que ele havia ficado tão adulto.


 - Agora vamos descer, que eu perdi a última partida para o Harry – ele saiu puxando a garota pelas mãos. Hermione sorriu e saiu atrás dele.


 Ron e Mione chegaram à sala e encontraram Harry sentado com o tabuleiro pronto à sua frente. Ron se sentou e a garota ficou ao lado dele. Antes de começarem, Harry se inclinou pra frente e falou baixinho.


 - Acho melhor não deixarmos a Gina de fora das nossas reuniões. Ela ficou bastante chateada, achando que nós três não queremos envolvê-la – Mione pensou em falar alguma coisa quando viu Gina se aproximando e preferiu ficar calada. A ruiva se sentou ao lado do namorado, enquanto os outros três tentavam disfarçar que estavam falando dela. Ela percebeu alguma coisa e comentou.


 - Vocês estão com um cara estranha. O que estão tramando dessa vez? – ela olhava de um para o outro, que desviavam o olhar.


 - Não é nada não Gina. Impressão sua – Ron finalmente falou. Gina parecia não ter acreditado, mas ficou calada. Harry se apressou em falar.


 - Então vamos começar a partida. Pronto?


 - Ah sim. Pronto. Eu só perdi uma vez na minha vida e pretendo vingar essa derrota – Ron esfregou as mãos e moveu seu peão. Harry fez sua jogada e logo os dois estavam muito concentrados. Nem perceberam quando Gina chamou Hermione para uma conversa.


 - O que vocês estavam conversando hein? – a morena foi pega de surpresa e demorou a responder.


 - Não é nada não.


 - Não minta pra mim Mione. Me conta vai, por favor – Mione ficou parada, escolhendo as melhores palavras.


 - Tá ok. O Ron pode levar uma testemunha para acompanhar seu depoimento. Ele me chamou, mas eu achei melhor ele levar o Harry. Não ficaria muito confortável vendo tudo o que ele passou. Foi só isso – Gina ficou olhando pra ela, meio desconfiada. De repente ouviram um grito e se viraram pra ver Ron vibrando porque seu bispo tinha destruído a torre de Harry. Hermione aproveitou a deixa e retornou para o lado do amado. Gina fez o mesmo e se sentou ao lado de Harry.


 - Você nunca perdeu nesse jogo? – Mione perguntou enquanto fazia carinho nos cabelos de Rony.


 - Só uma vez. Pra esse aí – ele fez um gesto de cabeça em direção a Harry.


 - E quando foi?


 - Um dia depois que Malfoy apareceu aqui em casa. Ah, e você e o Vitinho ainda eram namorados – a garota parecia ter sido atingida por um feitiço do corpo preso. Ficou em silêncio com a boca aberta, olhando pra Ron. Não sabia o que dizer.


 - Ju...Jura?


 - Juro. Desde o dia que você me beijou no hospital eu não conseguia parar de pensar em você. E ainda teve o episódio com Malfoy. Não consegui me concentrar no jogo – quando Mione pensou em falar alguma coisa, Ron gritou outra vez, dessa vez tinha vencido o jogo e estava feliz da vida. Harry se levantou da mesa, cumprimentou o amigo e saiu com Gina. Ron puxou a namorada, que estava sentada no braço da sua cadeira, para seu colo. A morena, com medo que alguém visse os dois ali, tentou a todo custo se levantar, mas o garoto era muito mais forte que ela e ela acabou desistindo. Ron deu um beijinho na namorada e ficou encarando-a.


 - Eu queria ter te esperado, realmente queria – ela falou, repentinamente envergonhada.


 - Ah, para com isso. Você agora é minha namorada. Só isso que importa. E eu também não fui exatamente um anjinho todos esses anos.


 - Não foi mesmo – deu um tapa no braço de Ron, que se fingiu de ofendido. Os dois começaram a rir e ficaram abraçadinhos. Depois de algum tempo assim, Ron começou a sentir-se com sono e falou que iria dormir. Hermione concordou na hora e se levantou. Subiram as escadas de mãos dadas e pararam à frente do quarto de Gina. Ron deu um beijo de boa noite na namorada e ficou esperando ela entrar. Hermione sorriu pra ele antes de fechar a porta. Ron praticamente flutuou até seu quarto, não queria pensar em mais nada a não ser na sua nova namorada. Ele se arrumou e deitou na cama. Só então se lembrou do que o esperava daí uma semana. Tentou dormir, mas teve um sono muito agitado.


 Os dias seguintes foram muito parecidos. Ron e Mione acolheram o pedido de Harry e passaram a incluir Gina sempre que podiam. Apesar da felicidade que estava sentindo, Hermione precisava realmente voltar pra casa. No terceiro dia depois da sua volta ela foi dar a notícia a Ron.


 - Oi amor, preciso te falar uma coisa – Ron abriu um espaço ao se lado na poltrona em que estava e ela se apertou junto a ele. Seu coração se acelerava sempre que ficava tão coladinha com ele. Depois de se acomodar, falou.


 - Faz três dias que eu voltei e ainda não fui pra casa. Pretendo voltar pra lá ainda hoje – Ron interrompeu o que estava fazendo e olhou pra ela.


 - Mas já? Você nem chegou direito.


 - Eu sei, também não queria me afastar de você, mas eu preciso ir ver meus pais. Domingo eu tô de volta – Ron ficou encarando-a em silêncio. Pôs as mãos no rosto dela e trouxe-o mais pra perto. Hermione ficou encarando as sardas que tanto amava. Ron ainda tinha várias cicatrizes, mas eram quase imperceptíveis. Mione pensou que definitivamente elas lhe davam um certo charme. Ron a beijou e ela correspondeu imediatamente. O beijo foi esquentando e quando perceberam, Hermione já havia passado as pernas ao redor dele e estava sentada em seu colo. Ron colocou as mãos por baixo da blusa dela e foi subindo devagarinho. Dessa vez ela não reclamou. Agarrou a camisa do ruivo e puxou-o mais pra perto, como se fosse possível aumentar ainda mais aquele beijo. No momento que ela ia colocando as mãos na barriga dele, por baixo da camisa, ouviram passos na escada. Se separaram imediatamente e conseguiram ver Jorge tentando subir as escadas de mansinho. O garoto se virou e falou.


 - Me desculpem, não queria atrapalhar.


 - Que isso Jorge. Sem problema – Hermione já estava sentada no seu lugar, absurdamente envergonhada. Olhou pro lado e viu que Ron também estava corado até às orelhas. Jorge rapidamente terminou o que tinha ido fazer ali e subiu de novo as escadas. Ron e Mione ficaram em silêncio sem se encararem.


 - Então, acho que está ficando tarde. Melhor você ir arrumar suas coisas, se quer ir embora hoje – ela prontamente concordou e os dois se levantaram. Ela foi até o quarto que dividia com Gina e ele subiu para o seu quarto.


 Assim que entrou, Hermione começou a relembrar o que acontecera agora pouco. Ficou imaginando aonde iriam parar se Jorge não tivesse os interrompido. Não conseguiu impedir um sorriso. Ficou relembrando como tinha gostado do atrevimento de Ron e ficou decepcionada com o fato de que era a segunda vez que os dois eram interrompidos no momento em que as coisas começavam a ficar mais picantes. Ficou mais uma vez imaginando como seria quando estivessem somente os dois, sem ninguém pra atrapalhar. Vagarosamente arrumou suas coisas e desceu.


 A família Weasley a esperava na cozinha. Hermione ia por Rede de Flu e todos estavam em frente à lareira. Se despediu dos outros e se demorou com Ron. Estavam meio relutantes, mas quando trocaram um beijo de despedida todos aplaudiram como um bando de adolescentes. Hermione ficou da cor dos cabelos dos Weasley. Deu mais uma olhada ao redor e entrou na lareira.


 O resto da semana foi muito tranquilo. Ron, apesar de visivelmente mais feliz, se tornara mais fechado, especialmente agora que Mione estava fora. Contribuía pra isso o fato dele não poder sair de casa. O garoto passava a maior parte do dia calado, isolado em algum canto. Eventualmente ele jogava uma partida de xadrez com Harry ou snap explosivo com Gina e Jorge, mas isso era exceção. Não foi surpresa alguma quando Ron ficou todo empolgado com a chegada do domingo e o retorno de Mione. Acordou cedo naquele dia e ficou esperando na sala. A garota havia escrito a ele que apareceria depois do almoço, mas mesmo assim ele passou a maior parte da manhã plantado em frente à lareira. Almoçou rapidamente e voltou correndo pra lá. Instantes depois a menina irrompeu por ela. Ron foi correndo recebê-la.


 - Oi meu amor, que saudade – ela foi pega completamente de surpresa. Mal tinha tido tempo de se arrumar e se assustou com a abordagem do namorado. Acabou cumprimentando-o de volta.


 - Oi Ron, bom te ver. Também senti sua falta – depois de mais um tempinho, ela conseguiu se recompor e deu um beijo no namorado. Olhou ao redor e os outros Weasley já estavam a esperando. Sorriu e cumprimentou todo mundo.


 Rony a levou até os jardins onde se sentaram ao pé de uma árvore. Mione deitou no colo dele e ficaram namorando por boa parte da tarde. Hermione reparou que Ron estava falando menos do que antes dela ir embora e ela logo concluiu que deveria ser devido à aproximação do depoimento. Ao final da tarde, Harry e Gina se juntaram a eles e os quatro ficaram conversando até o Sr. Weasley vir chamá-los para o jantar. Depois da refeição, a família se reuniu na sala para uma xícara de chá.


 - Tá chegando a hora né meu filho – Molly se dirigiu a Rony. O ruivo olhou pra ela e assentiu com a cabeça.


 - Tá muito nervoso? – ela perguntou.


 - Tô mamãe. Muito. Nunca imaginei que teria que reviver tudo aquilo de novo – ele esfregava as mãos, apreensivo. Hermione, que estivera ao seu lado lendo um livro, esticou as suas e segurou as mãos do namorado. Ron sorriu pra ela e voltou a encarar o chão. Depois de mais um tempo, se levantou e foi dormir. Pediu a Harry que ele dormisse em outro quarto e subiu. Hermione achou tudo muito estranho e foi falar com Harry.


 - Por que ele te pediu pra dormir em outro quarto?


 - Sinceramente não sei. Já aconteceu outras vezes – aproveitou que Gina também já tinha ido dormir e puxou a amiga pra longe dos outros. – Tomara que não seja nada, mas eu reparei que, todas as vezes que ele me pediu pra dormir em outro lugar, era noite de lua cheia – a morena levou as mãos à boca assustada. Ficou imaginando o pior. Reuniu coragem e perguntou.


 - Você acha que ele pode ter se transformado em, em... – a simples ideia de Ron ter se transformado em lobisomem já a fazia sentir-se mal.


 - Não sei, acho que não. Nunca reparei em nada que me fizesse suspeitar disso – mas aquilo não acalmou a garota. Ficou olhando na direção do quarto de Ron, como se na esperança de descobrir alguma coisa. Depois de um tempo, Harry decidiu ir dormir. Usaria o quarto de Percy, que agora morava em um apartamento próximo ao Ministério. Hermione também subiu ao quarto de Gina, mas não dormiu direito.


 O dia seguinte foi uma total loucura. Ron acordou cedo e parecia muito abatido. Tomou café em silêncio e ficou sentado na sala, aguardando. Um carro oficial do Ministério viria buscá-lo e a Harry. Hermione, um pouco insegura, sentou ao lado dele.


 - Nervoso? – ela perguntou apreensiva.


 - Não. Tô apavorado – Hermione segurou as mãos do namorado e percebeu como estavam geladas. Passaram um tempo em silêncio quando ouviram barulho de carro do lado de fora. Um bruxo de aspecto muito formal saiu de dentro do veículo e caminhou até a porta.


 - Bom dia, eu estou aqui para escoltar o senhor Ronald Weasley e o senhor Harry Potter ao Ministério da Magia – os dois se levantaram e se dirigiram à porta. Ron se despediu e demorou-se um pouco mais em Hermione. Deu um abraço e um beijo na namorada. A garota ficou segurando o rosto dele e disse.


 - Vai dar tudo certo. Lembre-se que o pior já passou. São só lembranças – ele mantinha os olhos fechados, claramente reprimindo as lágrimas. Concordou com a cabeça. Mione deu mais um beijo nele e ele saiu. Harry já estava junto ao carro.


 O motorista do Ministério abriu a porta do veículo e Ron entrou. Enquanto o carro manobrava pelos jardins ele deu uma última olhada para sua família à porta. Respirou fundo e tentou se concentrar no fato de que eles estariam ali quando voltasse. O pior já havia passado. Ele era inocente e agora o mundo bruxo também descobriria isso.


 


 

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Comentários (1)

  • lumos weasley

    muito bom o capitulo! espero que o julgamento do rony acabe logo só de imaginar ele sofrendo com aquelas lembranças tambem fico triste. agora a pergunta que nao quer calar será que o rony está se transformando em lobisomem? bjs!

    2011-08-06
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