Baile de Formatura



Tá aí mais um capítulo. Sem dúvida o que eu mais gostei. Estou tão satisfeito que escrevi tudo em quatro dias. Sei que vão gostar. Muito, muito, muito, muito obrigado a todo mundo que tem me acompanhado e comentado. Cada comentário que leio me dá mais determinação a seguir em frente. Portanto, COMENTEM, COMENTEM, COMENTEM.


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 Capítulo 12: Baile de Formatura


 Gina estava colocando todo mundo louco na Toca. Só falava no Baile de Formatura, e insistia com sua mãe para ir ao Beco Diagonal comprar vestes novas. Sua mãe continuava a negar, mas Harry, Jorge e Rony resolveram fazer um agrado a ela e ajudá-la a comprar seu vestido. Rony passava a maior parte dos seus dias em silêncio, isolado. Achou boa a ideia de sair de casa para ir ao Beco Diagonal. A entrevista de Draco Malfoy o havia afetado profundamente. Harry tinha certeza que ele às vezes se sentia envergonhado de ter feito o que fez, apesar de todos lhe falarem que era besteira e que sempre acreditaram nele.


 Faltavam apenas dois dias até o baile e finalmente Molly concordou em ir com Gina ao Beco Diagonal. Chegando lá, as duas se encontraram com algumas amigas de garota e foram todas juntas até a loja de Madame Malkin. Harry, Jorge e Ron estavam na loja e insistiram em ir comprar com ela o vestido, mas Gina não permitiu, afinal garotos não entendem nada de vestidos. Os três simplesmente sorriram e ficaram esperando ela escolher. Elas ficaram lá dentro por horas, até que todas saíram bem sorridentes. Até mesmo a Sra. Weasley parecia estar se divertindo. Gina chamou seus irmãos que foram pagar a conta.


 - Que isso Gina, nós dissemos pra você comprar um vestido só. Não imaginávamos que você compraria a loja inteira – Jorge fingia-se de irritado. A ruiva cruzou os braços e ficou olhando pra ele.


 - Pois saiba que foi uma pechincha. Um vestido desse deveria custar o dobro.


 - Credo, pra quê gastar tanto dinheiro com um vestido só? – agora era Rony quem implicava com Gina. Ela fingiu-se de ofendida e deu um tapa no braço do irmão.


 - Toda mulher precisa se achar a mais linda da festa. Faz parte.


 - Você não precisa desse vestido pra ser a mais linda da festa – Harry completou dando um beijinho na namorada. Ron e Fred atiraram os braços pra cima e soltaram um muxoxo de fingida desaprovação. Era evidente que os dois estavam rindo.


 - Agora eu já ouvi de tudo mesmo. Vamos voltar pra loja Rony. Prefiro minhas vomitilhas a ter que ficar aqui com esses dois – Ron seguiu o irmão até a loja. Desarrumou os cabelos de Gina ao passar e escapou por pouco de um tapa. De longe Jorge gritou.


 - Não é porque agora você tá com minha irmã, que não tem que voltar ao trabalho, viu Harry Potter. Ainda temos muitos kits mata-aula pra preparar – Harry não respondeu. Caminhou um pouquinho com Gina pelo Beco Diagonal, até que teve que voltar pra loja. Gina desaparatou de volta pra casa.


 Finalmente o dia do baile chegou. A casa ficou muito agitada, muito cedo, principalmente por culpa da ruiva. Ela estava descontrolada. Subia e descia as escadas, garantindo que não esquecera nada. Aos alunos seria permitido dormir no castelo e voltar pra casa no dia seguinte. Pelo menos quatro vezes, só naquela manhã, ela checou se já havia pegado tudo. Ela e sua mãe saíram logo após o café. Harry e Rony iriam mais tarde naquele dia.


 - Harry, como você está pensando em ir? – Rony perguntou depois de terminarem de se despedir de Gina e Molly.


 - Não sei. Rede de Flu ou Chave de Portal. Já pensou em alguma coisa? 


- Na verdade sim. Eu não quis falar enquanto minha mãe estava aqui porque eu sei que ela desaprovaria. O que você acha de irmos voando em nossas vassouras? – Ron tinha um olhar de menino travesso que acabara de ter uma grande ideia. Harry ficou olhando sem entender.


 - Mas Rony, é muito longe. E se os trouxas nos virem?


 - Já pensei em tudo. Sei um feitiço de desilusão muito bom. Por favor, Harry, faz mais de um ano que não subo numa vassoura – Ron parecia animadíssimo. Harry não conseguiu negar.


 - Mas sua mãe nem pode desconfiar do que estamos fazendo, senão ela não vai nos deixar ir – Ron concordou com a cabeça e abriu um largo sorriso. Deu um abraço no amigo e foi separar as vassouras.


 No meio da tarde, Ron e Harry terminaram de se arrumar. Molly ficou emocionada ao ver o filho tão bem arrumado. Ele usava um impecável terno trouxa. Harry usava uma tradicional veste de gala de Hogwarts. Despediram-se de todos e saíram dizendo que pegariam uma chave de portal pouco mais à frente. Ron já havia separado e escondido as vassouras poucos metros à frente. Quando chegaram até elas, Harry falou.


 - Você pode ir na Firebolt – Ron olhou incrédulo pra ele.


 - Sério? Posso mesmo? – o ruivo parecia uma criança que ganhara sua primeira varinha.


 - Faço questão. Você merece – mas Ron já não parecia estar ouvindo. Segurava a vassoura quase com adoração. Os dois montaram suas respectivas vassouras e levantaram voo.


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 Ao contrário de Gina, Hermione não parecia muito entusiasmada. Passava os dias em casa ajudando sua mãe. Alice parecia mais empolgada com o baile da filha do que ela própria. Foi inclusive por insistência dela que Hermione aceitou ganhar um vestido novo para a festa. Os dias foram se passando mais ou menos do mesmo jeito. Ela havia escrito a Krum e ele se encontraria com ela no dia do baile.


 No sábado bem cedo, Hermione acordou bem em tempo de ver Viktor aparatando em sua sala de visitas. O búlgaro cumprimentou cordialmente os pais da garota e ficou esperando ela terminar de se arrumar. Desaparataram até a estação de King’s Cross e caminharam até o trem. Antes de Hermione entrar, Krum falou com ela.


 - Espero que faça boa viagem Hermi-oni-ni. Te vejo mais tarde.


 - Obrigado Viktor. Espero que faça boa viagem também – o búlgaro acenou com a cabeça. Hermione fez menção de subir, mas foi interrompida por ele.


 - Estou muito feliz por você. Parabéns. Depois de tudo o que você passou, você merece. Acho que vai ser uma grande festa. Espero que possamos aproveitá-la juntos – Hermione conseguiu esboçar um sorriso, mas não conseguiu falar nada. Sentiu-se imensamente culpada quando constatou que queria aproveitar aquela festa com outro garoto. Fez sinal com a cabeça e entrou no trem. Krum desaparataria até Hogwarts mais tarde.


 Como só haviam alunos do sétimo ano, o trem estava muito vazio. Sentou-se na mesma cabine que Gina.  


 - Empolgada? – Hermione saiu de seus devaneios e olhou para Gina.


 - Ah sim, estou. E você?


 - Também. Muito. Você quer ver meu vestido? – Hermione fez um gesto automático com a cabeça e Gina, muito empolgada, levantou os braços para tirá-lo do bagageiro. Mione não pareceu estar realmente prestando atenção. Ficou imaginando como seria uma festa com Viktor e Ron juntos. Simplesmente acenava com a cabeça cada vez que Gina falava alguma coisa. Achou ótimo quando outras garotas apareceram à porta da sua cabine e a ruiva foi falar com elas.


 Gina não foi a única. Várias outras garotas tiravam seus vestidos para mostrarem umas às outras. Alguns garotos ainda tentavam de última hora encontrar alguma menina que estivesse livre. Outros apostavam pra ver quem conseguiria um beijo até o final da noite. Depois de algumas horas de viagem, Hermione começou a entrar no clima e deixou-se levar por aquela euforia. Nunca uma viagem a Hogwarts foi tão rápida. Quando pararam pra olhar, já estavam chegando a Hogsmeade.


 Desceram do trem e foram acompanhadas até o castelo. Ficaram imaginando como o castelo estaria, mas as decorações ainda estavam incompletas. A Prof.ª McGonagall recebeu os alunos no Portão Principal, visivelmente muito feliz. Explicou aos alunos que eles teriam que voltar aos seus dormitórios para se arrumarem. Se quisessem, poderiam pedir aos elfos domésticos que levassem alguma comida a eles. Seriam informados quando o baile começaria e então poderiam descer.


 Hermione e Gina subiram até o quarto que dividiam. Gina pediu alguns sanduíches e pouco tempo depois, dois elfos apareceram trazendo uma bandeja cheia e algumas jarras de suco de abóbora. Hermione já parecia mais empolgada. Apesar do caos na hora de todas tomarem banho, aos pouco as coisas foram se ajeitando e as meninas foram se arrumando. Hermione resolveu que iria aproveitar melhor aquela noite e realmente se empenhou na produção. A excitação de todos foi aumentando e o Salão Comunal foi se enchendo. Ouviram então a voz da diretora, dizendo a eles que descessem, pois o Baile começaria. Hermione não podia nem imaginar como sua noite seria. Respirou fundo e seguiu seus colegas até o Salão Principal.


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 Enquanto os formandos iam se arrumando, os acompanhantes terminavam de chegar. Os que estivessem viajando pela Rede de Flu iriam chegar pela lareira na Torre de Astronomia ou pela lareira da sala da diretora. Em ambos os locais um funcionário estaria esperando para conferir os convites. Os que estivessem viajando por Chave de Portal apareceriam perto da cabana de Hagrid. Os que estivessem viajando de alguma outra maneira teriam que passar por Hogsmeade. Como Harry e Rony chegariam voando em suas vassouras, tiveram que descer no vilarejo. Assim que aterrissaram, Harry começou a resmungar.


 - Que bosta de dragão, minhas vestes estão todas amassadas. Sua irmã vai me matar – ele falava enquanto inutilmente tentava arrumar suas roupas. Ron estava sorrindo ao seu lado. Harry não sabia como, mas o amigo tinha as roupas impecáveis.


 - Não se preocupe, vem cá – Ron fez sinal para que Harry se aproximasse. Então apontou sua varinha para as vestes do garoto e instantes depois elas estavam como novas. Harry ficou espantado.


 - Mas onde aprendeu esse feitiço?


 - Minha mãe. Quem tem sete filhos precisa arrumar uma maneira de manter todos arrumados – Harry riu, ficou imaginando que, provavelmente, aquele era o feitiço que Molly Weasley mais tenha usado em toda sua vida. Deu um tapinha de agradecimento nas costas do amigo e começaram a caminhar. Ron parou no Três Vassouras e pediu à Madame Rosmerta que guardasse suas vassouras. Estava um fim de tarde muito agradável, com uma leve brisa. Não poderia haver clima melhor para uma festa.


 Quando chegaram ao portão de entrada, viram que era Filch quem conferia os convites. O zelador continuava igualmente rabugento e reclamão. Quando chegou a vez dos dois, ele demorou mais que o necessário analisando-os, provavelmente esperando que eles estivessem com várias bombas de bosta escondidas no bolso. Relutantemente ele os deixou passar.


 - Continua biruta esse aí né – Ron falou apontando para trás. Quando olhou para o lado viu que Harry estava paralisado olhando para alguma coisa. O ruivo acompanhou seu olhar e logo entendeu o que o amigo tinha visto. O castelo estava espetacular. Parecia que o sol estava demorando mais que o normal a se pôr no horizonte, como se esperando para que todos vissem o efeito arrebatador que causava na paisagem. Havia enormes bandeiras das quatro casas espalhadas por toda a fachada. O lago brilhava a luz do sol e alguns sereianos estavam à margem cantando. Ron e Harry se demoraram admirando a paisagem e logo constataram que não eram os únicos. Ouviam-se exclamações de praticamente todo mundo que colocava os olhos naquela pintura. Harry tentou segurar, mas imediatamente lágrimas encheram seus olhos.


 - Ele nunca esteve tão bonito não é? – Ron perguntou, sem se virar para o amigo. Harry simplesmente acenou com a cabeça, parecia paralisado.


 - Se está assim por fora, imagina por dentro. Precisamos ir andando – Ron recomeçou a caminhar e segundos depois Harry o acompanhou. Não falaram mais nada o restante do percurso até a porta principal. Rony estava começando a ficar ansioso. Fazia mais de um ano que não entrava no castelo e agora estava experimentando sentimentos diversos. Ali ele vivera os melhores momentos da sua vida, mas também os piores. Olhou para o lado e viu que Harry travava uma batalha similar.


 À medida que se aproximavam da entrada principal, mais e mais pessoas apareciam. Viram alguns rostos conhecidos e Harry se sentiu um pouco culpado quando achou Cho Chang incrivelmente bonita. Aparentemente a garota não o vira e ele agradeceu por isso. Provavelmente estaria babando se ela viesse falar com ele. Olhou para o lado e constatou que com Rony a situação não era muito diferente.


 Assim que entraram no castelo, encontraram as portas para o Salão Principal fechadas. A Prof.ª Sprout, em magníficas vestes magenta, estava explicando aos recém-chegados que eles deviam esperar ao lado da escadaria. Os alunos desceriam por ela e seriam recebidos pelo seu acompanhante. Os convidados que não estavam acompanhando ninguém, já poderiam entrar e esperar dentro do Salão.


 Rony procurou por Krum, mas não o avistou em lugar nenhum. Falou alguma coisa com Harry e entrou no Salão Principal. Ficou completamente maravilhado com a beleza do lugar. As mesas das casas foram substituídas por pequenas mesinhas redondas cobertas com uma toalha branca com detalhes em fio de ouro. As cadeiras eram de couro preto. Nas paredes havia retratos de todos os alunos que estavam formando. Foi estendido um tapete vermelho pelo corredor de entrada para receber os formandos. A mesa dos professores foi substituída por um palco e na parede ao fundo havia um gigantesco escudo de Hogwarts. Flores tão lindas que só podiam ter sido criadas por magia estavam espalhadas pelo lugar. O teto reproduzia um lindo céu estrelado. Em todas as mesas havia lindíssimos castiçais de prata. Ron sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto. Na última vez que viu aquele lugar, havia sangue, escombros e corpos por todos os lados. Demorou um pouco pra se mover, até que finalmente avistou uma mesinha vazia. Daí algum tempo, Neville e Simas vieram se juntar a ele. Os dois pareciam verdadeiramente felizes em revê-lo.


 - Oi Ron, que bom te ver. Como você está? – Simas deu um abraço muito conservador no amigo, provavelmente preocupado se iria machucá-lo. Por outro lado, Neville o cumprimentou entusiasmadamente.


 - Eu estou bem. E vocês? – Os dois responderam e se sentaram. Obviamente, o sequestro de Ron e a reportagem no Profeta Diário o fizeram a pessoa mais interessante naquela festa. Todos que passavam pela sua mesa cochichavam e apontavam para ele. Neville e Simas o inundaram de perguntas, mas Ron tentou se esquivar, ainda não estava pronto para respondê-las. Tentando mudar o rumo da conversa, ele perguntou.


 - E você Neville, o que tem feito?


 - Tenho estudado. Herbologia, sabe. Tenho uma novidade para contar a vocês – ele se empertigou na cadeira. Provavelmente estava doido para contar aquilo a alguém. – Ano que vem eu começarei um estágio aqui em Hogwarts. Será o último ano da Prof.ª Sprout, que vai se aposentar. Ela falou que vai me indicar como seu substituto – Neville soava orgulhoso e importante.


 - Que máximo Neville. Meus parabéns – Ron se levantou e deu mais um abraço no amigo. Simas fez o mesmo. Os três continuaram conversando amenidades por um bom tempo. Aos poucos a sala foi se enchendo. Ron avistou Draco Malfoy, arrogante como sempre, há algumas mesas de distância. Seu sangue ferveu. Apertou a varinha por baixo das vestes, mas se segurou para não atacá-lo. De repente uma voz anunciou que as portas seriam abertas e o baile começaria.


 Começou a tocar uma música anunciando o início da festa. Aos poucos as portas foram se abrindo e os primeiros alunos começaram a entrar. Todos pareciam maravilhados com a decoração. Podia-se notar diferentes expressões nos rostos de cada um. Havia uma inegável felicidade no ar, mas enquanto alguns sorriam, vários alunos choravam, provavelmente se lembrando de como foi doloroso e sofrido chegar até ali. Rony estava em pé bem na frente. Não conseguiu segurar um enorme sorriso ao ver sua irmã entrando de braços dados com Harry. Gina estava radiante e parecia a menina mais feliz do mundo. Todas as garotas ficaram se perguntando como ela tinha conseguido fisgar o melhor partido do mundo bruxo. Ela acenou para Ron quando passou por ele e continuou seu percurso. Ron estava ficando mais ansioso. Ainda não havia visto Hermione, mas seu queixo caiu assim que a avistou. A garota estava simplesmente espetacular. Usava um vestido lilás ousado para os padrões dela e seus cabelos estavam presos em um coque no alto da cabeça deixando boa parte do seu colo à mostra. Ela arrancava suspiros de quase todo garoto que a via. Krum estava ao seu lado e o coração de Ron despencou. Como queria, como queria estar no lugar do búlgaro. Com dificuldade conseguiu sorrir, mas não acenou, quando os dois passaram por ele. Quando todos os alunos haviam entrado, a Prof.ª McGonagall surgiu no palco.


 - Eu tenho muito orgulho de poder participar dessa festa. Hogwarts e seus alunos sofreram muito, mas conseguimos superar juntos. Cada garoto e garota aqui deu seu suor, sangue e lágrimas por essa escola. Nada mais justo que essa escola retribua-os com uma grande festa. É com grande prazer que declaro aberto a 125º Baile Anual de Formatura de Hogwarts. Aproveitem – todo mundo aplaudiu. Ouviram-se vivas de todos os lados. Várias pessoas tinham lágrimas nos olhos, inclusive a diretora. Olhar para aquelas paredes invariavelmente trazia as imagens da destruição. Ron olhou para o lado e viu que seus amigos Neville e Simas também choravam. Além deles, estavam ali, as irmãs Patil, Cho, Dênis Creevey, que também perdera um irmão na guerra, Justino Finch-Fletchley, Zacarias Smith, entre outros. Por último avistou Lilá Brown, que estava bem sorridente. Apareceram então alguns instrumentos flutuando em cima do palco, formando uma banda invisível e começaram a tocar. Ron identificou a música como sendo a mesma que tocou no Baile de Inverno, no seu quarto ano. Pior ainda foi constatar que mais uma vez era Viktor Krum quem dançava com Hermione. Ficou admirando os casais dançando, evitando olhar para ela. Depois de umas duas músicas, sentiu uma mão no seu ombro e se virou para ver Neville ao seu lado.


 - Me falaram que o bar já está aberto, vamos beber alguma coisa? – Ron ainda mantinha os olhos na pista de dança. Fez um gesto automático com a cabeça e acompanhou Neville. Pegaram duas cervejas amanteigadas. O ruivo simplesmente fingia ouvir o que Neville dizia. De repente uma voz anunciou que a pista estava liberada para quem quisesse dançar. Muito a contragosto, Ron decidiu ir até lá. Antes que pudesse alcançá-la, Lilá Brown apareceu na sua frente.


 - Oi Ron, tudo bem? Quanto tempo – ela sorria mais do que seria possível aos músculos da face. Ron se sentia extremamente desconfortável.


 - Ah, oi Lilá, é mesmo. Eu tô bem, e você? – ele ainda não olhava pra ela.


 - Eu tô ótima. Melhor agora que te encontrei – Ron ficou meio sem palavras.


 - Ahn, o quê? Ah tá, obrigado.


 - Eu queria te dizer Ron – ela agora parecia mais séria. – Eu nunca acreditei em uma palavra do que aquele nojento do Draco Malfoy disse. Eu sei que você é inocente – Ron conseguiu apenas sorrir em agradecimento. Estava pensando em uma desculpa para se livrar dela, mas ela, como se prevendo isso, se adiantou a ele.


 - Vamos dançar? – antes que ele pudesse responder, ela o saiu puxando pelo braço. Ron tropeçou na muleta, mas conseguiu endireitar o corpo e acompanhá-la. Quando atingiram a pista de dança, ela já estava lotada. Hagrid tentava dançar com a Prof.ª Trelawney, que definitivamente não tinha jeito pra coisa. Em nada ajudava o fato de Hagrid ser quase um corpo maior que ela. O jeito desengonçado dos dois estava roubando todas as atenções. Horácio e Minerva dançavam a outro canto, visivelmente felizes. Como de costume, Slughorn sempre era visto com um ou dois copos de Uísque de Fogo na mão. Ron estava dançando com Lilá, quando avistou Gina e Harry e sentiu que essa era sua chance de se livrar dela. Chegou perto dos dois e pediu para trocar de par. Gina ficou feliz de poder dançar com o irmão, enquanto Harry e Lilá pareciam prontos para matá-lo.


 - Parabéns pela sua festa. Você está linda. Meu dinheiro foi muito bem empregado – ele disse dando um beijo na testa da irmã, que sorriu.


 - Obrigada. E eu posso dizer que nunca te vi tão bonito. Bem melhor que aquelas vestes do quarto ano, hein – os dois riram juntos. – Harry também me contou sobre o feitiço. Não sei como aprendeu, mas certamente funcionou muito bem.


 - Eu tenho alguns truques na manga – mais uma vez eles riram. Começou mais uma música, e como Ron queria distância de Lilá, continuou a dançar com Gina. Depois de alguns minutos, eles deram de cara com Mione e Krum.


 - Oi Gina. Oi Ron – Hermione parou de dançar e foi dar um abraço na amiga. Quando foi em direção a Ron, o ruivo simplesmente esticou a mão para ela.


 - Oi Hermione – Ron estava frio como gelo e ela ficou completamente sem graça. Até Gina parecia envergonhada. Com as mãos trêmulas, a morena segurou o cumprimento do garoto. O ruivo puxou a irmã mais pra longe, deixando Hermione pra trás, completamente estupefata. Gina ficou encarando o irmão, mas não disse nada.


 Do outro lado do salão, Harry não podia estar mais furioso. Procurava desesperadamente uma maneira de se livrar daquela menina. Lilá insistia em saber de Harry quais eram as chances de Ron querer voltar para ela. Depois de alguns minutos, viu Hermione e Viktor passando ao seu lado e não teve dúvida, imediatamente tomou a mão da amiga, passando Lilá para o búlgaro.


 - O que foi Harry? – ela parecia surpresa.


 - Me desculpe, eu precisava me livrar dela. A Gina tá dançando com o Ron e eu fiquei preso com essa aí – Hermione estremeceu um pouquinho ao ouvir o nome do ruivo, especialmente após o gelo que havia levado dele. Harry percebeu e tentou mudar de assunto.


 - Ah, ia me esquecendo. Meus parabéns. Você está muito bonita hoje – Hermione parecia ter voltado à terra. Sorriu e agradeceu. Os dois ficaram conversando quando de repente o baile inteiro parou, inclusive a banda imaginária. Os dois se viraram a tempo de ver Ron sacando sua varinha e apontando-a para Malfoy. Gina chorava ao seu lado.


 - REPETE O QUE VOCÊ FALOU SEU DESGRAÇADO, REPETE – ele bufava de raiva.


 - Não sei como sua irmã consegue ainda olhar na sua cara, seu aleijado assassino. Nem aquela sangue-ruim parece te aguentar mais – Malfoy despejava desprezo em cada sílaba do que falava. Ron crispou os lábios, apertando a varinha com mais força. Agora ela estava encostada na bochecha de Malfoy, quase em seus olhos. Gina tentava inutilmente puxar o braço do irmão. Harry e Hermione tentavam abrir espaço em meio à multidão para chegar até ele. Malfoy, aproveitando o efeito que causava, continuou.


 - Vai fazer o quê agora hein? Me matar igual fez com meu pai. Sabia que sua família era escória, mas não sabia que produziam assassinos lá também – Draco agora falava mais alto, para que todos o ouvissem.


 - Seu mentiroso asqueroso. Você me falou aquele dia lá em casa que sentia muito. Até mesmo estendeu a mão pra me cumprimentar. Tudo fingimento. Por que então se deu ao trabalho de ir até lá – Malfoy soltou uma gargalhada.


 - Alguém deixou escapar no Ministério que foi você quem matou meu pai. Eu só fui até lá pra arrancar uma confissão sua. Aparentemente meu teatrinho funcionou muito bem –  foi necessária cada gota de auto-controle que Ron tinha para não azará-lo. Naquele instante, a Prof.ª McGonagall conseguiu abrir espaço e parou de frente para os dois.


 - O que está acontecendo aqui, Sr. Weasley? – ela voltara a ser a professora severa que todos conheciam.


 - Malfoy. Você, você ouviu o que ele disse? – Ron falava entre os dentes, reprimindo sua raiva.


 - Ouvi sim, mas nada que justifique sua atitude. Ninguém nessa festa vai ameaçar o outro com a varinha, entendeu bem? Agora abaixe isso – Ron ainda demorou um pouquinho. Agora Harry e Hermione estavam ao seu lado, mas ele não pareceu ter registrado a presença dos dois. Aos poucos foi abaixando o braço. Malfoy soltou uma gargalhada e falou, com inegável ar de triunfo.


 - Sabia, você é mesmo um covarde. Só é capaz de atacar os outros pelas costas. C-O-V-A-R-D-E. – alguns outros alunos de Sonserina riam junto com Malfoy. Mas aquela parece ter sido a gota d’água. Antes que alguém pudesse fazer alguma coisa, um soco explodiu na cara de Malfoy, inundando seu rosto de sangue e atirando-o ao chão. O loiro ficou parecendo que tinha estrunchado e seu nariz fora recolocado de volta, só que na posição errada. Seus amiguinhos se abaixaram para acudi-lo. Depois do choque, todos se voltaram para a origem daquele golpe. Ron massageava a mão direita e tinha um olhar de felicidade. Minerva parecia completamente aturdida.


 - Mas, mas. Sr. Weasley, o que foi, o que?


 - Me desculpe professora, a senhora me proibiu de usar a varinha, mas não disse nada sobre usar as mãos – fez-se um silêncio, quebrado momentos depois por várias gargalhadas. A diretora demorou a se recompor, mas até ela abriu um sorriso.


 - Sr. Filch, leve o senhor Malfoy à enfermaria. Espere, Madame Pomfrey está aqui na festa. Então acho melhor que o Sr. Malfoy volte para casa – as risadas recomeçaram. Os alunos da Sonserina estavam completamente revoltados. Levantaram Draco e saíram atrás de Filch.


 - Apesar de achar deplorável sua atitude, aquele garoto bem que mereceu – McGonagall deu um tapinha nos ombros do ruivo e abriu um sorriso. – Agora voltem todos a dançar, vamos – bateu duas palmas e a banda recomeçou. Aquele confronto parece que deu energia nova aos presentes e a pista se encheu de novo. Ron ficou parado no mesmo lugar. Harry veio falar com ele.


 - Você está bem? – Ron fez que sim com a cabeça.


 - Faz companhia pra minha irmã, ela ficou bastante abalada – Harry concordou com a cabeça e saiu atrás de Gina. Hermione ficou sozinha com Ron.


 - Sua mão, tá machucada. Deixa eu dar uma olhada – ela fez menção de pegar as mãos do ruivo, mas ele não deixou.


 - Não foi nada, deixa pra lá – ele respondeu sem olhar pra ela.


 - Mas Ron, é só uma olhada. Não custa...


 - Já disse que não precisa. Olha Mione, por que você não vai ver se o Vitinho tá precisando de alguma coisa , hein – Ron deu as costas pra ela e saiu andando. Mione ficou paralisada, sem entender. Viktor veio até ela, mas ela o dispensou. Decidiu procurar Ron pra tirar as coisas a limpo. Não fizera nada pra merecer aquilo. Viu o ruivo saindo pela porta principal.


 Hermione o seguiu até os jardins, furiosa. Se o garoto já havia dito que não se importava com o namoro dela, porque então estava tratando-a tão mal. Ron não conseguia andar muito rápido devido às muletas, então Mione o alcançou facilmente.


 - Volta aqui que eu quero falar com você – ela puxou o garoto pelo braço forçando-o a se virar para ela.


 - Eu não tenho nada pra falar com você – disse o garoto rispidamente. Ele puxou o braço com violência, tentando se livrar dela.


 - Mas eu tenho. Por que você está me tratando assim hein? O que foi que eu fiz? – Ron ficou olhando para ela sem falar nada. Continuava a massagear a mão. Hermione conseguiu detectar uma certa tristeza em seu olhar.


 - Você sabe muito bem porque eu estou assim. Não se faça de desentendida – Hermione não relaxou, sua expressão continuava a mesma.


 - E precisa me tratar assim? Você já me disse que não se importava – viu que a expressão do garoto novamente mudara, mas ela não conseguiu definir muito bem.


 - E o que você queria que eu fizesse hein. Que eu começasse a gritar com você e falar que te odeio. Que eu partisse pra cima dele e enchesse ele de porrada. Que proibisse os outros de falarem com você. Quando eu vi vocês dois juntos, eu não aguentei. Foi como se estivesse de novo no Baile de Inverno. Eu não suportei imaginar que mais uma vez eu havia te perdido pra ele. Eu prefiro ter você como amiga, a não tê-la de maneira nenhuma, então claro que eu precisei falar que aceitava numa boa – o ruivo corara até as pontas das orelhas. Havia mudado bastante seu tom de voz, estava quase gritando. Teve que parar para respirar. Desviou o olhar e se virou de costas. Hermione estava atônita. Levou sua mão ao ombro do garoto, mas parou antes de encostá-lo, não sabia como ele reagiria. Ron se virou e falou antes dela.


 - Por que você está com ele? Por que não me esperou? – não havia mais raiva ou ódio em sua voz, somente angústia. Demorou até Mione conseguir responder.


 - Eu, eu não sei. Não sabia quando te veria de novo. Não sabia nem se você, se você...estava vivo – Ron fez menção de interrompê-la, mas Hermione indicou que ele esperasse ela terminar de falar. – Viktor sempre foi um cara legal. Me tratava muito bem. Eu estava desesperada com o seu desaparecimento, você não faz ideia. Ele simplesmente apareceu em um momento que eu estava muito vulnerável. Eu, eu precisava de alguém comigo. Mas, acredite, não há um só momento em que eu não repense o que eu fiz. Depois que você voltou, todos os dias, eu me arrependo de não ter te esperado.


 - Mas eu voltei. Estou aqui. Por que você não pode ficar comigo agora? – havia tristeza, nada além de tristeza na sua voz.


 - Ah, Ron. Não é assim tão fácil. Eu, eu..., não sei o que fazer. Eu...


 - Eu não engulo essa história Mione. Se sentiu tanta minha falta por que você simplesmente desapareceu da minha vida hein? Será que eu dou tanto trabalho assim que você não pode nem me visitar. Namorar o Krum deve ser muito mais fácil, ele não tem tantos fantasmas assim para superar. Me responde vai, por que você, Hermione Granger, minha melhor amiga, resolveu me ignorar, fingir que não existo. Já falei que gostaria de sua amizade. Por que você... – mas Ron foi surpreendido antes de terminar a frase.


 - PORQUE EU TE AMO, SEU TRASGO. SEMPRE TE AMEI – levou alguns segundos até ela conseguir voltar a falar. Ron parecia ter sido atingido por um balaço. – Pode parecer estranho, mas eu tive medo de me aproximar. Ron, eu nem sequer posso imaginar como você deve ter sofrido. Me dói muito te ver assim. Você não sorri mais, passa os dias trancado no quarto, ninguém mais consegue falar com você. Eu fiquei, eu fiquei com medo – ao notar a expressão do garoto, ela se apressou em explicar. – Gina me contou tudo que acontece em sua casa. Depois que eu te contei que estava namorando, eu achei que, que você fosse me odiar, então achei melhor me afastar. Me desculpe, eu sei que errei, mas preferi ter como lembrança o amor que eu sempre senti por você do que correr o risco de descobrir que você, que você me odeia – Hermione não conseguia mais segurar o choro. Abaixou a cabeça para não ter que olhar pra ele. O garoto tentava bravamente segurar as lágrimas. Respirou fundo para conseguir se controlar. Hermione ouviu um barulho e levantou o rosto para olhar o que era. Rony havia jogado sua muleta no chão e vinha caminhando com dificuldade em sua direção, com um olhar muito decidido. Hermione se assustou e deu um passo atrás.


 - Ron, o que...


 - Cala a boca Mione – a garota engoliu as últimas palavras, enquanto Rony encerrava a distância entre eles e arrebatava a garota em um beijo espetacular, tirando-a do chão. A princípio, Hermione ficou sem reação, mas logo retribuiu. Como ela sonhara com aquele momento, não queria nunca mais largá-lo. Não precisava de mais nada se pudesse sentir aquilo todo dia. Os dois aprofundaram mais o beijo, queriam expressar tudo que sentiam. Só pararam quando precisaram recuperar o fôlego. Ron manteve sua testa colada à dela, o peito arfando.


 - Eu também te amo, Mione. Muito – agora foi Hermione que tomou a iniciativa. Puxou a cabeça do ruivo e começaram outro beijo cinematográfico. Depois de alguns instantes, Ron a afastou.


 - E o Krum, você, você não acha que devia ir falar com ele? – Hermione murchou um pouquinho.


 - Ah sim, é claro, mas eu não queria sair do seu lado.


 - Não se preocupe, você nunca mais vai sair do meu lado. Ouviu bem, nunca mais – Hermione conseguiu sorrir. O primeiro sorriso verdadeiro que conseguia dar em dias. Seu peito se iluminou quando viu que o ruivo também sorria.


 - Então tá, já volto – a garota ficou na ponta dos pés e lhe deu um beijinho rápido. Saiu correndo de volta ao castelo. Olhou para trás e viu que Ron sorria para ela.


 Ron voltou a pegar sua muleta no chão e se encaminhou para um banquinho ali perto. Parecia estar em outro mundo. Nada, absolutamente nada, poderia estragar o que era, sem dúvida, a melhor noite de sua vida.


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 ALELUIA. Até que enfim. Agora eu posso me dedicar a Ron e Mione de verdade. Espero que tenham gostado.


 Eu tinha colocado antes que pretendia fazer essa fic em vinte capítulos, mas naquela época, eu pretendia fazer com que os dois se acertassem já no oitavo capítulo, não no décimo segundo, portanto, vou ter que escrever mais de vinte. Ficará entre 25 e 30, ok. Se vocês gostaram já sabem né. COMENTEM, COMENTEM, COMENTEM.


 

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Comentários (1)

  • lumos weasley

    estou realmente gostando da fic espero que nao demore para postar o proximo! 

    2011-07-20
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