Fim das Aulas



Mais uma vez obrigado a todos que escreveram. Fico muito feliz. Aí está mais um capítulo. É só uma preparação. Podem esperar grandes acontecimentos para o Baile de Formatura. Mas, enquanto esperam, nunca é demais lembrar. COMENTEM, COMENTEM, COMENTEM.


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 Capítulo 11: Fim das Aulas


 O dia na Toca não podia ter sido mais triste. Depois do confronto entre Ron e Malfoy, o clima ficou completamente insuportável. Estavam se lembrando da morte de Fred e Rony estava completamente arrasado. Todos ficaram muito calados e quietos e quase ninguém quis jantar. Hermione, que se sentia péssima, despediu-se brevemente e foi embora. Não teve coragem de se despedir de Ron. Assim que chegou em casa, ela disse que precisava ir dormir. Viktor parecia bem aborrecido, mas preferiu não falar nada.


 Hermione não pregou o olho a noite inteira. Ficou relembrando as imagens dos machucados de Ron, e por mais de uma vez, derramou lágrimas durante a noite. O dia amanheceu e ela, desistindo de continuar brigando com a cama, desceu para a cozinha. Para sua surpresa, encontrou Viktor Krum sentado à mesa.


 - Bom dia – o búlgaro falou friamente.


 - Bom dia – Hermione parecia meio relutante, mas acabou sentando-se de frente para ele. – Dormiu bem?


 - Fiquei acordado praticamente a noite inteira. E você?


 - Também – instalou-se então o silêncio entre eles. Com muito custo, Hermione falou primeiro.


 - Viktor, sobre ontem, eu não...


 - Não precisa falar nada, já passou. Eu preciso realmente voltar à Bulgária. Despeça-se de seus pais por mim – o búlgaro então se levantou e Hermione reparou que suas malas já estavam arrumadas. Foi até a garota e lhe deu um beijo na testa. Ele se aproximou de uma raquete de tênis quebrada, provavelmente a Chave de Portal pela qual ele chegara. Antes que pudesse ir embora, ela falou.


 - Após o fim das aulas, vai ter um baile de formatura. Eu posso chamar alguém. Você, você gostaria de ir? – o rapaz abriu um sorriso meio amarelo e disse.


 - Se você realmente quiser.


 - Eu, eu...quero sim.


 - Ok, me escreva então informando a data. Agora tchau – nesse instante ele tocou na raquete e desapareceu. Hermione ficou sentada ali olhando para a parede. Depois de alguns minutos, viu seu pai descendo as escadas.


 - Oi Mione, já acordada? – ela pareceu sair de um sonho. Se virou para o pai e respondeu.


 - Oi pai, não dormi direito. Estava me despedindo do Viktor – o pai pareceu um pouco espantado que o rapaz já tivesse ido embora.


 - Mas já? Achei que ele fosse passar o feriado todo aqui.


 - Aparentemente, estavam precisando dele com urgência na Bulgária.


 - Ah sim, que pena então – nesse instante, a mãe de Hermione também descia as escadas. Seu marido contou a ela sobre a saída de Krum, mas ela não pareceu tão espantada quanto ele. Mione tomou o café muito calada e depois voltou para seu quarto. Deitou-se na cama e ficou recapitulando tudo que acontecera até então, mas o rapaz que sempre voltava aos seus pensamentos não era o que acabara de sair.


 O restante do feriado de Páscoa correu mais ou menos da mesma maneira. Hermione estava sempre muito calada. Por várias vezes, ela teve a impressão que seu pai queria conversar com ela, mas sua mãe o impedia. Provavelmente ela já imaginava que a filha travava um duelo contra seus sentimentos e teve o bom senso de não ficar fazendo perguntas. Quando o feriado acabou, a garota se sentiu mais cansada do que quando chegou. No dia do embarque de volta a Hogwarts, seus pais foram juntos para se despedirem. Quando Mione olhou nos olhos da mãe, entendeu que ela compreendia o que filha estava sentindo e a garota sentiu-se muito mais segura. Não tinha a menor ideia do que faria de agora em diante, mas tinha a certeza que sua mãe sempre a apoiaria.


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 Enquanto isso na Toca, ninguém parecia capaz de falar. Ron demorou a se acalmar, assim como sua mãe. Depois do que pareceu ter sido uma eternidade, Ron finalmente falou.


 - Me desculpe, sinto que estraguei o jantar – alguns pareceram surpresos com a declaração do ruivo.


 - Claro que não, se alguém tem culpa foi aquele Malfoy – Ron estremeceu ao ouvir sua mãe falar aquele nome. Ficaram apreensivos esperando a reação do rapaz. Finalmente conseguiu responder.


 - Não sei, acho que sim né. Mas agora eu gostaria de ir dormir.


 - Não quer comer nada?


 - Obrigado mamãe, mas eu como amanhã. Agora só quero descansar um pouco.


 - Então toma um pouco dessa poção para dormir sem sonhar, vai te fazer bem – Ron simplesmente assentiu e sua mãe saiu para pegar o frasco com a poção. Ron subiu para seu quarto e se preparou para dormir. Pouco depois sua mãe chegou com um copo cheio. O ruivo tomou a poção e em instantes adormeceu.


 O clima no dia seguinte não estava muito melhor. Ninguém ousava comentar os eventos da noite passada. Rony ainda dormia. Pouco depois do almoço, o ruivo desceu e todos congelaram ao vê-lo chegar. Ele obviamente percebeu e falou.


 - O que foi, aconteceu alguma coisa? – os outros pareceram sair de um transe e cada um começou a procurar alguma coisa com que se ocupar. Arthur falou primeiro.


 - Como você está se sentindo meu filho?


 - Tô melhor. Mas tô morto de fome – ele olhou cobiçosamente para sua mãe, que mexia em alguma coisa na cozinha. Rapidamente, ela tratou de arrumar um pouco da comida do almoço para o filho. Harry reparou que ela voltou a ser a mãe superprotetora de sempre. Todos ficaram felizes em constatar que o garoto estava se alimentando melhor do que de costume. Harry jurou que viu lágrimas brotarem nos olhos da Sra. Weasley. Depois de terminar de comer, Ron chamou Harry para uma partida de xadrez. Era a primeira vez que Ron convidava-o para jogar desde o seu retorno. Harry ficou muito feliz com o convite. Aproveitando o dia de sol, os dois foram jogar no jardim.


 - Então Rony, como está se sentindo? – Harry perguntou quando começaram o jogo.


 - Estou mais leve sabe. Foi bom ter desabafado – Ron se esforçou para parecer minimamente feliz, mas Harry logo suspeitou que o garoto ainda se sentia mal. Suas suspeitas só se confirmaram quando, pela primeira vez em oito anos, Harry conseguiu derrotá-lo.


 - Há uma primeira vez para tudo né. Meus parabéns – Ron falou sem entusiasmo e se levantou. – Eu já vou entrar. Você vai ficar aí?


 - Vou arrumar as coisas e já vou – Ron simplesmente assentiu e voltou para casa. Nesse instante Gina passou por ele e se juntou ao namorado.


 - Como foi o... – ela arregalou os olhos ao olhar para o tabuleiro.


 - Você, você ganhou! – ela parecia sinceramente surpresa. Harry tentou fingir indignação.


 - Ei, por que a surpresa? Eu posso ganhar dele viu – ela soltou uma risadinha. – Ele me pareceu muito aéreo. Definitivamente sua cabeça estava em outro lugar.


 - Esse lugar provavelmente tem cabelos castanhos? – Harry concordou com a cabeça. Os dois ficaram mais alguns minutos no jardim e depois voltaram para casa.


 Não houve muitas mudanças nos outros dias. Rony passava a maior parte do tempo isolado, ou trancado no seu quarto ou parado no quintal contemplando o horizonte. Vários membros da família tentaram conversar com ele, mas todos retornaram dizendo a mesma coisa. Só recebiam respostas curtas e evasivas. Ron voltou a se alimentar pouco e não fez mais nenhum convite a Harry. Finalmente chegara o dia de Gina retornar a Hogwarts. Harry a levaria à estação. Ela se despediu de todos e demorou-se um pouco mais em Rony.


 - Antes de eu ir eu queria te perguntar. Você vai à minha formatura né?


 - Ah Gina, não sei não. Não tô muito no clima.


 - Mas você tem que ir, você é meu irmão. Vou precisar muito que você esteja lá. Vai ser muito importante para mim – Gina ficou encarando-o por um momento. Ele finalmente respondeu.


 - Se significa tanto para você, acho que eu posso fazer esse esforço pela minha irmãzinha favorita – Gina abriu um largo sorriso e correu para abraçar o irmão. Terminou de se despedir dos outros e saiu.


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 Gina encontrou Hermione no trem. O que havia ocorrido na Toca ainda estava muito vivo na mente das duas e elas pareciam desconfortáveis perto uma da outra. Passaram a viagem inteira caladas e só pareciam voltar à realidade quando alguém passava pela cabine e falava com elas. Nem viram o tempo passar e o trem finalmente chegou à estação de Hogsmeade. Ocasionalmente elas conversavam uma com a outra, mas geralmente eram conversas rápidas e sem muito entusiasmo. Foi assim durante todo o jantar e restante da noite.


 Na manhã seguinte, os professores recomeçaram as aulas determinados a forçarem os alunos ao máximo nos poucos meses que faltavam até os exames. Até mesmo Hermione parecia ter dificuldade em manter todos os deveres e estudos em dia. Foi com grande prazer que descobriram que teriam mais uma visita a Hogsmeade antes do final das aulas.


 O mês de abril passou muito rápido e o mês de maio chegou, trazendo com ele o dia que Hermione mais temia. Dois de maio completaria um ano do fim da guerra. Ela acordou e sentiu que seria um dia muito pesado. Suas suspeitas se confirmaram assim que saiu do dormitório. Como peça fundamental na vitória sobre Lorde Voldemort, a garota recebia muito mais olhares do que gostaria. Saiu rapidamente à procura de Gina, que deveria estar se lembrando de Fred. Encontrou-a a mesa do café da manhã, com os olhos muito inchados. Hermione tentou consolá-la, mas sem sucesso, então calou-se. Gina permaneceu muito quieta o dia inteiro e por várias vezes precisou se ausentar de suas aulas naquele dia, claramente chorando. Não ajudava em nada o fato de que praticamente todo mundo a parava nos corredores para poder lhe falar. A ruiva estava visivelmente irritada.


 Quando Hermione desceu para o jantar, se surpreendeu com a decoração do Salão Principal. Havia longas mantas pretas onde deveriam estar as bandeiras das quatro casas. Um grande agrupamento de alunos chamava sua atenção. Ao chegar mais perto, seu coração deu um pulo. Na parede lateral do salão, havia fotos de todos os alunos mortos na guerra. Hermione reconheceu vários deles e seu olho encheu-se de lágrimas. Ao correr o olhar pelos retratos, ela se deteve em Gina, que olhava a foto de Fred sorrindo enquanto soltava um de seus fogos de artifício. A menina se debulhava em lágrimas. Hermione ficou um pouco receosa de se aproximar, mas finalmente chegou mais perto e passou os braços ao redor dos ombros da amiga.


 - Eu sinto tanta falta dele! – Gina falou em meio às lágrimas e recostou a cabeça no ombro de Hermione.


 - Eu sei, eu sei – ela puxou a ruiva para um abraço e deixou que a menina chorasse. Olhou ao seu redor e reparou que aquela cena se repetia por todos os lados.


 O jantar correu anormalmente quieto, ao final do qual, a Profª McGonagall pediu a atenção de todos. Tentando manter a voz firme, ela começou.


 “Infelizmente, hoje é, sem dúvida o dia mais triste da história da magia. Há exatamente um ano, uma guerra terrível fez com que vários dos nossos alunos perdessem suas vidas. Podem-se ver marcas da destruição nas áreas ainda em reforma do castelo. Mas não era pra falar só de tristezas que eu comecei esse discurso. Eu queria dizer que, apesar de toda a destruição, Hogwarts permanece em pé, imponente, um templo que guarda as mais belas e sagradas tradições bruxas. Apesar de todos os problemas que enfrentamos e que com certeza enfrentaremos, lembrem-se dos rostos daqueles que morreram para proteger nosso mundo e para defender as tradições desse castelo. Lembrem-se que por mais triste que a situação possa parecer, Hogwarts sempre estará disponível. Afinal, Hogwarts nunca abandona aqueles que realmente precisam dela.”


 Nunca o Salão Comunal esteve tão silencioso. A diretora terminou firme o seu discurso, mas ao final não segurou as lágrimas. Precisou que Hagrid e a Prof.ª Sprout a acompanhassem de volta à mesa. Hermione tinha lágrimas nos olhos e constatou que não havia sequer um aluno, funcionário ou professor que não estivessem com o rosto molhado. Passados mais alguns minutos, Minerva ordenou que eles voltassem aos seus dormitórios. Vagarosamente os alunos se levantaram e rumaram para suas casas. Hermione e Gina chegaram ao quarto em silêncio e foram dormir.


 Demorou algum tempo até que a escola voltasse ao normal. Os professores pegaram mais leve por algumas semanas. No final do mês, todos os alunos do sétimo ano receberam um grosso rolo de pergaminho intitulado: “Informações básicas sobre os NIEMs”. Hermione se apressou em abrir o dela.


 INFORMAÇÕES BÁSICAS SOBRE OS NIEMs


 Aos alunos do sétimo ano que prestarão os testes para obtenção dos seus NIEMs, gostaria de lhes passar algumas informações importantes.


 1º) Os alunos só saberão que prova prestarão poucas horas antes da mesma. A prova teórica será realizada de manhã e a prova prática à tarde;


 2º) As provas estão protegida por um feitiço que torna impossível ao aluno comentar com o colega sobre a prova realizada naquele dia;


 3º) Todas as penas estarão protegidas por um feitiço anti-cola;


 4º) Só serão permitidos feitiços não-verbais;


 5º) Os resultados sairão um mês após a conclusão dos exames.


 Em anexo encontra-se o conteúdo que será pedido em cada matéria.


 Hermione leu e releu várias vezes. Não conseguia imaginar como poderia realizar uma prova sabendo qual seria em cima da hora. Imediatamente decidiu que precisava estudar mais.


 Ela passou o restante dos seus dias enfurnada na biblioteca. Sempre que alguém a via, ela estava carregando uma pilha de livros tão grande que parecia quase impossível que ela conseguisse enxergar por sobre eles. Mas, ela ficou feliz em constatar que ela não era a única a beira de um ataque de nervos. Vários alunos pareciam desesperados. Alguns inclusive tiveram que ir para a enfermaria, pois estavam praticamente tendo um colapso nervoso. O passeio a Hogsmeade não podia ter vindo em melhor hora.


 Aquele era o único passeio a que ela realmente teve muita vontade de ir. Sentiu-se m pouco culpada ao se sentir feliz de que Harry não apareceria e não teria que ficar de vela. Saiu com Gina e algumas outras amigas. Para sua grata surpresa não falaram nos exames durante todo o passeio. Invariavelmente o assunto passava a ser o baile de formatura. Quando Mione contou que iria com Viktor Krum, todas as garotas pareceram surpresas e não pararam de lhe fazer perguntas. Hermione já estava ficando aborrecida quando entraram no Três Vassouras.


 Passaram algum tempo ali dentro quando perceberam dois alunos do sexto ano apontando para elas. Gina começou a se irritar e levantou-se para ralhar com eles, mas um deles veio lhe falar.


 - Me, me desculpe. Você é Gina Weasley, certo? Irmã de Ronald Weasley?


 - Sou sim, por que? – a irritação fora substituída por preocupação.


 - Acho que devia olhar isso – o garoto então lhe entregou uma edição do Profeta Diário. Gina correu o olho por ele e falou com Mione.


 - Vem comigo, vamos sentar em outra mesa – as duas pediram desculpas às outras meninas e saíram. Hermione parecia definitivamente preocupada.


 - O que foi Gina? Aconteceu alguma coisa com ele?


 - Lê isso aqui – Hermione pegou o jornal com as mãos trêmulas e olhou para a notícia que Gina lhe indicara.


 RONALD WEASLEY, SUSPEITO DE MATAR DOIS COMENSAIS DA MORTE


 O jovem Ronald Abílio Weasley, de dezoito anos, foi denunciado pelo assassinato de Lúcio Malfoy e Fenrir Greyback. Ambos eram notórios Comensais da Morte e esse último era também um lobisomem. Os motivos do assassinato ainda são obscuros. Veja abaixo um trecho da entrevista que Draco Malfoy, filho de Lúcio e ex-colega de Ronald em Hogwarts, nos concedeu.


 “Ele sempre foi um rapaz desequilibrado. Sempre se disse amigo de Harry Potter e Hermione Granger, mas na verdade queria roubar um pouco da atenção que os dois recebiam. Dizem que ele os abandonou ano passado, bem no meio da guerra. Vindo de família humilde, sempre desconfiei que ele faria de tudo para subir de vida e se tornar importante, mas nunca imaginei que ele fosse capaz de matar alguém.” (veja a entrevista na íntegra na página 16).


 O jornal procurou o ministro Kingsley Shacklebolt para prestar esclarecimentos, mas o mesmo simplesmente soltou uma nota dizendo que o caso já está sendo esclarecido e que Ronald Weasley, bem como Draco Malfoy serão chamados para depor. (veja o restante dessa notícia nas páginas 15 e 16).


 Hermione parecia ter sido atingida por um soco no estômago. Ficou paralisada e sentiu o ar escapando dos seus pulmões. Gina tirou o jornal da sua mão e começou a ler a notícia completa. Ao final, simplesmente atirou o jornal de lado e falou um palavrão que fez o bar inteiro olhar para ela. Chamou Hermione e as duas saíram.


 - Como Malfoy teve coragem? Eu, eu mato ele – falou Gina rilhando os dentes de fúria. Hermione continuava em silêncio. A ruiva continuava proferindo insultos e impropérios a Malfoy.


 - Será que seu irmão já sabe? Como será que ele está? – Hermione finalmente perguntou. Gina parou seus xingamentos e olhou para a amiga.


 - Quando nós chegarmos a Hogwarts eu vou escrever lá pra casa – as garotas continuaram seu caminho de volta ao castelo. De vez em quando era possível ouvir Gina soltando mais um ou dois palavrões. Assim que entraram, receberam o recado de que a Prof.ª McGonagall precisava falar com elas. Se olharam em dúvida e subiram para a sala da diretora. Quando entraram, deram de cara com Harry, que parecia muito aflito.


 - Vocês já leram o Profeta Diário de hoje? – as duas assentiram com a cabeça, assustadas com o tom de voz do menino.


 - Gina, você precisa vir comigo. Ele teve um acesso de fúria quando terminou de ler. Está descontrolado. Você também Hermione.


 -Eu, mas, mas. Acho melhor... – foi interrompida por Gina.


 - Vamos Mione, por favor – ao notar a expressão de súplica da amiga, ela simplesmente concordou com a cabeça e os três foram embora pelo Pó de Flu.


 Quando irromperam pela lareira da Toca, encontraram um verdadeiro caos. Havia alguns móveis quebrados e muita coisa fora do lugar. Havia intensa movimentação à porta e logo entenderam o porquê. Ron estava absolutamente furioso. Seu rosto roxo de raiva e ódio. Tentava se desvencilhar dos irmãos que agora o seguravam. Gritava que queria sair, que iria matar Malfoy. A Sra. Weasley chorava no sofá, com Fleur ao seu lado. Harry e Gina logo foram se juntar aos Weasley na tentativa de conter Ron. Hermione percebeu que Jorge tinha um corte no nariz. O Profeta Diário estava largado no chão.


 Hermione ficou imóvel. Não sabe quanto tempo se passou, mas os gritos estavam diminuindo. Ron parecia mais calmo. Um a um seus familiares foram se afastando dele e ele ficou parado durante um tempo, tentando recuperar o fôlego. Apesar do clima agradável, o garoto estava encharcado de suor. Molly também parara de chorar e se apresou em preparar um xícara de chá para o filho. Rony finalmente se virou e seus olhos encontraram os de Hermione.


 - Mione? O que você está fazendo aqui? – de repente todos se viraram para ela. Ela ficou muito encabulada.


 - Eu, eu vim ver como você estava? Que coisa horrível o que Malfoy falou – Ron ficou olhando para ela sem dizer nada. Passados alguns segundos, o garoto começou a caminhar em direção a ela. Por um delirante momento, Harry pensou que eles se beijariam. Rony parou em frente à garota e tirou uma mecha de cabelo do seu rosto.


 - Você sabe que é tudo mentira né? – Hermione não sabia o que dizer. Não conseguia encará-lo. Simplesmente assentiu com a cabeça. Então Rony murmurou baixinho.


 - Muito obrigado. É muito importante para mim que você saiba disso – ele se abaixou e beijou a testa da amiga e depois puxou-a para um abraço. Quando ele a soltou, Hermione ficou petrificada. Ron sentou-se à mesa e começou a tomar o chá que sua mãe lhe fizera. Hermione ficou em pé sem falar nada. Só quando Gina a chamou, ela voltou a si e se sentou. Permaneceu aérea o resto da tarde. Quando já estava anoitecendo, ouviu Gina chamando-a novamente.


 - Mione, precisamos ir. Parece que vai ficar tudo bem aqui – a morena fez que sim com a cabeça e se levantou. Despediu-se de todos e chegou até Ron.


 - Você vai ficar bem? – falou baixinho, quase um sussurro. O garoto assentiu e os dois se abraçaram mais uma vez. Hermione queria ficar pra sempre ali, sentindo o cheiro dele. Queria ficar assim até ter certeza que ele não sofreria mais. Infelizmente teve que partir.


 Voltou ao castelo, mas teve dificuldade em dormir. Ficou pensando se seria assim agora. Se Ron agora só a enxergava como uma amiga, uma irmã. Não pôde deixar de se sentir amargurada.


 O dia seguinte foi uma loucura. Como a viagem das duas era um segredo, então, obviamente, a escola inteira já sabia. Quase todo mundo enchia as duas de perguntas, mas Hermione não sofria tanto quanto Gina. Por várias vezes, ela teve que ouvir outros alunos chamando Ron de assassino pelas suas costas. Alguns até inventaram uma história absurda, em que Ron teria contrabandeado um hipogrifo e tentaria atacar Malfoy com ele. Gina agora podia ser vista constantemente abatida. Nem mesmo o sermão da professora McGonagal pedindo aos alunos que parassem, pareceu adiantar. Por incrível que pudesse parecer, as duas agradeceram quando os exames chegaram.


 O primeiro dia dos exames acabara de amanhecer, mas já havia intenso movimento em todo o castelo. Vários alunos andavam pelos corredores repetindo feitiços e relendo livros e anotações. O fato de não saberem qual prova realizariam primeiro fez todos os alunos do sétimo ano praticamente enlouquecerem. De acordo com as instruções, teriam que aguardar no Salão Principal, onde seriam informados quais provas teriam que realizar. Durante o café, Gina, ligeiramente abatida veio conversar com Hermione.


 - E aí Mione. Preparada?


 - Acho que sim. O fato de não saber qual prova eu vou fazer primeiro está me deixando louca. Acho que já li todos os livros daquela biblioteca.


 - Mas você nem precisa disso. Você provavelmente vai tirar Ótimo em tudo. Eu, por outro lado, vou ter sorte se conseguir ao menos ser aprovada.


 - Que bobagem Gina. Claro que você vai conseguir. E eu não vou tirar Ótimo em tudo.


 - Tá bom viu. Veremos – Gina conseguiu abrir um sorriso meio amarelo. Hermione fingiu-se de aborrecida, mas logo mudou de expressão. Não queria discutir com a amiga.


 Depois do café, a examinadora chefe do Ministério começou a chamá-los. Hermione faria primeiro a prova de Transfiguração e Gina a de Herbologia. As duas se despediram e rumaram cada uma para a sala indicada.


 Hermione achou a prova teórica mais simples do que imaginava, mas era sempre assim com ela. Encontrou-se com Gina no horário de almoço.


 - Então Gina, como foi sua prova? – a ruiva não parecia estar muito satisfeita.


 - Péssima. Herbologia definitivamente não é meu forte. Sinceramente acho que me dei mal. E como foi a sua?


 - Mais fácil do que eu imaginava. Sempre gostei muito de Transfiguração – ela parou quando viu a expressão da amiga. – O que foi?


 - Todas as matérias são boas pra você né. Que inveja – ela conseguiu sorrir. Hermione preferiu não discutir e sorriu de volta. Logo após o almoço, cada uma rumou para a prova prática.


 Hermione entrou na sala e se dirigiu à mesa dos examinadores. Um bruxo muito mais novo que os outros parecia bem abatido e Hermione logo descobriu o porquê. O aluno tinha que transformar o tal funcionário em um animal a sua escolha. Hermione achou estranho, mas fez o que precisava ser feito. Sem muita dificuldade transformou-o em um gato. Recebeu vários elogios e foi dispensada. Encontrou Gina durante o jantar. A morena contou para a amiga como fora a prova e logo viu o bruxo do ministério sendo escoltado para fora. Tinha um tom meio esverdeado no rosto e Hermione jurou que o ouviu coaxar e miar pelo menos umas duas vezes. Apontou o fato para a amiga e riram juntas. Subiram para os dormitórios e foram dormir cedo.


 O dia seguinte começou mais ou menos igual ao primeiro. Após o café da manhã, as duas descobriram que fariam juntas a prova de Poções. Chegaram à porta das masmorras e ficaram aguardando. Todos os alunos realizariam a prova juntos. Tinham que escolher entre duas poções: Veritaserum ou Felix Felicis e tentar reproduzi-las. A maioria dos alunos falhou miseravelmente. Essas eram provavelmente as poções mais difíceis de se realizar. Hermione se saiu bem, apesar de que seriam necessários dois copos cheios da sua veritaserum para fazer efeito. Gina também escolheu essa, mas no seu caso, seriam necessários alguns baldes para que ela funcionasse. A ruiva voltou bufando para o jantar e ficou calada a noite inteira.


 No terceiro dia de testes, os alunos já estavam bem cansados. Hermione descobriu que faria a prova de Feitiços e Gina a de Transfiguração. A prova teórica foi sem dúvida a mais difícil que eles haviam tido até então, mas em compensação, a prática não poderia ter sido melhor. Foi solicitado aos alunos que realizassem o Feitiço do Proteu, que Hermione dominava já no seu quinto ano. Rapidamente ela encantou um galeão e todos os bruxos examinadores ficaram impressionados com ela. Saiu da sala sorrindo largamente e encontrou Gina igualmente feliz.


 - Oi Gina, fez boa prova? – Mione estava receosa, pois a amiga acordara de muito mal humor.


 - Fiz sim, ainda bem. Coitado daquele examinador. Juro que o vi latindo pelo menos uma vez desde que acabei minha prova – Hermione começou a rir quando avistou novamente o tal bruxo. Dessa vez ele estava levemente arroxeado e definitivamente latindo. Ficou imaginando se os novos funcionários do Ministério teriam que se submeter a isso. Como nos outros dias, foram dormir cedo.


 A prova de DCAT era definitivamente a mais aguardada e era essa que Hermione realizaria naquele dia. A maioria dos alunos que a realizava voltava com cortes e arranhões. Gina faria a prova de Feitiços e parecia bem aborrecida.


 Os alunos eram chamados um a um e teriam que realizar três tarefas. Produzir um patrono corpóreo capaz de carregar uma mensagem de vinte segundos. Defender um feitiço lançado por um dos examinadores. Identificar que feitiço fora usado baseado apenas na reação da vítima e produzir o contra-feitiço necessário. Ela notou que havia uma bruxa muito nova sendo constantemente azarada e não pôde deixar de sentir pena quando a viu com lágrimas nos olhos ao final do dia. Para alívio dela e de Gina, somente os alunos de Trato das Criaturas Mágicas fariam a prova no dia seguinte.


 Hagrid teve a brilhante ideia de usar explosivins no teste e o Ministério, obviamente com medo, decidiu designar todos os bruxos examinadores para acompanharem a realização do exame. Os alunos que não estavam cursando aquela matéria ficavam nos jardins vendo os outros terem enorme dificuldade com a prova. Os explosivins saíram do controle e houve um momento particularmente nervoso quando um aluno da Lufa-Lufa teve suas calças queimadas e precisou se atirar no Lago Negro para apagar o fogo. Tiveram muita dificuldade em retirá-lo da água, especialmente porque a lula gigante estava considerando-o um jantar muito apetitoso. Hermione aproveitou o dia livre para revisar suas últimas anotações. Ainda teria que prestar os exames de Runas Antigas, Aritmância e Herbologia. A Gina, por outro lado só restava a prova de Defesa Contra as Artes das Trevas.


 No sábado de manhã, houve um grande ajuntamento de alunos em frente ao quadro de avisos da Torre da Grifinória. Com muito custo Hermione e Gina conseguiram chegar mais perto para ler.


 INFORMAÇÕES SOBRE O BAILE DE FORMATURA


 O Baile de Formatura desse ano será realizado no próximo sábado às 20:00 horas no Salão Principal. Os convites poderão ser retirados amanhã na sala dos professores responsáveis por suas casas. Os alunos que quiserem permanecer em Hogwarts até o dia do baile, por favor, coloquem seu nome na lista abaixo. Aos alunos que preferirem ir embora, o trem de volta para Hogwarts saíra da plataforma 9 e ½ no dia da festa às 11:00 da manhâ.


 Sem mais para o momento, coloco-me à disposição,


 Madame Vector, chefe do Comitê de Organização.


 Hermione terminou de ler e olhou para Gina, que lia o aviso pela segunda vez.


 - Então Gina, você vai ficar aqui?


 - Não posso, preciso ir embora. Minhas vestes de gala estão lá em casa e também preciso avisar o Harry e o Rony – Hermione estremecera um pouquinho, provavelmente por ter lembrado que Ron estaria na festa. Gina percebeu e se apressou em perguntar.


 - E você, vai ficar?


 - Não posso. Preciso me encontra com, bem, você sabe – ainda se sentia terrivelmente desconfortável em falar sobre Krum. A ruiva simplesmente concordou com a cabeça.


 O domingo amanheceu anormalmente movimentado. Hagrid era o novo diretor da Grifinória e distribuiria os convites na sua cabana. Hermione e Gina terminaram o café e rumaram para lá, mas se desanimaram quando viram a enorme fila. Pararam atrás de Dino e um outro aluno que não reconheceram.


 -...será que ela vai aceitar? – perguntou o desconhecido.


 - Não sei, mas bem que ela podia usar um vestido bem decotado, sabe, para mostrar – e Dino fez um gesto com as mãos que as meninas logo perceberam. O outro garoto começou a rir. Gina revirou os olhos e falou alto, para que os dois ouvissem.


 - Patético, simplesmente patético. Era assim que você falava de mim quando a gente namorava, hein Dino? – o garoto olhou assustado para a ruiva.


 - Não, porque você não tem – e voltou a repetir o gesto com as mãos. O outro garoto explodiu em gargalhadas. Gina parecia furiosa.


 - Deixa para lá Gina. Imbecis – Hermione precisou acalmar a amiga. Dino continuou conversando com seu amigo e não olhou mais para trás. Por mais de uma vez, Mione viu Gina agarrando sua varinha, como se estivesse decidindo a melhor maneira de azará-lo. Demorou, mas finalmente chegou a vez das duas. Entraram na cabana e foram recebidas por um Hagrid animado, mas visivelmente desorganizado.


 - Ah, que bom vê-las. Achei que não iriam ao baile. Deixa eu ver. Aqui está, Gina Weasley, dois convites – o gigante entregou os dois convites para a ruiva e riscou seu nome de um grosso rolo de pergaminho. – Acredito que esse outro é pro Harry, certo? – Gina simplesmente assentiu e saiu, dando lugar à Hermione.


 - Agora você. Hermione Granger, também dois convites. Assumo que deve trazer Rony, certo? – a garota corou terrivelmente e ficou sem reação. Hagrid era mestre em deixar os outros em situação difícil e dessa vez não foi diferente. Ele ficou olhando para Mione e depois falou novamente.


 - Falei alguma coisa errada. Você não vai trazer o Rony?


 - Não. Eu, eu vou trazer outra pessoa – ela falou com enorme dificuldade.


 - Quem? – ele simplesmente não se tocava. Parecia chocado.


 - Meu, meu namorado. Viktor Krum – a boca de Hagrid entreabriu-se e o gigante ficou segurando os convites bobamente. Hermione, que imaginava estar mais vermelha que a bandeira da Grifinória, esticou sua mão para pegá-los. Hagrid de repente voltou a si e muito contrariado, entregou os convites à menina.


 Surpreendentemente, Hermione não se sentiu mal pela reação do amigo. Sabia que ninguém aceitava completamente o namoro dela com qualquer menino que não fosse Rony. Ela mesmo não conseguia entender porque estava com Krum. Por várias vezes tentou se convencer que era melhor assim, que Ron provavelmente não a queria mais, mas a cada dia que passava, ela sentia que isso não fazia muito sentido. Passou o restante do domingo muito calada. Não ajudava nada o fato de que dentro de uma semana, os dois estariam juntos na sua festa de formatura. Quando menos percebeu, o domingo já havia passado e ela, nenhuma vezinha se quer, tocou nos livros. Jantou cedo e foi dormir logo depois.


 O exame de Herbologia na segunda-feira transcorreu tranquilamente, mas o mesmo não pôde ser dito sobre Runas Antigas e Aritmância, especialmente esse último. Considerado por muitos como a matéria mais difícil do currículo acadêmico bruxo, Aritmância foi um total pesadelo. Hermione levou todas as quatro horas designadas ao exame e ao sair, constatou que vários alunos haviam deixado questões em branco. Ela se surpreenderia se alguém tirasse um ótimo nessa matéria. Assim que chegou ao Salão Comunal da Grifinória, foi engolfada pela mutidão. Gina e outras garotas com quem ela havia feito amizade a puxaram para dentro para celebrarem juntas o final das provas. Depois de algumas horas, a menina percebeu que estava muito cansada e decidiu que queria dormir. Gina perguntou se ela não esperaria o jantar, mas a morena fez que não e subiu para o quarto.


 Como já era esperado, agora que os NIEMs haviam terminado, não se falava em outra coisa no castelo a não ser o Baile de Formatura. Os alunos do sexto ano faziam planos para que fossem convidados por algum aluno mais velho. Mais de uma vez, Hermione viu alunos escrevendo à loja de Jorge para perguntar se ele tinha algum produto que os fizessem parecer mais velhos. Encontrou Gina sentada à mesa no café da manhã, conversando com outras meninas. Aparentemente a ruiva não a viu chegando e Mione não fez muita questão de se anunciar. Comeu sozinha e subiu para terminar de arrumar seu malão.


 A viagem de volta para casa foi um pouco mais agitada do que Mione gostaria. Apesar de já se ter passado quase um ano do fim da guerra, ela ainda era muito famosa. Vários alunos paravam à porta da sua cabine para ficar espiando, fato esse que a estava deixando irritada. Depois de horas que pareceram intermináveis, o trem finalmente chegou a Londres. Para felicidade da garota, somente sua mãe fora buscá-la. Reparou que Harry é quem fora buscar Gina. Acenou de longe para o amigo e foi embora pra casa.


 Hermione ficou imaginando como seria passar o baile ao lado de Krum quando Ron estaria ali tão próximo. Será que esse seu namoro fazia realmente sentido? Mal sabia ela que, logo logo, suas dúvidas seriam respondidas.


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 Devo confessar que não gostei muito desse capítulo, mas aguardem, o próximo será sem dúvida o mais emocionante. Por enquanto é isso. COMENTEM, COMENTEM, COMENTEM.


 

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Comentários (2)

  • potter e weasley

    tou lendo sua fic a pouco tempo... mas tou achando bastante interesante... a visão de como ron e hermione ....

    2012-01-01
  • lumos weasley

    comecei a ler a sua fic e gostei é uma visão de ron e mione bem diferente. Espero que tudo termine bem para os dois. bjs! 

    2011-07-16
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