A palavra perdida
2011-05-10
Por Ariadne LaSombra II
8. A palavra perdida
Naquela noite, Luna não foi ajudar Malfoy em sua tarefa. E nem na outra. Nem na outra. O silêncio era sufocante. Era enlouquecedor, como sempre fora. Draco desconfiava que o plano de Filch ao lhe designar aquela tarefa era exatamente aquele, fazê-lo enlouquecer. Na melhor das hipóteses, ele faria alguma coisa idiota envolvendo sua varinha e um gato, e seria expulso (estava na cara que o loirinho se mantinha em Hogwarts quase que por um fio, e mais uma detençãozinha era tudo o que não precisava). Na melhor, ele comeria papel até a morte. Intoxicado. Livre, finalmente, daquela tortura. Era quase tão ruim quanto esfregar chão e janelas, ainda que o zelador parecesse ter se cansado daquela tarefa... por enquanto. Ainda havia mais de meio ano de detenções à sua espera. Draco resolveu não pensar mais naquilo antes que o plano do papel deglutido parecesse mais encantador do que realmente era. Ao menos poderia visitar Hogsmeade no próximo semestre. Era alguma coisa.
"Vejam, meu nome", pensou Draco, pegando a folha seguinte. Era sua detenção no primeiro ano de Hogwarts. Pra ser bem sincero, ainda não se sentia muito contente ao lembrar da Floresta Proibida, embora se recusasse a admití-lo. Bem, ao menos daquela vez o Potter também se encrencara. Valera um pouco a pena, apesar de tudo.
A montanha de papel à sua frente se reduzira a quase nada, mas ainda faltava uma caixa para completar a cota do dia. As caixas que adiantara com Luna já haviam sido trocadas por ensaios da infeliz peça de teatro.
Terminada a última, pegou as anotações com extremo cuidado - já mandara a pilha ao chão três vezes nos primeiros dias, e não havia sido nada legal. Especialmente porque eram caixas recentes, e a quantidade de vezes que apareciam "Jorge e Fred Weasley" era mais do que enervante, era assombrosa, em se tratando de organizar cronologicamente. Um pesadelo sem limites. Guardou o arquivo, entediado, e puxou a caixa seguinte.
Estava ficando com sono. Ao abrir a caixa, entretanto, deparou-se com algo que não deveria estar ali. Fosse o que fosse, não era uma detenção. Era um envelope azul marinho e que claramente continha algo dentro.
"Uma bomba", pensou Draco esperançoso, mas ele não teria tanta sorte. Tomou o envelope, curioso. E viu escrito em prata, em uma caligrafia elegante e bonita, "para Draco". Logo abaixo, em letras menores, se lia: "eu duvido que mais alguém remexa nestes arquivos, mas se for o caso, sinta-se à vontade para acreditar que o conteúdo destinava-se à você".
Abriu o envelope, curioso.
Havia um pergaminho e um pacotinho roxo e aveludado. Leu o bilhete, mas já sabia de quem era.
"Oi Draco! Hoje eu não pude vir, você sabe, a Nev precisava de mim para dar uma finalizada nas fantasias para a peça (Draco teve que sufocar o riso e o terror que se misturaram em sua veias quando leu isto: LUNA LOVEGOOD CUIDANDO DO FIGURINO? Por Merlim!) e eu devo estar ali, com ela, quando você chegar nesta caixa. A menos, é claro, que eu esteja por perto nesse momento, mas acho que não. Além de tudo, acredito que esta seja a noite perfeita para tentar enxergar os elfos-da-lua andando pelos quartos da Corvinal, desde que eu fique bem quietinha fingindo dormir e tenha gomos de melão sob o travesseiro, mas bem, que seja. Em todo caso, eu deixei uma coisinha para você. O professor Dimitriv Kobayesh desenvolveu todo um estudo sobre o quanto um puxa-puxa pode estimular a atividade em uma pessoa, para que ela as execute em velocidade tripla, então eu fiz alguns para mim e o pessoal da Grifinória, e guardei um para você. Eles não funcionaram realmente, mas o sabor ficou ótimo. Fiz este de capush (Capush? Por que não tâmaras secas?, pensou Draco). Espero que goste. Imagine isto como uma pausa para o café.
Luna.
PS: se você não for o Draco, pode comer o puxa-puxa mesmo assim, você deve estar precisando, se está mexendo nos arquivos desorganizados."
Draco tirou o puxa-puxa do pacote. Era cor de maravilha com laranja e azul. Olhou para ele, desconfiado. Mas havia jantado já há tanto tempo... e a Lovegood podia ser pirada, mas não era perigosa. Mordeu.
A consistência era estranha, tinha de ser puxado até os limites e quase não cedia. Ao perceber aquilo, quase largou o doce - não o fez porque estava com fome, e forçosamente o sabor estava realmente bom. Ficou imaginando aonde a menina teria conseguido fazer aquilo - a receita, provavelmente, fora dada pelo professor excêntrico. Draco se sentia meio ridículo comendo aquele negócio, e agradeceu que não houvesse ninguém ali.
Terminou o arquivamento um pouco mais tarde do que de costume, fechou a sala e saiu. Mas, enquanto caminhava para o quarto, sentiu que havia alguma coisa errada. Alguma coisa... que estava faltando.
E logo descobriu o que era. Em todas as últimas noites, sempre havia se encontrado com Lovegood. E ela sempre lhe dizia "de nada, boa noite!", ao se separarem. Por mais que ele não houvesse agradecido nem uma única vez, e o máximo que ela obtivesse dele fosse sempre uma expiração com tom resignado. Sua mão apertou o plástico que envolvera o puxa-puxa de capush (ele não podia tê-lo deixado lá na sala de arquivos, não com Filch indo bisbilhotar todo dia se a missão se cumpria... ele iria denunciá-lo por "estar comendo em meio à importantes documentos, aquele biltre", no mínimo). Não, ele nunca agradecera Lovegood. E ela ainda encontrara tempo para lhe dar um de seus puxa-puxas. Ele odiava capush, aquilo foi a primeira coisa que lhe passara na mente quando pegara o doce. Mas, entretanto...
... entretanto, havia o doce ali. Que ele não havia pedido. E, o mais incrível, a menina lhe dera aquilo sem esperar absolutamente nada em troca. Nem um "obrigado"; ela sabia que não viria. Àquela altura, sabia. E deixara assim mesmo.
Não que Draco estivesse reclamando. Ele estava acostumado a ter todo tipo de coisa, a ser paparicado, a ser invejado. Mas a questão era que, normalmente, as pessoas faziam isso porque ele era um Malfoy.
Ele se sentia bem com o poder que seu nome evocava. Mas, ao mesmo tempo, de vez em quando ficava inseguro e triste com isso. Tinha a nítida impressão que ninguém lhe ajudaria, ou falaria com ele, ou faria qualquer coisa se ele não fosse um Malfoy. Se ele fosse apenas ele. Tinha amigos que o adoravam por sua posição. Era temido por vários por suas habilidades. A maioria da Sonserina nem ousara rir de seu castigo. Era óbvio que ele inspirava temor.
E ele gostava disso. Era só que, às vezes, tinha vontade de... largar aquilo. O peso que seu nome lhe amputava era pior que o de Harry Potter, embora mais sutil. Ele não era o garoto que sobrevivera, mas era o último de uma linhagem puro-sangue poderosa. Tinha que ter boas notas. Tinha que ser bom em tudo. O melhor era o mínimo que esperavam dele, sempre. Não havia espaço para falhas ou fraquezas. Estas, Malfoy as escondia bem fundo detrás de seus olhos acinzentados e frios. Sua gressividade era seu escudo. Não havia espaço para ele falhar. Para não ser esplêndido. Ele não tinha essa escolha. Tinha que ser ótimo e convencer todo mundo disto. Mais a segunda do que a primeira, pensando bem.
Luna Lovegood parecia a única que estabelecera contato com ele não POR QUE era um Malfoy, mas APESAR de ser um Malfoy. Era uma coisa estranha para se pensar. Não lhe deixara o puxa-puxa para tentar comprá-lo. Não o deixara para tentar estabelecer contato, chamar sua atenção ou obter algum favor. Simplesmente... simplesmente deixara.
Os Sonserinos o amavam por ser um Malfoy. Os Grifinórios o odiavam por ser um Malfoy. E Lovegood simplesmente parecia não reparar que ele era um Malfoy. Pensando bem, sempre o chamava de Draco. Sempre.
Draco crescera tão inconscientemente sufocado com o sucesso que esperavam dele, carregando nas costas o grande futuro (fosse qual fosse, tinha que ser grande!) que haviam sonhado para ele desde antes que nascera, que quase nunca percebia o que estava acontecendo. Só nas raras vezes em que se sentia inseguro e não tinha para onde correr, ninguém para abraçá-lo. Mas ninguém sabia disto. Nem sua mãe, nem seu pai, nem ninguém. E jamais saberiam.
Aquela idiota Lovegood. Quem era ela, para despertar aqueles medos antigos e secretos nele? Poderia matá-la. Ah, se poderia. Apertou o papel do puxa-puxa com mais força. Uma maldiçãozinha só, e tchau Di-Lua! Até nunca mais. Ninguém ligaria. Desaparecida e despercebida para sempre. Ou talvez não... para ser sincero, ela era completamente maluca e ilógica, mas pelo menos havia ajudado a passar o tempo e a adiantar o trabalho no arquivo. Sem mencionar que o texto da peça era quase todo mérito dela. Ele, de alguma maneira horrenda, havia se metido naquela situação e estava... bem... devendo à ela. Por Merlim, Morgana, e todo o corpo mágico da Távola.
"Obrigado, Lovegood", sussurrou Draco, em um tom de voz que o fazia parecer demente. Era sarcasmo, claro, por ela tê-lo ajudado a criar aquela situação infame. Mas também era um pouco mais. As palavras proferidas pareciam ferí-lo, saindo como que obrigadas de seus lábios. Mas haviam saído, de toda forma, e ele se sentiu pagando sua dívida. Em parte. Não que se sentisse grato... ou quisesse admití-lo, pelo menos. Mas nem mesmo ele poderia negar devia aquilo à ela (havia um brio de honra em suas entranhas). Mesmo que ela não ouvisse, era um feito ele tê-las dito.
____________________________________________________________
Um capítulo meio bestinha, mas eu gostei dele.
Acho que o jeito do Draco ficou bem mais humanizado, o que é bastante adorável. Me dá vontade de pegar ele no colo, oun!!!! =D
Eu ia colocar o último ensaio da peça aqui também, mas ah... mudei de idéia. Acho que vou juntar a cena do "i wish i could believe you" com uma outra, e fazer isso depois da peça... não sei bem ainda. Não parece fazer muito sentido aparecer antes.
Mas da próxima o teatro não passa! ^-^
Estou tão idiotamente envolvida com o Draco e a Luna que me dá dó de não seguir com a fic, e isso é bom!
Nem tive coragem de trabalhar na minha D/G porque, por mais estapafúrdio que seja o D/L, eu estou... feliz com ele! Meu Deeeeeeus!
Próximo ato! Peça, conversas, coisas assim. Acho que pra ficarem juntos mesmo só no dez, ou pra frente dele! O Draco é fascinante, mas é trabalhoso lidar com ele... a Luna é mais fácil, porque é mais avoadinha. Mas não dexá-la boba demais também não é tão fácil assim ^^' ... mas quanto carinho em uma fic só. Nem eu sabia que ia ser assim quando esbocei o capítulo UM. E bem mal, aliás. Me dá vontade de reescever às vezes, mas por outro lado, é bom para eu ver como mudo.
SEI que é uma adaptação. Mas mesmo assim, não é tão menos trabalhosa.
Naquela noite, Luna não foi ajudar Malfoy em sua tarefa. E nem na outra. Nem na outra. O silêncio era sufocante. Era enlouquecedor, como sempre fora. Draco desconfiava que o plano de Filch ao lhe designar aquela tarefa era exatamente aquele, fazê-lo enlouquecer. Na melhor das hipóteses, ele faria alguma coisa idiota envolvendo sua varinha e um gato, e seria expulso (estava na cara que o loirinho se mantinha em Hogwarts quase que por um fio, e mais uma detençãozinha era tudo o que não precisava). Na melhor, ele comeria papel até a morte. Intoxicado. Livre, finalmente, daquela tortura. Era quase tão ruim quanto esfregar chão e janelas, ainda que o zelador parecesse ter se cansado daquela tarefa... por enquanto. Ainda havia mais de meio ano de detenções à sua espera. Draco resolveu não pensar mais naquilo antes que o plano do papel deglutido parecesse mais encantador do que realmente era. Ao menos poderia visitar Hogsmeade no próximo semestre. Era alguma coisa.
"Vejam, meu nome", pensou Draco, pegando a folha seguinte. Era sua detenção no primeiro ano de Hogwarts. Pra ser bem sincero, ainda não se sentia muito contente ao lembrar da Floresta Proibida, embora se recusasse a admití-lo. Bem, ao menos daquela vez o Potter também se encrencara. Valera um pouco a pena, apesar de tudo.
A montanha de papel à sua frente se reduzira a quase nada, mas ainda faltava uma caixa para completar a cota do dia. As caixas que adiantara com Luna já haviam sido trocadas por ensaios da infeliz peça de teatro.
Terminada a última, pegou as anotações com extremo cuidado - já mandara a pilha ao chão três vezes nos primeiros dias, e não havia sido nada legal. Especialmente porque eram caixas recentes, e a quantidade de vezes que apareciam "Jorge e Fred Weasley" era mais do que enervante, era assombrosa, em se tratando de organizar cronologicamente. Um pesadelo sem limites. Guardou o arquivo, entediado, e puxou a caixa seguinte.
Estava ficando com sono. Ao abrir a caixa, entretanto, deparou-se com algo que não deveria estar ali. Fosse o que fosse, não era uma detenção. Era um envelope azul marinho e que claramente continha algo dentro.
"Uma bomba", pensou Draco esperançoso, mas ele não teria tanta sorte. Tomou o envelope, curioso. E viu escrito em prata, em uma caligrafia elegante e bonita, "para Draco". Logo abaixo, em letras menores, se lia: "eu duvido que mais alguém remexa nestes arquivos, mas se for o caso, sinta-se à vontade para acreditar que o conteúdo destinava-se à você".
Abriu o envelope, curioso.
Havia um pergaminho e um pacotinho roxo e aveludado. Leu o bilhete, mas já sabia de quem era.
"Oi Draco! Hoje eu não pude vir, você sabe, a Nev precisava de mim para dar uma finalizada nas fantasias para a peça (Draco teve que sufocar o riso e o terror que se misturaram em sua veias quando leu isto: LUNA LOVEGOOD CUIDANDO DO FIGURINO? Por Merlim!) e eu devo estar ali, com ela, quando você chegar nesta caixa. A menos, é claro, que eu esteja por perto nesse momento, mas acho que não. Além de tudo, acredito que esta seja a noite perfeita para tentar enxergar os elfos-da-lua andando pelos quartos da Corvinal, desde que eu fique bem quietinha fingindo dormir e tenha gomos de melão sob o travesseiro, mas bem, que seja. Em todo caso, eu deixei uma coisinha para você. O professor Dimitriv Kobayesh desenvolveu todo um estudo sobre o quanto um puxa-puxa pode estimular a atividade em uma pessoa, para que ela as execute em velocidade tripla, então eu fiz alguns para mim e o pessoal da Grifinória, e guardei um para você. Eles não funcionaram realmente, mas o sabor ficou ótimo. Fiz este de capush (Capush? Por que não tâmaras secas?, pensou Draco). Espero que goste. Imagine isto como uma pausa para o café.
Luna.
PS: se você não for o Draco, pode comer o puxa-puxa mesmo assim, você deve estar precisando, se está mexendo nos arquivos desorganizados."
Draco tirou o puxa-puxa do pacote. Era cor de maravilha com laranja e azul. Olhou para ele, desconfiado. Mas havia jantado já há tanto tempo... e a Lovegood podia ser pirada, mas não era perigosa. Mordeu.
A consistência era estranha, tinha de ser puxado até os limites e quase não cedia. Ao perceber aquilo, quase largou o doce - não o fez porque estava com fome, e forçosamente o sabor estava realmente bom. Ficou imaginando aonde a menina teria conseguido fazer aquilo - a receita, provavelmente, fora dada pelo professor excêntrico. Draco se sentia meio ridículo comendo aquele negócio, e agradeceu que não houvesse ninguém ali.
Terminou o arquivamento um pouco mais tarde do que de costume, fechou a sala e saiu. Mas, enquanto caminhava para o quarto, sentiu que havia alguma coisa errada. Alguma coisa... que estava faltando.
E logo descobriu o que era. Em todas as últimas noites, sempre havia se encontrado com Lovegood. E ela sempre lhe dizia "de nada, boa noite!", ao se separarem. Por mais que ele não houvesse agradecido nem uma única vez, e o máximo que ela obtivesse dele fosse sempre uma expiração com tom resignado. Sua mão apertou o plástico que envolvera o puxa-puxa de capush (ele não podia tê-lo deixado lá na sala de arquivos, não com Filch indo bisbilhotar todo dia se a missão se cumpria... ele iria denunciá-lo por "estar comendo em meio à importantes documentos, aquele biltre", no mínimo). Não, ele nunca agradecera Lovegood. E ela ainda encontrara tempo para lhe dar um de seus puxa-puxas. Ele odiava capush, aquilo foi a primeira coisa que lhe passara na mente quando pegara o doce. Mas, entretanto...
... entretanto, havia o doce ali. Que ele não havia pedido. E, o mais incrível, a menina lhe dera aquilo sem esperar absolutamente nada em troca. Nem um "obrigado"; ela sabia que não viria. Àquela altura, sabia. E deixara assim mesmo.
Não que Draco estivesse reclamando. Ele estava acostumado a ter todo tipo de coisa, a ser paparicado, a ser invejado. Mas a questão era que, normalmente, as pessoas faziam isso porque ele era um Malfoy.
Ele se sentia bem com o poder que seu nome evocava. Mas, ao mesmo tempo, de vez em quando ficava inseguro e triste com isso. Tinha a nítida impressão que ninguém lhe ajudaria, ou falaria com ele, ou faria qualquer coisa se ele não fosse um Malfoy. Se ele fosse apenas ele. Tinha amigos que o adoravam por sua posição. Era temido por vários por suas habilidades. A maioria da Sonserina nem ousara rir de seu castigo. Era óbvio que ele inspirava temor.
E ele gostava disso. Era só que, às vezes, tinha vontade de... largar aquilo. O peso que seu nome lhe amputava era pior que o de Harry Potter, embora mais sutil. Ele não era o garoto que sobrevivera, mas era o último de uma linhagem puro-sangue poderosa. Tinha que ter boas notas. Tinha que ser bom em tudo. O melhor era o mínimo que esperavam dele, sempre. Não havia espaço para falhas ou fraquezas. Estas, Malfoy as escondia bem fundo detrás de seus olhos acinzentados e frios. Sua gressividade era seu escudo. Não havia espaço para ele falhar. Para não ser esplêndido. Ele não tinha essa escolha. Tinha que ser ótimo e convencer todo mundo disto. Mais a segunda do que a primeira, pensando bem.
Luna Lovegood parecia a única que estabelecera contato com ele não POR QUE era um Malfoy, mas APESAR de ser um Malfoy. Era uma coisa estranha para se pensar. Não lhe deixara o puxa-puxa para tentar comprá-lo. Não o deixara para tentar estabelecer contato, chamar sua atenção ou obter algum favor. Simplesmente... simplesmente deixara.
Os Sonserinos o amavam por ser um Malfoy. Os Grifinórios o odiavam por ser um Malfoy. E Lovegood simplesmente parecia não reparar que ele era um Malfoy. Pensando bem, sempre o chamava de Draco. Sempre.
Draco crescera tão inconscientemente sufocado com o sucesso que esperavam dele, carregando nas costas o grande futuro (fosse qual fosse, tinha que ser grande!) que haviam sonhado para ele desde antes que nascera, que quase nunca percebia o que estava acontecendo. Só nas raras vezes em que se sentia inseguro e não tinha para onde correr, ninguém para abraçá-lo. Mas ninguém sabia disto. Nem sua mãe, nem seu pai, nem ninguém. E jamais saberiam.
Aquela idiota Lovegood. Quem era ela, para despertar aqueles medos antigos e secretos nele? Poderia matá-la. Ah, se poderia. Apertou o papel do puxa-puxa com mais força. Uma maldiçãozinha só, e tchau Di-Lua! Até nunca mais. Ninguém ligaria. Desaparecida e despercebida para sempre. Ou talvez não... para ser sincero, ela era completamente maluca e ilógica, mas pelo menos havia ajudado a passar o tempo e a adiantar o trabalho no arquivo. Sem mencionar que o texto da peça era quase todo mérito dela. Ele, de alguma maneira horrenda, havia se metido naquela situação e estava... bem... devendo à ela. Por Merlim, Morgana, e todo o corpo mágico da Távola.
"Obrigado, Lovegood", sussurrou Draco, em um tom de voz que o fazia parecer demente. Era sarcasmo, claro, por ela tê-lo ajudado a criar aquela situação infame. Mas também era um pouco mais. As palavras proferidas pareciam ferí-lo, saindo como que obrigadas de seus lábios. Mas haviam saído, de toda forma, e ele se sentiu pagando sua dívida. Em parte. Não que se sentisse grato... ou quisesse admití-lo, pelo menos. Mas nem mesmo ele poderia negar devia aquilo à ela (havia um brio de honra em suas entranhas). Mesmo que ela não ouvisse, era um feito ele tê-las dito.
____________________________________________________________
Um capítulo meio bestinha, mas eu gostei dele.
Acho que o jeito do Draco ficou bem mais humanizado, o que é bastante adorável. Me dá vontade de pegar ele no colo, oun!!!! =D
Eu ia colocar o último ensaio da peça aqui também, mas ah... mudei de idéia. Acho que vou juntar a cena do "i wish i could believe you" com uma outra, e fazer isso depois da peça... não sei bem ainda. Não parece fazer muito sentido aparecer antes.
Mas da próxima o teatro não passa! ^-^
Estou tão idiotamente envolvida com o Draco e a Luna que me dá dó de não seguir com a fic, e isso é bom!
Nem tive coragem de trabalhar na minha D/G porque, por mais estapafúrdio que seja o D/L, eu estou... feliz com ele! Meu Deeeeeeus!
Próximo ato! Peça, conversas, coisas assim. Acho que pra ficarem juntos mesmo só no dez, ou pra frente dele! O Draco é fascinante, mas é trabalhoso lidar com ele... a Luna é mais fácil, porque é mais avoadinha. Mas não dexá-la boba demais também não é tão fácil assim ^^' ... mas quanto carinho em uma fic só. Nem eu sabia que ia ser assim quando esbocei o capítulo UM. E bem mal, aliás. Me dá vontade de reescever às vezes, mas por outro lado, é bom para eu ver como mudo.
SEI que é uma adaptação. Mas mesmo assim, não é tão menos trabalhosa.
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