Crash.
2011-05-10
Por Ariadne LaSombra II
7. Crash.
Draco repassou o script com Luna todos os dias livres que se seguiram, e ficou satisfeito ao constatar que estava sabendo quase tudo. Sua única deficiência era ainda o ato final - a redenção de Aram - , mas ele estava certo de que conseguiria acabar com ela a tempo. Ainda tinha sete dias até a apresentação, e a professora Guinevere não cansava de elogiar seu desempenho e melhora na atuação. Sua expressão corporal estava bem mais desenvolvida também. Draco sabia que não iria fazer feio quando se erguessem as cortinas. Ele iria cumprir sua tarefa de maneira digna de um Malfoy, se algum dia algum deles se interessasse por teatro. Mas que ninguém dissesse que ele não tivera capacidade para fazer alguma coisa. E ainda ficaria longe daquelas tarefas inomináveis, especialmente para ele.
Luna aparecera para ajudá-lo com a papelada de Filch outras noites, de modo que esse serviço estava praticamente concluído e ele conhecia todo um novo compêndio de criaturas duvidosas e lendas bizarras sobre o lado esquecido do mundo bruxo, como a menina o chamava. Ultimamente ela não tirava aqueles bulbos do cabelo nunca, o que fizera Draco pensar com certa saudade no chapéu de pluma verde.
Naquela manhã, Draco estava contente porque Snape não lhe dirigira nenhuma crítica em especial. Aparentemente, passar meses com a Sprout havia lhe adiantado alguma coisa, porque ele conseguira trabalhar com as ervas de maneira muito boa, resultando em uma poção que se igualara à de Hermione Granger. Snape, obviamente, preferira citar a dele como exemplo, e isso contribuía - e muito - para seu estado de espírito. Sabia como a grifinória devia ter ficado infeliz. Bem feito por ser uma sangue-ruim.
A aula seguinte era transfiguração, mas a porta estava trancada. Os alunos ficaram todos parados, na porta, esperando instruções. Draco conversava com o pessoal de sua casa, contente em imitar a cara de Hermione na aula anterior (aparentemente, as pessoas haviam cansado de fazer chacota de sua punição, o que poderia ter sido influenciado por não ser visto com tanta frequência realizando tarefas de limpeza), quando ouviu Pansy dizer:
- Por que raios aquela menina não pára de olhar pra gente?
Draco olhou. Era Luna.
- Ela está olhando para você, Draco. - disse Crabbe.
- Todas as garotas querem um homem, afinal. E ele não é qualquer homem. Ele é um Malfoy! Deve ser isso - propôs Pansy, em um tom cuja voz dizia "coitada".
- Está brincando, e quem quereria ela? - disse Freya, uma das amigas de Pansy. - Qualquer uma, até mesmo ela, deveria saber quais sonhos abandonar. Provavelmente até o tapado Longbottom é demais para ela.
Todos no grupo riram.
- Ainda acho que ela quer se atirar em cima do Draco. - falou Pansy.
- Quase me dá pena - disse Freya.
- Ela pode estar confusa. Afinal, na peça, ela e o Draco... - tornou Pansy.
- Draco está naquela peça idiota? - havi um tom de assombro na voz de Freya.
Ele decidiu que era melhor lembrá-las de que estava ali.
- Estou. Fui obrigado (bem, de certa forma fora, pois ele não entraria ali se não fosse o probleminha com Ewan). Mas em breve estarei livre dessa. - disse, em um tom áspero.
- Ela é feia. - disse Crabbe.
- Ela é louca. - disse Goyle.
- Ela é Di-Lua Lovegood. - concluiu Pansy, e todos riram ainda mais.
- Olha, ela está vindo para cá - disse Freya, chamando a atenção de todos.
De fato, Luna realmente se separara da turma da Corvinal (de certa forma, pois não se julgava exatamente junto com eles), que se dirigia para a aula do professor Binns, e estava indo na direção dos alunos da Sonserina. Com sua saia xadrez amarela e preta, e seu pulôver castanho. E, se já não fosse estranho que estivesse sem uniforme, havia ainda um enorme chapéu de texugo com um colar de contas em torno de seu pescoço (do texugo, não de Luna!) adornando sua cabeça. Draco não sabia se aquilo era pior que os bulbos que provavelmente escondia ou não.
Ela sorriu para Pansy, Freya, Crabbe e Goyle ao passar por eles, e disse "oi" para Draco, esperando uma resposta que não veio. Ela pareceu confusa, mas não se abalou.
- A peça, sabe, acho que ela vai ficar realmente ótima quando a apresentarmos...
- Bom pra você - respondeu ele, evitando olhá-la.
Os alunos da Sonserina abafaram um risinho. Luna olhou para eles, e, sem uma palavra, tornou a olhar para Draco.
- Eu vim lhe dizer que o compromisso que pensei que teria esta tarde foi adiado... mas, pelo visto... ainda mais chovendo como está, teríamos que ficar no castelo... imagino que você não vá querer repassar o texto comigo...
- Imaginou perfeitamente, Lovegood - disse ele, em um tom frio, quase como se buscasse imitar Snape avaliando as poções de Harry Potter.
Luna lançou a ele um olhar simpático, sorriu e foi embora. Sem falar mais nada. Não era um olhar de raiva. Era de compreensão. Era como se Luna soubesse que era melhor do que Malfoy e o perdoasse por aquela falha. Um olhar benevolente, que encheu o peito do garoto de raiva. Ninguém deveria olhar assim para ele. Ninguém. Mas não havia o que pudesse fazer, porque ela já se afastava atrás do grupo da Corvinal e os sonserinos já falavam com ele de novo, rindo muito do senso peculiar de moda de Luna Lovegood.
Draco não encontrou Luna o resto do dia, e no seguinte também. Sequer no ensaio em grupo a viu. Ninguém sabia aonde estava. Faltavam cinco dias.
E então quatro dias, e Draco estava ali, desperdiçando sua tarde no St. Mungus. Era o dia de visitar Ewan Lacrimossa. A vice-diretora o acompanhara até lá, mas o deixara sozinho esperando a confirmação da enfermeira de que já podia entrar para vê-lo quando vira aparentemente algum conhecido seu sendo levado para outra ala hospitalar.
Estava aguardando, entediado e ponderando que ele não rendia tanto sozinho quando viu um bruxo que pensou conhecer de algum lugar. Era sério, a cabeça loura quase prateada, e possuía o rosto muito, muito encovado. Parecia não dormir ou comer bem há vários dias. De onde ele o conhecia...? Então Draco percebeu. Era o pai de Luna Lovegood, aquele com cuja cabeça conversara na lareira certa vez.
E ao lado dele estava Luna. Pelo visto, ganhara de Dumbledore uma licença para acompanhar o pai. Ele parecia mesmo doente. Talvez estivesse tendo alta naquele dia. Aproximou-se deles.
- Ah, se não é o garoto Malfoy - disse o sr. Lovegood, asperamente, sem desviar a atenção dos formulários que preenchia no balcão.
Luna estava olhando para o outro lado, distraída. Draco tocou-lhe o ombro, ela sempre era avoada demais para perceber o que estava ao seu redor. Mas a menina afastou-lhe a mão. Draco não podia acreditar. Chamou-a.
- Lovegood.
A garota simplesmente ignorou-o e pareceu ver alguma coisa bastante interessante na fonte da recepção, porque foi correndo para lá. Draco seguiu-a.
- Lovegood, olha aqui!
- Qual é o seu problema? - perguntou Luna, encarando-o.
- Wow, alguém não está muito contente hoje.
- Você não perde mesmo nada.
- O que foi, desmentiram alguma das teorias idiotas do seu pai?
- O que você quer?
- Bem, a peça. Ela é em menos de uma semana.
- Eu sei. E...?
- Ainda não decorei direito a parte final. Precisamos repassar.
- Ah, claro. Desde que ninguém da Sonserina saiba, certo?
- Você também não perde nada, Lovegood.
- ... e desde que mais ninguém saiba, de preferência, seja de que casa for - concluiu Luna, ignorando Draco.
- As pessoas não são todas boas como o mundo crê. - disse Draco.
- Claro. Esta deve ter sido a razão - disse Luna, naquele tom ameno de sempre. Ela pareceu pensar em alguma coisa, enquanto olhava para o centauro da fonte. - Por isso você gostaria que fossemos, digamos... amigos secretos. Cujo contato se restringisse a nós dois.
- "Amigo" é uma palavra forte, Lovegood, mas em termos gerais eu diria que você entendeu o espírito da coisa. Quase diria que leu minha mente.
- Então tente ler a minha agora. - disse Luna, olhando-o nos olhos, em um tom de voz mais pesado.
Draco foi pego de surpresa por aquela resposta.
- Sabe, Draco - disse Luna, mas sua voz estava mais melancólica do que antes - eu pensei que tivesse visto alguma coisa em você. Alguma coisa boa, apesar de tudo. Mas eu estava enganada.
E, com estas palavras, Luna foi de encontro ao pai, deixando Draco completamente perplexo da forma como ela tratara sua generosa oferta. Ela não podia pensar que ele iria assumir para todo mundo que andara conversando com ela, pelo motivo que fosse, podia? E como exatamente ela não estava contente de poder conversar com ele, com o único herdeiro dos Malfoy?
- Lovegood, você é maluca. Por que tem que ser tão estranha? - disse ele.
E então ouviu a enfermeira chamando-o. Suspirou, enraivecido, e se preparou para entrar no quarto de Ewan Lacrimossa. Ele estava desacordado também desta vez, mas a enfermeira disse que tinha esperança de que ele ficasse consciente dali a alguns minutos. Ele melhorara bem, dissera ela. Draco dirigiu-se para a sala, mas não dirigiu à Luna um olhar, ainda que passasse ao seu lado.
A menina abraçou o pai. Estava tremendo. O sr. Lovegood lançou um olhar de reprimenda sobre Draco, que mesmo de costas pareceu sentir. Sussurrou para a filha.
- Ah Luna, eu sabia, eu soube da primeira vez que o vi. É um Malfoy, afinal. Estou orgulhoso da maneira com que lida com você mesma.
Luna sorriu e virou o rosto para onde o pai não pudesse ver que estava chorando, ou quase. Ela podia aguentar; estava acostumada a ser tratada daquela maneira. Ela conseguia aguentar ser tratada como uma estranha, ser olhada como uma criatura exótica, ela podia aguentar! Ela não se importava com isso. Talvez só às vezes, mas nunca durava muito. Infelizmente, até passar doía assim mesmo..
O quarto de Ewan parecia exatamente o mesmo da outra vez. Draco não tinha a menor vontade de pedir desculpas, então não ficou de todo infeliz ao perceber que o garoto não abria os olhos. Os cortes haviam todos praticamente sumido. Não ficariam marcas, ótimo. A última coisa que queria era discutir com dois trouxas sobre o ocorrido. Já fora bastante ruim quando os encontrara ali uma vez. Vermes.
Mas ele tinha de esperar o tempo estipulado pela mulher, de toda forma. Na cabeceira de Ewan, havia uma revista... era um exemplar d'O PASQUIM. Draco folheou-o.
Haviam as baboseiras de sempre, mas a reportagem central tratava de cometas e lendas que os cercavam de maneira bastante... científica, especialmente dado o tom usual da revista. Junto ao editorial e índice, havia uma coluna chamada "leitor do mês". A daquele era Luna Lovegood.
Draco olhou para a foto. Luna era mais nova e estava de cabelo solto e sem nenhum chapéu extravagante. Usava o uniforme de Hogwarts, e de preto ela ficava quase normal. Na verdade, olhando aquela foto, Malfoy pensou que Lovegood poderia até ser quase bonita, caso se desse a oportunidade.
Abaixo da foto havia um ping-pong com ela, e as respostas estapafúrdias de sempre:
"Cor - magenta de metileno."
"Flor - raízes de tubérculos da Bavária."
"Ambição - realizar um milagre."
Tinha que ser a Lovegood. Quando Draco foi embora, Ewan não havia despertado, e ele ficou feliz. Por algum acaso da sorte, ele estava sempre inconsciente quando Draco ia visitá-lo, por mais que as fichas indicassem que os períodos de consciência dele estavam cada vez maiores. Draco não se incomodava com isso; não sabia como pedir desculpas. Nem queria, para ser sincero.
Voltou para Hogwarts sem ter conseguido falar com Ewan mais uma vez. Teria de ficar para depois do natal.
_______________________________________________________________
Este ficou ruim e deu trabalho... muito trabalho.
Talvez o (8) demore um pouco mais ^^' ... provavelmente já será a peça, ainda que eu esteja pensando... e talvez precise ajeitar melhor este "Crash" antes dela, usando um cap. todo. De toda forma, do (9) não passa.
Luninha ficou irritada... ela é boazinha, mas não é tão boba...! Ela já havia demonstrado isso na passagem...
Talvez logo eles fiquem juntos...!
Eu queria que demorasse mais, mas ao mesmo tempo, não sei se quero esticar muito a coisa... ah, verei o que fazer.
Draco repassou o script com Luna todos os dias livres que se seguiram, e ficou satisfeito ao constatar que estava sabendo quase tudo. Sua única deficiência era ainda o ato final - a redenção de Aram - , mas ele estava certo de que conseguiria acabar com ela a tempo. Ainda tinha sete dias até a apresentação, e a professora Guinevere não cansava de elogiar seu desempenho e melhora na atuação. Sua expressão corporal estava bem mais desenvolvida também. Draco sabia que não iria fazer feio quando se erguessem as cortinas. Ele iria cumprir sua tarefa de maneira digna de um Malfoy, se algum dia algum deles se interessasse por teatro. Mas que ninguém dissesse que ele não tivera capacidade para fazer alguma coisa. E ainda ficaria longe daquelas tarefas inomináveis, especialmente para ele.
Luna aparecera para ajudá-lo com a papelada de Filch outras noites, de modo que esse serviço estava praticamente concluído e ele conhecia todo um novo compêndio de criaturas duvidosas e lendas bizarras sobre o lado esquecido do mundo bruxo, como a menina o chamava. Ultimamente ela não tirava aqueles bulbos do cabelo nunca, o que fizera Draco pensar com certa saudade no chapéu de pluma verde.
Naquela manhã, Draco estava contente porque Snape não lhe dirigira nenhuma crítica em especial. Aparentemente, passar meses com a Sprout havia lhe adiantado alguma coisa, porque ele conseguira trabalhar com as ervas de maneira muito boa, resultando em uma poção que se igualara à de Hermione Granger. Snape, obviamente, preferira citar a dele como exemplo, e isso contribuía - e muito - para seu estado de espírito. Sabia como a grifinória devia ter ficado infeliz. Bem feito por ser uma sangue-ruim.
A aula seguinte era transfiguração, mas a porta estava trancada. Os alunos ficaram todos parados, na porta, esperando instruções. Draco conversava com o pessoal de sua casa, contente em imitar a cara de Hermione na aula anterior (aparentemente, as pessoas haviam cansado de fazer chacota de sua punição, o que poderia ter sido influenciado por não ser visto com tanta frequência realizando tarefas de limpeza), quando ouviu Pansy dizer:
- Por que raios aquela menina não pára de olhar pra gente?
Draco olhou. Era Luna.
- Ela está olhando para você, Draco. - disse Crabbe.
- Todas as garotas querem um homem, afinal. E ele não é qualquer homem. Ele é um Malfoy! Deve ser isso - propôs Pansy, em um tom cuja voz dizia "coitada".
- Está brincando, e quem quereria ela? - disse Freya, uma das amigas de Pansy. - Qualquer uma, até mesmo ela, deveria saber quais sonhos abandonar. Provavelmente até o tapado Longbottom é demais para ela.
Todos no grupo riram.
- Ainda acho que ela quer se atirar em cima do Draco. - falou Pansy.
- Quase me dá pena - disse Freya.
- Ela pode estar confusa. Afinal, na peça, ela e o Draco... - tornou Pansy.
- Draco está naquela peça idiota? - havi um tom de assombro na voz de Freya.
Ele decidiu que era melhor lembrá-las de que estava ali.
- Estou. Fui obrigado (bem, de certa forma fora, pois ele não entraria ali se não fosse o probleminha com Ewan). Mas em breve estarei livre dessa. - disse, em um tom áspero.
- Ela é feia. - disse Crabbe.
- Ela é louca. - disse Goyle.
- Ela é Di-Lua Lovegood. - concluiu Pansy, e todos riram ainda mais.
- Olha, ela está vindo para cá - disse Freya, chamando a atenção de todos.
De fato, Luna realmente se separara da turma da Corvinal (de certa forma, pois não se julgava exatamente junto com eles), que se dirigia para a aula do professor Binns, e estava indo na direção dos alunos da Sonserina. Com sua saia xadrez amarela e preta, e seu pulôver castanho. E, se já não fosse estranho que estivesse sem uniforme, havia ainda um enorme chapéu de texugo com um colar de contas em torno de seu pescoço (do texugo, não de Luna!) adornando sua cabeça. Draco não sabia se aquilo era pior que os bulbos que provavelmente escondia ou não.
Ela sorriu para Pansy, Freya, Crabbe e Goyle ao passar por eles, e disse "oi" para Draco, esperando uma resposta que não veio. Ela pareceu confusa, mas não se abalou.
- A peça, sabe, acho que ela vai ficar realmente ótima quando a apresentarmos...
- Bom pra você - respondeu ele, evitando olhá-la.
Os alunos da Sonserina abafaram um risinho. Luna olhou para eles, e, sem uma palavra, tornou a olhar para Draco.
- Eu vim lhe dizer que o compromisso que pensei que teria esta tarde foi adiado... mas, pelo visto... ainda mais chovendo como está, teríamos que ficar no castelo... imagino que você não vá querer repassar o texto comigo...
- Imaginou perfeitamente, Lovegood - disse ele, em um tom frio, quase como se buscasse imitar Snape avaliando as poções de Harry Potter.
Luna lançou a ele um olhar simpático, sorriu e foi embora. Sem falar mais nada. Não era um olhar de raiva. Era de compreensão. Era como se Luna soubesse que era melhor do que Malfoy e o perdoasse por aquela falha. Um olhar benevolente, que encheu o peito do garoto de raiva. Ninguém deveria olhar assim para ele. Ninguém. Mas não havia o que pudesse fazer, porque ela já se afastava atrás do grupo da Corvinal e os sonserinos já falavam com ele de novo, rindo muito do senso peculiar de moda de Luna Lovegood.
Draco não encontrou Luna o resto do dia, e no seguinte também. Sequer no ensaio em grupo a viu. Ninguém sabia aonde estava. Faltavam cinco dias.
E então quatro dias, e Draco estava ali, desperdiçando sua tarde no St. Mungus. Era o dia de visitar Ewan Lacrimossa. A vice-diretora o acompanhara até lá, mas o deixara sozinho esperando a confirmação da enfermeira de que já podia entrar para vê-lo quando vira aparentemente algum conhecido seu sendo levado para outra ala hospitalar.
Estava aguardando, entediado e ponderando que ele não rendia tanto sozinho quando viu um bruxo que pensou conhecer de algum lugar. Era sério, a cabeça loura quase prateada, e possuía o rosto muito, muito encovado. Parecia não dormir ou comer bem há vários dias. De onde ele o conhecia...? Então Draco percebeu. Era o pai de Luna Lovegood, aquele com cuja cabeça conversara na lareira certa vez.
E ao lado dele estava Luna. Pelo visto, ganhara de Dumbledore uma licença para acompanhar o pai. Ele parecia mesmo doente. Talvez estivesse tendo alta naquele dia. Aproximou-se deles.
- Ah, se não é o garoto Malfoy - disse o sr. Lovegood, asperamente, sem desviar a atenção dos formulários que preenchia no balcão.
Luna estava olhando para o outro lado, distraída. Draco tocou-lhe o ombro, ela sempre era avoada demais para perceber o que estava ao seu redor. Mas a menina afastou-lhe a mão. Draco não podia acreditar. Chamou-a.
- Lovegood.
A garota simplesmente ignorou-o e pareceu ver alguma coisa bastante interessante na fonte da recepção, porque foi correndo para lá. Draco seguiu-a.
- Lovegood, olha aqui!
- Qual é o seu problema? - perguntou Luna, encarando-o.
- Wow, alguém não está muito contente hoje.
- Você não perde mesmo nada.
- O que foi, desmentiram alguma das teorias idiotas do seu pai?
- O que você quer?
- Bem, a peça. Ela é em menos de uma semana.
- Eu sei. E...?
- Ainda não decorei direito a parte final. Precisamos repassar.
- Ah, claro. Desde que ninguém da Sonserina saiba, certo?
- Você também não perde nada, Lovegood.
- ... e desde que mais ninguém saiba, de preferência, seja de que casa for - concluiu Luna, ignorando Draco.
- As pessoas não são todas boas como o mundo crê. - disse Draco.
- Claro. Esta deve ter sido a razão - disse Luna, naquele tom ameno de sempre. Ela pareceu pensar em alguma coisa, enquanto olhava para o centauro da fonte. - Por isso você gostaria que fossemos, digamos... amigos secretos. Cujo contato se restringisse a nós dois.
- "Amigo" é uma palavra forte, Lovegood, mas em termos gerais eu diria que você entendeu o espírito da coisa. Quase diria que leu minha mente.
- Então tente ler a minha agora. - disse Luna, olhando-o nos olhos, em um tom de voz mais pesado.
Draco foi pego de surpresa por aquela resposta.
- Sabe, Draco - disse Luna, mas sua voz estava mais melancólica do que antes - eu pensei que tivesse visto alguma coisa em você. Alguma coisa boa, apesar de tudo. Mas eu estava enganada.
E, com estas palavras, Luna foi de encontro ao pai, deixando Draco completamente perplexo da forma como ela tratara sua generosa oferta. Ela não podia pensar que ele iria assumir para todo mundo que andara conversando com ela, pelo motivo que fosse, podia? E como exatamente ela não estava contente de poder conversar com ele, com o único herdeiro dos Malfoy?
- Lovegood, você é maluca. Por que tem que ser tão estranha? - disse ele.
E então ouviu a enfermeira chamando-o. Suspirou, enraivecido, e se preparou para entrar no quarto de Ewan Lacrimossa. Ele estava desacordado também desta vez, mas a enfermeira disse que tinha esperança de que ele ficasse consciente dali a alguns minutos. Ele melhorara bem, dissera ela. Draco dirigiu-se para a sala, mas não dirigiu à Luna um olhar, ainda que passasse ao seu lado.
A menina abraçou o pai. Estava tremendo. O sr. Lovegood lançou um olhar de reprimenda sobre Draco, que mesmo de costas pareceu sentir. Sussurrou para a filha.
- Ah Luna, eu sabia, eu soube da primeira vez que o vi. É um Malfoy, afinal. Estou orgulhoso da maneira com que lida com você mesma.
Luna sorriu e virou o rosto para onde o pai não pudesse ver que estava chorando, ou quase. Ela podia aguentar; estava acostumada a ser tratada daquela maneira. Ela conseguia aguentar ser tratada como uma estranha, ser olhada como uma criatura exótica, ela podia aguentar! Ela não se importava com isso. Talvez só às vezes, mas nunca durava muito. Infelizmente, até passar doía assim mesmo..
O quarto de Ewan parecia exatamente o mesmo da outra vez. Draco não tinha a menor vontade de pedir desculpas, então não ficou de todo infeliz ao perceber que o garoto não abria os olhos. Os cortes haviam todos praticamente sumido. Não ficariam marcas, ótimo. A última coisa que queria era discutir com dois trouxas sobre o ocorrido. Já fora bastante ruim quando os encontrara ali uma vez. Vermes.
Mas ele tinha de esperar o tempo estipulado pela mulher, de toda forma. Na cabeceira de Ewan, havia uma revista... era um exemplar d'O PASQUIM. Draco folheou-o.
Haviam as baboseiras de sempre, mas a reportagem central tratava de cometas e lendas que os cercavam de maneira bastante... científica, especialmente dado o tom usual da revista. Junto ao editorial e índice, havia uma coluna chamada "leitor do mês". A daquele era Luna Lovegood.
Draco olhou para a foto. Luna era mais nova e estava de cabelo solto e sem nenhum chapéu extravagante. Usava o uniforme de Hogwarts, e de preto ela ficava quase normal. Na verdade, olhando aquela foto, Malfoy pensou que Lovegood poderia até ser quase bonita, caso se desse a oportunidade.
Abaixo da foto havia um ping-pong com ela, e as respostas estapafúrdias de sempre:
"Cor - magenta de metileno."
"Flor - raízes de tubérculos da Bavária."
"Ambição - realizar um milagre."
Tinha que ser a Lovegood. Quando Draco foi embora, Ewan não havia despertado, e ele ficou feliz. Por algum acaso da sorte, ele estava sempre inconsciente quando Draco ia visitá-lo, por mais que as fichas indicassem que os períodos de consciência dele estavam cada vez maiores. Draco não se incomodava com isso; não sabia como pedir desculpas. Nem queria, para ser sincero.
Voltou para Hogwarts sem ter conseguido falar com Ewan mais uma vez. Teria de ficar para depois do natal.
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Este ficou ruim e deu trabalho... muito trabalho.
Talvez o (8) demore um pouco mais ^^' ... provavelmente já será a peça, ainda que eu esteja pensando... e talvez precise ajeitar melhor este "Crash" antes dela, usando um cap. todo. De toda forma, do (9) não passa.
Luninha ficou irritada... ela é boazinha, mas não é tão boba...! Ela já havia demonstrado isso na passagem...
Talvez logo eles fiquem juntos...!
Eu queria que demorasse mais, mas ao mesmo tempo, não sei se quero esticar muito a coisa... ah, verei o que fazer.
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