Segunda



***


 


Estava escuro. Apenas uma luz a frente, me fez perceber, por penumbras, o recinto. Um vigia estava sentado sob o foco, um imenso Profeta lhe cobrindo a cara e o incessante toc-toc do pé da sua cadeira pontuando o chão me fazia tremer e sacudir a cabeça por reflexo – Pare!. Olhei ao redor, tomando consciência de que estava deitado em uma cama - e sem as calças. Onde estaria Alice? Meu coração disparou, o medo borbulhando na minha garganta. O que eles teriam feito a ela? Me levantei (estranhei que nada me prendesse o corpo). Contudo, um torpor instantâneo fez meu corpo pesar uns 300 quilos, me puxando como uma rolha de volta ao leito da cama. Entendi porque não se deram o trabalho de me prender.


- Alice? ...Alice?!


Minha voz soou fraca e rouca, a boca desobedecendo, e eu não conseguia entender onde diabos eu estava. Fiz força, pense!, mas era como se um imenso branco ofuscasse, ou se as partes do meu cérebro tivessem se descolado umas das outras. Me concentrei pra me manter ereto, sustentando aquele imenso peso. Eu precisava achá-la. No esforço, derrubei o que quer que havia sobre meu criado mudo, um frasco se espatifando no chão, e o constante toc-toc cessou. Gelei, tateando os lados do corpo em busca de uma varinha.


- Longbotton?


Não respondi, era óbvio que seria um inimigo. A carga de adrenalina me fez saltar e agachar sob o extremo da cama, saindo do campo de visão. Quando vi sapatos brancos se aproximando, apertei o punho e, tão rápido quanto pude, ergui-me acertando em cheio o estranho no rosto. Porém minhas pernas foram mais lentas, quando tentei me afastar correndo. Elas tropeçaram uma na outra e caí no chão de mármore frio. Perdi! Pensei, chorando fraco agora, me arrastando pelo chão, ouvindo-o buscar reforço... Eu queria ver minha mulher, eles não entendiam, eles me tirariam dela. Eles me tirariam tudo!


Ainda lutei, mas não tive forças pra resistir a três homens. Não drogado e enfeitiçado como estava. Por que eles não me matavam de vez? Onde estaria Alice? Forçaram alguma poção sobre minha boca e minhas perguntas se perderam, dentro da minha cabeça, uma estranha paz me entorpecendo e me desligando do mundo.


 


***


 


N/A: Bom, é isso, meninas. Não sei se essa é menos dark, mas! rs Como são curtinhos, vou tentar postar de 2 em 2. Tentar, heim?
Então tá. Bjos!

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Comentários (1)

  • Miss Granger

    A mente de um louco é mesmo algo incrível. Adorei a forma loucamente lucida que você apresentou, incrível.Me deu um aperto no peito...Não há nada mais triste que perder a lucidez, perder um sentido é perder apenas um sentido, perder sua capacidade de pensar coerentemente é perder o sentido de possuir sentidos... enfim deixa eu parar de viajar.Seus textos curtos assim são viciantes... quero mais *-*

    2011-04-28
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