O Clube Secreto das Bruxas



O CLUBE SECRETO DAS BRUXAS


Faltavam apenas cinco minutos para a meia-noite e Hermione Granger perambulava, aflita, pelo corredor do sétimo andar. Ela sabia que seu destino era a Sala Precisa, no entanto não fazia a mínima idéia do que e de quem iria encontrar lá.


Assim que encontrou a parede que estava procurando, a garota olhou com cuidado ao redor, até estar certa de que não havia ninguém por ali e então despiu a capa de Harry e a guardou no bolso do sobretudo. Então, mentalizou uma sala aconchegante e segura enquanto caminhava três vezes diante da parede até que esta finalmente adquiriu o formato de uma grandiosa porta.


Por um instante, Hermione hesitou. As palavras da carta ainda invadiam sua mente, mas o que mais a deixava curiosa era aquela sigla: C.S.B. No entanto, não havia muito tempo para pensar... Hermione precisava entrar antes que a porta desaparecesse. E então, tomando coragem, ela repetiu para si mesma “Você não vai se arrepender” e forçou a porta a se abrir.


A sala que a aguardava era realmente muito aconchegante, no entanto, Hermione não teve tempo para reparar nisso quando ali entrou. Assim que a porta se fechou atrás dela, a garota soltou um gritinho de pavor. À sua frente, jaziam alinhados diversos vultos encapuzados por mantas vermelhas. Nenhum deles disse qualquer coisa quando ela gritou e apesar de não ver seus olhos nem qualquer parte de seus rostos, Hermione teve certeza de que todos aqueles indivíduos anônimos a fitavam.


- C.S.B? – indagou Hermione, com a voz trêmula.


Podia parecer tolo, mas aquela foi a única coisa que lhe veio à mente quando a menina abriu a boca, contudo, a resposta veio numa voz calma e suave, apesar de levemente sombria.


- Clube Secreto das Bruxas– esclareceu o vulto do meio - Seja bem vinda, Hermione Granger!


Hermione sentiu-se subitamente aliviada quando o silêncio mortal se quebrou diante daquela voz feminina, mas ao descobrir o significado daquelas iniciais tudo não lhe pareceu mais que um sonho esquisito.


Em sintonia, todos os corpos a sua frente lhe fizeram uma breve reverência. Então, a garota encapuzada que lhe dera as boas vindas virou-se de costas para Hermione e foi sentar-se em uma cadeira elegante e confortável que ficava na ponta de uma comprida mesa, a qual se estendia até o fundo da sala. Logo, enquanto os demais vultos reuniam-se à mesa, Hermione percebeu duas mãos femininas agarrando-a delicadamente pelos braços e ela foi conduzida à ponta mais próxima da mesa, para que pudesse ficar de frente para a suposta líder do grupo.


Quando não havia mais ninguém de pé, a garota que estava na outra ponta da mesa falou:


- Então, Hermione... Você sabe por que a chamamos até aqui?


- Decididamente... não.


- Foi o que pensei... Mas isso não tem importância. Você aceita algo para beber?


Entretanto, antes que a menina pudesse responder, uma xícara negra apareceu à sua frente. Dentro da mesma, um líquido escuro, semelhante a vinho exalava um aroma doce e atraente, mas Hermione hesitou antes de ingerir a bebida desconhecida.


- Não se preocupe, é apenas um chá de hibisco. Beba à vontade, pois lhe fará muito bem.


Percebendo que a garota ainda não se sentia muito encorajada a provar o chá, a moça resolveu contar uma história.


- Compreendo... Imagino que tendo sido criada por uma família trouxa você talvez não conheça o conto da rosela?


- Receio que não. – respondeu Hermione, interessada e decididamente ofendida por não conhecer o objeto em estudo.


- Pois bem... Conta-se que há muito tempo, em um povoado bruxo situado no interior da Polinésia, um velho explorador trouxa caminhava pela região quando descobriu, no alto de uma colina, uma bela e exótica flor rubra. Entusiasmado, o homem resolveu levar algumas mudas para plantar nos jardins de sua humilde residência, com o intuito de alegrar as últimas e derradeiras horas de sua esposa nesta terra.


Então, quando retornou a sua casa, o velho explorador cumpriu com seus objetivos e logo as flores começaram a brotar intensamente pelo jardim. Mas apesar de terem agradado bastante à pobre e doente esposa do explorador, as flores não foram capazes de evitar sua morte. Com isso, o marido da falecida foi tomado por uma terrível e devastadora tristeza, a qual só foi atenuada aos poucos pela bondade e generosidade de sua filha. Rose ainda era jovem quando a mãe a deixou. Tinha cerca de dezessete anos e era dotada de uma exuberante vivacidade, além de uma beleza incalculável.


No entanto, tamanha beleza tinha seu preço e, como era esperado, atraiu o interesse de diversos homens na região. Um deles, era um nobre e belíssimo cavalheiro da região que, apesar de estar há muito tempo comprometido com uma nobre dama da corte, não custou a se apaixonar desesperadamente por Rose.


Infelizmente, para desespero dos jovens amantes, a noiva do cavalheiro escondia um segredo importante: era uma bruxa e das poderosas... E assim que soube do afeto recíproco que envolvia seu futuro marido e a tola camponesa trouxa, tratou de envenená-la com uma perversa poção que em pouco tempo destruiu por completo a beleza de Rose. É claro que o tratante cavalheiro abandonou a camponesa imediatamente e logo se casou com a pretendente. No entanto, o amor verdadeiro que o velho explorador nutria por sua filha não se esvaiu com a beleza da mesma. A menina contraiu uma severa doença, supostamente oriunda da poção mágica que ingerira, e quando o inverno chegou, rígido como sempre, o pai pensou que iria perdê-la de vez.


Rose estava pálida e a hora derradeira se aproximava, quando resolveu fazer seu último pedido: “Papai... Faça-me um chá, por favor! Está muito frio!”. O pai, imediatamente abandonou o quarto. Mas quando chegou à cozinha, percebeu que não havia qualquer coisa com a qual pudesse realizar o desejo de sua filha. Estavam tão pobres agora que ele parara de trabalhar para cuidar da filha, que não restava dinheiro para comprar frutas ou ervas. Além disso, o inverno era tão intenso que ficava difícil encontrar qualquer coisa lá fora. O velho trouxa se debruçou sobre a janela, tentando pensar em algo, quando viu, ali no meio da neve, sua lindas flores. Ele ficou surpreso que ainda estivessem vivas, com todo aquele frio, mas saiu correndo para buscá-las e com elas preparar o chá para a filha.


As rubras flores originaram um delicioso chá de coloração rosada, quase roxa. E o amoroso pai, feliz, levou a bebida até a filha. Assim que chegou no quarto percebeu que Rose estava ainda mais pálida e apressou-se a fazê-la ingerir o chá. A menina assim o fez e para sua surpresa, logo que a última gota foi consumida, toda a sua vivacidade e beleza reapareceram, sem quaisquer vestígios da doença que quase a aplacara.


A história se espalhou por toda a região e logo os boatos tornaram aquela plantinha sagrada. Em homenagem à Rose, a linda e vermelha flor ganhou o nome de rosela, mas hoje a conhecemos como hibisco...


- Mas isso não passa de um mito. – proferiu Hermione, após ouvir com atenção cada detalhe da longa história.


- Certamente... Mas de qualquer forma, o que se sabe hoje é que o hibisco é uma planta mágica e que pode trazer muitos benefícios. Por isso, fique tranqüila e beba, pois mal não lhe fará.


Com um sorriso, Hermione assentiu e provou a doce e escura bebida. O sabor, tal qual a aparência, se assemelhava ao de um vinho quente. Era delicioso.


- Mas não foi para falar sobre mitos que nós a chamamos até aqui, Hermione. – disse a moça - Minha cara, a história vem nos mostrando que durante muito tempo as mulheres não passaram de reles instrumentos para os homens. Durante séculos, fomos consideradas meras fontes de prazer sexual e procriação; durante séculos fomos privadas de usar magia e portar varinhas. Até algum tempo atrás, Hermione, éramos tratadas feito elfos domésticos, ou até menos que isso... No entanto as coisas mudaram! Demorou muito tempo, mas as mulheres perceberam que não queriam mais servir de escravas do lar, nem tampouco sobreviver ao desrespeito e aos maus-tratos dos homens. Pelo contrário, Hermione, elas descobriram que queriam viver e portar varinhas como qualquer homem. E a liberdade que hoje cada uma de nós possui deve-se à luta e aos sofrimentos aos quais elas precisaram se submeter para finalmente se libertar!


Hermione ouvia aquelas palavras atentamente. Ela já sabia de tudo aquilo e com certeza concordava com tudo também. Só de pensar no que suas antepassadas tiveram de passar, já podia sentir o sangue ferver por dentro, no entanto, ainda não compreendia exatamente o motivo de estar ali, ouvindo aquelas coisas.


- Posso ver em seus olhos que nada disso é novidade para você, Hermione. E sei que uma garota inteligente como você concorda com minhas palavras. Porém, apesar dos intensos esforços de nossas antepassadas, muitas mulheres parecem ter herdado o espírito submisso das mulheres de outros tempos. É com assaz facilidade e clareza que encontramos uma série de garotas frívolas pelos corredores desta escola, derretendo-se por homens vis e desprezíveis que não se dão nem ao trabalho de notar sua presença. – continuou a garota e Hermione de repente se lembrou de Lilá Brown e Parvati. – E isso precisa acabar, Hermione!


- Sim... Eu concordo plenamente com você! – afirmou Hermione – Mas... Eu, eu realmente não entendo o porquê de terem me chamado até aqui.


- Hermione, não é segredo para ninguém que hoje, dois dos mais desprezíveis homens desta escola a humilharam indecentemente. E isso representa uma afronta imperdoável a qualquer mulher e, sem dúvida, uma afronta a cada uma de nós também.


Hermione sentiu-se ruborizar. Não era nenhum orgulho para ela o que passara naquele fim de tarde, mas ela ainda não entendia como aquele ultraje pessoal poderia afetá-las tanto.


- E então? Você já chegou a pensar nas providências que tomará diante disto?


- Pro-providências? – indagou Hermione, confusa.


- É claro que você não vai permitir que os babacas desta escola continuem a rir a suas costas, não é mesmo, Hermione Granger?


Hermione refletiu. Até agora não havia parado para pensar em que atitudes tomaria assim que desse as caras pelo castelo. Tudo o que lhe vinha à mente era o cruel constrangimento a que seria submetida assim que isto acontecesse.


- Bem... Na verdade eu ainda não havia pensado nisso.


- Pois deveria.


- Mas... Eu, eu realmente não sei o que poderia reverter uma situação tão degradante como esta. Nada que eu faça os fará esquecer o ocorrido na masmorra.


Quando terminou de falar, Hermione sentiu um súbito alívio. Até o momento ela não havia tratado daquele assunto com ninguém e, ainda que não pudesse ver o rosto daquelas garotas que ali estavam, sentia que podia confiar nelas.


- Hermione, talvez você ainda não tenha se dado conta, mas O Clube Secreto das Bruxas é uma seita de garotas radicalmente feministas e um dos nossos maiores propósitos é a vingança... A vingança contra os homens.


Hermione encarou-a perplexa. Talvez não soubesse... Talvez não tenha percebido, mas neste instante, uma irascível ganância tomou conta de seus olhos.


- E foi por este motivo que a chamamos até aqui, Hermione – continuou a garota do outro lado da mesa – Nós acreditamos que finalmente você está preparada.


- Preparada? Mas preparada exatamente para o quê?


- Para se tornar uma de nós, Hermione!

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Comentários (2)

  • Redatora Granger

    hahahahaha... eu mereço mesmo... menina velha!!pobrezinha da Hermine... de fato ela deve estar parecendo a prof hahahahamas a bixana vai melhorar... ^^obrigada obrigada obrigada!

    2011-04-13
  • Nana snape

    ameiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiio mito....tão fofoamiga foi você que fez???porque está digno de irmão grimm =Dque 100...só fltou o felizes para sempre =)uahuahuahuhauhauah doideras a parte!!!!perfeito amiga, ainda penso na hermine como a prof de advinhações..:pmas depois isso vai mudar!!!uahuahuhauhaparabéns!!!!

    2011-04-13
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