O Quarto Particular de Hermion

O QUARTO PARTICULAR DE HERMIONE GRANGER

Após ler e reler aquela carta quinhentas vezes, Hermione Granger levantou-se do chão e se dirigiu apressadamente ao banheiro dos monitores. Assim que entrou, tratou de trancar a porta e lavar o rosto. O ódio ainda fervia em seus olhos quando ela finalmente se encarou no espelho, e acima daquela avassaladora dor que lhe destroçava o coração, nascia um perturbador e incansável desejo de vingança.

Hermione secou o rosto recém lavado em uma branca e macia toalha e começou a despir-se. Com um aceno de sua varinha, a banheira começou a encher-se de água quente e espuma até estar perfeitamente adequada a um banho. Então, a garota mergulhou os pés delicados e, logo, o corpo inteiro também. Ela passou duas longas horas imersa naquele delicioso banho, refletindo, afogando as mágoas e, é claro... tentando se livrar dos resquícios de ovo podre em seu cabelo.

Então, quando deixou o banheiro dos monitores, certa de que todos no castelo estariam reunidos no Salão Principal para a hora do jantar, Hermione foi correndo até a sala comunal da Grifinória e às pressas, subiu até o dormitório dos meninos. Sim, ali ela encontraria um objeto importantíssimo: a capa da invisibilidade de Harry.

Sua consciência pesou quando finalmente encontrou a capa. Ela preferiria pedi-la emprestada a Harry, mas não tinha condições emocionais para isso. Só o que importava agora, era encontrar um meio de sair às escondidas à meia-noite...

***

- Gina, você fez o que eu pedi a você?

- Eu fiz sim, Rony... Mas não. Ela não estava lá.

- Droga... Onde foi que a Hermione se meteu? – resmungou Rony, virando-se na direção de Harry novamente. – Se ao menos... argh... Se ao menos ela não contasse com a privacidade de um quarto particular.

Rony sabia muito bem o quão afortunados eram os monitores: contavam com privilégios excepcionais, tais como autoridade para descontar pontos dos demais alunos, acesso ao maravilhoso banheiro dos monitores, além é claro de possuírem um quarto particular inteirinho para eles... Sim, Rony sabia que essas vantagens eram espetaculares, afinal, ele mesmo era um monitor. Porém, saber que sua melhor amiga contava com as mesmas mordomias, o deixava ciente de que não podia encontrá-la mais facilmente como antes, uma vez que o acesso ao quarto dos monitores era incrivelmente mais complexo e difícil do que o dos outros alunos. E, neste exato momento, tanto ele quanto Harry encontravam-se preocupadíssimos com Hermione, afinal, ela não era vista desde o incidente nas masmorras.

- Gina, você tem certeza de que olhou direito no banheiro feminino?

- Sim, Harry. Eu já disse que fiz o que vocês me pediam. Agora me dêem licença, pois o meu jantar deve estar esfriando. – retorquiu ela, partindo em direção a um grupo de garotas no final da mesa.

- Garotas... – suspirou Rony – você viu como ela fala conosco agora, Harry? Está ficando cada vez mais rebelde... Eu juro que se ela não fizesse parte da Grifinória, eu já teria lhe tirado uns bons pontos por desrespeitar um monitor.

Harry soltou uma risadinha. De fato, tinha de concordar com o amigo, Gina costumava ser uma garota mais cativante, mas a verdade é que a mudança, para sua surpresa, o agradara intensamente...

- Harry, Harry... A última vez que a Hermione se chateou ela quase foi morta por um trasgo! – constatou Rony, preocupado.

- Eu sei, Rony. Mas eu tenho certeza de que ela está bem. Olha... Vai ver ela já está dormindo, mas amanhã vai reaparecer.

As palavras de Harry soaram convincentes e o amigo as recebeu com um certo alívio, no entanto ele não estava muito certo disso; Hermione lhe parecera bastante magoada.

Minutos depois, os dois amigos voltaram para a sala comunal da Grifinória, incomodados com os fervorosos comentários, a respeito de sua amiga, que se faziam presentes no Salão Principal. Percebendo que Hermione não encontrava-se à vista, foram até a porta de seu quarto particular e lá bateram. No entanto não houve resposta. Eles tentaram abrir a porta à força, mas era impossível. Sabiam que se sua presença fosse indesejada, aquela porta seria um obstáculo intransponível.

 

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