Jantar Quase Perfeito



Capítulo 4
Jantar Quase Perfeito


 


E pela milésima vez, olhei para o relógio. O ponteiro grande marcava sete horas e o pequeno um minuto. A conversa que tive com Fernanda ainda ecoava em minha mente, o que me impediu de fechar os olhos durante a noite. A mais ou menos meia hora ouvi alguns barulhos vindos da cozinha, e há dez minutos comecei a sentir um cheirinho de café. E mais uma vez meu estômago roncou. Olhei pela janela, e o sol já se encontrava no céu mostrando que o dia seria ensolarado. Com um suspiro, levantei e caminhei – com a mesma calça do pijama e a regata branca – até a cozinha. Molly já estava pondo a mesa e me sentei em um dos lugares. 


- Bom dia. – Desejou. 


- Bom dia. – Respondi sorrindo e coloquei um pouco de suco no copo. 


Peguei um pedaço de pão que a própria senhora Weasley fez e passei uma geléia de morango. Na primeira mordida não queria mais comer. Tomei o suco e fiquei brincando com o farelo que caiu do pão. 


E o meu primeiro erro hoje foi olhar para a entrada da cozinha quando ouvi um barulho e encontrar o olhar de Fernanda. Aparentemente estava normal, mas seus olhos, aqueles olhos mostravam um sentimento totalmente diferente do que ela demonstrava. Fechei meus olhos tentando não encará-la, e esse foi o meu segundo erro. As lembranças da conversa novamente tomaram conta de minha mente. 


- Luan, acho que não é a hora e muito menos o lugar para uma conversa. – Disse levantando da beira da janela.  


- Não, realmente não e a hora. – Concordei. – Sabe por quê? Porque essa hora já passou, e mesmo que estivéssemos no meio da rua eu pararia tudo para ter essa conversa com você.  


- Fernanda, querida, vai tomar café? – A voz de Molly me despertou. Abaixei a cabeça e continuei a mexer nos farelinhos do pão. 


- Não, obrigada. – Agradeceu sentando-se em minha frente. 


Poderia agüentar ficar ali, fingindo que nada aconteceu. Mais não consigo. Levantei e subi para o quarto, David deveria estar a caminho e não devo me atrasar.


 


**


 


Estávamos no quarto de Amanda, esta que lia o livro Onde há uma varinha, Há uma saída; deitada na cama. Estava sentada no chão folheando O Pasquim, que por sinal não continha nada de interessante. E Demi, ao meu lado, pintava as unhas da mão de azul turquesa. Estávamos todas em perfeito silêncio, até que escutamos um estalido. 


- Menina Smith, o pai de vocês pediu para que se arrumem senhoritas. – Olhei em direção a voz alta e estridente. 


- Mas porque Tuddy? – Amanda fechou o livro e sentou na cama. 


- O senhor não me disse menina Smith, quer apenas que se arrumem e estejam prontas até as sete, senhorita Smith. – Tuddy abaixou seus enormes olhos para o chão. 


- Obrigada, pode ir. – E mais um estalido foi ouvido, e onde antes havia um elfo, agora estava vazio. 


- Temos uma hora e meia. – Falou abrindo o guarda-roupa. – Odeio quando ele faz isso. – Sussurrou nervosa. 


- Nosso pai sempre pede para estarmos pronta tal hora para irmos a tal lugar, nunca diz exatamente onde. – Demi falou baixo para que Amanda não ouvisse. – Ela odeia isso. – Terminou de pintar a unha. – Eu particularmente amo isso, a surpresa é muito melhor. – Sorriu ficando de pé. – Vou me arrumar. – Assenti e ela saiu do quarto. 


- Se importa se ficar sozinha enquanto tomo banho? – Amanda falava enquanto escolhia uma roupa. 


- Vou me arrumar também. – Levantei do chão e deixei a revista na cama. Sai do quarto indo para o de hospedes, que era onde estavam todas as minhas coisas. 


Em uma hora e meia tomamos banho, e nos arrumamos. Fui a primeira a descer, e talvez a mais prática. Calça jeans escura, tênis branco e para completar uma blusinha branca de manga cumprida. Nada de tão chamativo. 


Em seguida veio Demi, ela desceu a escada correndo e entrou na sala. Usava um vestido branco acinzentado e uma sandália baixa nos pés. Na mão carregava uma blusa branca, já que lá fora estava um pouco frio. 


- Não esta com frio? – Negou. 


- Onde esta Amanda? – Dei de ombros. – Faltam cinco minutos. – Olhou para o enorme relógio na parede da sala. 


- Já estou aqui. – Avisou Amanda descendo a escada. Enquanto usávamos cores claras, Amanda optou por um preto, literalmente. Calça, blusa, e a sapatilha. 


- Ela esta brava. – Cochichou Demi no meu ouvido. 


- Como sabe? – Perguntei. 


- Quando ela esta “normal” usa pelo menos uma cor diferente no visual... 


- Tuddy. – Gritou. E logo em seguida ela apareceu. – Onde esta o nosso pai? 


- Ele já foi menina Smith. – Disse rápido. 


- Como assim já foi? – Perguntou nervosa. 


- O pai de vocês aparatou menina Amanda, a mais ou menos meia hora. – E sem mais nada para dizer Tuddy sumiu nos deixando em um incrível silêncio. 


Há essa hora Demi já havia aberto a porta e nos esperava do lado de fora. 


- Meninas. – Nos chamou. – Vamos de limusine. 


Saímos da casa e Amanda fez uma expressão nada satisfeita. Mas em silêncio, entramos e enquanto as ruas passavam do lado de fora rapidamente, aqui dentro estávamos cada vez mais quietas. 


E então tudo começou a ficar mais devagar. Demi abaixou um pouco do vidro preto para vermos onde estávamos.  A limusine parou e no portão de entrada havia dois M’s enormes. Foi quando tudo fez sentido para mim. 


Mansão Malfoy.  


- Por que não me avisaram? – Soltei desesperada. – Eu não posso estar aqui. 


- O que esta acontecendo Mel? – Demi perguntou assustada. 


- Não posso estar aqui, eu preciso voltar. Por favor. – Falei desesperada. 


- Calma, é só um jantar com os Malfoy. O que tem de mais? – Amanda fechou o vidro de Demi. 


E nós já estávamos lá dentro. 


Olhei para trás e os portões estavam se fechando. Coloquei as mãos no rosto não entendo o porquê de meu coração estar disparado. Suspirei fundo. Ouvi uma risada baixa e em seguida as duas respiraram fundo, surpresas. 


- Você esta apaixonada pelo Scorpius. – As duas falaram juntas. Demi rasgaria o rosto do tamanho do sorriso, e Amanda sorria irônica. 


- Não. – Falei mais alto do que pretendia. – Estão loucas? 


- Então nos dê um motivo convincente para te mandarmos para casa. – Amanda cruzou os braços. Há essa hora a limusine estava parada em frente à mansão apenas nos esperando sair. 


Mais eu fiquei em silêncio. 


- Você esta sim apaixonada. – Demi falou, chocada. 


- Vamos sair logo e jantar.

 


**


 


- Eu não estou acreditando que você esta passando as férias na casa da Demi. – Alexandra, irmã de Scorpius, me puxou para sentar na cama de seu quarto. 


- Pois é. – Sorri. 


A mais ou menos meia hora que chegamos. Alex disse que o jantar não estava pronto e subimos para o seu quarto. A mansão era maior por dentro do que por fora. É incrível como algumas pessoas podem ter tanto, mas serem como Alex. 


Mais não era exatamente isso que me preocupava. 


- Alex, eu... Preciso ir ao banheiro. – Falei sem jeito. 


- Ah sim. – Sorriu gentil. – No final do corredor a primeira à esquerda. – Explicou. – O meu é o único quarto que não tem banheiro, até o do Scorpius tem... 


A deixei falando sozinha e sai. Olhei para o enorme corredor cheio de quadros. Levarei um século para chegar até o banheiro, e para que? Olhar-me no espelho e ver o quão louca estou ficando? Talvez ele responda o porquê de estar sentindo tudo isso. 


Comecei a andar contando quantos passos daria até chegar ao banheiro, mas minha conta foi interrompida no sétimo passo quando parei em frente a uma porta que estava entreaberta. A curiosidade herdade de meu pai bateu mais forte, o que fez me aproximar cada vez mais dela. 


Não conseguia ver muito bem. Olhei para os dois lados do corredor e empurrei um pouco mais a porta que fez um barulhinho. Escutei passos abafados vindos do seu interior e quando vi uma sombra cada vez mais perto da porta, me afastei e apertei o passo para não ser pega. Mais onde estava indo mesmo? 


- Melissa? – No mesmo instante que meu nome fora pronunciado eu parei. Meus pés criaram raízes no chão, porque nem mesmo virar estava conseguindo. 


E tudo por causa daquela voz. 


- O que esta fazendo aqui? – Senti ele se aproximar. E só com a ajuda de suas mãos consegui virar. 


- Bem, eu vim com a Amanda e a Demi... – E de repente um clarão invadiu o corredor saindo do quarto de Scorpius e em seguida, o trovão. – Vai chover essa noite. – Sorri amarelo. Vai chover essa noite?  


- Pois é. – Olhou para trás e logo voltou sua atenção a mim. – Faz um tempo que estou querendo conversar com você, quero dizer, desde que as férias começaram ando pensando nisso e... 


- Melissa? Scorpius? Vamos, o jantar já está pronto. – Ele suspirou frustrado por ser interrompido, mas sorriu para a irmã que o puxou para descerem a escada juntos. 


- Um dia você terá que contar a ela. – Amanda sussurrou ao meu ouvido. 


- Enquanto esse dia não chegar, é melhor permanecer em segredo. – Olhei para ela que assentiu. 


- Eu sabia. – Falou Demi, animada. – Sabia que você esta apaixonada por ele. – Mais sua voz morreu assim que entramos na sala de jantar. 


Todos pararam de conversar no mesmo momento e o silêncio constrangedor tomou conta do ambiente. Todos, de alguma forma, olhavam para mim. E eu também os encarava, afinal, jamais imaginaria que em apenas um jantar poderia encontrar tantas pessoas a qual sentia tanta antipatia. 


- Aquele homem, a direita da cadeira vazia na ponta, é o nosso pai. – Sussurrou Demi. 


Analisei suas feições e percebi que elas não eram nenhum pouco parecidas com o homem. Com o rosto fechado, e a testa franzida, deixariam qualquer um com um desconforto. Não era gordo e muito menos magro. O cabelo preto e umas suaves costeletas. Com certeza as meninas não se pareciam com ele, até mesmo Amanda era capaz de ser mais alegre. 


Ao lado esquerdo da cadeira, que continuava vazia, Alex acabara de sentar. Ao seu lado Scorpius. E ao lado dele, respectivamente, Demi e Amanda. E o único lugar que havia sobrado era ao lado da pessoa que nunca imaginaria rever novamente, Robert Colin. E para fechar toda essa animação que estava sentindo, Victorie Weasley estava sentada ao outro lado de Robert. 


Apressei em preencher o meu lugar, entre o senhor Smith e Robert, exatamente a frente de Scorpius. O que me fez lembrar que após o jantar precisávamos terminar a conversa. 


- O que faz aqui? – Perguntei para Colin quando todos iniciaram uma conversar. 


- Acompanhando minha namorada. – Respondeu. 


- Namorada? – Quase gritei. – O que aconteceu com Katy? 


- Terminamos. – Respondeu o óbvio. 


- Eu sei que não está mais com ela, impossível não perceber isso, mas ela não era o amor da sua vida? – Falei irônica. 


Ele pigarreou nervoso, mas não respondeu minha pergunta. 


- Boa noite. – Entrou um homem alto e loiro na sala tão de repente que todos ficaram em silêncio. – Por que pararam quando entrei? Ora vamos, Draco Malfoy não é tão assustador assim... 


- É que só faltava você pai para começar o jantar... 


- Não me interrompa enquanto estiver falando. – Disse ríspido para Alex. 


Todos ficaram desconfortados com essa pequena cena. Um tanto desnecessária da parte dele, em minha opinião. Que tipo de pessoa ele era afinal? Entrou na sala de jantar sério, começou a falar gentil e de repente se estressou com o pequeno comentário da própria filha. Se bem que o olhando agora, me lembro de tê-lo visto algumas vezes no meu primeiro ano em Hogwarts. 


Quando meu foco voltou à mesa de jantar, percebi que a comida estava na mesa e os pratos já estavam sendo preenchidos. 


- Um pouco de arroz? – Ofereceu Robert, cínico. 


Sabia qual o joguinho dele, mas nesse não cairia. Acha que só porque terei que agüentá-lo uma única noite cairei em sua armadilha? Pois ele jogaria esse jogo sozinho já que aqui ele é apenas um acompanhante, como eu. 


Espere! Acompanhante? Se ele veio acompanhar a namorada dele, o que ela veio fazer na casa do Malfoy? A família Malfoy nunca foi amiga da família Weasley, porque ela estaria sentada aqui afinal? Seus pais ao menos devem saber que esta aqui, ou não? 


E quando abri minha boca para fazer esta pergunta, o senhor Smith começou a falar. 


- Estive esta semana no ministério, e digo que as coisas não andam muito boa por lá o... 


- Você quer mesmo falar sobre isto caro amigo? Estamos em um jantar, família amigos, e o principal, Melissa Potter está aqui. – Senhor Smith pareceu levemente irritado. 


- Não se preocupe comigo senhor Malfoy. – Falei sem graça. 


- Senhor Malfoy? Para que tanta formalidade? Chame-me apenas de Draco. – Tomou o conteúdo que estava em sua taça. 


- Tudo bem. – Cocei a nuca em um sinal nervoso. O que ele queria afinal?  


- E então, como anda essa história de seus pais? – Apoiou os cotovelos na mesa e juntou as mãos apoiando levemente o queixo. 


- Pai o que esta fazendo? – Perguntou Alex, nervosa. 


- Ora, não fui nenhuma pergunta ofensiva. Quero apenas saber como andam as investigações? – Olhou para mim esperando uma resposta. E um trovão soou forte assustando a todos na mesa. 


- Bem, eu espero. – Respondi com a voz chorosa. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, mas respirei fundo não as deixando sair. 


- E acha que irá encontrá-los? – Me ajeitei na cadeira desconfortável com tudo isso. 


- Sim. – Respondi rápido evitando as lágrimas. 


- Sabe, você esta com muita certeza para uma coisa que ainda não tem provas. – Alfinetou. 


- Pai já chega. – Falou Alex mais alto. 


- E se eles estiverem mortos? – Sorriu cínico. 


- Eu sei que vocês não se davam bem na época que estudavam em Hogwarts, mas não precisa ser assim comigo. – Falei nervosa. 


- Ousada igual ao pai. – Comentou para si mesmo. 


- Pai já chega. – Tentou Alex mais uma vez. 


- É tão inteligente igual à mãe ou puxou ao pai em inteligência? – Espera um minuto, ele esta rindo do meu sofrimento? 


- O que você quer de mim afinal? – Quase gritei deixando as lágrimas rolarem por meu rosto. 


- Acha mesmo que depois de tanto tempo seus pais ainda estejam vivos? – Seu tom de voz mudou de calmo para sombrio, e em seguida mais um trovão seguido dos pontos grossos da chuva chegando ao chão. 


- Draco agora já chega. – Pela primeira vez Scorpius pronunciou e parecia estar tão nervoso quanto eu. 


- E quer saber minha opinião? – Sorriu sarcástico. 


- Não. – Respondi rápido. 


- Tomara que eles estejam mortos neste exato momento e enterrados em um lugar que jamais possam ser encontrados. – Falou tão alto que tive medo do poder em suas palavras. 


- Seu estúpido como se atreve a falar isso? – Gritei chorando. 


- Como você se atreve? Esqueceu-se que ainda esta em minha casa? – Quando gritou essas palavras já estava de pé. – Não me admira ter esses hábitos, filha de uma sangue-ruim. – As palavras me atingiram tão profundamente que não pensei quando peguei o prato a minha frente e joguei-o em direção ao Malfoy. 


- Sua idiota. – Gritou olhando o braço cortado. Se não tivesse o colocado na frente, teria acertado em cheio seu rosto. Dei a volta na mesa para sair daquela casa. Ele poderia ser o dono, mas jamais deveria ter dito aquilo para mim. 


E quando estava saindo ele segurou meu braço. 


- Me solta. Esta me machucando. – Gritei tão alto que abafei o barulho do trovão. 


- Draco, ela é só uma adolescente que não sabe de nada. – Falou senhor Smith. 


- Pois acho que está enganado, ela é muito mais inteligente que possamos imaginar. – Dizia me analisando. 


- Já chega Draco. Solte-a. – Scorpius se levantou. 


- Esta me machucando. – Falei tentando me soltar. – Me solta seu doente. – Gritei. 


- Doente é sua mãe por se casar com seu pai. E espero realmente que eles estejam mortos, assim você aprende que a vida não funciona entre o bem e o mal e os únicos que podem viver são aqueles que possuem o poder. – Seus olhos estavam fixos em mim. 


E depois de tudo, depois que todos ficaram quietos, ele me soltou. Soltou de uma maneira tão brusca que me desequilibrei. Olhei diretamente para Scorpius. O pai dele não deveria ter dito isso. Não deveria ter feito isso. Que tipo de animal ele é? Um dos piores com certeza.  


Suspirei fundo e deixei que mais lágrimas caíssem. 


O olhei mais uma vez. Como se a cena tivesse congelado. Todos estavam em seus devidos lugares, não se moviam, não piscavam e muito menos respiravam. Olhei meu braço roxo, o que me fez pensar que ficaria pior depois. E sai sem me importar com a chuva que me atingia como pedrinhas de areia. 


- Melissa espera. – Olhei para trás sem parar de andar e vi Scorpius me seguindo, mas eu não parei. – Espera Melissa. – Comecei a chorar mais, a ferida que estava quase cicatrizando foi aberta pelo Malfoy pai. 


Comecei a correr para ele não me alcançar. 


- Melissa, por favor. – Ele apareceu em minha frente pedindo para que parasse. 


- O que você quer? – Olhei para o céu, escuro. A chuva caia cada vez mais forte misturando-se com minhas lágrimas. Nossos cabelos estavam totalmente molhados e nossas roupas também. O que me fez lembrar que estava com uma blusa branca. Cruzei os braços esperando uma resposta. 


- Não dê ouvidos ao meu pai. Ele não sabe o que diz. – Arfou.  


- Pois ele sabia muito bem o que estava dizendo. – Falei séria e desviei continuando a andar, mas ele novamente entrou em minha frente. 


- Melissa. 


- Por favor, Scorpius, eu estou sem meus pais, sem meus irmãos por perto. – Comecei a falar coisas sem nexos. – E... Estou sozinha... Machucada... Mais agora... Seu pai é um louco. – Falei de repente.


- Eu sei, ele sempre foi assim. Comigo, com Alex. – Tentou justificar. 


- É que... Não sei nem o que pensar direito... – Coloquei minha mão na testa e fechei os olhos. – Talvez ele não queira que fique perto de mim. Nem você e nem Alex. – Suspirei. 


- Mais ele vai ter que se acostumar. – Falou maroto. 


- O que você quer dizer? – Não estava entendendo. 


- Que como minha namorada, ele vai ter que te agüentar. – Sorriu maroto. 


- Scorpius do que você está falando? – Perguntei com a voz embargada. 


- Disto. – Ele tirou do bolso direito da calça uma aliança. Olhei para ela e comecei a chorar novamente, só que agora de felicidade. 


Olhei para ele e para a aliança várias vezes. Até que pulei em seus braços e ele selou seus lábios aos meus. É incrível como ele consegue mudar meu humor tão rapidamente. 


Talvez ele fosse o remédio para os meus machucados. Talvez ele cicatrize minhas feridas. Talvez elas estejam certas. Talvez eu esteja apaixonada. 


- Melissa Potter, você aceita ser minha namorada? – Sua voz calma invadiu meus ouvidos. Aquela voz. Olhei em seus olhos azuis acinzentados fixos em mim e sorri abertamente. - E então? O que me diz? – Dessa vez fui eu quem sorriu marota. 


- Aceito.




 


 


 


 

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