É segredo. Segredo?
Um mês se passou. Depois da minha fuga malsucedida, percebi que o professor Dumbledore e o Tom me olhavam de um jeito diferente. Os dois sabiam que que sabia de alguma coisa sobre o futuro - é claro - e que essa coisa tinha tudo a ver com alguém chamado Tom Riddle. Quer dizer, não demorou muito para o professor me chamar em um canto e me dizer para parar de agir desse jeito. De fato, durante alguns dias eu fiz de tudo para evitar o Tom: fingia que não o via ou ouvia falando comigo, pulava pra trás toda vez que ele chegava perto demais de mim, segurava o ar quando tínhamos que trabalhar em dupla na aula de poções... Acho que não demorou muito para ele perceber que tinha uma coisa muito errada. Juntando isso ao fato de eu, de repente, tentar ser simpática com ele de novo, estava formada a confusão.
O que aconteceu foi que era a vez dele se afastar de mim. Eu fingia que não percebia e ele ficava feliz assim. Só que foi então que eu percebi como ele estava se tornando diferente... Passava cada vez mais tempo na biblioteca. Na Ala Restrita da biblioteca. Era como se ele estivesse finalmente encontrando seu destino. Como se Lord Voldemort estivesse nascendo dentro dele. E não tinha nada que eu pudesse fazer além de observar e aceitar que aquele garoto, um dia, seria o assassino dos meus pais. Seria o assassino de muitas famílias, crianças, adultos... Ele mataria sonhos. Sonhos de liberdade, de amar quem fosse, de não sofrer preconceito.
E, enquanto toda essa transformação acontecia dentro dele, o mundo também mudava à minha volta. Há alguns dias o professor Slughorn veio até mim e disse que a flor era impossível de ser encontrada. Disse que seus amigos no mundo todo estavam atrás dela, mas que ninguém teve sucesso. E naquele momento, quando eu mais precisei, Tom não estava lá. Ele estava muito preocupado com seu plano de grandeza. E, como se nenhuma notícia trágica tivesse sido informada a mim, o professor me convidou para fazer parte de seu grupo especial. Disse que haveria uma festa naquela mesma noite. Só que eu não estava com humor para festas... Será que ele não entendia isso? De qualquer forma, agradeci e fui para o dormitório. Sozinha. Sempre.
· · ·
Algumas horas mais tarde, eu estava sentada na Sala Comunal lendo à luz verde um livro qualquer. O livro não era importante, só alguma coisa para manter o resto das pessoas afastado. Foi quando notei que três alunos estavam muito bem vestidos e se dirigindo para a saída. Já estava tarde e ninguém podia sair a esta hora, a não ser que tivesse autorização de algum professor. Mas o que chamou minha atenção não foi isso. Eram duas garotas, cada uma agarrada à um braço de Tom. E as duas eram muito bonitas. Aquilo me incomodava. Captando algumas palavras da conversa, ouvi que eles estavam indo para a festa do professor Slughorn. A mesma festa à qual eu fora convidada. A qual eu não perderia por nada. Não depois de ter visto o modo como as duas se penduravam nele e o modo como ele sorria satisfeito. Não depois disso.
Depois que eles saíram, fechei o livro e subi até meu dormitório. Eu tinha certeza absoluta que não possuía nenhuma roupa tão elegante quanto um vestido de cetim verde decotado ou um tubinho preto curto demais. Felizmente, eu era uma garota estudiosa e prendada (=P) e sabia como costurar um vestido com magia. Peguei a cortina da cama e cortei moldes um tanto defeituosos para fazer um vestido longo, transpassado na cintura, com uma manga comprida e colada ao braço e um capuz grande. Não era nada muito informal e nem formal. Muito menos sexy demais. Digamos que o vestido só ficaria sexy se eu quisesse. É.
Desci as escadas (desfilando no vestido verde novinho em folha) e fui direto para a porta. Andando pelos corredores a caminho da sala do professor, achei uma idéia incrivelmente estúpida da minha parte ter decidido aparecer. E eu provavelmente já estava atrasada. A saia do vestido se abria e esvoaçava para trás, me deixando com um ar nostálgico ao me lembrar das vestes do professor Snape farfalhando pelo castelo. Ao chegar no lugar marcado, engoli a tristeza, coloquei um sorriso no rosto e bati à porta. Um primeiranista apareceu, sorrindo e me conduzindo para dentro.
O lugar era espaçoso, mas estava apinhado de mesas com doces, salgados, bebidas, livros, aparelhos estranhos e outras coisas que não consegui identificar. Bem no meio do cômodo, uma mesa redonda posta com comida muito mais requintada do que a que era servida normalmente no jantar. No mínimo quinze pares de olhos curiosos me olhavam. Entre eles, os negros e misteriosos de Tom Riddle. Sorri sem graça e sentei-me na única cadeira vaga, ao lado da garota de tubinho.
— Muito bem, ficamos muito contentes que pôde vir, srta. Foster! Estávamos falando sobre como é difícil encontrar alguns ingredientes cruciais para poções mais complexas! O que a srta acha? — sinceramente, acho que não precisava dizer nada. No momento em que pus os olhos no rosto do professor, ele percebeu que foi um erro. Mas é claro que eu não poderia fazer nenhum tipo de drama. Não na frente daqueles alunos e do Tom.
— Acho que deveriam ser estocados tais tipos de ingredientes, professor. Nós não podemos supor que tudo sempre estará disponível para nós quando quisermos. — fingi um sorriso simpático e me voltei para a comida no meu prato. Tinha sido um erro aparecer nesssa reunião idiota. Notei que ninguém tinha entendido inteiramente meu comentário. Todos me olhavam confusos, alguns curiosos, outros provavelmente achando que eu precisava de ajuda médica. Eu provavelmente precisava. Então decidi fechar meus ouvidos para qualquer conversa que pudesse estar acontecendo e me concentrei na minha própria idiotice. Qual foi a razão de eu ter vindo? Porque eu estava usando esse vestido esquisito? E porque eu sentia que tinha alguém me encarando?
As horas passaram com lentidão. O professor ligou música e todos se levantaram e dançaram e conversaram e tiveram uma boa festa. Eu não. Passei a maior parte do tempo concordando com a cabeça e procurando com os olhos alguém. E esse alguém também me olhava. Mas ele não parecia mais com vontade de me evitar. Ele não estava mais satisfeito com as garotas à sua volta. Tom parecia intrigado. Quando a tal festa chegou ao fim e eu saí, seguindo as outras meninas até a Sala Comunal, ele não estava à vista. Talvez tivesse ficado e conversado um pouco com o professor. Talvez estivesse me evitando.
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O dia seguinte era um domingo. O dia mais maravilhoso da semana para todos os alunos. Era quando podiam relaxar e correr pelo gramado e dormir o dia todo. Obviamente, eu escolhi a última opção. Não tomei café e nem almocei. Passei a manhã e metade da tarde deitada na cama, tentando fazer planos para meus próximos sete anos presa nesta época. Pensei em tentar lecionar em Hogwarts, assim ficaria próxima do professor e poderia ajudá-lo. Ou talvez pudesse trabalhar no Beco Diagonal, em alguma loja, talvez um boticário, e tentar me manter até poder colocar as mãos naquela maldita planta e ir embora. Confesso que poderia ter ficado o dia inteiro confabulando futuros incertos se não fosse pela batida na porta e uma voz masculina dizendo que iria entrar. Joguei a coberta por cima da cabeça e esperei que o garoto desistisse. Mas não era qualquer garoto.
— Marisol, você não vai enganar ninguém se escondendo aí em baixo. — sempre sarcástico. Sabe, antes de ter descoberto quem ele era, eu estava realmente começando a ficar feliz nesse lugar. Eu não me importaria de passar alguns anos ao lado daquele rapaz. Não me importaria de ficar pra sempre aqui, com ele, formar uma família. Mas agora eu sabia que ele nunca formaria uma família. Tom nunca iria se contentar com uma esposa e filhos. E isso foi o mais devastador ao descobrir que ele era Lord Voldemort. — O professor Slughorn me contou que não está conseguindo encontrar um ingrediente.
E aquilo foi demais pra mim. Joguei o corbertor longe e o abracei, os olhos fechados, o coração acelerado, a esperança sendo levada para longe de mim. Eu estava presa aqui. Se eu não tivesse voltado no tempo... Se eu tivesse ouvido a Mackie... Se eu não tivesse me esforçado tanto e feito a poção correta... Se... Se meus pais não estivessem mortos. Se Você-Sabe-Quem não os tivesse atacado. E se ele não existisse. Se ele estivesse morto.
— Isso é tudo sua culpa... Tudo culpa de Você-Sabe-Quem! Meus pais não deveriam ter morrido! Aquele homem os levou embora, e eu não teria- Não teria feito tudo isso! — me afastei dele, levantando da cama e indo procurar alguma coisa para vestir. — Sabe, eu não quero ficar presa aqui! Eu quero voltar pra casa! Não posso suportar ficar longe de tudo o que conheço, de tudo o que amo! Meus amigos! O que eles estão pensando agora? Eles acham que o Lorde me levou, é isso o que eles acham! Para eles, eu estou morta! Morta como os meus pais!
Ele ficou quieto, ouvindo. Percebi depois que havia dito que a culpa era dele. Eu tinha razão. Mas ele não sabia disso. E pareceu não notar meu deslize. Como eu sempre fazia quando ficava nervosa, comecei a jogar as roupas por todo lado, esperando encontrar a solução para meus problemas ali. Tom se levantou e me pegou pelo braço. Me colocou sentada na cama e olhou diretamente para mim.
— Você não está sozinha aqui. Eu estou com você. — ele pareceu sério quanto ao que falava. Fiquei agradecida por isso. — Talvez você possa me contar mais sobre esse tal Lorde...? Eu não entendo o que ele tem de tão especial na sua vida.
Com certeza ele não entendia. Nem eu entendia. O Lorde era quem mais me fez sentir medo, desespero, solidão... Era quem mais me fez sentir segura, amparada, apoiada. Eu estava em um completo misto de sentimentos que chegava a me sentir sufocada. Acho que estou...
— Marisol? Tudo bem? — Tom parecia preocupado.
— O Lorde é o bruxo mais poderoso de todos os tempos. Ele tem tudo o que quer, ele pode fazer tudo o que quiser. Há quem diga que é mais poderoso do que Dumbledore jamais foi. Milorde realizou coisas grandiosas... Coisas pavorosas... Alguns meses antes de eu vir para cá ele tomou conta do Ministério. Ele e seus Comensais da Morte, que são seus seguidores, dizem que vão limpar a raça bruxa, que o sangue bruxo será totalmente puro. Ele controla Hogwarts. Ele simplesmente não pode morrer.
Foi só depois que eu já havia começado a contar que percebi o brilho nos olhos dele, a admiração. Será que eu era a responsável pelo nascimento concreto de Lord Voldemort?
Mais um capítulooo!! weee!
Muito obrigada caroline black malfoy pelos comentários! ^^ Espero que não tenha te decepcionado neste capítulo (e nem em nehum outro =X)
Aaah! Se alguém tiver tumblr (e quiser me seguir, sei lá...) esse é o meu endereço: http://andieanjos.tumblr.com
Beijinhooos!! =**
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