As inquebráveis regras dos Mar

As inquebráveis regras dos Mar



Eu e Lílian percorremos o trem lentamente, entrando em algumas cabines e apartando brigas, confiscando objetos proibidos e verificando se todos haviam embarcado. Era um trabalho inútil e monótono – as regras voltavam a ser quebradas assim que nós virávamos as costas.


 


Normalmente, a companhia de Lílian teria tornado a tarefa mais agradável, mas a garota parecia muito interessada em falar sobre Thiago, e depois de um tempo, aquele assunto começou a me irritar. Precisei de muito esforço e controle pessoal para me impedir de lhe perguntar por que não ia até ele e dizia que queria que a relação dos dois passasse da amizade – afinal, já ficara muito claro que ele queria o mesmo.


 


Era quase hora do almoço quando acabou a ronda, e eu pude finalmente voltar a me reunir com os garotos. Agora, Sirius Black estava esparramado ao lado de Thiago, a cabeça pendendo desleixadamente do encosto do banco. Tinha o costumeiro ar de rebeldia bem humorada quando me cumprimentou.


 


- Hey, Aluado. Soube que está destruindo nossa reputação de arruaceiros com uma insígnia de monitor por aí. Isso vai contra as nossas regras, sabia?


- Pensei que a principal regra dos Marotos fosse quebrar regras. É isso que estou fazendo, não é? – retruquei.


- Sim, mas não se refere as nossas regras. Não era nisso que estávamos pensando quando escrevemos. – contestou Pedro.


- Leis não são feitas com o que pensa aquele que as escreveu. Conta o que consta no papel, e no livro dos Marotos diz muito claramente que devemos quebrar o maior número de regras possível, sem especificar de onde seriam essas regras. – afirmei, tirando da mochila meu exemplar do caderno de couro preto onde havíamos escrito nossas leis quatro anos antes.


- Aluado está certo. – cedeu Thiago, de má vontade. – E temos coisas mais importantes para discutir do que um distintivo idiota de monitor. – ele lançou um olhar significativo para Sirius.


 


O garoto se mexeu no banco, inquieto. Seus olhos escuros procuraram os de Thiago pedindo ajuda, mas ele apenas deu-lhe um sorriso amarelo, incentivando-o. Sirius suspirou e virou-se para mim e Rabicho.


 


- Parece que Bela se alistou. – informou-nos.


- Que? Belatriz, sua prima? – perguntei, surpreso. Apesar de ser da Sonserina, a garota sempre me parecera uma boa pessoa.


- Ela está namorando Lestrange. E todo mundo sabe que Bela é ambiciosa, embora eu nunca teria acreditado se me dissessem que ela viraria uma Comensal da Morte... – ponderou Thiago.


- Mas como é que você soube, Almofadinhas? – indagou Rabicho, estremecendo.


- Eu vi. Ela passou uns dias lá em casa no verão; vocês sabem que Régulo e minha mãe a adoram. De qualquer maneira, vi a marca negra no pulso dela, enquanto ela trocava de roupa...


- E por que é que você estava olhando enquanto a garota trocava de roupa? – interrompi.


- Bom, ela é realmente muito bonita. – Sirius não pareceu nem um pouco constrangido. – Mas o caso é que vi a Marca Negra, e logo depois meu Feitiço da Desilusão se desfez, e Bela me viu, escondeu a Marca e fez um escândalo porque eu a estava espiando. Então, ela sabe que eu descobri.


 


Houve um minuto de silêncio enquanto nós absorvíamos a informação. Por fim, Thiago falou.


 


- O caso é: o que vamos fazer a respeito? Porque se Belatriz entrou, não vai demorar muito até que Régulo se aliste também. Ele segue tudo que ela faz. E não podemos contar com os pais de Sirius, nem com os pais de Bela para parar isso, porque aposto que eles estão adorando. Mas não podemos deixar que Voldemort ganhe mais seguidores...


- Não fale o nome dele, Thiago! – protestou Pedro, rispidamente. Nós só nos chamávamos pelos nomes verdadeiros quando estávamos irritados. – E não acho que seja uma boa idéia nos metermos com Você-Sabe-Quem ou com qualquer um que tenha virado um Comensal da Morte...


- Ora, Rabicho, não seja covarde. Nas regras dos Marotos diz que é preciso ter coragem sempre. – irritou-se Sirius.


- Mas Aluado não disse que as regras devem ser quebradas?


- A lógica de Aluado vale somente para Aluado. – estabeleceu Thiago. – Voltando a Belatriz, suponho que possamos avisar a Dumbledore...


 


Eu ri sarcasticamente.


 


- Acha que Dumbledore já não sabe? Ele não perde nada, aposto como poderia apontar cada Comensal existente em Hogwarts, mas pensa que vão voltar para o lado do bem se lhes dermos uma chance.


- Bom, eu não sou tão otimista assim. Acho que devíamos fazer alguma coisa. – teimou Thiago.


- Eu sei o que quero fazer. Quero ir até a cabine do Lestrange e dar-lhe umas porradas, depois arrancar aquela tatuagem ridícula da Bela com um Feitiço Removedor, e dizer a Dumbledore que ele está realmente enlouquecendo se acha que gente como a minha família vai melhorar com alguma coisa que não seja um bela temporada em Azkaban! – rosnou Sirius.


 


Thiago deu-lhe um tapa fraco na cabeça.


 


- Certo, Almofadinhas. Agora vamos trabalhar com possibilidades reais...


 


A discussão se estendeu pelo resto da tarde. Mesmo quando começava a anoitecer, e o Expresso de Hogwarts diminuía a velocidade para parar na estação de Hogsmeade, ainda não tínhamos chegado a uma conclusão sobre que atitude tomar.


 


- Tenho uma observação a fazer. – anunciou Thiago com um costumeiro sorriso canalha, enquanto pegávamos nossas bagagens. – Almofadinhas, você me decepciona. Se eu estivesse espiando uma garota como Belatriz, a última coisa que perceberia era o que ela tinha tatuado no pulso...


 


Nem mesmo Sirius foi capaz de não rir.


N/A: Yeah, eu sei que está atrasadinho. Maaas, pelo menos eu postei e é isso que importa ;P


Sou alérgica a promessas, mas vou tentar não demorar tanto da próxima vez ^^


Comentem, comentem, comentem \o/

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.