Capítulo 13



 


“Sonha que é de graça. Não espere.


 Promessas vão e vem. Planos, se desfazem.


Regras, você as dita.


 Palavras, o vento leva.”


- Caio Fernando Abreu


 


 


Capítulo 13


 


We're caught in a trap


I can't walk out


Because I love you too much baby


 


Falar no carro é proibido. Falar na entrado do ginásio é proibido. Falar no vestiário é proibido. Falar em qualquer lugar ou qualquer coisa é proibido. Acho que deixo isso bem explícito, como se tivesse uma faixa na minha testa: Não fale comigo. Quando eu estou nervosa tenho um certo pavor de quando as pessoas tentam me acalmar. Imaginar um arco íris, lugares calmos e coloridos não me ajudam em nada, apenas me irritam. Eu sou estranha, na verdade eu me considero muito mais normal que a maioria, meu sonho de infância nunca foi ter um pônei e sim aprender a lutar. O que eu sinto quando luto é inexplicável, é como se eu tivesse nascido para estar apenas ali, naquele lugar, naquela hora. Vesti os meus equipamentos de competição em silêncio, desejando estar escutando alguma música inspiradora, estilo Eye of the Tiger como o Rocky Balboa. O fato mais curioso de quando eu estou nervosa é que eu mesma me acalmo com pensamentos idiotas, ou piadas idiotas.


- Cinco minutos. – Avisou o Senpai, duas lutas, seis rounds, dezoito minutos para decidir se valeu a pena todo o meu treino. Se eu tivesse tomado algum café da manhã já teria vomitado tudo, senti meu estômago revirar e cada célula do meu corpo agradeceu a James por ter me ajudado dormir noite passada. Eu estava concentrada, minha mente e meu corpo estavam em perfeita sintonia e o meu principal objetivo ao meu alcance. Se eu fosse religiosa teria feito o sinal da cruz, mas como não sou e odeio recorrer à fé da Igreja como última esperança, apenas suspirei fundo e fui atrás do treinador. Avistei minha família na multidão, mais James, Sirius, Dorcas e Lene, sorri para todos. E então avistei ela. Andrea O’Hara, meu pesadelo constante, óbvio que isso só no mundo do tae kwon do, porque fora do ginásio eu nunca tinha falado uma palavra com a morena. Acenei e ela retribuiu, com um sinal de respeito, procurei não mostrar meu nervosismo, mas conseguia sentir minha mão suada.


- Evans, sua vez. – O treinador/senpai avisou, assenti e fui para o meu lugar. Na minha federação cada round dura três minutos e há três rounds. Não era permitido chute abaixo da cintura, nas costas e soco no rosto, por outro lado chute no rosto podia. O chute no rosto só era permitido para pessoas com faixa preta (há os dans, mas se eu for explicar para vocês o que é cada dan vai demorar um bom tempo). A minha adversária tem a mesma estatura que eu e mesma faixa. Quando percebi eu estava dando pequenos pulos, esperando que a garota me atacasse. Ela tentou dar um chute no meu abdômen de lado, conseguir esquivar e foi ai que eu achei a minha deixa.


Girei o meu corpo e de costas dei um chute, foi bem estilo um coice, era agora, eu não podia parar e dar espaço para ela me contra atacar. Comecei a dar vários chutes, golpes ensaiados, iria deixar a garota sem noção ou idéia de quem a atacou. Meu primeiro plano é nocautear de uma vez, fazer com que a luta acabe rápida, deixar a adversário incosciente por alguns segundos. Consegui ouvir os gritos da plateia, de certa forma, sabia que se me esforçasse poderia ouvir James. Ouvi a garota (o nome dela na verdade é Taylor) arfar e aproveitei o minuto de dor dela. Girei o meu corpo e com a sola do meu pé acertei o rosto de Taylor. Esperei um segundo para ver se foi bem dado, Taylor cambaleou, mas não caiu. Se eu a esperar revidar com toda a certeza ela vai recuperar as forças. Optei por não esperar e usar o Ap-tchaqui, ou seja, com a minha perna de trás, com toda a minha força e agilidade, bati em seu abdômen, a tirando do tatame. Felizmente para mim e infelizmente para Taylor ela desmaiou com o baque, talvez o fato de ter batido a cabeça pela segunda vez. Não era recomendável a todas minhas adversárias desmaiarem, mas enquanto elas faziam isso, eu ganhava. O juiz levantou meu braço e eu não pude deixar de sorrir, olhei para meu pai e pude ver o quão orgulhoso ele estava. Sai do tatame e o senpai me deu um tapa desajeitado no braço, dava para perceber o quão orgulhoso ele estava. Fui para o meu vestiário novamente, se eu ficasse ali e visse O’Hara lutar com toda a certeza iria ficar nervosa e na hora iria dar uma de Lily e estragar tudo. Ainda com o meu Hogu (proteção do tórax) sentei e comecei a respirar novamente.


- Você foi demais. – Meu pai falou, ao entrar no vestiário. Sorri e fiz uma careta logo em seguida pelo fato dele estar falando comigo. – Eu sei, eu sei... Mas não pude me segurar...


- Se você tivesse se segurado eu iria estranhar. – Finalmente falei, fazendo-o rir. – A Taylor está bem?


- Sim, ela já tinha levantado quando eu sai do meu lugar. – Dan sentou do meu lado e me abraçou, não falamos nada por uns minutos, aquilo sim me acalmava, o silêncio e o abraço reconfortante de meu pai. – Acho bom dessa vez você não tentar quebrar algum osso.


- Vou tentar... – Dei um beijo na bochecha de Dan e acenei para o meu treinador, que já estava na porta do vestiário me chamando. Senti uma vontade súbita de sair correndo daquele ginásio e não voltar, essa vontade intensificou ainda mais com o olhar matador de O’Hara. O juiz nos chamou para o tatame, nos cumprimentamos e a luta começou.


Meu objetivo nessa luta não é nocautear O’Hara e sim fazer pontos. Um ponto no tórax na parte do Hogu, dois pontos na cabeça. Comecei a pular, fazer aquele gingado, como sempre, O’Hara ameaçou me atacar, recuei. O momento certo para começar o ataque não era tão simples, o sentimento de que aquilo era oportuno demorava a vir. Foi minha vez de ameaçar, até então não tinha percebido o silêncio no ginásio, não dava para ouvir nem sequer uma pena caindo no chão. Ao perceber a quietude do lugar, resolvi que aquele era o meu momento. Dei o primeiro chute no abdômen de O’Hara, se eu fosse principiante iria com toda a minha força nesse primeiro chute e a dificuldade minha para atacar novamente iria acontecer. Simples e ágil continuei a chutar nos lados de Andrea, sem dar espaço para ela atacar. Se eu continuasse assim iria me cansar muito facilmente, então recuei. Três minutos, os mais longos de minha vida e isso que era só o primeiro round. Andrea me deu um chute, muito bem feito no abdômen, era um Ap-Tchaqui, o melhor jeito de revidar esse chute era com o Tora Tolho, ou seja, ao rodar meu corpo eu acerto em cheio a cabeça de O’Hara, mas não foi isso que eu fiz. Por ser o melhor jeito de revidar, era o mais provável que eu iria fazer. Já vi Andrea praticar isso com outras garotas, chutes óbvios, defesas óbvias e bã, ela nocauteava qualquer uma. Optei por segurança, ou seja, Tuit tchaqui, girei meu corpo e de costas dei um coice (como eu dei em Taylor) em O’Hara, ela cambaleou por uns segundos. Fim do primeiro round.


Meu treinador me chamou no canto do tatame, suas únicas palavras foram: Arrisque-se, dê uma de Lily. Se eu estivesse em outra oportunidade teria rido do que ele falou. Mas ele estava certo, ficar segura durante uma luta não era meu estilo e visivelmente aquilo estava me cansando. Voltei para o meio do tatame, O’Hara nem sequer tinha olhado para o seu senpai, respirei fundo. Era a vez dela de atacar, não era como se nós tivéssemos um código de etiqueta, mas se era para ser do jeito de Lily, era o que eu ia fazer. Comecei a ouvir os gritos da platéia, tentei focalizar meu objetivo e fingi que não tinha mais ninguém no ginásio exceto eu e O’Hara. Já em seu primeiro chute eu pude sentir o porquê O’Hara era a melhor, o chute era preciso e ágil. Se ela é tão boa assim, porque eu estou dando espaço para ela me atacar? Simples, eu sei me defender bem, ela vai cansar e o mais provável, ela vai errar. Três minutos se foram, segundo round se foi, só falta mais um.


Incrível como tudo pode acabar em um minuto. Eu não entendi muito bem o que aconteceu, acho que O’Hara cansou de brincar de casinha comigo no tatame. Preciso repetir que eu não entendi muito bem o que aconteceu, um segundo O’Hara estava vindo para me dar um chute, no outro eu acordei em uma maca, com todas as pessoas possíveis do meu lado. Frustação era pouco para o que eu senti naquele momento, eu nunca tinha sido nocauteada na vida. Nunca. Eu estava zonza com a impressão que a minha cabeça iria explodir e acho que ninguém percebeu que eu não conseguia entender nada do que eles falavam. Eu só conseguia ver suas bocas se mexendo, mas nenhum som. E eu tive a mera impressão que eu desmaiei pela segunda vez. Mentira, não foi uma mera impressão já que o segundo lugar que eu acordei foi no hospital com um soro no meu braço.


- Só podem estar brincando comigo... – murmurei tendo uma imensa vontade de me dar um soco. Olhei para o lado e Remus dormia enquanto segurava a minha mão. Uma parte de mim dizia para não o acordar, mas outra parte queria saber exatamente o que aconteceu comigo. Então, eu cutuquei Remus.


- Até que enfim, Bela Adormecida. – Remus falou, passando as mãos no rosto. Olhei para ele com o olhar óbvio de que eu estava desmaiada e não dormindo e ele sorriu.


- Então, presumo que eu perdi. – Falei o óbvio mais uma vez e Remus concordou, sabia onde aquele assunto iria chegar. – Como?


- O que eu entendi é que foram dois golpes no rosto. – Remus coçou a cabeça, suspirei fundo. Vadia. A sensação de fracasso e frustação já tinha tomado conta de mim a partir do momento que eu acordei na maca, ainda no ginásio. – O Sirius filmou, amanhã ele vem aqui.


- Eu vou ter que ficar aqui até amanhã? – Remus concordou, olhei para o relógio e eram duas horas da tarde. – Mas eu estou bem, eu...


- Lily, você ficou desarcordada por dois dias... – Agora sim eu me assustei. – Isso não parece estar bem...


- Um dia? Então hoje é... – Terça feira, se não me conhecessem iriam dizer que eu estou querendo fugir do fato que ontem de noite era para eu conhecer os pais de James. – Droga, hoje eu ia conhecer os pais do James...


- Eu falei que você ficou desacordada por um dia e você pensa nos pais do James? – Remus sorriu quando eu o olhei confusa.


- E porque você está aqui? – Remus fez uma cara de autch, mas ele não pareceu nada afetado com o meu amor fraternal.


- O Dan e a Anna tiveram que ir trabalhar, o James eu praticamente tive que o expulsar daqui e...


- Expulsar, por quê? – Remus fez uma careta, acho que ele ainda não estava totalmente acostumado com a minha nova relação com James. Não sei se era uma coisa de irmão ou de amigo.


- Ele passou o tempo todo aqui e então começou a feder e... – Não me aguentei e ri. – Tive que o ameaçar de contar spoiler de Game of Thrones e então ele foi para casa tomar banho e descansar um pouco.


- Droga, eu não acredito que fui nocauteada. – Remus pensou por um segundo antes de me responder.


- Não era para ser Lily. – Óbvio que não era para ser. – Quer dizer, você perdeu, pensa nisso um pouco e depois supera.


- Eu não planejava ficar me martirizando por isso... – Remus me olhou e percebi que ele já me conhecia muito bem, suspirei e apenas concordei com o que ele disse. Remus foi chamar a enfermeira, ela ficou feliz em me ver acordada e sorria mais do que o normal. Com toda a certeza não é o meu tipo de pessoa, sorridente, sabe como é. Ela mediu minha pressão, viu se eu estava com febre, eu já estava pronta para ser nocauteada de novo. A enfermeira Sorriso informou que o motivo de eu ter que ficar mais um dia no hospital era por simples observação e o fato de eu ter dormido dois dias era por causa dos medicamentos que me deram. De acordo com ela eu poderia ter tido traumatismo craniano, algo assim e que os medicamentos eram do algo “melhor prevenir do que remediar”.


- Alguém chamou serviço de quarto? – Meu pai entrou no quarto, acho que meus olharam literalmente brilharam quando vi a sacola de cheia de comida, eu realmente estava morrendo de fome.


- Leu meus pensamentos! – Dan me deu um beijo na testa, eu sei que o que ele mais queria era me abraçar e não me soltar mais. – Eu estou bem, sem nenhuma sequela...


- Você já era sequelada, não tinha como sequelar mais... – Remus riu com a minha careta, meu pai me fez o favor de me lembrar que sou vegetariana. Abri a sacola e só vi alface, cenoura, tomate, uma salada, qual é o problema de ser uma lasanha gordurosa? Ou uma massa? Peguei uma cenoura e mordi.


- Sério pai, se eu quase morrer de novo e da próxima vez você não trazer algo gorduroso eu prometo que vou puxar seu pé de noite. – Óbvio que eu brinquei com ele, Dan apenas riu e começou a falar do que o médico disse. Eu queria prestar atenção, mas tudo o que me vinha a cabeça é que eu não estava com fome de salada. Remus estava se divertindo com o meu estado de transe, tive uma vontade imensa de bater nele, mas como sempre me controlei.


- Lily! – Ouvi um gritinho histérico, nem precisei olhar para saber de quem era, Dorcas, Marlene, Sirius e James entraram no meu quarto. Sério, hospitais não têm muita segurança, pensei que eles tinham ao menos aquelas políticas de quantas pessoas podem entrar no quarto por vez ou algo assim.


- Caramba Lily, ela te pegou de jeito. – Sirius, o amor da minha vida sempre arranjando um jeito de fazer com que eu fique alegre com o meu estado. Até ele falar agora eu nem tinha me preocupado em saber o estado do meu rosto, pisquei o olho direito e não senti dor nenhuma, pisquei o olho esquerdo e já senti um pequeno incomôdo. Retiro o que eu disse sobre hospitais, eles são ótimos, eles dão morfina.


- Eu ainda não me olhei no espelho... – Falei, tentando não mostrar que me importo assim com a aparência e não seria meu primeiro olho inchado, eu já tive outros e meio que me dar um ar de bad girl. James me deu um beijo na bochecha e me entregou uma sacola, agradeci por ter um namorado e depois, agradeci por ter um namorado e amigos que me enchem de doces.


- A enfermeira disse... – meu pai ia começar a falar, mas eu o interrompi.


- Eu quase morri, eu mereço açúcar e mereço algo para beber pai... – Fiz a minha famosa cara quando peço algo, sou mimada nesse sentido. Meu pai me olhou com cara feia e no fim concordou e saiu do quarto.


- Você vai usar a desculpa do quase morri por quanto tempo? – Pediu Marlene rindo, dei os ombros, provavelmente por um ou dois dias.


- O Remus disse que você filmou o golpe da louca... – Falei para Sirius, ele começou a desconversar, provavelmente a coisa foi feia e ele não queria me mostrar. No fim ele concordou em me mostrar quando eu já estivesse em casa. Meu pai não demorou cinco minutos com a minha água e a enfermeira Sorriso junto. Resultado: apenas James pode ficar no quarto comigo (porque eu no fim quase implorei para o meu pai) e meus doces foram confiscados.


- Você ficou parecendo mais durona com esse olho roxo. – James riu, fui para o lado e ele deitou comigo na cama.


- Acho que agora na escola ninguém vai chegar perto de mim... – Ele me abraçou, estava encostada em seu peito. Eu tinha sorte de ter alguém como James.


- Melhor para mim. – Respondeu dando um beijo na minha testa.


- Seus pais já devem me odiar antes mesmo de me conhecerem... – Não me aguentei e falei.


- Por...?


- Por eu não ter ido à janta e por você não ter saído do hospital a não ser por ameaça do Remus... – Eu posso ser muito insegura quando quero, suspirei fundo.


- Não, meus pais entenderam a sua falta na janta e eles com toda certeza entenderam o porquê de eu ter ficado no hospital... – James estava sendo sincero, na verdade ele sempre era sincero comigo e eu posso dizer que confio nele.


- Seus pais foram convidados para a festa surpresa do Remus? – James assentiu. – Prometo me comportar.


- Só você ser você mesma, eles vão te amar. – Sorri, James provocava isso em mim. Tudo nele faz com que eu seja uma pessoa melhor, não é muito cedo para eu falar isso, mas... Eu definitivamente amo James Potter. Pronto, falei. Sempre fui uma garota independente em quesitos de homens, só não fui daqueles que compram livros feministas, com exceção do meu pai eu nunca dependi de nenhum homem na minha vida toda. E eu estou começando a depender de James, então deve ser amor, certo? Não estou falando que vou virar aqueles garotinhas dependentes para qualquer coisa... Ah, vocês me entenderam? Espero que sim, pois não consigo por em palavras o que eu estou sentindo exatamente. Vamos simplificar, todas aquelas músicas da Adele, Taylor Swifit, Colbie... fazem sentido agora. Droga, James, vou ser romântica agora por sua culpa.


Acabei adormecendo nos braços de James, a enfermeira tinha mexido na minha medicação antes de expulsar todos do meu quarto. Quando acordei no outro dia, James não estava ali, mas Anna estava sentada ao meu lado lendo uma revista, quando acordei ela logo veio me abraçar. Não hesitei em retribuir, Anna com certeza é a mãe que nunca tive. Ficamos abraçadas por uns minutos, sabia que ela estava preocupada comigo.


- Eu estou bem. – falei assim que ela se desfez do abraço e me encarou bem, procurando outros hematomas além do meu olho.


- Você nos deu um susto, mocinha. – Eu até ia controlar minha vontade de rir, mas Anna riu antes ao perceber que tinha me chamado de mocinha. – Desculpe...


- Tudo bem, eu gosto. – Anna ficou me olhando por uns instantes, por um minuto eu achei que ia chorar, mas não, ela se recompôs, tentando mostrar que é durona.


- Eu vou te levar para casa, seu pai não pode vir, os meninos estão na escola e a Petúnia está esperando lá fora. – Concordei, uma enfermeira entrou no meu quarto, não era a Sorriso, essa mais parecia a Mal Amada e tirou (sem nenhuma delicadeza) o soro do meu braço. Controlei minha ânsia de xingar aquela mulher por respeito a Anna, mas ela percebeu minha raiva e logo dispensou a mulher. Peguei a sacola de roupas e as vesti, provavelmente foi meu pai que escolheu as roupas, era a camisa dele favorita do Poison que eu tinha e meus jeans da sorte. Não da sorte estilo Quatro amigas e um jeans viajante, mas da sorte no estilo que toda vez que eu a usava algo de bom acontecia. Sai do quarto finalmente enquanto Anna assinava alguns papéis, Petúnia me deu um abraço, sabia que isso para ela já era um grande passo de mostrar que se importava comigo.


Fomos para casa, Anna iria ficar comigo durante o dia, enquanto Petúnia ia para o seu treino de cheerleader. Assim que Anna deixou Petúnia vi que essa poderia ser minha oportunidade de falar com ela sobre o que fazer na faculdade. Assim que chegamos em casa ela planejou nosso intinerário, primeiro Anna ia fazer a famosa lasanha vegetariana,q eu eu amo tanto e depois nós duas iríamos assistir Dexter. Separei os meus lindos DVDs e fui para a cozinha, Anna me proibiu de sequer cogitar em ajudar ela, mas no final acabei cortando alguns legumes.


- Eu queria mesmo conversar com você... – Comecei enquanto Anna preparava o molho branco.


- Isso é sobre garotos? – Ela pediu, indecisa, eu ia soltar um Deus, não! Mas ela poderia levar para o lado pessoal, apenas sorri e sutilmente neguei. – Que bom, eu sou péssima com esse tipo de assunto...


- Não, é mais sobre a faculdade... – Suspirei, antes de continuar. – Eu não faço a mínima ideia do que quero ou do que sou boa.


- Eu sofri com isso, fiz vários testes vocacionais e a maioria dava que eu seria uma ótima professora. – Anna falou sorrindo provavelmente por se lembrar das coisas.


- Eu nunca te imaginei sendo professora... – fui sincera, Anna riu.


- Nem eu, sempre odiei qualquer matéria que davam na escola e os testes amavam falar que eu seria uma ótima professora. – Anna foi até a estante pegando alguns ingredientes, eu já havia desistido de cortar os legumes e sentei no balcão da cozinha para não ficar no meio.


- Eu sempre fui um pouco rebelde... – Isso eu me surpreendi, Anna não fazia muito o papel de rebelde. – Comecei a fazer faculdade de Economia, como meus pais queriam, então eu percebi que aquilo era muito chato e resolvi mudar meu curso para Direito e adivinha?


- Odiou? – Falei, Anna sorriu e concordou.


- Assim que me imaginei em um tribunal batendo boca com um juiz eu percebi que aquilo não era para mim. – Anna terminou por mim de cortar os legumes. – Um dia, eu e o pai de Remus estávamos no cinema assistindo A Noviça Rebelde, eu sempre o arrastava para ver esses filmes antigos, ele odiava. Ele disse que se eu o obrigasse a ver aquele filme de novo nós iríamos terminar e então, nós terminamos.


- Que dramático! – Eu estava me divertindo com a história da adolescência de Anna.


- John sempre foi dramático, mas naquela semana que ficamos separados eu percebi o que eu mais amava: filmes. Eu poderia viver a minha vida toda em uma sala de cinema e foi então o que eu decidi. – Anna finalizou, mas eu continuava curiosa.


- E como você se resolveu com John? – Perguntei.


- Ele conseguiu ficar uma semana longe de mim, no final apareceu no meu dormitório, com um rádio, um buquê de rosas e ingressos para o cinema. – Anna parou e me encarou. – Eu ajudei?


- Sim, demais. – respondi, eu ainda não sei o que quero fazer da vida, mas vi que possuía vários meios para eu descobrir. Anna terminou o almoço e eu praticamente devorei a lasanha. Finalmente comida de verdade! Fomos para a sala e assistimos Dexter, Anna com sua ironia fez com que a série ficasse melhor até, a tarde passou voando, quando vi faltava pouco para Remus voltar da escola e provavelmente James e Sirius iriam vir junto. Fui para o meu quarto e finalmente me olhei no espelho. Um lindo hematoma estava em volta do meu olho, doía, ainda mais agora que o efeito do remédio estava passando. Tirei minha roupa e tomei um banho, senti um alívio enorme com aquela água escorrendo no meu corpo, aproveitei o banho tanto que nem sequer ouvi alguém entrando no meu quarto. Coloquei a toalha ao redor do meu corpo e quando sai James estava me esperando sentado na cama. Fiquei vermelha obviamente, mas depois consegui sorrir. James levantou prontamente e me beijou, talvez eu vá precisar tomar mais um banho, no final de tudo.


 


_


 


Eu sempre fui daquelas pessoas que acham que nasceram na época errada, como se minha vida tivesse sido melhor se eu tivesse nascido nos anos 80, por exemplo. Eu pensava isso constantemente quando me sentia deslocada do mundo, sim, pensava, não penso mais. Minha vida não poderia estar melhor agora, eu estou ainda com um hematoma no olho, mas ele já está bem melhor do que no dia que saí do hospital. James e eu, simplesmente aconteceu, foi tão natural, ele disse no fim que me amava. E eu nunca me senti tão bem ao responder de volta que o amava também. E eu não paro de pensar em James, é incrível, a todo momento eu sinto falta dele.


- Lily, vai logo! – Dorcas gritou comigo, peguei minha bolsa e sai logo de casa. Está uma loucura, Dorcas está enlouquecendo, Anna tentando controlar e eu e Marlene viramos escravas. Hoje é sexta feira, o dia da festa surpresa do Remus, Sirius e James se encarregaram de distrair ele até o horário da surpresa. Como eu me sinto culpada por Remus já saber que vai ter essa surpresa estou aguentando a Dorcas me mandar, nesse momento eu estou indo até o mercado mais próximo para comprar copos descartáveis. Como tem um mercado a três quadras da nossa casa resolvi ir a pé. E novamente a sensação de que eu estava sendo seguida surgiu, esses últimos dias eu não tenho saído de casa muito e eu já tinha até esquecido do assunto. Mas quem quer que estava me seguindo não fazia muita questão de esconder, parei subitamente e olhei para trás. Fiquei parada e a pessoa (que por coincidência estava toda de preto, clichê) ficou me olhando por uns segundos antes de criar coragem e vir falar comigo.


- Evans, eu preciso falar com você. – Era Trisha, que diabos ela queria falar comigo? E porque diabos ela estava sendo tão clichê a ponto de me seguir?


 


 


 


 


 


 nota da autora:
OEEEE! Então, gostaram do capítulo? Preciso dizer que estou hiper, mega feliz com os comentários? Não né? Gente, OBRIGADA! Sério, eu li cada comentário com uma atenção especial e foi isso que me fez escrever rápido! Eu vou começar assim que puder o capítulo quatorze, que eu achei que é o último e depois epílogo. Eu acho, prometo que se vier uma imaginação ultra mega foda eu escrevo o catorze, o quinze e epílogo, mas não sei ainda! Mais duas semanas (se tudo der certo e a inspiração continuar) e termina a fic (QUE TRISTE :////)
Então, queria agradecera Cassy Addams pela capa! Eu tinha visto ela e no meu outro post eu não tive tempo para mudar a minha capa e hoje sim! MUITO OBRIGADA!
E queria agradecer a todo mundo que comentou, fizeram uma pessoa muito feliz!
Desculpa pelos erros de português da fic, relevem né (se tiver algum muito grotesco podem me chamar de burra nos comments ok HAHA)

Obrigada, <3333

dominique, 13/08/11 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 


 

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Comentários (3)

  • Vanessa Sueroz

    ahhhhhhh que cap fofo tirando o fato da lily ir parar o hospital rsrsrs

    2011-08-14
  • hell yeah

    fiquei emocionada com a lily falando do james <3 ele é muito amor, não tem como não gostar né? só tenho uma reclamação: faltam só dois capítulos. DOIS. e dois é muito pouco. eu tenho certeza que você tem outra fic para ocupar o lugar dessa na minha pobre vidinha entediante, mas eu vou sentir muito a falta dessa, porque né, a lily é muito foda e o james é muito muito muito apaixonante :~ bem, vou voltar para a minha obrigação de escritora... estou tomando uma surra da parte do chapéu seletor! haha beijos querida!

    2011-08-14
  • Sah Espósito

    Dominique minha linda!! Capitulo lindo e perfeito... ja que to com soninho nao vou fazer um comentário decente ta... fico devendo! quando der passa na minha ta!   Bjs!

    2011-08-14
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