Capítulo 12
“Tenho várias caras.
Uma é quase bonita,
outra é quase feia.
Sou um o quê? Um quase tudo.”
- Clarice Lispector
Capítulo 12
I'll be the best you never had
You put me through so many emotions
Não era difícil de prever a vitória de Alicia com o Conselho Estudantil, ainda mais agora que Leeland era seu vice presidente. Ainda mais o fato de Alicia e Lee agora estarem quase namorando. Incrível como os dois realmente combinaram, uma coisa boa nesse plano doido da Petúnia saiu certo. Eu me sentiria extremamente culpada por Jessica se ela nunca tivesse feito nada para mim. Eu não me sinto culpada, nem um pouco, ela mereceu. Não fui eu que dei cocaína para ela cheirar ou falei para ela ser uma vadia com seu primo. Eu apenas dei um empurrão para a escola inteira conseguisse se opuser contra a hierarquia de Jessica. Talvez eu devesse me sentir um pouco culpada, mas nessas horas consigo facilmente desconectar minha consciência.
Domingo, domingo, domingo. Não consigo pensar em outro dia, nesse domingo iria ter a final do meu campeonato de tae kwon do e seria completamente anormal se eu não estivesse nervosa. Acho que poderia vomitar a cada cinco segundos, não consigo pensar em outra coisa, possíveis ataques, possíveis defesas. E se na hora me desse um branco e eu não saberia nem querer o básico do TKD? Merlin parece como se eu ainda fosse virgem, o nervosismo todo, ansiedade. Essa semana eu estou com a cabeça em outro lugar, não consigo pensar em muita coisa além disso. Dorcas não para de falar do aniversário do Remus, acho que até mesmo ele sabe da chamada ‘festa surpresa’ e eu realmente não estou sendo de muito uso. Quer dizer, eu adoraria poder fazer tudo para que a festa de Remus dê certo, até mesmo falaria com o pai dele, mas eu não consido parar de pensar no domingo. Eu consigo ser facilmente egoísta quando quero e estou tentando de tudo para não tentar mostrar minha irritação para Dorcas. Na verdade o que eu mais faço é ficar até tarde nos meus treinos correndo ou repassando golpes, meu treinador já me mandou para casa um dia e era só dez horas da noite.
Meu pai ficou maluco nesse dia, mas deixou passar assim que viu que eu estava exausta. Eu amo ele por saber a linha da minha paciência, pena que outros não vejam claramente como ele. Petúnia está mais sumida do que eu, pelo o que eu tinha entendido ela estava passando a semana toda na casa de Trisha, incrível como era fácil assim virar a nova abelha rainha. E com esse pensamento na cabeça eu acabei de escrever abelha no meio da minha prova de física, respirei fundo tentando me concentrar. Campo elétrico (E), que diabos, até parece que um dia eu vou usar isso na minha vida. Okay, talvez um dia eu use, mas no momento eu queria rasgar aquela prova, respirei fundo e entrei novamente no meu automático e finalmente terminei aquela maldita prova. Enfiei tudo na minha mochila e rapidamente entreguei a prova ao professor, antes de sair deixei, discretamente, uma cola na mesa de Sirius, ele é esperto, mas sempre ficava indeciso na hora de assinalar alguma alternativa. Minha próxima aula era educação física, a professora provavelmente iria dar a louca e mandar todo mundo fazer flexões, não podia me dar ao luxo de uma contorsão antes de domingo então obviamente eu irei faltar.
- Lily! – Parei na minha quase corrida (passo apressado) para fora daquela escola, James estava sentado encostado na parede, ao lado da biblioteca. Fiz James se levantar e ir comigo até as arquibancadas do colégio. – Entendi, alguém está faltando aula.
- Você não está? – Perguntei o abraçando, como eu poderia passar o tempo assim, sentindo o seu perfume toda vez eu me sentia confortável com James, não confortável como sensação de rotina, toda vez que o via parecia que meu estômago iria sair pela minha garganta.
- Eu estava esperando minha aula de biologia começar, mas agora que fui sequestrado... – James colocou meu cabelo para trás e finalmente me beijou, toda vez que isso acontece é como se eu roubasse um pedacinho do céu para mim. Olha eu, toda brega, falando coisas bregas em relação a uma pessoa. Não sou como a Hayley quando ela cantou a música the only exception, eu nunca prometi para mim mesma que não iria amar homem algum. Eu apenas nunca me senti assim com nenhum homem. Sim, James Potter é um homem.
- Eu sou uma péssima influência para você. – falei, finalmente, tentando recuperar meu fôlego fazendo o rir, sentamos embaixo da arquibancada.
- Está afim de jantar lá em casa hoje? – James pediu, não o olhei para não mostrar minha surpresa com a pergunta. Surpresa pelos seguintes motivos: nunca fui para a casa dele, ele e Sirius geralmente iam lá em casa (uma vez pensei que os dois tinham se mudado) e por último, isso significava conhecer os pais de James.
- Você se mudou para a minha casa, é isso? – Fiz graça, James não deixou de rir, mas continuou acariciando meu cabelo.
- Não, lá na minha casa mesmo. – Aconcheguei mais minha cabeça no peito/ombro de James. Não era que eu queria inventar uma desculpa, ainda mais para o meu deus grego (ele ainda não era meu, mas eu gosto de falar que é), mas hoje eu tinha treino e ia ser até bem tarde.
- Hoje eu não consigo, pode ser semana que vem? – Se James fosse Lee, com toda a certeza iria ficar orgulhoso e achar que eu estava tentando evitar esse compromisso. Mas James, ainda bem, não era Lee, então, apenas concordou e nós combinamos em jantar segunda feira. Eu como sempre não conseguia controlar minha língua. – Isso significa que nós...
- Se você quiser... – James estava tão inseguro quanto eu quando falou isso, sentei normal e o olhei e naquele momento eu consegui sentir toda a segurança do mundo.
- Eu quero. – falei tentando não parecer tão firme e autoritária, James sorriu e me beijou. Isso realmente significava que eu era namorada dele, que nós estávamos tendo algo sério. Ficamos ali por alguns minutos, falando besteira e naquele segundo, naquele momento, eu tinha esquecido completamente da competição, eu estava relaxando. Olhei para o meu relógio e pestanejei alto.
- Precisa ir? – James pediu, assenti.
- Tenho treino daqui dez minutos, quase estava esquecendo. – falei, levantando e pegando minha mochila. Nos últimos dias eu me esqueci do meu all star, estava usando um daqueles tênis confortáveis para correr. – Tchau... namorado.
- Tchau, namorada. – James riu, com toda a certeza eu não ia ficar chamando ele assim, achava até um pouco ridículo, mas uma fez não tinha problema. Dei um beijo rápido em James e sai correndo, ele provavelmente ia esperar o resto do pessoal, desviei das pessoas e quase cai uma hora em uma aluna. O treino não foi nada fora do normal, eu me esforcei ao máximo, meu treinador ficou um bom tempo comigo e isso com toda a certeza me fez ter um pouco mais de confiança. Eu ia lutar com a O’Hara se eu passar por Sharon antes, eu tinha que pensar bem nisso, não podia falhar com nenhuma das duas. Não passei do horário dessa vez, o treinador praticamente me chutou para casa, eu iria descansar agora para domingo estar inteira. Em vez de ir direto para casa passei em um mercado, comprei um chocolate, estava morrendo de fome e com esperança de chegar em casa com uma janta maravilhosa feita pela Anna.
Talvez seja paranóia minha, mas parecia que eu estava sendo seguida. Eu já fiz isso milhares de vezes, uma vez tinha um cara, comecei a correr sem parar e no final vi que ele só estava indo na locadora que era uma quadra antes da minha casa. Dessa vez não era assim, eu desviei meu caminho por pelo menos duas vezes e a pessoa continuava atrás de mim. Isso não poderia ser motivo de pânico, mas eu comecei a ficar em pânico. Isso que dá ver muito Criminal Minds e achar que tem um novo psicopata na cidade atraído por ruivas. E é certo que na hora de fazer um perfil do assassino vão falar que ele tinha entre 20 e 30 anos, era infeliz no trabalho e sua mãe era ruiva e controladora. Esse último pensamento teria me feito rir, mas eu não consegui nem me deleitar com meus pensamentos paranóicos. Tentei dar uma disfarçada do estilo olhando para trás sem razão aparente, ou como se tivesse visto alguém que conhecia e no fim não era. Não consegui ver direito a pessoa, toda a vez que tentava olhar ela virava para uma vitrine e fingia admirar. Eu poderia ser mais ousada e pedir o horário para o meu seguidor, pensei nisso por uma quadra e cheguei na conclusão de não fazer. Primeiro, ele ia saber que eu não tinha a noção do tempo, segundo meu pai sempre me mandou pedir horário ou direções para senhoras idosas ou escoteiras.
- Lily! – ouvi alguém gritar, levei um susto e deixei minha mochila cair no chão. Já reconhecia aquele riso, Sirius Black veio me ajudar a pegar minhas coisas. – Tudo bem ruiva?
- Sim, eu... – Comecei a falar, olhei para trás e vi que o meu seguidor tinha desaparecido. Deus me amava, suspirei aliviada e senti uma incrível vontade de abraçar Sirius, mas não o fiz. – Como foi na prova?
- Ah sim, eu queria te agradecer, as nossas respostas estavam praticamente iguais! – Qualquer garota que tiver Sirius tem que o merecer e pelo o que eu havia entendido Marlene era essa garota.
- Onde você está indo? – Perguntei voltando a caminhar a caminha da minha casa, sem nenhum pscicopata atrás de mim.
- Sua casa, James, Remus e eu combinamos de jogar Xbox hoje. – Sirius sorriu, eu não havia sido convidada, mas com toda a certeza eu iria jogar no final.
- Como foi seu encontro com a Lene? – pedi finalmente, estava morrendo de curiosidade e esqueci de pedir isso para ela o dia todo.
- Um desastre. – Sirius riu me surpreendendo, como assim ele estava rindo por ter sido um desastre? – Eu derrubei a comida nela sem querer, fiquei nervoso, no final nós fomos para o jardim da casa dela e ficamos um bom tempo conversando.
- Ela gosta de você exatamente do jeito que você é. – Sirius sorriu, eu estava feliz por ele estar feliz.
- Então eu acho que o James bateu a cabeça hoje... – Sirius começou a falar, sabia onde aquilo iria.
- Por quê? – Perguntei entrando em seu jogo, Sirius era o tipo de pessoa que perdia o amigo, mas não a piada.
- Ele começou a falar que estava namorando, claro que foi só para mim, se ele falasse para o Remus não estaria ainda vivo. – Sirius riu, acho que foi pelo fato de eu ter ficado extremamente vermelha. Obrigada vó por doar os seus genes ruivos para mim, adoro ficar extremamente vermelha ou mais vermelha do que o normal.
- Estranho o fato de eu estar namorando também... – quase assobiei as últimas palavras, Sirius parou de andar e me deu um abraço.
- Eu estou muito feliz que o meu amigo não está namorando sua própria mão direita. – Ele conseguiu estragar o momento de amigos, quase dei um tapa nele, mas me segurei e só ri. – Nós temos que discutir os horários que eu vou ficar com a criança.
- Vamos alternar os finais de semana, e durante a semana ele fica comigo nas segundas, quartas e sextas. – Sirius começou a discutir que eu ia ficar mais dias com ele, mas no final falei que ele realmente não proporcionava a James o que eu ia proporcionar. No final ele falou que não ia tentar proporcionar e que eu podia ficar com James todo para mim. Subi nas costas de Sirius quando faltava uma quadra para casa, Sirius era extremamente forte e não se importava e foi assim que comecei a relaxar para domingo. Chegamos em casa e James ainda não tinha chegado, Sirius fez o favor de me levar até meu quarto, ele queria me ajudar a tirar a roupa para tomar banho, mas eu consegui o ameaçar de chutar ele. Depois da última vez que ele viu o campeonato Sirius sabia do que eu era capaz. James chegou depois que eu consegui tomar banho sem a presença de Sirius no meu banheiro, ou meu quarto, ou nas minhas gavetas de calcinha. Claro que ele só estava brincando comigo, ele sabia como me irritar.
- Então... você fala para o Remus ou eu falo? – Perguntei para James secando meu cabelo com a toalha, ele me puxou e eu sentei em seu colo. James é o cara mais fofo, amável e gostoso que eu já conheci, se alguém ano passado me falasse que eu ia namorar o Potter eu com toda a certeza ia dizer que era uma piada.
- Acho melhor para a nossa, eu digo, minha segurança nós dois falarmos, ou melhor, você falar e eu estar do seu lado. – James me respondeu, não pude deixar de rir, ele realmente estava certo. Se James falasse provavelmente Remus iria se sentir na liberdade de lhe dar um soco, já que ele é amigo, se eu falar Remus não iria bater em mim. Mesmo assim não podemos descartar a possibilidade de Remus avançar em James mais tarde, então era melhor eu ficar no meio dos dois. Eu ia deixar meu cabelo sexar naturalmente, leia-se: transformar-se em uma palha ambulante, joguei a toalha no chão e resolvi... brincar um pouco. James beijou meu pescoço e eu com toda a certeza me arrepiei, aproveitei a oportunidade e deitei em cima dele. Era a minha vez de provocar, comecei acariciando seu peito, enquanto ia beijando seu pescoço, não pude deixar de notar que ele estava sorrindo. Nós não iríamos transar ali e agora, por mais que eu queira, tenho que confessar que isso me deixa um pouco nervosa. Todo mundo fala de transar com amor, se eu for pensar bem eu nunca tive isso, nunca tive amor de verdade. Mordi o pescoço de James e sai de cima dele.
- Assim não vale... – Ele riu e me puxou para a cama de novo, beijando-me e fazendo cócegas, não resisto a cócegas.
- James... a casa inteira vai ouvir. – falei rindo, ele parou me abraçando, eu realmente estava relaxando. Era impossível não relaxar com James Potter ao seu lado. – Eu estou morrendo de fome.
- Eu também, a Anna disse que estava quase pronto quando eu cheguei. – James respondeu, nós dois concordamos em descer e ver se a comida estava pronta. Anna é tão querida que chega a fazer dois pratos, um sempre diferenciado para mim, já que sou vegetariana. Não eu nunca tentei fazer o resto da casa vegetariano, é realmente um pé no saco esse tipo de pessoa tentar pregar a sua mania nos outros. Vai dizer, pior coisa é um islâmico tentando fazer com que todos leiam o Alcorão, ou até mesmo um cristão dizer que é pecado não ser cristão e ler a Bíblia. Ainda bem que papai nunca deu muita importância a religião, nós somos cristãos e lá de vez em quando vamos a missa, não é como se eu não tivesse fé ou algo parecido.
- Lily! – Marlene veio me abraçar, pelo jeito tinha virado uma noite dos amigos, vi que Dorcas também estava na sala. Abracei e cumprimentei as duas, pude ver que Lene estava do lado do Sirius e tive a impressão que de mãos dadas também, noite dos amigos casais, que lindo. Eu não acho tão lindo assim, mas... Meu pai e Anna estavam na cozinha, então olhei para James e assenti.
- Remus você está calmo? – Perguntei como quem não quer nada, Remus estava sentado ao lado de Dorcas, com seu braço ao redor da garota. Ele me olhou com uma cara suspeita e assentiu. Dei um passo a frente e segurei a mão de James e suspirei. – Eu e James estamos namorando.
Um minuto de silêncio teria sido ótimo, dois minutos de silêncio teria sido um pouco tenso, mas três minutos de silêncio foi SUPER tenso. A tensidão não era porque nós estávamos namorando, mas sim esperando uma reação adversa do meu querido meio irmão. Ele levantou e me deu um abraço, olhou para James e primeiro lhe deu um soco com força no braço (James meio que estava preparado para isso) e depois lhe deu um abraço.
- Melhor com esse traste do que com outro. – por fim Remus falou, fazendo todos darem risada, um leão tinha passado, agora era a vez de Dan Evans. Antes que eu pudesse pensar nessa situação veio as perguntas disparadas das garotas do: como, quando, onde, como, como, como, ohn, que lindo, mas como, sabem como é, curiosidade de meninas se foi romântico ou não. Depois de uma detalhada versão elas suspiraram e me abraçaram, me senti muito feminina depois dessa demonstração de afeto.
- O que vocês estão comemorando? – Meu pai pediu, entrando na sala com Anna. Tentei por meu melhor sorriso de inocente, mas tentei não exagerar tanto assim. Quando eu falei para o meu pai que estava namorando Lee não foi exatamente do jeito que eu esperava. Remus me delatou para a família toda na época e eu planejava não contar que estava namorando por um bom tempo, mas agora, eu sentia necessidade de contar, por mais que apenas um dia tinha passado. Não sou como aquelas garotas que logo na primeira semana falam que amam o cara incondicionalmente, eu apenas sou de momentos.
- Senhor Evans, eu gostaria de saber se eu poderia namorar a sua filha. – James falou de relâmpago, ok, eu tive que me segurar para não rir. Óbvio que eu não ri, mas pude ver pela expressão de meu pai que ele queria rir. Pelo que eu sabia ele gostava de James e já sabia que alguma coisa estava rolando entre nós dois.
- Se eu disser não vai fazer alguma diferença? – Dan pediu, depois de pensar por um tempinho, sorri com meu melhor sorriso angelical (sabe aquele que se dá quando quebrou algo de muito valor, ou quando quer alguma coisa dos pais).
- Eu teria que namorar escondido, apesar de ser excitante, eu acho que você não aprovaria muito. – Falei, todos na sala riram, Anna olhou para o meu com um olhar de você pediu por essa e no fim meu pai relaxou e apertou a mão de James.
- Se você fizer alguma coisa...
- Eu não vou. – James assegurou, ele com certeza iria ouvir muito essa ladainha de se você ferir a Lily vai se ver comigo, Remus já expressou com o soco, Sirius disse que ia fazer mais tarde e meu pai acabou de tentar fazer com sua melhor cara de pai malvadão. Nós finalmente fomos jantar, a comida como sempre estava maravilhosa, era a melhor massa que Anna fazia. Depois todos, os adolescentes, fomos para a sala e jogamos Xbox e conversamos até de madrugada, enquanto meu pai e Anna se refugiavam no quarto. Esse foi o melhor jeito que eu encontrei de relaxar, com meus amigos e meu, hã, namorado.
Nós acabamos dormindo na sala, James foi novamente meu travesseiro, acabei levantando mais cedo do que o normal, quem sabe assim pelo menos de noite eu iria estar cansada o suficiente para dormir sem ficar nervosa. Fui para a cozinha e preparei um cereal, o dia estava lindo lá fora então resolvi fazer algo que fazia tempos que não fazia. Coloquei meu biquíni e fui para a piscina. Tomar banho de sol não adiantava nada para mim, sou ruiva, minha pele é extremamente branca, mas eu adorava deitar e sentir o sol na minha pele. Eu sei, daqui a quarenta anos ou menos eu vou saber o quanto faz mal tomar banho de sol, câncer de pele e todas essas coisas que falam, mas ignorar sempre é uma opção. Coloquei meus fones de ouvido e fiquei escutando Pink Floyd, meu momento psicodélico a luz do sol. O sol não estava forte, eu sentia me aquecer, mas nada que eu realmente fosse me queimar. Acho que no fim acabei cochilando, quando abri os olhos Remus estava na esteira ao meu lado.
- Que vida boa. – Remus falou, abrindo os olhos, olha quem falando, ele só estava de calção, aproveitando o sol também.
- Chegou faz muito tempo? – Sentei, tentando endireitar minha portura.
- Não, os outros ainda estão dormindo. – Remus respondeu sentando em minha direção. – Então, quando é a festa surpresa?
- Se você está me contando vai deixar de ser surpresa para mim. – Desviar o assunto com Remus era praticamente impossível, ele deu uma risada irônica e depois me olhou com uma cara eu já sei de tudo, abre o bico. – A Dorcas vai me matar e depois te matar.
- Ela não é muito discreta... – Remus sorriu, ele realmente a amava. – Outro dia estava falando com alguém no telefone, pedi quem era e ela disse que estava planejando comprar uma lhama.
- Lhama? Sério? – Comecei a rir, de tantas desculpas que ela pdoeria ter falado foi essa. Realmente Dorcas não sabia mentir para Remus, nem ele para ela. Talvez essa seja a base de um bom relacionamento. Talvez não, é.
- Então, quando vai ser? – Ele repetiu a pergunta, suspirei contrariada, não conseguiria ficar fugindo do assunto por uma semana.
- Na próxima sexta, aqui em casa, fique surpreso senão vai magoar a Dorcas e a Anna. – Ele assentiu, abriu um sorriso.
- Eu sempre descubro quando tem festa surpresa para mim. – Ele riu, também, curioso do jeito que Remus é e rápido era praticamente impossível esconder algo dele. – Quando eu tinha seis anos minha mãe tentou me dar uma, depois de novo aos dez...
- Bem a cara da Anna. – Eu nunca ganhei nenhum tipo de festa surpresa, vai ver porque no fundo nunca tive uma amiga na infância e realmente porque meu pai nunca soube esconder nenhum segredo ou pensou nisso. Isso não é um trauma, não ter uma festa surpresa não é trauma, trauma é sua mãe lhe abandonar assim que nasce, mas não isso.
- Nervosa? – Falar que eu estava nervosa era mentira, eu estava muito mais além de nervosa, se eu parasse mais de dois minutos para pensar na luta de amanhã acho que teria um treco. – Eu estou a beira de ter um surto!
- Você vai se sair bem. – Remus tentou fazer com que eu ficasse mais calma, sorri para ele. No fundo eu sei que vou me sair bem, se eu perder, óbvio vou ficar com aquela gana de ter perdido e com vontade de matar alguém, mas no fim eu tenho meus amigos. Grande besteira isso, eu não quero perder e não sei ser boa perdedora, eu tento ser, mas não sou, no fundo. Ninguém é um bom perdedor, vai dizer, alguns apenas têm medo de mostrar que são egoístas.
- É o que eu espero... – No final falei isso mais para mim do que para Remus, toda a galera resolveu aparecer, percebi que Dorcas e Marlene já tinha roubado do meu armário biquínis e provavelmente mais roupas. Pelo menos James e Sirius têm uma certa noção, eles resolveram que seria mais esperto ter uma mala com suas roupas no quarto de hóspedes, deu pra entender porque eu não me surpreenderia se eles resolvessem morar definitivamente com nós.
- Última chance para eu aproveitar meus minutos de liberdade! – Lene falou sorrindo, James sentou na esteira onde eu estava e eu me escorei nele. Todos olharam curiosos para Marlene. – Vai começar as provas finais mês que vem, meus pais me matam se eu tirar algo menos que A.
- Faculdades... bolsas... – tremeu Dorcas, esse era um assunto de extrema delicadeza para todos. Ainda mais para quem ainda não se decidiu, como eu, não é nada fácil decidir o que você vai fazer pelo resto da vida, muito menos a faculdade que devemos ir. Ficamos um minuto em silêncio, talvez em respeito a futura morte de nossa liberdade. Não que eu precisasse estudar, sou uma excelente aluna em todos os quesitos, algumas matérias tenho mais dificuldade, mas nada que um bom café, uma noite adentro e um livro da matéria não resolva. Eu não faço a mínima ideia do que vou fazer com minha vida, faculdade? Sim, por favor. Carreira? Não consigo decidir nem o meu pedido em um fast food, vou decidir isso. Festa do estilo girls go crazy? Hã...
Talvez eu devesse ser uma vadia a vida toda, sem trabalho, apenas vivendo à custa de alguém. Como se eu um dia fosse conseguir jogar minha independência no lixo, ou pelo menos a tentativa de ter uma independência. Olhei para todos, brincando, jogando conversa fora e percebi que esse seria o último ano em que nossos problemas são pequenos, último ano que ser irresponsável no máximo custa uma semana de castigo... Daqui a pouco a realidade vai nos pegar de um jeito cruel, eu só espero estar preparada e armada para conseguir aguentar. James apertou o abraço, fazendo com que eu acordasse do meu transe, deu um meio sorriso, eles iriam entender o fato de eu estar quieta, não é todo o dia que a gente acorda com sede de sangue, como eu iria acordar amanhã. Tae Kwon Do... eu poderia lutar a minha vida toda, mas não conseguiria viver com isso, quais são minhas qualidades? Uma das coisas que eu sinto falta é a minha diferença, todos são especiais por um motivo e para mim eu simplesmente não encontro esse motivo. Não sou uma Veronica Mars da vida, não tenho uma especialidade. O que eu sou boa? Persuasão, ver filmes, seriados, talvez a pessoa que eu devesse falar sobre isso é a Anna, durante a semana eu vou fazer isso, assim que a poeira abaixar.
- Lily? – Dorcas chamou minha atenção.
- Oi? – Eu realmente deveria parar de vegetar em local público.
- Eu pedi como vai ser amanhã! – Sutil Dorcas, sutil. Como vai ser amanhã? Eu simplesmente vou ser massacrada, provavelmente machucada e tudo isso com um único objetivo: vencer.
- Começa de manhã, eu luto com duas garotas, se eu ganhar das duas... – James beijou meu ombro, eu não conseguia disfarçar tão bem meu nervosismo, ainda mais com pessoas que me conheciam, pelo menos conhecem uma boa parte do meu eu. Sirius me fez o favor de mudar o assunto, pedindo se nós íamos mergulhar ou não, em um piscar de olhos James me carregou até a piscina e me jogou. Remus fez a mesma coisa com Dorcas e Marlene pulou antes que Sirius tomasse alguma ação. Foi a típica cena de adolescente feliz, dar ‘caldo’ na pessoa, se jogar água, fazer briga de galo, coisas simples e que mesmo assim nos fazem rir. Eu tinha bons amigos, essa foi a conclusão da manhã e tarde. Não me deixaram pensar muito no torneio, depois da piscina almoçamos, Dan e Anna resolveram ir ver um filme de tarde, e nós inventamos de ir no parque que tem perto da nossa casa. Fotos, piquenique, brincadeiras, Remus com seu violão e sua tentativa de ser um cantor. Simples e aconchegante.
Já estava anoitecendo quando resolvemos ir para casa, Sirius resolveu pegar o carro de Remus e dar carona para Dorcas e Marlene. Remus e James ficaram assistindo televisão e eu fui para o meu quarto. Se eu de alguma forma falasse para o meu treinador que não estava nos meus dias, talvez, eu disse talvez, eu teria uma chance de não lutar amanhã. Claro que isso era pura ilusão, meu treinador ia querer me bater pessoalmente e me chamar de mulherzinha por isso. Treinador Keith, rígido, mas o melhor no que faz. Deitei na minha cama e peguei um livro qualquer para ler, acho que li o mesmo parágrafo inúmeras vezes e no fim desisti jogando o livro no chão.
- Lily? – Sirius abriu a porta do meu quarto. – A janta está pronta, ou tentativa de janta.
- Quem fez? – Pedi suspeitando, Sirius sorriu.
- Eu, Remus e James. – Balancei a cabeça e fui com ele até a cozinha, por incrível que pareça tudo parecia organizado, pratos na mesa, talheres, tudo bonito.
- Se vocês foram contratados pela Andrea para que eu não fosse à luta amanhã me envenenar não deveria ser uma das primeiras opções... – falei, fazendo com que os três fizessem uma careta engraçada. – Podiam ter me chamado para ajudar.
- Eu queria, mas no fim preferi que você se voluntariasse para lavar a louça depois. – Remus falou, foi minha vez de fazer careta, por fim concordando. Por incrível que pareça o macarrão de queijo dos meninos (muito meninos que eles são) estava maravilhoso. Não comi muito para poder tentar dormir bem, no final a louça sobrou para mim e Sirius, este protestou até o último segundo, alegando que fez muita coisa ao ligar o fogão e ir me chamar. Resolvi que ficar no meu quarto não ia adiantar muita coisa, assisti um filme qualquer (se me perguntarem o nome não vou ter nem ideia de qual) e comecei a perceber o quanto estava ficando nervosa. Assim que o filme acabou dei a desculpa de ir tentar dormir e me despedi, claro que Remus e Sirius reclamaram por eu ter beijado James.
A sensação de estar com sono, mas o fato de não conseguir dormir por causa dos pensamentos é a pior do mundo. Viro para um lado da cama: nada. Viro para o outro lado da cama: nada. Fico encarando o teto: nada. Enterro minha cabeça no travesseiro: nada. Talvez eu devesse desistir de dormir e simplesmente ficar acordada a noite toda. Anna e Dan já tinham voltado do encontro dos dois, depois de verificarem os quartos (para ver se James não estava na minha cama por engano) foram dormir. Ouvi um segundo rangido de porta e vi que era James entrando no meu quarto.
- Não consegue dormir? – James pediu, assenti dando espaço para ele deitar comigo, era tão bom abraçar James. – Que bom, minha desculpa para estar aqui é essa.
- Da próxima vez é porque eu tenho pesadelos. – brinquei o beijando, não iríamos ficar nos beijando a noite toda, James me abraçou e ao sentir o cheiro do perfume dele acabei me acalmando. Meus pensamentos diminuíram a velocidade e por fim só consegui pensar em como era bom dormir com ele. Meus sonhos: não tive, ainda bem. Acordei na manhã seguinte sozinha na cama, provavelmente James saiu antes do amanhecer para o quarto de hóspedes de novo. Respirei fundo, lavei meu rosto, fiz minhas necessidades, arrumei meu cabelo e peguei minha mochila já preparada. Hoje é o dia.
nota da autora:
oi gente, só queria me desculpar a demora para postar, mas ai está o doze. não tenho muitas desculpas para não ter postado antes a não ser minha falta de criatividade, mas hoje bateu um santo e aqui estou eu escrevendo e postando! eu não parei só no doze, estou escrevendo já o treze e até o final de semana eu o posto, não prometo muita coisa!
Ah, eu acho que vão ser quinze capítulos Stupid Girls, então, essa é basicamente a reta final :// acreditem, é estranho eu falar isso hehe. Espero que tenham gostado do capítulo!
Quanto as outras fics, eu vou regularizar primeiro aqui e Friends que são minhas prioridades, Better than revenge vai ser postado assim que eu postar mais um aqui e mais um em Friends.
bejokkks, dominique.
Comentários (5)
Fic continua ótima! James e Lily se acertaram, Remo com ciúmes, Sirius salvando a Lily... Aliás menina, o que foi aquela perseguição? fiquei até com medo! ansiosa pelo próximo cap! beijos
2011-08-10ADOREI O CAP!!! Muito bom mesmo!! Não demora muito para postar, hein?!
2011-08-06quero um james por favor! acho que eu mereço! ai, vai ser tão ruim ficar sem essa fic :~ já tá sendo tão ruim saber que tem só mais três capítulos... mas eu tenho certeza que "better than revenge" vai ocupar bem o lugar dessa! haha ah, "better than revenge" é por causa da música da taylor swift? xoxo
2011-08-04James e Lily uma fofura! Amei o encontro do Sirius com a Marlene, haha, ele devia estar nervosoQuem é aquele que estava seguindo a Lily? o__o "– Outro dia estava falando com alguém no telefone, pedi quem era e ela disse que estava planejando comprar uma lhama." kkkkkkk morri beijos, até o próximo!
2011-08-03saudades de voce mulher!!!Até q enfim postou! Esta muito boa a fic.. nao quero que desista! E Lily e James são fofos demais! bjs!
2011-08-03