Capítulo Seis



                    




- Eu tenho certeza que eu te enviei o trabalho por e-mail, professora! – Lisa já estava desesperada.


Havia enviado ontem! Tinha certeza!


- Senhorita McCoy, não adianta espernear agora, ou chorar sobre o leite derramado. Caso queira, pode me enviar um novo trabalho até hoje a noite por e-mail, valendo a metade dos pontos.


- Mas...


- Não! Chega, estou farta! Se reclamar mais uma vez, além de receber uma detenção, não permitirei que entregue o trabalho!


Lisa não argumentou, apenas foi ao seu lugar bufando e se sentou, desesperada por entender o que estava acontecendo. Bella, sempre atenta ao seu redor, procurou em Marlene ou Emmeline um sorriso vitorioso que lhes entregasse; não encontrou: estavam discutindo sobre a festa, ainda. 


- Posso te ajudar no trabalho, se quiser – Sirius falou, o sorriso tira-fôlego no rosto.


- Não vou te incomodar. Eu devo ter o trabalho salvo lá em casa... – era mentira, pois sabia muito bem que havia deletado o trabalho logo depois tê-lo enviado.


Burrice.


- Sério. Não é incomodo. Eu fiz dois trabalhos, pois achei que tinha perdido o primeiro. Posso te enviar o que eu não usei. Tá no meu celular, inclusive, se quiser, envio direto do seu e-mail pro da professora, agora.


- Como assim? – ela riu surpresa.


Quem coloca arquivos de trabalho no celular? Parou pra pensar... Todo mundo. É. Era muito inteligente pra casos como aquele.


Sirius deu de ombros, ela se aproximou um pouco mais: - Eu aceito – escreveu o e-mail e a senha no caderno de Sirius.


- Recomendo que você mude a senha depois, tá bem? Aquelas duas são capazes de roubar meu celular a qualquer momento.


- Pode deixar! E muito obrigada, muito mesmo! Você me salvou! – deu um beijo em sua bochecha, como agradecimento.


Logo que sentiu seu perfume, desejou não ter simplesmente beijado sua bochecha. Por que nunca usava a melhor arma primeiro? Como dar um beijo na trave, ou qualquer coisa parecida... Ninguém precisava saber, digo, o James não precisava, certo? Sirius era tão irresistível... Sempre ali, sempre sorrindo daquele jeito, lhe dizendo coisas que James não vinha dizendo...


- Acho que vou te salvar com mais freqüência – brincou.


- Você não precisa me salvar pra isso, pode simplesmente ser fofo – ela entrou na brincadeira.


Mirella, Bella e Dorcas perceberam o que acontecia; por sugestão da loira, arredaram um pouco as carteiras pra trás, de forma a protegê-los. Sempre se sentavam nos fundos na aula de geografia política. Era a aula menos interessante, a professora era insuportável, apesar de a matéria ser maravilhosa.


- Se eu te dissesse que você tá maravilhosa hoje, mais do que o normal, estaria sendo fofo o suficiente?


- Talvez.


- Se eu falasse que nada soa tão bonito quanto sua voz, ou que seus olhos me prendem do princípio ao infinito que há dentro deles? Que você é a mulher que merece o melhor homem do mundo aos seus pés, e que assim espero que o meu querido James esteja sendo, aí seria fofo o suficiente?


- Sabe? Você já é fofo o suficiente sem dizer nada dessas coisas – deu um beijo mais próximo de sua boca, agora – Mas eu ainda adoro ouvir você dizendo elas.


- Vou me lembrar de dizê-las todos os dias – piscou e se afastou um pouco, antes que a professora ou os outros alunos percebessem o que estava acontecendo ali.


Pode parecer que demorou séculos, mas na verdade foram movimentos rápidos; se ninguém visse o último beijo que Lisa lhe deu, pareceriam dois amigos conversando sobre o tempo ou outra coisa qualquer. Ótimo.


- Você não presta – Mirella sussurrou pra amiga – E eu já te falei pra tomar cuidado com o Black.


- Estou tomando cuidado! Só estou sentindo falta do joguinho de provocação – fez um bico – O James anda tão distante ultimamente. Sabe o que eu vi ontem? Jogos no meu computador! Dá pra acreditar? Ele sabe o quanto eu detesto isso, mas mesmo assim fez de novo!


- Ah amiga, não liga pra isso agora – Dorcas tentou – Sei lá, não vale a pena se esquentar, entendeu? Vamos falar de outra coisa, depois você dá um cascudo no James!


As quatro riram.


- Pode ir dizendo qual é a sua com o Black – Bella sugeriu.


- Ele é um poço de sedução! Sem mais. E ele vem sendo um amigo tão bom!


- Ele é suspeito a cada respiração! – Mirella falou rindo.


- Isso é um fato – Dorcas concordou – Mas ele não deixa de ser o cara mais gostoso do planeta – riu.


- Eu nunca negaria isso. Principalmente depois de...


- Mirella! Não fala isso, por favor. Não agora que sou eu quem estou nos joguinhos de sedução com ele... Nem quero imaginar!


Todas riram novamente.


Continuaram conversando descontraidamente, de maneira que a professora não notasse. Emmeline e Marlene combinavam detalhes da festa, como decoração, DJ, roupas, etc. E Sirius tentava prestar atenção na aula, quase sempre respondendo alguma pergunta das duas, ou trocando olhares e sorrisos com Lisa.


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- Você tá se mordendo de ciúmes – Bella riu – Não consegue nem disfarçar!


Mirella parou de encarar Sirius e Lisa através da janela e se virou, um pouco nervosa, para a amiga:


- Não mesmo. Só estou preocupada. A Lisa fez de tudo pra coisa dela com o James dar certo e agora vai deixar o Black estragar o plano?


- Estragar? Ele pelo menos tá colocando um sorriso besta na cara dela. O idiota do James anda fazendo tudo errado. Ele quem tá estragando as coisas! Qual o problema de seguir a merda do contrato?


- Pensa como se você fosse ele, Bella.


Elas agora andavam pelos corredores em direção a próxima aula: Educação Física.


- Eu imaginei que a essa altura ele já gostasse dela de verdade, não só pelo contrato, sabe?


Mirella ia responder, mas uma menina baixinha a impediu, parando as duas e lhes entregando o que pareciam dois convites. Inacreditável: Marlene e Emmeline maravilhosas. Qual é? Fizeram um book só pra uma festinha qualquer? Não dava pra entender. E os convites VIP? Elas tinham que estar planejando alguma coisa.


- Qual é a dessa foto?


- Sem ciúmes, Mi. Você continua sendo mais bonita, relaxa aí – Bella deu uma risadinha e elas mudaram o sentido, correndo até onde Lisa estava pra ver se ela já sabia dos convites VIP.


Enquanto isso, Dorcas andava pelo corredor de cima tranquilamente, indo também para sua querida aula de educação física. Sabia que as coisas estavam correndo bem, pois havia acabado de deixar sua nova melhor amiga com Sirius. Porém, antes que percebesse, um braço a puxou para um lugar escuro, que ela reconheceria como o quarto de faxina.


- Que porra é essa? – perguntou.


A luz se acendeu e ela deu de cara com ninguém mais, ninguém menos que James Potter.


- James? O que aconteceu? Pra que isso?


- Eu quero saber, e você parece a única que vai me responder com sinceridade: por que a Lisa tá fazendo isso?


- Isso o quê?


- Sendo insuportável. Por quê? Ela sabe quais são as coisas que me irritam, estão no contrato!


- Que contrato? James, do que você tá falando?


- Quando eu me afastei de vocês, eu encontrei a Lisa. Ela veio me oferecendo ajuda de cara, me propôs um plano ótimo pra que eu pudesse esquecer a... Enfim. Eu não planejava me afastar de todo mundo, mas o Sirius foi um idiota com aquela coisa da Mirella... Ele não precisava ter dito tudo que disse no quarto da Lene, sabendo que ela poderia ouvir, entende? E a Lene sempre foi minha melhor amiga. Eu tive que me afastar, dele e de todos vocês, senão ia ficar complicado...


- Prossiga, estou entendendo.


- Ela me ofereceu esse contrato, em que ela seria a namorada perfeita e eu seria o namorado perfeito. Eu sabia que ela gostava muito de mim, e com o tempo eu também fui gostando dela. Era muito prático e a minha nova vida era absurdamente agradável e mais fácil. Daí ela me vem com essa rebeldia agora? E o Black?


- James, eu...


- Não mente pra mim, Dorcas. Você sabe o que tá acontecendo.


- Eu não sei. Ela também anda te achando um idiota, e como o Black vem sendo muito fofo, ela acaba nos braços dele pra tentar não chorar por você, e...


- Sabe o que ela é? Vagabunda. Traição não fazia parte disso.


James estava sentado em um canto do quartinho, enquanto Dorcas estava de frente pra ele, na outra parede. Decidiu que era o momento perfeito pra se aproximar: ficou de quatro, tentando engatinhar até ele, uma feição preocupada.


- James, não...


Ele não a deixou terminar.


- Por que você defende tanto ela? Fala sério, é muito óbvio o que você quer fazer.


- Eu não posso. Ela é minha amiga, faz tanto por mim. Você precisa entender.


- Dorcas – ele quem se aproximou dela, dessa vez – Se você tivesse idéia das coisas que ela fala de você pelas costas, jamais pensaria que ela é sua amiga de verdade.


Parecendo interessada e se aproveitando da situação na qual James caia como um patinho, Dorcas sentou entre as pernas dele, ajoelhada, olhando em seus olhos e esperando pela próxima coisa que ele diria.


- Vadia. Ela acha que você fez o Remus trair a Emmeline de propósito. Mentirosa. Loira não confiável. Quer que eu continue? Eu posso ficar aqui a noite inteira. Ela já falou mal de todo mundo, Dorcas, até das duas que estão com ela há anos.


- Eu não... – seus olhos encheram d’água – Estou me sentindo uma idiota!


James a abraçou. Ficaram daquele jeito poucos minutos; logo, ela levantou o rosto pra que pudesse olhar pra ele. Como resposta, a mão de James puxou seu rosto lentamente até que seus lábios se encontrassem. Perfeito. Cada um conseguindo o que queria! E pra melhorar, tinha alguém ouvindo e vendo atrás das portas. Um fato: naquele colégio, todas as paredes e pedaços do chão tinham olhos, ouvidos e celulares. Pra escapar de um flagra, só com um plano perfeitamente planejado.


Coisa que nem James, nem Dorcas tinham.


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Lisa se despediu de Bella e Mirella, que ainda esperavam pra tomar o banho. Ela alegou estar com pressa, pois havia combinado de encontrar com Sirius antes da última aula, pra que ele pudesse lhe dizer algumas informações sobre a festa que aconteceria em sua casa. Pouco antes de chegar ao local combinado, uma menina que parecia do primeiro ano lhe parou. Pelo visto, tinha algo muito importante a lhe contar, e Lisa a escutou sem dizer nada, do princípio ao fim do relato.


- Não acredito! – Lisa exclamou.


- Tudo bem? – Sirius surgiu do seu lado e se desesperou ao ver que os olhos dela se enchiam de lágrimas.


- Você tem certeza disso? Ele que puxou ela?


- Absoluta, senhorita McCoy. Eu nem quis avisar a Bella antes, vim direto falar com você!


- Muito obrigada. Pode ir agora... Qual é o seu nome, mesmo?


- Georgina Cooper.


- Ótimo, Georg. Muito obrigada.


A menina saiu, os olhos radiantes por ter sido chamada por um apelido por Lisa. Enquanto isso, esta se virava pra Sirius e se jogava em seu peito.


- Por quê? Logo com ela? Ele não podia me trair com alguém que eu detesto, pra ser mais fácil lidar com o sentimento de raiva que eu sinto agora?


- O que aconteceu?


- O James arrastou a Dorcas pro quartinho e agora eles estão lá, se pegando!


- E por que ele faria isso?


- Não sei! Mas foi o que a menina viu. Ela disse que inclusive ouviu um pouco da conversa, e que pelo visto ele inventou – inventou, Lisa? – algumas coisas que eu disse sobre a Dorcas, provavelmente pra deixar ela fula da vida comigo!


- E por que você tá chorando?


- Porque ele é meu namorado, Sirius!


- Mas é um idiota. Você não devia chorar por idiotas. Você é linda demais pra isso – limpou seu rosto.


Sem perceber, Lisa já voava em seu pescoço. Parecia muito uma vingança, mas também tinha um pouco de desejo em tudo aquilo. Afinal, ninguém no mundo era capaz de estar com Sirius Black e não sentir uma vontade enorme de agarrá-lo pelo menos uma vez. Ele parecia tão... tão... perfeito. Em tudo.


Marlene observava de longe, a pergunta de Emmeline ecoando em sua mente: “Como é pra você ver o Sirius dando em cima dela?”, que seria mais bem feita, agora, da seguinte maneira: “Como é pra você ver o Sirius em cima dela?”. E se ela pudesse ser sincera na resposta, diria: “Horrível. Como se me arrancassem o coração, pedaço por pedaço. Torturante”. Mas era apenas mais uma prova da facilidade que era pra Sirius largá-la e correr pra outra. Como parecia simples, esquecer Marlene por alguns minutos enquanto beijava outra boca, não?


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Nada poderia acontecer de errado nessa festa. Assim como a cartada final, era imprescindível que as coisas ocorressem de acordo com o que Marlene havia planejado. E lá ela estava: pronta pra controlar o destino e fazer com que esse jogasse a seu favor. Com as informações de Dorcas e a confirmação de que a junção de James e Lisa havia sido combinada, tudo ficou mais simples. Ainda mais por saber o motivo real: Lily.


Era hora de a amiga agir como nunca. E Marlene sabia que se fosse apenas ser a Lily, a Lily conseguiria muito bem suceder na missão. Portanto, encarou as pessoas que entravam pela porta da casa de Sirius, o copo de whisky na mão. Nada a relaxa mais que o bom e velho John. Viu Lisa e James entrarem de mãos dadas.


Uma coisa que sempre adorou naquele colégio: a facilidade com que os casais populares se perdoavam, principalmente quando ambos erravam. Costumavam assumir segundos seguintes que eram idiotas, que se amavam e que não valia a pena destruir um relacionamento tão promissor como aquele por besteira. Mas logo depois, estavam com outros, novamente. Era cômico. Tão falso.


- Boa noite, Marlene querida – Lisa a cumprimentou, coisa que ela não esperava – Obrigada pelos convites VIP.


- Fui convencida de que sua posição social exigia isso.


- Sim. Tem muita sorte de ter bons amigos – falou sarcástica, obviamente se referindo a Sirius.


Saiu de perto e foi com o namorado ao bar. Logo as outras pessoas importantes chegavam: Peter, Dorcas, Michelle, Mirella, Lily. Procurou Emmeline com os olhos e a encontrou com o atual melhor amigo de James, do time de futebol. Sabia que ela estava dizendo coisas sobre a queda que supostamente Lisa tinha por ele.


Puxou Dorcas pra um canto em que ninguém as visse.


- Quero que saiba que eu deixo tudo em seu controle. Vou resolver coisas pessoais. Caso haja algum problema, dê um jeito pra que eu possa ficar sabendo.


Dorcas apenas sorriu e levantou o copo contendo vodka e energético, como se brindasse ao plano. Marlene se afastou e pôs-se a procurar por Mirella. Encontrou a prima conversando com um menino do segundo ano muito bonito. Tentou se aproximar sem que ela visse, e de repente a puxou pelo braço.


- Preciso conversar com você.


Não escutou as exclamações da prima. A arrastou para o quarto que havia ali no salão da casa de Sirius. Era um escritório, se bem se lembrava.


- Quer me explicar qual é o motivo pra você ter me arrastado até aqui?


- Eu disse: preciso conversar com você.


- Sobre o quê?


- Nós duas. Quero saber qual é o seu problema comigo. Você me odeia Mirella, por algum motivo.


- Você também me odeia, Marlene. Por algum motivo. Pretende me dizer qual é? Imagino que não. Por que eu lhe diria o meu?


- Sirius? De verdade? Tudo que você quer é o Sirius? Você pode ficar com ele. Não faço a mínima questão. – se jogou na poltrona marrom que tinha ali.


Mirella riu irônica: - É isso? Você acha que é pelo Sirius? Além do mais, você não pode consertar isso com um simples “fique com ele, não faço questão”. Acredita mesmo que o Sirius ficaria comigo?


- Eu já o avisei que não existe nada entre a gente. Não vejo por que ele não ficaria com você. E qual é o problema? Além do Sirius? Porque o James você já conseguiu.


- Para de fingir de idiota, Marlene! Eu nunca consegui o James, assim como nunca teria o Sirius pra mim! Ele mentiu pra mim como faz pra todas elas, menos pra você.


- Ou pra sua amiguinha...


- Você acha que eu não sei que isso tudo é um plano bem ensaiado?


- Acho. Honestamente, esperava menos fantasias de você.


- Não sei por que perco meu tempo. Podia estar aproveitando a festa, mas não, estou ouvindo você dizer coisas estúpidas pra mim. Por que mesmo você me trouxe aqui?


- Porque eu cansei de você. Cansei desse seu olhar me fuzilando o tempo todo. Eu já não te considero minha família há muito tempo, Mirella, sei que você sente o mesmo. Por isso, queria tudo resolvido entre nós, pra que eu não precisasse nem mais considerar sua existência.


- Você é uma egoísta, Marlene. Estúpida, infantil, idiota. Você perde seu tempo. Ao invés de correr pro Sirius, fica inventando mentiras. Qual é o seu problema? Não tem nada pra se resolver entre nós. Eu te odeio, você me odeia. Você pode me considerar inexistente, não vou chorar por isso.


- Tudo bem. Nesse caso... Só gostaria de dizer que pode ter o Sirius, se quiser. Pra mim chega de vocês dois, de uma vez por todas – dizendo isso, se levantou da poltrona e saiu da sala.


Mirella foi atrás, não pronta pra retrucar, apenas querendo sair daquela sala e beber alguma coisa forte como uma tequila. Exatamente aonde foi. Quando deu por si, Sirius Black estava do seu lado. Bebeu mais uma dose e respirou fundo, pensando em como aquela estava sendo sua noite de sorte.


- O que é?


- Só queria saber o que vocês conversaram.


- Você ouviu tudo, Sirius.


- Eu não entendo por que vocês se odeiam tanto.


- Principalmente por sua causa. Você sabe que eu nunca te esqueci e eu sei que você nunca esqueceu a Marlene.


- Eu estou tentando seguir em frente, Mirella. Espero que consiga fazer o mesmo.


Saiu dali com um copo cheio de whisky na mão. Mirella respirou fundo mais uma vez e agora pensou como ele também era idiota; mentindo pra ela, imaginando que ela acreditaria. Mas também, não se importava. Lisa já havia feito o pior, de qualquer maneira. Não adiantava avisar mais. Fora que o relacionamento da amiga com James já estava fadado ao fracasso; só podia beber um pouco mais e esperar estar bêbada pra assistir aos próximos espetáculos.


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Não. Não era pra isso acontecer de novo, definitivamente. Mas quem era ela pra controlar o destino? Lá estavam os dois: Dorcas – que desde o episódio se recusava a falar com ela – e James – seu namorado com quem havia conversado e decidido que tudo estava bem. Precisava sair dali, se desse sorte, esbarraria em Sirius e poderia se vingar – de novo.


Mas não. Esbarrou em uma morena muito bonita, cabelos na altura do ombro. Usava um vestido roxo e sapatos pretos. Nunca havia visto aquela menina pelo colégio, devia ser uma penetra de outro lugar; talvez da vizinhança. Ou quem sabe amiga de Marlene? Não. Parecia muito pouco abençoada financeiramente pra ser amiga dela. Quem seria, então?


- Algum problema? – ela perguntou, se aproximando de Lisa.


- Só o meu namorado me traindo. De novo. Nada demais – sentou no banco que havia ali.


- Eu sei como é – sentou do lado de Lisa – Já passei por isso algumas vezes.


- Sério?


- Sim. É horrível. Você se sente meio incapaz. Afinal, por que eles têm que trair a gente? Não é como se nós não fossemos capazes de manter o relacionamento bem, não é?


- Exatamente! O que elas têm?


- Não sei. Acho que o título de “outra”. Elas são algo proibido, nós não. Somos mais sem graça, entende?


- Não queria entender. Preferia nunca saber na vida.


- Mas é melhor assim, acredite. Além do mais, sei o que pode te ajudar. Já volto – sorriu e se levantou, saindo rápido dali.


Lisa ficou um pouco assustada. Como assim? Mas não conseguiu se mover: também estava muito curiosa. Foi quando viu alguém se aproximando. Não era a morena que antes estava ali; parecia um homem. Usava um agasalho preto e um capuz que lhe cobria o rosto. Ela pensou em gritar, mas estava tão afastada e lá dentro havia tanto barulho que talvez ninguém ouvisse. Precisava encarar aquilo, independente do que fosse.


- Com licença – a voz masculina saiu de dentro do capuz.


- O que você quer comigo? – pensou se a morena voltaria a tempo de poder ajudá-la.


Ou ela havia mandado o rapaz?


- Marie me mandou aqui – aquilo respondia à pergunta – Disse que você está deprimida, com problemas. Vim ajudar.


- E posso saber como você pode me ajudar?


Ele não respondeu. Ao invés disso, estendeu um pacote com um conteúdo branco pra Lisa. Ela encarou sua mão e pegou o pacote, olhando bem de perto. Não. Aquilo não podia ser o que ela estava pensando. O que aquela menina queria com isso? Estava chamando Lisa do quê? Jamais que ela faria aquilo. Devolveu o pacote rapidamente ao homem.


- Não quero, obrigada.


- Tudo bem. Você quem sabe. Ia fazer um preço amigável.


- Que se dane. Não faço esse tipo de coisa.


Pena que não rápido o suficiente pra que alguém, ali da varanda do quarto dos pais do Sirius e outro alguém, ali do canto dos jardins, não tirassem diversas fotos do que havia acabado de acontecer. Automaticamente, enquanto Lisa entrava no salão com uma feição nervosa, Marlene abria um sorriso.


Estava tudo chegando ao fim.

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