Capítulo Quatro



                 





O sábado chegou e com ele um novo movimento que Marlene já havia começado a planejar desde o começo da semana: uma festa em sua casa. Sabia que James estaria lá, pois era seu primo, no fim das contas, e ela havia falado com sua mãe para não o deixar faltar. Além do mais, Lisa nunca aceitaria não ir à festa em que todos iriam, e logo, ele lhe faria companhia.


Marlene convidou todos que quisessem ir, e milhões de pessoas queriam. Alguns curiosos por conhecer a casa dela – sempre existiram boatos de que ela muito rica, queriam confirmar -, alguns curiosos pra ver como seria a festa inicial do grupo que tentava roubar o controle de Lisa, e outros porque detestavam Lisa e compactuavam com qualquer coisa que fosse contra ela.


Sirius e Emmeline estavam ali desde o começo do dia, ajudando em todos os detalhes possíveis. Por fim, ele acabou no quarto de hóspedes e elas no quarto de Marlene, pra que pudessem se arrumar. No meio disso, Emmeline procurou alguma maneira de se aproximar da pessoa que ela sempre chamou de amiga, mas nunca conheceu muito bem.


- Lene – a chamou e ouviu um resmungo como resposta, incentivando a loira a continuar – Como é pra você ver o Sirius dando em cima dela? Quero dizer... Aposto que você gosta dela tanto quanto a Lily.


Marlene levantou os olhos para Emmeline: - Ver o Sirius com ela?


Nunca, leia-se: nunca mesmo alguém havia lhe feito uma pergunta parecida desde que ela ficou daquele jeito. Era imprevisível; deixou Marlene absolutamente sem resposta.


- Não sei... – respondeu, sem conter a sinceridade.


- Eu não gostaria que o Remus tivesse sido escalado pra essa missão.


- Não é tão ruim. Não pra mim, pelo menos. Eu já espero ver o Sirius com outras mulheres, a qualquer momento. É a natureza dele.


- Não acho.


- Não acha? – Marlene parecia incrédula; qualquer mulher no mundo era capaz de ver que Sirius era um cachorro nato!


- Não. Já percebeu o modo como ele olha pra você? Desde que eu entrei aqui, por mais que ele viesse com aquelas cantadas fracas, eu sabia que era brincadeira. Parece que tá escrito seu nome na testa dele.


- Discordo. Acho que você tá enxergando coisas...


- O que aconteceu? Por que você se afastou de todo mundo? Por que você tem um “homem” que ninguém conhece? – Marlene se assustou, pois não sabia que ninguém além de Sirius conhecesse aquela história, mas Emmeline já havia ouvido conversas dos dois atrás de portas (sem querer) – Por que você não dá uma chance pra ele? Mesmo que ele tente tanto?


- Ele não merece. Não é um assunto sobre o qual eu quero conversar, Emme. Espero que entenda.


- Eu quero ouvir seus problemas, Lene. Quero te ajudar. Quero poder ser sua amiga, de verdade.


Elas estavam muito próximas. Emmeline parecia realmente preocupada aos olhos de Marlene; mais do que deveria, porque Marlene obviamente não precisava de ninguém pensando nela.


- Você já deve ter muitos problemas pra cuidar sozinha, não? – arqueou as sobrancelhas.


- Eu não cuido deles sozinha. Não mais.


- Lily – sorriu.


- Eu...


- Não, Emme. Eu aprecio muito o que você está fazendo, mas não preciso, ok? Eu estou bem, assim como minha vida. O Sirius não é nada nela, nunca vai ser. E não tem mais nada que você ou qualquer um precise ouvir sobre esse assunto. Considere-o encerrado.


- Só não esqueça que estou aqui pra você sempre, tá bem? Eu gosto de você e sei o quanto você já me ajudou, mesmo que discretamente, pra que eu não percebesse – deu um beijo na bochecha da amiga e entrou no banheiro com o sutiã e calcinha na mão, pra tomar um banho.


Quando ouviu a porta se fechar, Marlene se jogou na cama. Milhões de coisas invadiram sua mente; coisas que ela jurou nunca mais pensar. Ela não havia superado nada – apesar de mentir pra si mesma garantindo que nem tinha mais nada pra superar. E pra piorar, ficava com Sirius daquele jeito, cada vez mais sincera, mais romântica; cada vez cedendo mais ao seu charme, piorando a própria situação. Sabia que assim ficaria mais difícil esquecer tudo, ou mais fácil. Não queria nenhum dos dois. Queria paz.


E isso teria. Portanto, pra não pensar mais no assunto (afinal, estava encerrado, como ela mesma disse), voltou a se arrumar. Pegou o vestido branco Hervé Léger pra Emmeline e o preto também Hervé Léger pra si mesma. Quanto aos sapatos, acabou por decidir que seriam dois Louboutin: um preto e um branco azulado, em estampa de cobra, respectivamente. Assim que a loira saiu do banheiro, lhe mostrou a roupa na cama.


- Acho que você não vai precisar do sutiã.


- Você tem que estar brincando comigo – Emmeline sorriu – Você vai mesmo me emprestar um Hervé Léger legítimo? E um Christian Louboutin? Você é um anjo! – abraçou a amiga.


Não é que Emmeline fosse pobre, mas não tinha vestidos e sapatos de ambas as marcas sobrando em seu armário, como sabia que Marlene tinha.


- Eu sei que não parece, Emme, mas eu também gosto de você – Marlene sorriu de um jeito esquisito, como que quem não sabe bem dizer o que está dizendo.


- Parece sim. Você não tem idéia de como é uma ótima amiga. E não digo isso só pelas roupas. Eu nunca vou esquecer que você me salvou naquela época, Lene.


- Eu não te salvei, tecnicamente...


- Tecnicamente, salvou sim. Assunto encerrado – a imitou.


Logo, as duas caiam na risada. Colocaram os vestidos o mais rápido que conseguiram e se maquiaram mais rápido ainda. Emmeline tinha um brilho nos lábios e sombra esfumaçada, indo de branco a preto. Marlene tinha os lábios com um batom nude e sobra bem escura – como sempre. Os cabelos estavam soltos e naturalmente perfeitos. Sirius já as esperava na porta, lindo e delicioso em sua calça social preta e sua blusa social Lacoste listrada, verde, azul e branco, de manga mais curta.


E não foi nada discreto o que se sucedeu: Sirius e Marlene se encarando, ambos pensando como o outro estava irresistível.


- Você está magnífica, Emme – ele beijou a mão da loira, galanteador, sem tirar os olhos de Marlene.


- Uhm... Obrigada, mas não acho que seja realmente pra mim que você deva dizer isso. Vou descer, podem ficar aí quanto quiserem – ela falou saindo de fininho.


Os dois não moveram os olhos; continuavam a se encarar.


- Não acha que eu sinto ciúmes da minha melhor amiga, acha? – perguntou brincalhona.


- Ela é sua melhor amiga? Engraçado, por que você não consegue se abrir pra ela, então?


- Eu não me abro pra ninguém. E você sabe muito bem que ela é, assim como Lily.


Ele balançou a cabeça negativamente: - Que mentira, Marlene. Você se abre pra mim constantemente, como pode dizer isso? – seu sorriso era pervertido.


- Pode acreditar Sirius: nem abrindo-lhe as pernas um milhão de vezes, eu lhe abriria meu coração.


- Não foi o que me pareceu umas noites pra trás...


- Eu não preciso repetir, preciso? Você já escutou tudo.


- Ah sim, a coisa de eu não fazer parte da sua vida? Por que você deixa de ficar com aquele cara idiota pra ficar comigo? Por que você continua comigo estando com ele? Ele não deve ser tão importante assim.


- Você não sabe o que diz. Eu tenho pena de você.


- Não, você não tem. Você me deseja, você me ama, você acorda pensando em mim todos os dias.


- Eu sei que você acha isso impossível, Sirius, mas pare pra pensar: é lógico que exista uma mulher no mundo capaz de fazer com você exatamente o que você faz com todas nós.


- O que você quer dizer com isso?


- Que eu sei te iludir. Eu sei te dizer coisas lindas, e você pode me ouvir dizendo as mesmas coisas pra outro. Não é você que é especialista nessa arte?


- Marlene – a puxou pelo braço com força – Eu nunca menti pra você sobre o que eu sinto.


- Jura? Mas veja bem, esse é o lado ruim de estar lidando com alguém igual a você: não existe confiança. Eu sou capaz de imaginar essas mesmas palavras saindo da sua boca outras incontáveis vezes, sem ser pra mim, necessariamente.


- Eu sei que você acredita. Você insiste em fugir de mim, mas você sabe que eu te amo. E até onde eu me lembro, você sempre me amou também.


Ela puxou seu braço: - Não sou eu quem vai sustentar essa farsa. Se for isso que você se lembra, procure se lembrar de outras coisas. Não existe “nós”, Sirius, nunca existiu. Talvez seja melhor as coisas entre nós acabarem. Me avise se esse seu amor imaginário durar muito tempo.


- Marlene...


Mas ela já havia descido. Não, nem um sinal de lágrimas em seus olhos; aqueles que lhe encararam enquanto jorravam aquelas milhões de palavras que ele jamais quis ouvir. Sua cabeça estava revirada com aquela mistura de coisas; precisava fugir disso por um pouco. Há três anos Marlene era uma pessoa que ele não conseguia entender; uma pessoa completamente diferente da que ele conheceu. Mas ainda assim, a pessoa que ele nunca ficou sem pensar por um segundo sequer.


- Sirius – Lily apareceu em sua frente. Pelo visto o lugar já estava lotado – Sei que não podemos conversar por muito tempo, mas eu queria saber se está tudo bem. Marlene desceu apressada e com uma feição esquisita, daquelas de quando ela fala coisas que não queria falar.


- Lily... Você acha mesmo que a Marlene gosta de mim? Porque você me convenceu disso desde sempre, mas agora eu não acredito mais que isso seja verdade.


- Olha – puxou o rosto do amigo – Independente do que ela tenha lhe falado, eu sei que ela te ama. A gente só precisa descobrir o que aconteceu pra ela também te odiar tanto.


- Ruivinha... Você é um perigo de amiga – ele riu.


- Eu sei – ela também riu. – Desculpa por jogar você nessas coisas, mas eu quero muito sua felicidade. Vou trabalhar em descobrir isso, tá?


- E caso ajude, Emmeline tentou fazer ela se abrir hoje.


- Eu imaginei. A Emme tem um coração muito bom, sabe? Ela é uma ótima amiga. Eu vou dar um jeito nisso tudo. Vai cumprir sua função agora – o empurrou em direção ao bar e quem estava por lá:


Lisa e suas amigas. James tinha ido conversar com uns caras do futebol. Elas bebiam champagne e provavelmente falavam mal das donas da festa. Ele pediu um copo de whisky e se aproximou delas.


- Com licença, senhoritas – deu aquele sorriso encantador – Espero que estejam apreciando a festa.


- Agora estamos muito mais – Mirella respondeu o provocando.


Sirius ignorou da maneira que pôde, e se virou para Lisa: - Posso falar com você em particular?


Não precisava que ele pedisse uma segunda vez: ela já o seguia, presa em seus encantos. Os levou para um pedaço do jardim onde as pessoas desconheciam.


- Pelo visto você conhece bem a casa de Marlene.


- Já vim aqui outras vezes. Costumava ser amigo da família.


- Eu lembro – ela sorriu.


Ele se virou de frente pra ela e colocou a mão em seus cabelos, descendo para o rosto vagarosamente e fazendo-lhe um carinho na bochecha. Sem perceber, Lisa fechou os olhos e colocou sua mão por cima da dele.


- Espero que me perdoe por estar envolvido com aquelas duas. Eu não queria que elas lhe causassem tantos problemas, mas acredite ou não: minha opinião é a que menos ouvem.


- Tudo bem – respondeu, ainda de olhos fechados. – Eu acredito em você.


___________________________________________________________________________________


 


Emmeline avistou Dorcas em seu vestido James Perse rosa e seus saltos Gucci brancos de camurça; se aproximou da amiga, que pegava um copo de vodka com energético.


- O que você quer? – perguntou com desprezo.


- Um conselho: se você quiser agir com o James, talvez essa seja uma boa hora. Vi Sirius saindo com ela e indo pros jardins do fundo. Aqueles pra onde ele sempre fugia com as meninas pra Marlene não o ver.


Bebeu o copo todo: - Muito bom – e saiu dali.


Aproximou-se dos meninos: estavam rindo alto. Quando a viram, alguns assobiaram. Ela sorriu ao elogio deles, mas logo se virou para James:


- Espero que você não se incomode de ser roubado por alguns minutos.


Os amigos fizeram algazarra, os dois ignoraram. Seguiram para os jardins, muito perto de onde Sirius e Lisa estavam, mas não o suficiente pra que os vissem.


- Aconteceu alguma coisa?


- Queria saber se você tá bem. Eu sei que deve ter sido difícil enfrentar algumas coisas essa semana. Ele tão perto, ainda mais da Li...


Eles andavam enquanto conversavam, quando ela decidiu parar, sabendo que estava de costas pra Sirius e Lisa, mas que James os veria bem. Percebeu que ele levantou os olhos pra responder, mas ficou algum tempo parado, o sangue fervendo – sem notar que Dorcas sorriu um pouco.


- O que foi? James? – virou pra trás: Sirius estava passando a mão no rosto de Lisa, eles estavam muito próximos, e ela tinha os olhos fechados – Ai droga. Vem cá – puxou o menino rapidamente pela mão para o outro lado dos jardins, onde havia um baquinho.


- Por que ela tem que cair nas garras daquele idiota?


- James... – ela o abraçou, carinhosa como uma amiga – Não é o que nós estamos pensando, eu tenho certeza. Você sabe o quanto a Lisa te ama.


- Não. Não acho que eu saiba.


- Ora essa! É lógico que sabe! Não vai brigar com ela por isso, tá? Você não viu eles fazendo nada demais. Por favor, eu vou conversar com ela primeiro.


- Tudo bem. Não sei por que você se preocupa tanto com ela. Ela não deve nem se importar com você.


- Eu estava sozinha, James. Ela me acolheu. Eu devo muito a ela. E você também, porque com você aconteceu a mesma coisa.


- Mas não estava no contrato que ela me trairia.


- Contrato? – Dorcas pareceu assustada.


- Não – ele pareceu meio nervoso de repente, desesperado pra consertar o que havia escapado; - É só um modo de dizer, entende?


- Tudo bem – fingiu ignorar – Mas ela não está te traindo. Ela te ama.


- Acho melhor você falar com ela, depois nós conversamos.


- Por quê? Acho melhor você se acalmar ant... – ele não esperou que ela terminasse, saiu dali.


- Dorcas? – a voz de Lisa a chamou.


Ela então entendeu: ele havia saído porque ela havia aparecido. Mandou a “amiga” sentar ali, onde James antes estava. Seus olhos estavam meio molhados.


- O que aconteceu, Li?


- Eu não fiz nada, juro. Sirius só estava me pedindo desculpa pelas meninas e ele foi um pouco carinhoso, mas disse que no fundo só se preocupa comigo, não quer nada além da minha amizade. Eu ia dizer isso pra James, ele parece realmente mudado. Eu ia...


- Você vai. Só que não agora. Que tal beber uma taça de champagne comigo pra comemorar seu novo amigo e o seu namorado lindo?


- Meu namorado que me odeia? – mas ela já estava mais feliz.


- Ele não te odeia, nem aqui e nem em um milhão de anos! Aliás, ele ficou tão roxo de ciúmes, que eu duvido que ele não te ame muito! – riu, fazendo a amiga rir junto.


Deram um abraço e voltaram pra festa, indo até o bar. No meio da noite a coisa ficou resolvida entre ela e James; ou pelo menos foi o que pareceu. Muito de acordo com os planos pra ser real. Pelo visto, Marlene sabia como calcular as coisas.


E falando nesta, conversava com um fotógrafo – sim, um fotógrafo! – que lhe fazia várias propostas sobre ela e Emmeline pousarem pra um book que ele queria fazer de duas amigas. Achava que elas eram as amigas perfeitas. Marlene não pensou duas vezes: aquilo seria perfeito, aceitou a oferta, mesmo antes de falar com a loira. Sabia que ela não ia negar. A casa de Sirius ia precisar ser liberada pra uma das próximas semanas, pois tratariam de fazer outra festa.


Aliás, talvez no próximo sábado, mesmo. Pelo jeito como as coisas corriam, no final da semana seguinte, o plano já estaria concluído e já estariam obtendo sucesso.


 


___________________________________________________________________________________


Boa tarde, pessoas queridas! Finalmente consegui fazer a imagem pra postar o capítulo... Eu tive que baixar o photoshop cs5, porque pelo visto é impossível baixar um photoshop antigo pela internet, e eu demorei três séculos pra saber como mexer nele (ainda não sei). E o pior: ele é todo mimimi pra colocar serial, e tô com a versão de teste até hoje. Mas nem rola de comprar um, né? Custa uns 200 dólares, pelo que eu vi (?). Eu vou dar um jeitinho. Outra coisa, por enquanto não tem fonte no meu computador, então perdoem essa ridícula que eu tive que por.

Não vou demorar pra postar o cinco não. Aliás, acho que já vou fazer a imagem de todos (mesmo que com letra tosca), pra adiantar. Espero que vocês ainda estejam lendo e acompanhando a fic. Eu gosto dela, apesar de algumas idiotices óbvias e erros gritantes, eu gosto dela. Espero que também gostem, hehe. Agora não vou mais sumir e vou voltar a postar sempre! Não me abandonem, hihi.

Beijos grandes de chocolate pra todos vocês (que gostam de chocolate ou não). Nos vemos no meio da semana! 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.