Cartas Para Você
O dia seguinte veio logo. Sally passou o dia conversando com Draco e David. A noite chegou em um piscar de olhos, assim como o outro dia.
Seria então a ultima noite ali, iria sentir falta das conversas com Draco.
- Draco, posso pedir uma coisa? - Perguntei meio encabulada.
- Claro Sally! – Disse – O que foi?
- Essa noite, me leva na árvore do morro?
- Ah, por quê?
- Só me leva, é que eu não quero ir para Hogwarts sem antes conhecer aquele lugar.
- Sally não pode ser amanhã? Estou morto hoje.
- NÃO! – gritei, assustando-o – Me desculpe, mas quero muito que seja hoje.
- Tudo bem, mas terá que ser escondido. Se meu pai descobre que saímos de casa para ver uma árvore ele me mata.
Eu não pude deixar de rir.
- O que foi? – ele perguntou incomodado com minhas risadas.
- Nós vamos sair escondido para ver uma árvore – Ri mais alto.
- É você tem razão – ele riu comigo.
Era uma da manhã, quando ele foi me chamar na sala. Todos já estavam dormindo. Eu já estava vestida debaixo das cobertas. Estava com um vestido bege com muitas florzinhas lilás, ele tinha um decote quadrado e ia justo até minha cintura, para cair numa sai rodada até um pouco abaixo da coxa. E deixei separada a minha sapatilha preta, ela combinava com tudo, e um casaquinho preto leve, caso esfriasse um pouco.
Draco estava com uma calça jeans escura, um tênis confortável, e uma camisa branca com botões, a qual ele deixou os dois primeiros abertos, me permitindo ver seu peito nu. Ele era lindo, engraçado, um doce, mas não podia acontecer nada, não no meio dessa guerra.
- Espere um instante, você vai só com essa blusa? – disse preocupado – você pode pegar um resfriado.
- Não se preocupe, vou ficar bem.
- Espera ai.
- Draco, volta aqui! – o chamei, o que foi fazer? Já era tarde, a gente tinha que voltar cedo e ainda não fazíamos idéia de como chegar lá.
Ele então voltou com uma blusa grossa de moletom, verde. Definitivamente não estava combinando. Mas, ele era lindo de qualquer maneira. Ah!! Sally pare de pensar isso. Não pode, não pode e não pode. Esquece ele está bem?!
- Vamos? – ele estendeu a mão para mim.
- Ah... Você vai levar esse trambolho? – Disse apontando para o imenso casaco.
- Vamos logo ok?! – disse pegando na minha mão e me arrastando.
- Ok!! – sorri.
Saímos da casa, já estávamos no meio da rua onde ele mora.
- Como vamos saber onde fica aquele morro?
- Você confia em mim? – perguntei.
- Sim!
- Então me dê suas mãos e feche os olhos – segurei as duas mãos dele e fechamos os olhos. – Pode abrir.
Quando ele abriu estávamos na parte de baixo do morro, agora era só subir.
- Como você fez isso?
- É uma coisinha que eu aprendi lendo uns livros da escola. Chamava “Segredos da Aparatação”. Vamos! – Disse segurando sua mão e correndo em direção a árvore.
Quando chegamos lá, não havia cena mais linda, podíamos ver tudo, desde a casa de Draco à cidade de Londres ao longe. Era mágico.
- Como é lindo. – Ele disse.
- Olha o céu, veja Draco uma estrela cadente. – Corri até os bolsos da frente da sua calça e coloquei minhas mãos, fechei os olhos e fiz um pedido. Quando abri novamente, percebi que nossas faces estavam próximas uma da outra e ele me encarava, senti minhas bochechas corarem.
- Éh... – Disse me afastando – Tem uma lenda que quando você vê uma estrela cadente você tem que por as mãos no bolso e fazer um pedido que assim ele se realizará.
- Ah... Sally eu... – Ele começou dizer vindo na minha direção
Nisso um trovão fez um tremendo barulho no céu, e gotas de chuva começaram a cair. Ele parou no mesmo instante. Sentir aquelas gotas em minha pele era como se estivesse limpando a minha alma. Comecei a girar de braços abertos para a chuva. Foi quando bati no Draco e escorreguei fazendo nós dois cairmos no chão.
Nossas faces estavam novamente perto demais, meu corpo frio e molhado no dele quente e seco (Ele havia feito um feitiço para não se molhar) me fez sentir um arrepio da ponta do pé ao ultimo fio de cabelo.
- Draco... – tentei pedir desculpas por tê-lo derrubado, mas as palavras não vinham. – Eu...
Sua face foi se aproximando lentamente da minha, seus lábios cada vez mais próximos dos meus... “Pare agora! Você não pode se desviar da missão.” Uma voz gritou em minha mente, realmente eu não podia me envolver com Draco, não agora.
Minha razão tomou conta de mim, dei um rápido beijo em sua testa e me levantei rapidamente. Porém só o contato dos meus lábios na pele dele me eletrizou, como se uma onda de choques percorresse todo meu corpo.
- Me desculpe – Disse ajudando-o a se levantar.
Distanciei-me um pouco, deixando a chuva refrescar minha mente. Por mais gelada que estivesse a água, meu corpo fervia. Ficamos em silêncio por alguns minutos, comecei a sentir frio, juntei meus braços abraçando a mim mesma enquanto o vento batia em meu rosto e levava as gotas d’água do meu cabelo para longe. Eu, então, senti algo quente e pesado sobre os meus ombros. Não queria abrir os olhos, já imaginava o que era, e a sensação do vento em mim fazia com que eu me sentisse livre.
- Valeu à pena trazer esse trambolho, não?! – Disse Draco atrás de mim, pude sentir suas mãos ainda em meus ombros.
- Você não vai ficar com frio Draco? – perguntei.
- Não, eu trouxe pensando em você.
- Obrigada. – sorri – Draco você confia em mim?
- É claro! – Abri meus olhos e olhei o horizonte, minhas lágrimas teimavam em cair, mas não podia chorar na frente dele, não podia me tornar frágil. Arrumei a blusa em mim e me virei olhando em seus olhos.
- Mesmo se eu mentisse para você, ou se eu não fosse quem você pensa que sou?
- Sally, do que você está falando? – Não aguentei, corri para debaixo da árvore, lancei um feitiço rápido limpando todo o chão molhado, deixando a grama verdinha e seca, me sentei e abracei minhas pernas abaixando a cabeça sobre meus joelhos para que Draco não visse minhas lágrimas.
- Você que me dizer alguma coisa Sally? – Disse ele sentando-se ao meu lado e me envolvendo com um de seus braços.
- Quero, mas ainda não posso! Não posso! – Disse, engolindo o choro, Draco passou o dedo em minhas bochechas secando a ultima lágrima que escorria na minha face.
- Eu confio em você Sally, sei que você vai me contar na hora certa, não se preocupe comigo. – Disse ele me abraçando.
- Obrigada Draco. – Disse encostando meu rosto em seu peito e fechando os olhos.
***
Uma gota caiu no meu rosto. Abri os olhos lentamente, onde eu estava? Então me lembrei. Eu ainda estava no morro, Draco estava ali deitado ao meu lado, dormindo feito um anjinho.
- Accio pergaminhos e canetas. – girei minha varinha e fiz aparecer uns pergaminhos e comecei a escrever umas cartas.
***
Meu corpo doía todo. Tentava lembrar o que aconteceu na noite anterior... Essa não, Sally e eu ficamos a noite toda no morro, meu pai vai matar a gente!
Me levantei e olhei ao redor, não estava mais no morro, estava no meu quarto. E ao lado da minha cama duas cartas. Uma estava direcionada a mim, outra a Nancy.
Peguei a minha e a abri.
O perfume dela me envolveu ao começar a ler:
Querido Draco
Não se preocupe comigo, precisava de um tempo só para mim. Se o seu pai perguntar você passou a noite em seu quarto e não me viu depois do jantar, não se preocupe deixei uma carta para ele, lhe informando de minha pequena viagem.
Acabei ficando com a sua blusa, espero que não se importe. Peço que esqueça o que aconteceu ontem. Foi um momento de fragilidade e eu não posso ser frágil, não enquanto essa guerra não acabar. Mas pode ter certeza de que suas palavras ficarão cravadas em mim para sempre.
Obrigada por ser meu amigo, nunca precisei de um amigo como estou precisando agora, obrigada de verdade.
A outra carta que está ao teu lado é para Nancy, deixando-a a par das coisas de ontem e onde estou...
Para onde Sally tinha ido? Aquela outra carta tinha a resposta. Deixei a minha carta de lado e tentei abrir a carta destinada a Nancy. Levei um choque que deixou todo meu cabelo arrepiado. Peguei a minha carta novamente, e voltei a lê-la.
... Nem tente abrir para descobrir algo, coloquei um feitiço nela para que só Nancy consiga. Outros que tentarem levarão um choque maior a cada nova tentativa.
“Agora que ela avisa” pensei voltando a ler a carta.
Desculpe não poder te dizer muita coisa. Mas logo, logo você vai saber de tudo.
Prometo voltar em breve.
Com Carinho, Sally...
Ahhhh!! – Draco ouvira seu pai gritando “vixi, ele encontrou a carta” Ouviu os passos de seu pai vindo para o seu quarto. Deitou-se rápido em baixo das cobertas.
- DRACO!! – Berrou ele entrando em disparada no meu quarto.
- Nossa, Pai, o que aconteceu? Ahhh! – Disse num bocejo fingindo que acabara de acordar. – Bom dia para você também.
- Você sabe alguma coisa sobre isso? – Berrou ele mostrando a carta de Sally.
- Que isso? – perguntei fingindo. Eu acho que devia virar ator sou muito bom nisso. – Ah! É só uma carta, me deixa dormir mais um pouco.
Me virei na cama e fechei os olhos esperando ele ir embora.
- Só uma carta, leia isso!! – Berrou ele me entregando a carta.
Caro Lúcio Malfoy
Por favor, não tenha um ataque de nervos, isto é apenas mudança de planos. Dentro de alguns dias eu retornarei para começar meu treinamento.
Não estou fugindo, por mais que quisesse.
Bom avise ao Lord Voldemort que eu já fui, pois nesse momento eu devo estar bem longe relaxando numa paisagem inacreditável.
Obrigada, e mais uma vez, não tenha um ataque de nervos, eu vou voltar para a sua imensa infelicidade!
Beijinhos, Sally...
- Pai, acho que você devia seguir o conselho dela. – disse pausadamente –Não estressa.
- Não me estressar??? – Disse ele passando a mão na testa. – Como você acha que Lord Voldemort vai ficar, hein? Ela estava sob nossa responsabilidade e agora sumiu. Você não tem nada a ver com isso não é Draco? – aquela veia enorme na sua testa, que aparece quando está nervoso, parecia estar olhando para mim.
- Claro que não pai! Eu acabei de acordar – disse bocejando novamente – Ahh! E a ultima vez que vi a Sally foi após o jantar quando desejei boa noite.
- Ah, ok! – disse ele saindo do meu quarto. – Mas se eu descobrir que você tem algo com isso, você será muito bem castigado.
E saiu batendo a porta.
***
Os dias passavam. Fazia três dias que Sally havia sumido e meu pai estava à beira de explodir.
- Onde aquela garota se meteu? – Disse ele, batendo o copo na mesa. – Já procurei por toda parte, ah, mas quando ela aparecer eu vou matá-la com as minhas próprias mãos.
- Lúcio, se acalme! – disse minha mãe tocando de leve a mão dele.
- Me acalmar?! Você sabe o que ele vai fazer conosco se descobrir que ela sumiu?! – Berrou ele lançando a mão de minha mãe e o prato para longe.
-Pai!! – gritei.
- O Sr. anda muito estressado, Sr. Malfoy. – Uma voz falou atrás de mim. – Acho que o Sr. também deveria tirar umas férias.
Era Sally, e ela estava mais linda do que já era. Seus cabelos haviam ganhado uns reflexos rosa e estavam caídos em largos cachos um pouco abaixo do ombro. Ela estava usando um short jeans claro e uma blusinha rosa, bem solta, e nos pés a sapatilha preta que ela nunca tirava.
- Você! Onde você estava?! –Gritou meu pai se levantando.
- Ué, eu tirei umas férias. Fui para casa relaxar e me divertir. – disse ela se aproximando da mesa e pegando um pãozinho. – Hum! Nossa! Como essa viagem deu fome. – ela se sentou. – infelizmente tive que voltar mais cedo, ele quer me ver.
- E você simplesmente resolveu ir?
- Lógico que não, Lord Voldemort estava sabendo, eu pedi para ele. –Disse Sally.
- O que??!!!! Ele sabia??! Você me deixou nesse estado a toa?! – Eu conhecia meu pai, aquela veia saltada não indicava coisa boa. – Sua insolente! – Disse ele sacando a varinha.
- Acalme-se Sr. Malfoy! – agora ela estava séria e em pé – Eu falei para o Sr. não se estressar que eu voltava, mas foi o Sr. mesmo que pediu por isso. Precisava ver que quem manda aqui não é o Sr. E eu faço o que bem entender. Agora termine o seu jantar, eu vou ver meu Mestre.
Sally aparatou ali mesmo e sumiu em um instante.
-Ah, mas essa garota insolente me paga, espera até Draco ser chamado, ela vai ver quem manda em quem! – Ele se levantou e foi saindo.
- Lúcio, não vai terminar o jantar? – disse minha mãe.
-Perdi a fome. Draco, esteja pronto amanhã. – E sumiu pela porta.
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