O pior verão



O fim do ano letivo em Hogwarts foi mais do que o esperado. Lufa-lufa ganhou a taça da casa pela diferença de vinte pontos para a Sonserina e quarenta para a Grifinória. Motivo suficientemente grande para que Rose Weasley e Scorpio Malfoy ficassem de mau humor. Alvo concordou com Scorpio quando ele disse que perder para a Lufa-lufa era humilhante.


Tiago e Alvo já estavam em casa, em Godric’s Hollow passando as férias de verão. Gina Weasley preparava um suco de abóboras enquanto a pequena Lílian revirava os livros de Tiago, que estavam sobre a mesa. Harry Potter conversava com o filho mais velho sobre o quadribol, que vencera o campeonato novamente como apanhador, embora tivesse perdido a taça da casa.


Alvo estava sentado no sofá próximo à janela. Estava muito calado. Harry foi ao seu encontro lhe oferecendo um copo de suco.


– O que foi agora, filho?


Alvo sorriu levemente, só para agradar o pai.


– Fiquei sabendo que você foi um dos melhores alunos do primeiro ano. Minerva me contou tudo. Não sabe como estou orgulhoso! – continuou Harry, bagunçando o cabelo de Alvo.


– É. Scorpio me ensinou a maioria dos feitiços antes mesmo de termos aulas sobre eles. 


Harry, por um momento ficou sério. Já sabia da amizade de seu filho com Malfoy, mas não aprovava. Ainda mais quando ele vinha com essa coisa de aprender antes do professor ensinar. Era questão de tempo até que os dois fizessem alguma besteira.


– E sobre eu ter entrado para a Sonserina...


– Não se desculpe, filho. – interrompeu Harry. – A casa não faz o bruxo. Você será...


– Não ia me desculpar. – disse Alvo, sério. – Só ia dizer que para mim é uma honra estar na casa de Salazar Slytherin.


– O que disse? – Harry achou que tivesse ouvido errado. Seu filho falou de um jeito tão sincero que Harry se espantou.


Um elfo magro e muito idoso apareceu na sala de estar, interrompendo a conversa dos dois. Monstro sorria, o que era difícil de acontecer. Encarava Alvo, encantado.


– Parabéns, menino Potter. Finalmente alguém nessa família foi da Sonserina, assim como a antiga e querida senhora de Monstro. – disse ele, agora cumprimentando o filho mais novo de Harry. – Agora Monstro pode dizer que tem orgulho de um de seus senhores! Monstro percebe que o menino Potter é mais inteligente do que...


– Não comece, Monstro. Pare com isso, já. – disse Harry, indignado. – Depois de tantos anos, você ainda...


Tiago senta no sofá ao lado do irmão, estranhando o comportamento do elfo doméstico. Nos últimos anos Monstro havia se acostumado com a família Potter e parecia não sentir tanta repulsa como antes. Mas assim que ficou sabendo que Alvo entrara para a Sonserina algo mudou. Voltou nele o sentimento de antes.


– Monstro só está feliz por ter um senhor da Sonserina. Monstro agora tem a quem respeitar sem precisar ser forçado. – finalizou fazendo uma reverência ao menino em seguida voltou para a cozinha, vagarosamente.


Harry deu um longo suspiro. Havia algo errado em Alvo. Antes eles eram tão apegados um ao outro e agora Alvo estava tão distante.


Alvo levantou-se e foi até o jardim. Harry o observou da janela. A sensação de formigamento na testa voltou. Não era exatamente dor. Mas o incomodava. Lílian subiu sentou ao seu lado.


– Papai, o que há de errado com Alvo?


– Não sei, filhinha. Mas aposto que o tal Scorpio anda enchendo a cabeça dele. – disse isso imaginando que Scorpio deveria agir como Draco Malfoy, a quem já odiou profundamente. Se Scorpio fosse metade do que Draco era, queria vê-lo longe de seu filho o mais rápido possível.


A família Weasley havia chegado para uma visita. Hermione conversava com Gina na cozinha, enquanto lhe mostrava o novo colar que ganhara do marido. Rony foi parabenizar Tiago por ter ganhado o campeonato de quadribol. A melhor amiga de Rose, Luana Morrigan havia vindo junto, e agora as duas iam até o jardim, a procura de Alvo.


– Olá, Al. – disse Rose, percebendo que o amigo parecia chateado. – O pai da Luana publicou um livro muito interessante no mundo trouxa.


Luana estendeu o livro vermelho para ele.


– Trouxe uma cópia para você se distrair nas férias. – os olhos verdes de Luana brilharam ao olhar para Alvo.


– Ah, obrigado. – disse Alvo sem pegar o livro. – Mas não me associo a...


– Trouxas? – exclamou Rose, furiosa.


– Eu não ia dizer isso. – Alvo percebeu como as duas meninas estavam surpresas. – Me desculpe, eu só... Ah esqueçam.


– Sabe o que eu acho, Alvo? – disse Rose, com uma expressão raivosa no rosto.  – Acho que você está muito diferente. Está parecido demais com Malfoy e todos aqueles malditos da Sonserina!


Alvo suspirou e deu as costas. Durante o verão todo se sentiu culpado. Não sabia ao certo porque estava tão obcecado em estudos avançados. Mas sabia que Scorpio não era o único motivo pelo qual estava agindo desta maneira.


Não contou aos seus pais o que vira meses anteriores da Sala Precisa. Sabia que isso seria motivo de alvoroço e preocupação. Mas de jeito nenhum conseguia esquecer.

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