O Espelho



Alvo Potter estava sendo muito bem sucedido, tendo apenas onze anos de idade. Diferente de Scorpio – que, aliás, era muito bom em poções e feitiços – Alvo era quieto e concentrado. Não exibia suas qualidades abertamente. Na verdade, tudo aquilo de ser pressionado pelo legado de sua família o irritava.


Onde quer que Alvo fosse alguém sempre o estava espreitando na esperança de vê-lo fazendo algo incrível. Quando não era seu irmão a persegui-lo, era seu próprio amigo, lhe cobrando explicações.


Alvo Potter andava solitariamente por um dos inúmeros corredores de Hogwarts. Assim que passou pela parede onde se ocultava a porta da Sala Precisa lembrou-se o quanto ela poderia ser útil. Precisava ficar sozinho e lá era o lugar perfeito.


Concentrando-se com todas as suas forças pensou: Preciso ficar só, apenas com os meus desejos... Preciso ficar só, apenas com os meus desejos... Preciso ficar só, apenas com os meus desejos. Três vezes ele passou pela porta. Então ela começou a tomar sua forma. Uma grande porta surgia na parede lisa.


Alvo já sabia de sua existência, seu pai lhe explicara como se chegava lá. Entrou porta adentro e observou uma sala grande e praticamente vazia, contendo alguns objetos visivelmente ilegais. Mas um deles chamou sua atenção de imediato. Um magnífico espelho, alcançando o teto, com uma moldura dourada apoiada sobre dois pés em forma de garra. Soube assim que o viu. Era o Espelho de Ojesed.


Potter estava ansioso para ver o seu maior desejo no famoso espelho. Fitou-o de longe e viu seu reflexo normalmente. Mas assim que se aproximou mais, viu que a imagem do espelho era de outro menino. Um menino com as mesmas vestes sonserinas, da mesma idade e um tanto parecido com ele.


Alvo fez alguns gestos com a cabeça e as mãos. A imagem o imitava instantaneamente. Era muito real. Alvo encostou a palma de sua mão no espelho, fazendo com que a mão do menino encontrasse a sua.  No mesmo instante a imagem se transformou num homem adulto de vestes escuras. Seus olhos negros tornaram-se fendas e seu rosto empalideceu subitamente. Um sorriso perverso completava a máscara ofídica de Lord Voldemort.


– Não pode ser! – exclamou Alvo, apavorado. – O que está acontecendo?


Uma voz sibilante soou tão forte aos ouvidos de Alvo, que achou que fosse desmaiar:


– Eu vi seu coração, Potter. E ele é meu. – e então a imagem se distorceu.


Alvo correu em direção à porta, sem olhar para trás. Assim que a Sala Precisa começou a desaparecer, ele esbarra em alguém.


– O que foi, Al? – perguntou Rose Weasley, percebendo como o amigo estava atordoado.


– Nada não, Rose. – Alvo esfregou os olhos. – Acho que estou ficando louco.


Rose deu uma risadinha. Mas tinha certeza de que havia algo errado. O conhecia muito bem. Alvo respirava pesadamente.


Então os dois começaram a descer as escadas, e em seguida caminhar em direção ao pátio. Rose estava feliz por ter o encontrado sozinho. Estava certa de que a companhia de Scorpio lhe fazia mal.


– Então está aí, Potter! – disse Scorpio Malfoy, com seus olhos cinzentos brilhando de veemência. – Preciso lhe mostrar uma coisa!


Rose revirou os olhos. Não se dava muito bem com Scorpio desde sempre. Mas o gatilho foi ele ter sabotado sua poção de encolhimento, o que foi motivo de risos por mais de um mês pelo grande estrago que causou. O professor de poções não era muito amigável, e parecia fazer um certo complô com Malfoy, visto que o encobria de várias ações que normalmente provocariam detenções. Pelo visto era tradição entre os Malfoy e os professores de Poções de Hogwarts.


Alvo e Rose pareciam curiosos pelo objeto que Scorpio tinha nas mãos. Um pedaço de pergaminho dobrado em múltiplas partes.


– O que é isso? – perguntou Rose.


– É o tal mapa do maroto! – Scorpio sorria maliciosamente. Em seguida olhou para Alvo. – Roubei isso do seu irmão.


Alvo ficou confuso. O que levaria Malfoy a roubar um mapa em que se podia ver o que todos em Hogwarts estavam fazendo? Alguma coisa ele tinha em mente.


– Como conseguiu? – perguntou Alvo, realmente interessado em saber.


O olhar de Malfoy se tornou desdenhoso novamente:


– Fácil. Só foi preciso confundi-lo. Se é que me entende.


Alvo sorriu de meia boca. Então se lembrou do que vira na Sala Precisa. E não gostara nem um pouco. Por mais que já soubesse que Lord Vodemort estava morto, aprendera a não duvidar de mais nada quando soube de tudo o que seu pai já havia enfrentado.

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