Solaria Sanguini
Havia uma brisa fresca vindo da grande janela da sala do professor Hazel. As cortinas verde claras esvoaçavam pelas paredes, enquanto o novo professor escrevia no quadro o conteúdo do trimestre, e dava uma descontraída de vez em quando, perguntando coisas aos alunos. Scorpio Malfoy já respondera duas delas com sucesso, garantindo vinte pontos para a Sonserina. Rose já estava impaciente.
– Alguém poderia me dizer o que são grindylows?
Sem levantar a mão, Rose Weasley respondeu:
– São demônios da água. Essas criaturas perigosas gostam de viver em lagos onde é mais fácil arrastar crianças desavisadas para baixo d’água. Alguns os consideram bichos-papões aquáticos.
– Muito bem, Srta. Weasley. Dez pontos para a Grifinória.
O professor Hazel era muito alegre. Respondia atentamente a cada pergunta que lhe era feita. Alvo estava sentado na última carteira com Malfoy, folhando o livro novíssimo da matéria.
– Professor? – perguntou a voz suave de Rose. – O senhor poderia nos contar sobre os dementadores? Ouvi dizer que...
– Sinto muito, Srta. Weasley. – disse o professor com um ar tristonho. – Dementadores são estudados a partir do terceiro ano. Este ano estudaremos apenas feitiços de defesa essenciais. – ele voltou a sorrir.
Scorpio deu uma risada falsa. Alvo entendeu o por quê. Percebeu que Scorpio já havia aprendido muita coisa antes de se matricular em Hogwarts. Mas não era motivo para agir de maneira tão arrogante.
O sinal tocou. Todos foram se levantando das carteiras preguiçosos. Rose foi até a carteira de Alvo.
– Está gostando, Al? – perguntou Rose.
– Ah, claro. – respondeu automaticamente.
– Achei que você iria para a Grifinória. – disse ela, sem querer. – Quero dizer... Foi muito...
– Já entendi, Rose. Se decepcionei alguém, a culpa não foi minha.
Scorpio estava atrás dos dois, conversando com três alunos de sua casa. Mas logo se virou para Alvo.
– Que diabos vocês dois estão falando? – Scorpio já falava alto. – Potter, você não deve desculpas a ninguém por ter entrado para nobre casa de Salazar Slytherin. – Scorpio encara Rose. – E... Weasley...
O silencio tomou conta do ambiente por alguns instantes. Rose respirou fundo e saiu porta a afora. Alvo pegou seu livro da carteira.
– Vamos logo, ou iremos nos atrasar para a aula de herbologia.
Realmente. Chegaram alguns minutos atrasados na estufa do professor Longbottom. Alvo já o conhecia. Harry Potter era um grande amigo do professor. O visitava com freqüência.
Alvo e Scorpio se posicionaram no fim da mesa de vidro, onde se encontravam pequenas florzinhas cor de laranja cobertas por um plástico. Havia várias delas espalhadas pela grande mesa.
– Olá, Alvo! – exclamou sorridente o pançudo professor, parecendo não se importar com o atraso dos recém-chegados.
Alvo cumprimentou-o retribuindo um sorriso. Scorpio continuou seriamente desdenhoso, como o de costume.
– Muito bem. Na nossa primeira aula, iremos aprender a indentificar as partes venenosas dessas plantinhas que vocês estão vendo. Parecem inofensivas. E sim. Elas têm o poder de anestesiar dores e até mesmo curar ferimentos leves, como arranhões. Alguém pode me dizer que planta é essa?
Rose Weasley levantou a mão.
– São nabos solares.
– Correto. Dez pontos para a Grifinória. – disse o professor, erguendo uma das plantas.
Scorpio Malfoy reparou as feições de felicidade dos grifinórios presentes. Não se conteve:
– Nabos solares são plantas terrestres que só sobrevivem quando são regadas com sangue. A maioria delas é criada em estufas especializadas onde há muita luz do sol. Essa planta é uma mutação do nabo verde da Escócia. É também muito perigosa. Uma vez que alguém aspira seu aroma, se torna dependente e o excesso de absorção de sua substancia pode matar. Seu nome verdadeiro é Solaria Sanguinia.
Novamente silêncio. Scorpio ergueu uma de suas sombrancelhas para a menina ruiva Weasley. O professor pegou um regador pequenino que estava ao seu lado.
– Muito bem, Sr. Malfoy. Creio que agora nem preciso mais explicar. – deu um leve sorriso para a turma.
– Dez pontos para a Sonserina! – provocou Malfoy, secamente, imitando a voz engraçada de Longbottom.
O professor Longbottom se surpreendeu. Por um momento se desconcertou.
– Ah, claro, Sr. Malfoy. Dez pontos para a Sonserina. – falou baixinho, mas foi o suficiente para Alvo perceber que ele se chateara.
Os olhos cinzentos de Scorpio brilharam de malícia. Parecia que queria competir até com os professores. Era doentio. Rose o encarava com indignação. A voz de seu pai lhe passou pela cabeça, lembrando que ele havia dito para ela superar o tal Malfoy.
A aula passou rápida. Os alunos saíram da estufa carregando seus pertences. Alvo foi até o professor, que terminava de arrumar os vasinhos na prateleira.
– Professor Longbottom? – disse Alvo. O professor se virou para ele.
– Vai ser um ano e tanto pra você, não é, Al?
– Acho que sim. – Alvo riu. – Ainda mais agora...
– Ah, como você se parece com o seu pai... Harry ficaria surpreso por você ter ido para a Sonserina, mas nunca decepcionado. – disse Longbottom, gentilmente – Você será um grande exemplo de seu sobrenome, assim como seu irmão Tiago.
Alvo hesitou. Algo o incomodou na fala do professor.
– Não gosto que me avaliem assim. – respondeu Alvo Potter, sombriamente.
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