Espera e dúvida



Harry não era de jeito algum um garoto normal. Qualquer garoto normal estaria esperando com uma mistura de medo e vontade os resultados dos exames que decidiriam toda a sua carreira fora de Hogwarts, ou feliz por ter recebido uma carta de amor de uma menina que era considerada uma das mas bonitas de Hogwarts. Mas saber que em um dado momento de sua vida você vai se tornar um assassino ou uma vítima não faz de ninguém a mais ordinária das pessoas do mundo. Mas em uma coisa Harry poderia ser chamado de normal: ele aguardava seu aniversário esse ano com um nervoso maior que todos os outros, pois esse ano, pela primeira vez desde que foi para Hogwarts, ele ia passar pela data na Toca, tinha recebido um convite para sua própria festa dias antes e pela primeira vez, depois de ter recebido a carta, ele iria rever Gina.



Harry não respondeu a carta de Gina, afinal não sabia o que responder. Só sabia que toda vez que se sentia triste ele corria para o quarto para ler de novo, e de novo e de novo. Na terceira vez se pegou pensando nela de modo diferente. Como seria toca-la, beija-la, e não poucas vezes se viu em situação de ter que levar um fora dos tios por tomar um banho frio ou de relembrar a péssima experiência do primeiro beijo com Cho. Graças a essa carta ele via uma luz no fim do túnel do seu sofrimento, uma chance de recomeçar.



- Queria chegar logo na Toca e conversar com Gina. Talvez algo que ela diga ou faça me convença a enxergar o mundo com outros olhos. - Pensou alto.



Olhando ao redor ele viu seus tios e seu primo Duda olhando pra ele como quem olha para um louco na rua.



- Se você continuar a falar sozinho na minha casa, garoto, eu vou mandar te internarem no sanatório municipal. FIQUE AVISADO DISSO. – Gritou de mau humor Valter Dursley.

E então Harry pensou que o que quer que Gina fale para convence-lo teria de ser muito bom para mudar sua visão do mundo.



Passados três dias toca o telefone e por sorte Harry atende:

- Residência dos Dursley.

- Gostaria de falar com o senhor Harry Potter. È da biblioteca. Ele esqueceu de devolver alguns livros. – Responde uma voz feminina.

- Não precisa disfarçar. Eu sei que é você Hermione.

O coração de Harry batia na garganta. Será que seria esse o dia que ele sairia da casa dos tios? Afinal faltavam dois dias para seu aniversário.

- E eu achei que era o Duda. Como é que eu não reconheci a sua voz? Talvez seja porque ela está mais animada do que da última vez que a ouvi. Isso tem alguma coisa a ver com as correspondências?

Harry quase engasgou com a própria saliva e jurou ter ouvido uma reação parecida do outro lado da linha.

- Não se preocupa, não. O Ron e eu já sabemos e damos o maior apoio.

-Como vocês descobriram?

- O Ron andou investigando a correspondência da Gina pra tentar barrar qualquer carta pro Michael Córner que ela pudesse querer mandar e acabou descobrindo a carta que ela mandou pra você.

-Ah.

- Mas ele não me deixou ler. Disse que era confidencial. Mas eu ameacei contar pra Gina. Ela apareceu na hora...

- E jogou uma azaração no Ron!

- Nos estamos fora de Hogwarts. De férias. Ela não tem idade pra azarar ninguém. Mas, de qualquer jeito, ela escutou tudo e deu uma vassourada no Ron e me fez um breve resumo da carta que com certeza você vai me mostrar quando chegar aqui né?

- Eu tenho medo, Hermione. Medo de não sentir o mesmo, medo de magoa-la, medo de ter que abandona-la...

- Harry, isso são apenas provas do bem que você quer pra ela. Mas não é se negando a ama-la que você vai protege-la. Dê uma chance a vocês dois e ao amor que ela sente por você porque...

Nesse momento chega o Tio Valter e pergunta:

- O QUE VOCÊ TÁ FAZENDO NO TELEFONE GAROTO???? SAI DAÍ AGORA!!!!!!

A garota vendo que a coisa ia engrossar disse depressa:

- Harry, três horas nos balanços do parquinho. Amanhã. - E desligou o telefone.

Harry mais do que depressa afirmou para o tio que era engano e que no dia seguinte ia deixar a casa para ir passar o resto das férias na casa de seu amigo Ron.

- Quanto mais longe de você e do Valdequalquercoisa melhor pra mim e pra minha família. - Afirmou o tio.

- È verdade, quanto mais perto... Disse Harry pensativo.



Será que deveria ir para A Toca? Será que não estaria colocando seus amigos, sua família de coração e, principalmente, a mulher que ama, em perigo?

- Peraí! Eu pensei “a mulher que eu amo”. Não. Foi “a mulher que me ama”. Isso. Foi isso que eu pensei.

E passado o susto da afirmação Harry foi atender o chamado da tia para limpar a casa, o carro, aguar as plantas e, quando finalmente acabou percebeu que Hermione tinha razão. Fugir de quem ama não é a melhor forma de se proteger essa pessoa.

E sem esse peso na consciência tomou um banho rápido e foi dormir se preparando para se encontrar com todas as pessoas que eram tudo de bom que tinha na sua vida, no dia seguinte.

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