Capítulo II
Um mês depois, meu pai já conseguiu alugar sua clínica, comprar uma pequena casa no sul do Brasil, encaixotar tudo (claro que com minha ajuda, e da minha varinha), aprender o básico de Português e comprar nossas passagens. Esses dias de preparação passaram tão rápido. É claro que eu quero, e muito, entrar na Ordem, lutando pelo futuro que eu desejo. Mas ao mesmo tempo, não quero deixar meu pai, tão sozinho e tão vulnerável.
Minha mãe costumava dizer que eu agia como a adulta da casa, e que não deveria ser assim. Mas acontece que isso faz parte de mim, e ficou ainda mais forte agora que ela se foi. Eu sou a adulta agora, quem conduz meu pai em meio a essa confusão em que nossas vidas se transformaram.
No dia da tão esperada viagem pro Brasil, ele estava ansioso e bem animado. Iríamos deixar pra trás todos os 17 anos vividos naquela casa, prontos para um futuro (que esperamos que seja) mais animador. Mas eu não consigo ignorar o fato de que em breve, muito em breve, terei que dizer um Adeus pra ele. E o pior é que não sei quanto tempo ficarei sem vê-lo...
Já no Brasil, em uma semana conseguimos nos instalar na nova casa. O plano estava todo pronto, e pra concretizá-lo, eu precisaria da ajuda de Lupin e Tonks.
A nova casa era pequena, mas confortável, e nos adaptamos muito rápido a cidade. Nos divertimos andando a esmo nas ruazinhas pequenas, e nos perdendo nas ruas movimentadas do centro. Conversamos com os vizinhos, rimos falando um português embolado e cheio de sotaque, e com as caras das pessoas ao nos ver confundindo as palavras. Pena que hoje eu já iria embora.
Meu pai estava no jardim quando chegou a hora em que gastei tanto tempo pensando na melhor maneira de executar. Chamei Lupin e Tonks, me escondi atrás da sebe, mirei nas costas do meu pai e sussurrei:
-Estupefaça!
Assim que ele caiu, corremos até ele e o levamos até sua cama. Com a ajuda da Tonks, re-arrumamos o meu quarto de forma que ele virasse um quarto de hóspedes. Arrumamos as minhas coisas em algumas caixas e as deixamos no jardim. Corremos para o quarto do meu pai, onde Lupin já tava nos esperando. Respirei fundo e perguntei:
-E a memória dele?
-Já está alterada. Tudo está pronto.
Concordei com a cabeça e disse:
-Enervate!
Escondi minha varinha enquanto via ele abrir os olhos lentamente. Ele estava bem confuso, dava pra perceber. Depois de algum tempo ele olhou para nós três e disse:
-Quem... quem são vocês?
-Ah pobrezinho, bem como o médico falou. Calma, John (N.A.: Finjam que esse é o nome dele ;]) sente-se com calma.- Tonks começou a nossa atuação, falando com muita dificuldade um português arrastado.
-Que médico? Quem são vocês e onde eu estou?
-Calma, nós vamos tirar todas as suas dúvidas, amigo. – continuou Lupin, com um sorriso caloroso no rosto.- Nós somos os seus vizinhos. Eu sou Edgar, ela é Genevieve a e nossa filha aqui é a Lucy. Você está na sua casa, mas acho que você não lembra disso.
-Não, eu realmente não me lembro. Mas... porque eu não me lembro?
-Estávamos na nossa festa de despedida, porque vamos voltar para a nossa França hoje, e você escorregou perto da piscina e bateu a cabeça. Levamos você pro hospital na hora, e você acabou ficando lá uns dois dias, eu acho.
-Dois dias? – disse ele, botando a mão na cabeça
-Acho que sim.- Lupin respondeu.
Meu pai fez uma cara estranha, colocando a mão na cabeça, e continuou.
-E... e a Jane? – senti meu coração apertar. Não que eu não soubesse que essa pergunta ia chegar, mas doeu o ouvir dizer aquilo. Ele ainda não saberia o que aconteceu de verdade, e vai ficar sem saber por um bom tempo. Balancei a cabeça, tentando afastar os pensamentos que haviam me tirado boas noites de sono: a vida dele seria uma mentira. Tonks tratou de responder:
-Você não se lembra? Qual é a última coisa que você se lembra?
-Nosso casamento. O dia mais feliz da minha vida-ele sorriu.
-Ah, Jonh... sinto muito ter que dizer isso, mas vocês estão separados. Há 15 anos, pelo menos foi o que você nos disse.
-Separados? Há 15 anos? Quanto tempo da minha vida eu esqueci?
-Provavelmente, se minhas contas estiverem certas- eu tomei a palavra.- 17 anos.
-O quê?-ele se levantou-17 anos? Eu não posso ter simplesmente esquecido 17 anos da minha vida! Não posso!!!
-Calma, companheiro, vamos tentar te ajudar. Iremos viajar de noite, mas te ajudaremos ao máximo. O que você nos contou em todo este tempo em que somos vizinhos foi que o casamento de vocês durou dois anos, e após essa briga que vocês tiveram, se separaram. Você continuou na casa e ela foi para os Estados Unidos... vocês nunca mais se falaram.
Ele voltou a se sentar. Cortou meu coração ver meu pai assim... e o pior é que ele nem sabia que o que aconteceu de verdade foi mil vezes pior. Me segurei pra não deixar nenhuma lágrima cair.
-=-=-=-=-=-
-Sinto muito que tenhamos que ir agora, Jonh... Nosso vôo sai em três horas, precisamos ir para o aeroporto agora. Quando nos estabelecermos na nossa nova casa, lhe mandamos uma carta.
-Certo, vou ficar a espera.
-Então, vamos?
Olhei para o meu pai. Depois de algumas horas de conversa, ele parecia bem melhor. Ainda confuso e bem chateado pela perda de memória, claro, mas se sentindo bem. Acho que ele está pronto para sua nova vida. De repente, tive o estalo. Corri até a minha mala e peguei a minha câmera fotográfica trouxa:
-Uma foto! Vamos tirar uma foto de recordação!
Fizemos pose e logo fomos cegados pelo flash. Logo chegou a hora de nos despedirmos. Eu não queria que aquele momento chegasse, mas era preciso. Antes de irmos, nos certificamos de que ele tinha tudo necessário para viver bem até arranjar um emprego ou ganhar na loteria, quem sabe.
Olhei uma última vez pra ele. Caramba, isso tá sendo mil vezes mais difícil do que eu imaginei, ter que dizer adeus. Tonks me ajudou, me puxando pra porta antes que eu pudesse arranjar mais uma desculpa pra ficar mais um tempo ali.
Uma vez fora da casa, simplesmente giramos em nossos calcanhares e aparatamos, aparecendo instantaneamente na nova sede da Ordem da Fênix. Lupin me falou sobre ela antes da nossa “encenação”. Desde que Snape se mostrou um traidor, não era mais seguro ficar na casa que Sirius tinha cedido pra nós, além de quê ninguém agüentaria ficar lá sem chorar um pouco. Então, Shacklebolt se disponibilizou e fez do casarão em que ele morava sozinho a nova Sede. Eu estava ansiosa pra conhecer a casa, mas nada que se compare com a minha ansiedade pra ver meus amigos.
Assim que chegamos na rua da sede, o cheiro de grama molhada chegou nos nossos narizes. A rua é linda, cheia de mansões, cada uma mais linda que a outra. Caminhamos até a de número 154, onde uma casa de 3 andares, azul e imponente, se erguia. Enquanto andávamos, a minha curiosidade foi maior e eu disse:
-Os trouxas podem vê-la?
-Não exatamente. Eles só conseguem enxergar uma casa antiga, que mancha a rua cheia de casarões. Mas eles não podem derrubá-la, é tombada pelo governo. (N/A: Não sei se isso pode acontecer nos livros, construir uma casa bruxa “sobre” outra trouxa, mas foi a idéia que eu tive.)
-Ah, entendi.
Tonks já nos esperava com a porta aberta. Entrei correndo, com meu coração acelerado: vou rever Harry, Gina e... Ron. Não preciso nem dizer que meu coração deu uma volta completa só de pensar no seu nome.
-Ô de casa!!-ela gritou
-Já chega gritando, vê se pode uma coisa dessas.-pude ouvir Moody resmungando.
-Hermione, querida!- de repente fui abraçada carinhosamente, mas foi tão rápido que nem pude ver quem era. Reconheci a Sra. Weasley como dona daqueles braços.-Como você está, nossa mais nova maior de idade?
-Eu estou bem, Sra. Weasley, obrigada.
-Que bom, querida. E você, Tonks, parece cansada...
Olhei em volta. Gina já estava correndo em minha direção. Outra que não me deixou nem respirar. Deve ser coisa de família.
-Hermione!!! Que saudades de você!
-Ah, Gin, eu também estava morrendo de saudade. Que droga, você tá mais alta que eu. Será que eu to destinada a ser a baixote da história?
Ela riu e me deu mais um abraço antes de continuar:
-Vamos, todos querem te ver. Harry deve estar na cozinha com o Ron, ‘bora lá.
Depois de muita dificuldade pra atravessar aquela sala no meio de tantos abraços e boas-vindas, chegamos a cozinha. Ron estava procurando alguma coisa na geladeira, mas Harry já estava ao lado da porta.
-Hermione, finalmente você chegou!
-É, Harry. Eu tava com tantas saudades de vocês!
Depois de um abraço daqueles que deixam traumas pro resto da vida, vulgo Quebra-costelas, me virei pro Ron. E quando eu digo que eu preciso aprender a me controlar mais, eu não to mentindo.
Só de vê-lo na minha frente... Aquele garoto grande e desengonçado que me fazia tremer nas bases, que aparecia nos meus sonhos, tão perto mais ao mesmo tempo tão longe. E o pior é que eu nem tenho certeza se a coisa precisa ser assim, mas não quero pagar pra descobrir.
-O-oi Ron.
-Hermione!! Cara, por que você demorou tanto?
-Eu tava meio cansada de vocês e resolvi dar um tempo e...
Aquele olhar dele deu pena, tadinho. Mas que foi engraçado, foi. Essa coisa de ser irônica até que é legal de vez em quando, mas minha mãe sempre disse que eu não tenho talento pra isso. Por causa disso nunca exercitei meus dotes irônicos.
-É brincadeirinha, Ron!
-Ah tá, eu já tava acreditando!
E assim se passou mais uma noite na minha vida, com a diferença de que foi uma noite bem mais agradável.
-Chega! Chega de relembrar, isso cansa!
Aqui estou eu, deitada na bicama de um dos vários quartos do casarão de Shaclebolt, relembrando os mais dolorosos dias da minha vida. Agora eu faço parte, oficialmente, da Ordem da Fênix. Estamos numa guerra contra Voldemort e seus comensais, e o maior desejo que eu tenho agora é, simplesmente, matar Draco Malfoy. Eu posso até dizer que esse é meu objetivo de vida, depois, talvez, de me casar com Ronald numa capela pequena e branquinha, com muitas rosas brancas espalhadas pelo lugar. Mas abafa, porque isso era meu segredo.
Gina abriu a porta do banheiro, me fazendo dar um pulo.
-Hermione, você não está ouvindo eu falar com você?
-Desculpa Gin, não ouvi não. O que você disse?
-Eu tinha perguntado se você falou comigo.-ela repetiu.
-Não, eu tava falando sozinha. – Ela riu. Tá, eu também ri, isso foi ridículo. Mas o que eu posso fazer, eu falo sozinha mesmo.
Olhando agora, esses meus últimos dias foram muito depressivos. Tô doida pra voltar pra Hogwarts; manter a cabeça ocupada é o melhor remédio. E quer algo melhor do que livros de 500 páginas pra se manter ocupada? E, conhecendo o Harry e o Ron como eu conheço, não tem como ser um ano calmo.
Gina se trocou e se sentou na minha frente.
-Então, pode começar.
-Pode começar o quê?
-A me atualizar, é claro! Como forma seus últimos dias? Como você se sente sendo uma membra da Ordem?
-Gi, eu to me sentindo numa entrevista assim.
-É só você começar a me contar que eu calo a boca.
-Quer saber? Tenho certeza de que as suas férias estão sendo muito mais interessantes que as minhas.
-Mas...
-Eu não quero falar sobre isso. De verdade. – Pude ver nos seus olhos que ela entendeu. Resolvi deixar a melancolia de lado, sorri e continuei. –E você e Harry? Como estão?
Ela bufou, jogando os cabelos pra trás. Isso não é bom sinal, nunca!
-Na mesma, Hermione. Ele, cego como só o Harry Potter é. Não percebe nada, nenhum dos sinais que eu mando, sabe? E o perfeito idiota do meu irmão é outro tapado. Ele não percebe que eu quero ficar sozinha com o Harry, está sempre por perto.
Sorri enquanto ela falava. A isso eu já estou bem acostumada, as explosões de raiva da minha amiga. Não posso deixar de pensar, em como é bom estar aqui!
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-Gin, acorda de uma vez! Sua mãe tá chamando pra tomar café.
Em alguns minutos estávamos completamente vestidas e descemos juntas para tomar o café da manhã. A mesa (gigante, diga-se de passagem) já estava cheia, então foi cada uma para um canto dela. Assim que acabamos, Lupin já estava de pé, chamando os membros pra uma reunião:
-Hermione, se apresse, sim?
-Claro!- disse, enfiando o último pedaço de pão na boca. Me levantei e senti a mão de Rony segurar na minha, me dando calafrios por todo o corpo.
-Você vai nos contar tudo depois, né?
-V-vou sim Ron, fica tranqüilo. –Idiota, porque eu tenho que gaguejar quando falo com ele? Também, isso que ele fez não se faz, me pegar de surpresa. O que importa é que eu me recompus e fui pra sala de reuniões.
-Então, como não temos nenhuma novidade sobre qualquer ação de Voldemort ou de seus seguidores, temos que começar a agir. Shacklebolt ficará responsável...
A reunião foi demorada e no fim das contas, poucas coisas foram decididas: o mais importante foi que alguns membros sairiam em missão, e eu não estava incluída nisso. E o assunto que mais me interessava, a localização do Malfoy, nem foi citado. Por isso esperei até quase o fim da reunião pra me pronunciar:
-Com licença, desculpe. Alguma novidade sobre o Malfoy ou sobre os envolvidos na chacina?
-Infelizmente não, Hermione. Estamos trabalhando para encontrarmos o máximo de detalhes sobre isso, mas nada de novo. Somente o fato de que o Ministro dos trouxas já lhes informou que os responsáveis pela chacina são um “grupo terrorista”, como eles dizem, que envolve pessoas de vários países. Isso não chega a ser verdade, por que todos os comensais envolvidos são ingleses, mas ele quis evitar um Incidente Diplomático.
-Certo.
Não pude esconder meu desapontamento. Nenhuma novidade sobre aquele maldito ser, nada de novo! Além disso, não fui incumbida de missão alguma. Não que seja ruim ficar o dia inteiro aqui, mas eu pensei que ao entrar na Ordem, as coisas seriam mais... excitantes. Eu sei que o próprio Lupin já havia me dito isso, mas fiquei desapontada mesmo.
-Hermione, as coisas não vão ficar assim. Vamos encontrá-lo, e todos os responsáveis. Só tenha um pouco mais de paciência, ok?
-Vou ter sim, obrigada.
Olhei em volta. Não havia mais ninguém na sala. Me despedi do Lupin, que estava arrumando alguns mapas e documentos, para encontrar os meninos, e informá-los sobre a reunião. Mas tudo que encontrei nesse labirinto que chamam de casa, foi uma Sra Weasley com uma vassoura na mão:
-Ah, Hermione, que bom que você passou por aqui. Eu estou precisando de uma mãozinha com a limpeza, você se importa?
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N/A: Heii, como vocês estão? Espero que bem! Espero que as festas de Natal e de Ano-novo tenham sido boas.
Antes de mais nada quero me desculpar pela demora. Eu viajei um pouco antes do Ano-novo e todo o texto que eu tinha escrito ficou no meu computador, e não no laptop. E eu sei que, devido a demora, eu deveria ter feito um capítulo maior e melhor, mas... sinto dizer que não ficou nada disso! Tá, podem me torturar, eu mereço. Eu não gostei desse capítulo, ele não queria sair de jeito nenhum. E quando cheguei na parte em que a Mione está na sede da Ordem, ficou ainda mais difícil escrever alguma coisa boa.
Agora, eu sei que vocês querem ler sobre o Draco também, e eu estou doida por essas partes, mas eu ainda na sei se ele ainda já vai aparecer no próximo capítulo, infelizmente. Mas eu tenho boas ideias pra quando ele aparecer =D
Importante: finjam que a Hermione faz aniversário antes do Harry e o Ron. Finjam também que só ela tem 17 anos.
Agora, vamos aos comentários. Agradeço muuuito a quem comentou, é tão bom saber que alguém leu =D Peço que comentem mais, vão me deixar muito feliz. E eu preciso saber o que vocês estão achando, aonde eu tenho que melhorar, se alcançou as suas expectativas... enfim, comentem bastante, elogiem, digam o que acham/esperam que vai acontecer, e critiquem (mesmo) também!
Agora deixa em calar a boca (ou no caso, parar de digitar), senão o N.A. vai ficar maior que o capítulo!
Respostas aos comentários:
Jess Black. Obrigada por comentar!! É, o primeiro capítulo foi mesmo bem down. Mas eu adorei escrevê-lo! As partes do Draco e da Hermione tão quase prontas, to doida pra que chegue logo a hora de postar aqui. Sobre o seu comentário na minha songfic, ela não tem nada a ver com essa fic não. Ainda (quem sabe mais pra frente eu encaixe aqui?). E desculpa pela demora, viu?
Mi Malfoy Quem bom que você gostou! Esse cap não tá tão bom quanto o outro, mas espero que também goste. Eu não escrevo tão bem quanto você, mas acho que dá pro gasto aauhsauhsuhau. Continue acompanhando, flor!
Agatha Fiquei muito feliz por ter gostado da fic. Apesar da demora, o capítulo finalmente chegou. Obrigada por ler e comentar *-*
Depois de tanta enrolação, this is it...
Beijos!
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