Capítulo III



Os dias estão passando cada vez mais lentamente. Nada de novo acontece aqui... De vez em quando temos reuniões, mas nada de novo é dito, nenhuma missão que eu possa ir. E agora que a arrumação que a Sra Weasley quis fazer já acabou, não tenho como gastar meu tempo. Harry e os Weasley costumam jogar muito quadribol, mas eu não tenho o menor saco para isso. As vezes eu fico lendo, outras horas vou para cozinha preparar o almoço ou algum lanche.


Gina tem sido minha companheira de conversas e minha salvação, juntamente com Tonks. Isso é, quando ela não está em missões. Conversamos sobre tudo: música, beleza, animagalia (somos fascinadas por isso), feitiços, moda, contamos piadas e histórias. Só saio da conversa quando o assunto é... garotos. O problema é que elas adoram falar sobre isso. E a Gin já percebeu que eu sempre dou um jeito de escapar nessas horas, e vez ou outra tenta falar sobre esse assunto. Mas eu não tenho a mínima coragem de falar sobre isso! E as vezes parece que ela sabe sobre meu amor pelo Ron, o que não é nada bom. Eu tenho tanto medo de falar sobre isso, sei lá por quê. Eu simplesmente não nasci para lidar com isso.


Engraçado que eu sei interpretar e lidar muito bem com o amor dos outros, mas não com os meus próprios sentimentos. Tá, não preciso ser tão dramática assim, mas acontece que eu não sei lidar com os meus sentimentos amorosos, só. De resto até que eu sou bem resolvida.


Mas agora, depois dessa tese sobre mim mesma, eu REALMENTE preciso arranjar alguma coisa pra fazer, urgente. Talvez sair um pouco, relaxar a cabeça.


-Sai da minha frente, Harry. - Enquanto eu andava distraidamente pelos corredores da mansão (ou melhor, me perdia pelos corredores), ouvi a voz nada calma e doce da Gina falar perigosamente em algum lugar próximo. Me virei procurando onde ela poderia estar.


-Não antes de falar com você. - Onde eles estão, caramba? Olhei para o corredor que virava para a direita. Dei alguns passos na direção dele e pude ver as sombras dos dois. Eu sei que isso não é o mais certo a se fazer, mas eu não resisto. Há tempos que o Harry e a Gina faziam essa novela, e eu quero acompanhar cada capítulo. Apesar disso me cansar, deixar a minha amiga triste e fazer o Harry perder horas de sono, eu sei. Não entendo porque eles simplesmente não enxergam que se amam! Se eu tivesse como saber se o Ron... esquece, Hermione, foco na novela.


-Mas eu não quero falar com você, então será que você...


-Não. Me escuta, só hoje.


-Eu já cansei disso Harry! Cansei de correr atrás de você. Eu já te disse tudo que eu sinto por você, mas eu decidi que eu não vou te esperar. Você teve a chance de dizer tudo ontem. Agora, já é tarde.


-Eu pensei melhor Gina.


-Sério? Você conseguiu pensar mesmo depois de tudo que você me disse ontem? Porque eu não consegui nem dormir depois daquilo!!- Tudo bem, eu não estou entendendo mais nada. A ruiva sempre me diz tudo que acontece entre eles, mas ela não me contou nada sobre essa conversa. Mesmo sem ver, eu sei que o Harry está nervoso, mexendo no cabelo.


-Você sabe porque eu falei aquilo, não é? O Ron vai me matar Gina, mas eu decidi que...


-Eu não quero saber o que você decidiu. Se agora você me quer, eu sinto muito. Não tem mais volta.


No momento seguinte, um vulto vermelho passou por mim. Saí correndo atrás dela, que se dirigia até o nosso quarto. Abri a porta temerosa e a encontrei jogada no chão, chorando tanto... fiquei com tanta pena da minha amiga.


-Gina, ah, Gina! Calma, vem aqui pra cama, sai do chão.


Com muito esforço consegui colocá-la na cama. Quando ela se acalmou, eu consegui fazer com que ela falasse o que aconteceu. Na verdade, a primeira coisa que ela conseguiu falar foi alguns palavrões bem espinhosos, dirigidos pra todos os antecedentes do Harry, e pra ele também, é claro. Depois de muito tempo ela explicou que não tinha me falado nada porque ela teve aquela conversa na madrugada anterior, quando foi pegar água na cozinha.


-Mas Hermione, esquece isso... eu quero esquecer isso, e vou precisar da sua ajuda.


-Tudo bem, eu já esqueci.- sorri pra ela.


-Eu tava querendo falar contigo. Esses últimos dias você tem estado tão pra baixo. Tá tudo bem com você?


-Tá sim, é só que... tem sido bem monótono pra dizer a verdade.


-Eu sei como é, Mione. Mas você tem que aproveitar a sua maioridade, querida. Viajar um pouco quem sabe.


-Eu não sei se vão deixar. E se precisarem de mim em algum momento em que eu estiver fora? E...


-Você nunca vai saber se vão deixar se não perguntar! E se precisarem de você... pelo amor de Deus, Mi, você é bruxa e sabe aparatar, né?- ela deu uma risada enquanto falava. Aparentemente, ela já esqueceu a briga. Adoro essa capacidade da Gina de esquecer as coisas rápido assim.


-Quer saber, você está certa. Eu tô mesmo precisando viajar, eu quero ficar sozinha, não ter horários.


-Conhecer alguém...


-Ah Gi, faça-me o favor!


Rindo, saí do quarto, ainda ouvindo os gritos da minha amiga “-Eu tô falando sério!”. Em meia hora uma reunião vai começar. Desci as escadas correndo, o que, claro, me fez bater de cara em alguém e quase me levou ao chão. Quase, porque seja lá quem for a pessoa, me segurou rapidamente. Levantei os olhos, só para corar. Ronald estava ali, me segurando, tão perto dele...


-Hermione, você anda muito distraída. Quase que você cai agora!


-Sério, Ron? Nem tinha percebido!


-Ha ha há. O pessoal já está chegando para a reunião.


-Ah, obrigada.


Corei ainda mais e resolvi sair correndo, pra que ele não perceba. Meu Deus, como eu odeio isso!


Lá embaixo, encontrei algumas pessoas já esperando pelo horário da reunião. Aproveitei o tempo para conversar com a Tonks.


-Tonks!


-E aí, Hermione? Beleza?


-Mais ou menos. Mas eu tava querendo saber a sua opinião sobre uma coisa.- ela ficou mais séria antes de me responder.


-Pode falar.


-Eu... bom, provavelmente não vão me dar nenhuma missão hoje, então eu tava pensando. Seria incrível se eu pudesse dar uma saidinha, ou melhor, uma viajada.


Ela ficou em silêncio por alguns momentos antes de dizer:


-E você quer saber o que eu penso sobre isso? Eu acho uma boa idéia, você tem estado muito presa aqui, não é? Vai fundo, converse com o resto do pessoal. Acho que eles vão deixar.


-Obrigada, Tonks. Ah, a reunião vai começar, vamos.


Entramos juntas na sala e nos sentamos. Mais uma vez, começou aquela reunião cansativa, monótona e repetitiva, igual a todas as outras. Eu sei que eu deveria prestar atenção e aproveitar e tudo mais, mas não tá dando. Eu estou tremendamente entediada. Esperei com uma paciência de Jó aquilo tudo terminar. Quando essa hora chegou, eu me levantei e andei até o círculo onde estavam uns cinco membros da Ordem e me pronunciei:


-Com licença. Oi. Será que eu posso falar uma coisa com vocês rapidinho?


Olharam todos pra mim, me deixando nervosa. Repeti o que eu disse para a Tonks uma hora atrás, cruzando os dedos pra que eles me permitissem. Quando acabei, pude ver eles se entreolhando. Moody falou:


-Você pode nos dar um minuto para discutir a situação, Granger? Já te chamamos.


Algum tempo depois, saíram todos da sala e se dirigiram a mim:


-Sim, você pode fazer a sua viagem. Mas pra isso, você tem que nos informar de tudo, como você já sabia.


-Informar tudo, como lugar, tempo que vou ficar fora...


-O que você vai fazer, tudo isso.


-Ah, certo, então eu vou pensar sobre isso e digo pra vocês.


Saí aos pulos, seria tão bom deixar um pouco essa mansão! Respirar ar puro, tudo que eu quero agora. Mas a grande questão é: pra onde eu vou? Eu não tenho um monte de dinheiro pra sair gastando por aí, então eu tenho que ir para algum lugar próximo. Pense Hermione, pense em algum lugar que você conhece... Aqui na Inglaterra, como é mesmo o nome? Windsor!


Winsor é a pequena cidade onde minha mãe nasceu e se criou. As vezes, voltávamos lá, só pra ela matar as saudades. É uma cidadezinha de ar agradável, com uns lugares bem baratos pra passar a noite, perfeito!


Corri procurando o Moody, a Tonks, alguém! Finalmente, depois de me perder no 2° andar, os encontrei, repassando mais informações da reunião. Como eles podem ter tanta coisa pra falar e fazer, e eu neca? Isso é perseguição!


-Licença. Eu já tenho as informações que vocês precisam. - Me sentei e continuei.- Eu vou pra Winsor amanhã de manhã, cedinho. Vou ficar uns... cinco dias, pode ser? Vou terça e volto sábado.


-E o que você vai fazer por lá?


-Eu vou só descansar e me distrair. Aproveitar para andar.


Moody me olhou desconfiado, mas todos concordaram. Agora é só fazer a mala e escapar para meus cinco dias de liberdade!


-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-=-


 São sete horas da manhã. Sete! E eu já estou aqui nesta estação fria, nessa manhã fria dessa cidade fria! Não sei o que me deu, mas eu levantei com a inocente vontade de viajar ao modo dos trouxas. Pra que? Pra morrer de hipotermia, é claro. Eu sou um gênio.


Resumindo a manhã sonolenta de hoje, eu estou na estação de King Cross esperando o abençoado trem que vai me levar para Winsor. Mas estar aqui inevitavelmente me lembrou de Hogwarts... caramba, como eu sinto falta daquilo. Esses dias tão me dando a impressão de que esse ano, eu não vou voltar pra lá. Eu nem tinha falado isso, né? Mas então, parece, eu não tenho certeza, mas parece que só quem vai voltar pra Hog é a Gina, por ser de menor. O Harry e o Ron vão fazer aniversário antes de setembro e vão entrar pra Ordem. Ó mundo cruel, eu não vou poder nem me despedir da minha escola?


O trem quentinho chegou, e em duas horas, eu cheguei na cidade que vai ser o meu pequeno refúgio. Chegando aqui, a primeira coisa que eu tenho que fazer é tirar todos os meus casacos. Sinceramente, eu adoro uma neve, mas eu não nasci pra viver como um urso polar! Sou mil vezes mais o calor.


Sentir o ar daqui traz tantas recordações, tantas lembranças boas. Eu já devia procurar um lugar pra dormir durante esses dias, mas isso pode esperar até o anoitecer. O mais importante é aproveitar a sensação de estar de volta nesse lugar depois de uns 10 anos.


Me lembro bem de passear por essa cidadezinha quando eu era uma criancinha, com minha mãe e meu pai. Aqueles tempos eram tão bons... Minha mãe estava radiante em ver a pequena cidade onde ela nasceu, novamente. Como dói lembrar dela! E como desperta a minha raiva! Eu estava tentando ao máximo não pensar nos meus pais, mas tô vendo que aqui vai ser impossível não fazer isso.


Agora, alguém me diz, pra que um sol tão forte? Já tá me fazendo suar (eu sei, eu reclamo demais! Eu não era assim não, mas convivência com o Ronald tá piorando a situação.), ainda mais com essa mochila pesada. Tinha uma sorveteria em algum lugar por aqui, só preciso procurar um pouco. O centro daqui tá lotado, mesmo sendo uma cidade pequena como essa.


Estanquei de imediato. Alguns metros a minha frente, uma cabeçola com cabelos quase brancos, me cegando com o Sol. Ele é alto o bastante pra se sobressair nesse mar de gente. Não faço ideia de quanto tempo fiquei ali, parada, olhando para o ponto onde ele estava antes. Meu coração acelerou. Era ele, tinha que ser.


E eu vou matá-lo.


Tá, a primeira coisa que passou pela minha cabeça foi: “Ah não, já vai atrapalhar o meu descanso!”. Eu desejei tanto esse momento e agora, só o que eu sinto é uma espécie de torpor, não sei explicar. Como se estivesse num sonho, ou num pesadelo, como é o caso.


Well, eu sabia que eu iria me vingar mais cedo ou mais tarde e a hora é agora. Olhei em volta e ele não está mais a vista. Corri na direção em que ele andava antes, jogando as pessoas para o lado na minha pressa e corrida desembalada. Eu não posso perdê-lo, não agora, não tão perto! Por favor, um pouco de sorte na minha vida não é pedir demais!


Avistei o Malfoy novamente. Meu coração deu uma volta completa no peito. O que diabos eu vou fazer agora? Apertei o passo, respirei fundo e olhei em volta. Do meu lado direito tem um beco sem saída, cheio de lixo e escuro. Perfeito: como as ruas estão cheias ninguém vai perceber nada. Eu acho, ou pelo menos, é o que eu espero. Tirei a varinha do bolso bem discretamente e entrei em ação.


Tudo aconteceu em uma fração de segundos. Ao mesmo tempo em que encostei a varinha bruscamente em sua costela, o puxei com toda a minha força para o beco. O joguei para a parede, ainda com a varinha contra ele. Meu coração tá sambando freneticamente aqui e parece que eu corri uma maratona, mas nada disso importa agora.


-Quem é você e o que você quer?- ele disse num fôlego só. Dá até pra sentir a tensão dele.


-Hermione Granger, e eu quero você morto.


Ele parou de respirar, assim como eu.


-E eu posso saber porque você quer a minha morte?


Não preciso nem dizer o que eu senti. Basta saber que todo o ódio que eu senti por ele durante seis anos não chegaram nem ao pé do que eu senti nesse momento. Eu usei toda a minha força de novo para empurrá-lo pra longe de mim, com a varinha apontando pro seu peito.


-Seu desgraçado! Você quer que eu te refresque a memória? Ou posso ir direto pro final?


-Eu não sei do que você está falando.


-Ah não sabe? Coitadinho de você, deve estar PERDIDO!- Merd*. As lágrimas estão chegando. Olhar pra cara dele está me enojando e só me faz sentir mais a dor de perder minha mãe. Tudo por causa dele, desse maldito!


-DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO?- Dá pra ver o quão nervoso ele está, mas com certeza não é nem metade do nervosismo que eu tô. Malfoy não tirava os olhos da varinha. Isso me lembrou que o melhor é acabar logo com tudo isso.


-EU TÔ FALANDO DAQUELA CENTENA DE TROUXAS ASSASSINADOS! E chega de joguinhos, Malfoy. Avada Ked...


-NÃO!


Eu vi o pânico encarnado nele. E parei quando ouvi o grito. Ele respirou fundo antes de fechar os olhos e começar:


-Eu não vou mentir. Eu fui o responsável pela chacinada Conferência da ONU. Mas eu não tive escolha.


-Ah é?- eu ri irônica – E o que eles fizeram pra te forçar? Lançaram um Imperius em você?


-Não.


-Sendo assim, não vejo NADA que justifique a sua covardia!


-Não fale sobre as coisas que você não sabe, Granger. - ele fez uma pausa, enquanto pressionava as costelas que eu tinha machucado. - Eu estava pensando seriamente em fugir, deixar de ser comensal. A realidade que eu estava vivendo era muito diferente do que eu sonhara. As missões que o Lorde das Trevas fazia que cumpríssemos... eram horríveis. Então eu estava me decidindo por deixar isso pra trás, procurando maneiras. Mas ele não deixa ninguém simplesmente ir embora tranquilamente. Ele me deu um ultimato: ou eu cumpria todas as suas ordens sem questionar, ou meus pais morriam. Eu não podia dizer não! Eu não podia entregá-los a morte!- o tom de voz dele é tão angustiado que por um segundo me faz pensar que tudo é verdade. Tive a sensação de respirar pela primeira vez desde que ele começou a falar. Ele continuou:


-A primeira ordem que ele me deu foi a de “pensar e organizar algo que abale os trouxas. Algo que os deixem desnorteados, em completo pânico. Mostre a eles que existem pessoas muito mais poderosas e fortes, que podem controlá-los a qualquer momento.” E a condição que ele me deu foi que deveriam haver mortes. E foi o que eu fiz. Organizei cada parte do plano, para que tudo saísse impecavelmente.


-Então você organizou friamente detalhes das mortes de centenas de pessoas. Sem nenhum momento de dúvida?


-Não havia momento para dúvida, a vida dos meus pais estavam em jogo!


-E a vida de outros muitos pais também! Você já parou para pensar que todos aqueles trouxas tinham família? Tinham pessoas esperando ansiosamente pela sua volta? VOCÊ PAROU PRA PENSAR EM QUANTAS VIDAS VOCÊ DESTRUIU???


-JÁ! EU JÁ PENSEI NISSO! MAS EU NÃO SOU FORTE, GRANGER, NUNCA FUI! EU NÃO PODIA PERDÊ-LOS!


-É uma pena que você seja tão fraco Malfoy. Avada Kedra...


-EU JÁ DISSE QUE NÃO! NÃO AGORA! SE VOCÊ QUER ME MATAR, VOCÊ VAI TER ESSA CHANCE, MAS NÃO ME MATE ANTES QUE EU FAÇA TUDO QUE EU TENHO QUE FAZER!


Respirei fundo, com as lágrimas nos olhos.


-O que você pode ter para fazer agora?


-Destruir Voldemort. Ou pelo menos tentar.


Você pode imaginar a minha cara nesse momento, né? Para ajudar: era uma cara de Como é que é? E foi exatamente isso o que eu perguntei. Ele se encostou na parede, cobrindo o rosto com as mãos, falando:


-Nada adiantou. Cumprir as ordens do Lorde dos Infernos não adiantou. Um dia, logo após a chacina, ele me chamou à sua sala. Meus pais estavam lá. Ninguém sabia o que ia acontecer. Então ele se levantou e...


FLASHBACK


-Que bom que todos estão aqui.- aquela voz sibilante e fria cortou o silêncio, fazendo com que todos os presentes sentissem um calafrio.-Acho que podemos começar.


Voldemort se levantou, terrível e sacou sua varinha. Por um tempo, pareceu se esquecer que havia alguém com ele, alisando sua varinha com os dedos finos.


-Narcisa... Será que pode se aproximar? Assim está ótimo, sob a luz. Agora... Crucio!


No mesmo momento a mulher se jogou no chão, se contorcendo e gritando. Os dois homens loiros que estavam na sala abriram as bocas num perfeito sinal de terror. O mais novo dos dois gritou:


-Pare! Pare, por favor, pare! Eu cumpri as suas ordens!


-Você, Lúcio. Se aproxime também.


O homem ficou parado no mesmo lugar, imóvel.


-Eu disse se aproxime. Imperio!


Lúcio se aproximou relutantemente, os olhos expressando todo o medo.


-Crucio!


Foi uma repetição horrível, com todos os gritos e lágrimas. Quando Voldemort se contentou com a tortura, decidiu acabar com tudo de uma só vez.


-Os dois não me são mais úteis, Draco. Avada Kedrava!


O raio verde que iluminou o quarto mostrou os olhos cinzas do Malfoy que havia sobrevivido. O que se podia ver neles era uma mistura de ódio, dor, medo e confusão.


-Você... Eu cumpri todas as suas ordens. Tudo. Você os matou... do mesmo jeito. Você os matou!


-Eu nunca disse que não os mataria. E além do mais, isso mostrou pra você o quê acontece com aqueles que se tornam inúteis, e com aqueles que ousam pensar em fugir. Que fique a lição. Você pode ir.


O garoto se forçou a se mover. As pernas pareciam pesar toneladas, e a porta não aparecia. Com muito esforço, ele conseguiu sair.


FIM DO FLASHBACK


-Ele os matou do mesmo jeito. E agora eu vou vingá-los. Eu quero matar ele.


Eu simplesmente não sei o falar, o quê fazer. Será que tudo isso é verdade? E se não for? A chance de vingar a morte da minha mãe está aqui na minha frente! E mesmo que isso seja a verdade... ele ainda assim foi o responsável. Ainda assim, Malfoy a matou.


-Expelliarmus!


Merd*! Mil vezes merd*! No meio dos meus devaneios, Malfoy se aproveitou e sacou a varinha. O tempo todo eu estive atenta, e na única hora em que a minha atenção fraquejou um instante, eu pus tudo a perder. A varinha dele, a primeira coisa que eu devia ter me preocupado, estava no bolso traseiro, e ele pegou sem que eu percebesse.


Com a força do feitiço, eu bati contra a parede e minha varinha foi parar nos seus pés. Ele a guardou e disse:


-Desculpe, Granger, mas eu não posso perder a chance que eu estou tendo. Eu consegui fugir e agora vou até o final. Quanto a você... Petrificus Totalus.


Senti meu corpo todo endurecer e caí no chão com barulho. A única coisa que eu consigo fazer agora é ouvir os passos dele se distanciando. Ah meu Deus, ele não vai me abandonar à morte aqui, vai?


-É, não tem outro jeito. Vai ser isso que eu vou fazer. Tá na hora da gente ir.


“Hora da gente ir”? O que ele quer dizer com isso? Pude ouvir ele mexer na mochila e andar, até que ele ficou no meu raio de visão, com alguma coisa na mão. Parece um pano enorme. Ô-ôu, não sei por que, mas eu não tô gostando disso.


-Eu não posso simplesmente te deixar aí pra morrer, nem posso te deixar livre pra chamar os seus amiguinhos até aqui e me matar. Então eu não vejo outra opção, se não...


E ele colocou o pano sobre mim. Se desse pra falar qualquer coisa petrificada, eu falaria tanta coisa feia que até me deixariam envergonhada depois. De repente eu senti meu corpo sair do chão. Maldito, ele tá me levando para algum lugar. Ele tá me sequestrando! As lágrimas com puro ódio começaram a descer assustadoramente rápido. Uou, essa é nova pra mim, estátuas que choram!


40 minutos de caminhada depois, pude sentir que descíamos algumas escadas, até que finalmente parecemos chegar. Ouvi o barulho de chaves e de uma porta sendo aberta.


-Bem-vinda a minha humilde casa.


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N/A: Podem me bater, me torturar, me xingar... tudo bem! Eu sei que eu demorei, desculpas sinceras! Mas dessa vez foi mais rápido que da última, né?
Então, como sempre, espero que você estejam bem, aproveitando esse restinho de férias. Eu estou! E vou tentar aproveitar o resto de tempo livre pra postar outro capítulo antes das minhas aulas voltarem no dia 07. Porque quando voltarem, eu já sei que a minha vida vai ser MUITO corrida, infelizmente. Eu vou ter que estudar na escola, estudar quando chegar em casa e estudar no curso. E de quebra, estudar mais um pouco. Esse ano vai ser dureza!
Bom, sobre o capítulo: esse ficou maior que os outros! Fiquei tão feliz que eu consegui escrever um capítulo melhor um pouquinho. Foi bem mais fácil e divertido de escrever. As ideias finalmente fluíram. E... o Draco apareceu! Tudo bem que foi uma parte bem tensa, morte, tristeza, lembranças ruins... No próximo capítulo ainda veremos um pouquinho disso, mas vamos ter uma relação mais civilizada entre os dois.
Gina e Harry também estão meio em pé de guerra. Ainda não sei se eles vão ficar juntos no final, tenho que pensar como vai ser pros dois. Deêm sugestões!
Por último, mas não menos importante, os comentários! O que falar sobre tão importantes comentários, que muitas vezes ficam esquecidos por aqueles que leem a fic. E eles são tão preciosos. Comentem, ok? Mesmo que seja pra criticar (adoro as críticas, sério), elogiar, falar que vai ler, falar que nem vai ler, comentar sobre a sua vida, tudo e qualquer coisa! Vai me deixar muito feliz!


Resposta aos comentários:


Bliss G. Obrigada Bliss! Espero que depois desse capítulo, você continue achando isso ;) Sobre o romance... Yeah! Tô tentando adiantar os capítulos para o romance chegar logo.


Artemis Granger Aí está o capítulo 3, prontinho. Diga o que você vai achar sobre ele!


Muito obrigada a todos que leram e comentaram :)
Ah, e vocês viram que eu mudei o meu nome aqui na FeB? Antes era Mayra_Granfoy. Speechless é uma palavra que eu adoro. É o nome de uma das minhas músicas preferidas, além de ser a minha palavra-definição. Não é raro eu ficar sem palavras com alguma coisa...


É isso gente, beijos imensos!

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