As cartas
Ao chegar no Salão Principal, a primeira coisa que fez foi procurar um par de olhos cinza na multidão Sonserina. Mas antes de terminar sua busca fadada ao fracasso – já que obviamente ele não estava lá – foi atacada por uma ruiva furiosa que exigia explicações imediatas.
- Por que você faltou às aulas da manhã? Poxa vida Mione, você nunca falta a uma aula se não estiver realmente doente. E que história é essa de você não me contar mais nada sobre a sua vida? Faz quase um mês que você não fala direito comigo. ME EXPLICA O QUE VOCÊ TEM LOGO!
A castanha já esperava por uma reação dessa vinda da ruiva, mas estava emocionalmente fraca demais para lidar de forma estável com ela.
- Gina, eu fui tão burra. Eu... eu...
Gina arregalou os olhos. Não esperava que Hermione começasse a chorar bem ali. Ela sempre ria dos seus ataques de amiga-possessiva, então ela deveria estar realmente mal. A essa altura, Ron e Harry já chegavam preocupados com a amiga enchendo-a de perguntas que ela não queria ou não sabia responder.
Delicadamente, Hermione deu um abraço em Harry, um em Ron e puxou Gina pelo braço. Perderiam as aulas da tarde, mas ela contaria tudo para a amiga. Quem sabe assim não teria ajuda para achar uma saída? Talvez não fosse tarde demais.
DUAS SEMANAS ATRÁS...
Se antes era o sonserino que fugia de Hermione, agora era ela que evitava todos os possíveis lugares em que o encontraria. Depois daquele beijo não sabia mais o que fazer quando ele e seus gorilas de estimação passavam perto de Harry provocando-o de todas as formas possíveis. Normalmente, a garota apenas os trataria com repulsa e puxaria Harry para longe daqueles inúteis. Mas agora, quando seu olhar se cruzava com o de Draco Malfoy, era como se todo o resto perdesse a importância e ela se afundasse naquelas íris cor de tempestade. Então quando ela percebia que quase estava pulando em cima do garoto que seu melhor amigo mais odiava para beijá-lo ali na frente de quem quisesse ver, ela fugia.
Ela também não fazia mais a ronda de monitoria. Provavelmente McGonagall pegaria no seu pé mais tarde dizendo que uma guerra estava prestes a acontecer e que era perigoso a ronda não estar sendo feita e blá blá blá, mas ela tinha coisas mais importantes para resolver no momento.
Desde a primeira noite em que faltara na ronda, uma das meninas do dormitório a entregava uma carta de remetente D.M., mas ela nunca as tinha aberto. Mas no exato dia em que completava uma semana que estava fugindo de Draco, ela pegou as seis cartas intactas e pôs-se a ler.
“Querida Hermione,
Percebi que fugiu de mim hoje. Creio que também não veio fazer a ronda porque não queria me ver. Se eu te assustei com meus atos, peço desculpas – que ironia não? É a segunda vez que eu, um Malfoy, peço desculpas a você. – mas não consegui agüentar mais. Não consigo, na verdade, guardar esse segredo por mais tempo. Precisamos conversar. Me encontre na torre de astronomia no horário de monitoria amanhã e eu te contarei tudo o que você precisa saber.
Draco Malfoy”
Então ele tinha algo importante para dizer a ela. Hermione sentia algo gelado se mover dentro de seu estômago. Suas mãos tremiam. Ela pressentia que isso não ia ser bom.
Rasgou o segundo envelope e começou a ler.
“Querida Hermione,
Você não foi, portanto ainda não sabe o que tenho que te contar. Aposto que está achando que é tudo uma invenção minha para montar um plano diabólico em torno do trio maravilha. Bom, tenho uma novidade para você: não é mentira e muito menos brincadeira. O que faço para você entender que você e seus amiguinhos estão correndo perigo? Se quiser saber de alguma forma como dar um jeito nisso, me encontre amanhã. Mesmo horário e mesmo local.
Draco”
A coisa gelada no estômago da castanha agora se agitava freneticamente. Estavam em perigo? Que tipo de perigo? Com as mãos tremendo mais do que antes, teve um pouco de dificuldade para abrir o terceiro envelope. Mas quando conseguiu, seus olhos voavam pela caligrafia elegante.
“Hermione,
Se eu te conheço da maneira que acho que conheço, você não leu nenhuma de minhas cartas. Tenho certeza de que se você tivesse lido que seus tão preciosos amiguinhos estão em perigo, teria vindo me encontrar. Mas acho que eu não deveria estar surpreso com isso. Aliás, nem sei por que estou te escrevendo novamente, já que essa carta provavelmente também vai parar no fundo de uma das suas gavetas sem que você se quer tenha a curiosidade de abrir o envelope.
Imagino que daqui a alguns dias você pegue todas essas cartas e leia-as de forma ansiosa e preocupada. Mas ainda tenho um pouco de esperança que conseguirei falar com você antes disso. Não sei dar más notícias através de um pedaço de papel. Se amanhã você não me encontrar você sabe onde, escreverei toda a situação e pedirei para a DiLua te entregar a carta. Talvez ela te convença a abrir com aqueles devaneios esquisitos que ela tem.
Draco”
Ela sorriu ao ler a última linha. Realmente Luna a tinha convencido a ler as cartas com uma conversa estranha que passou por corujas, achocolatado e cores. Respirou fundo, ainda havia três cartas. Pela urgência escrita na última que lera, Draco provavelmente explicaria tudo na próxima... Então por que mais duas?
Permitiu-se um minuto antes de abrir a próxima carta. Estava com medo demais do que leria nela. Levantou-se de onde estava e seguiu para a janela. Já era inverno, mas ainda não nevava.
Comentários (1)
Oh my God, estou tão ansiosa e temerosa quanto Hermione! Bom capítulo, e realmente Luna tem um jeito bastante especial... tão meiga e adorável ç.ç enfim, partindo para o próximo. Beeijos.
2012-05-22