Terceiro e Quarto ano.

Terceiro e Quarto ano.



Hogsmeade, terceiro ano.




 


O natal chegara com força total neste ano. As ruas estavam cobertas de neve e não havia magia que aturasse limpar as calhas naquele inverno gelado. Os alunos estavam num fim de semana não-vigiado na vila, para se divertirem e passarem o dia da véspera de Natal um pouco mais livre. À noite, a ceia seria em Hogwarts.




Draco e seu mais novo caso romântico, Eliza Groune, estavam enturmados com alguns sonserinos na entrada de um chalé que o grupo alugara para passar o dia. De frente para a rua movimentada, eles apreciavam a passagem das pessoas e dos duendes, (e demais criaturas), enquanto saboreavam um chocolate quente. Uma fogueira mágica os aquecia.




Eliza massageava os ombros de Draco quando de repente, um outro sonserino se manifestou:




“Olha gente! A Granger!”.




Hermione caminhava muito mal pela nevasca, toda embrulhada e quase irreconhecível.




“Mas ela não disse que não vinha?” – Draco questionou.




“EI GRANGER!” – Eliza chamou. Hermione, surpresa, deu de cara com seus conhecidos. Não ficou tão feliz por isso. “Está vendo como é ser um picolé?” – A sonserina falou causando algumas risadinhas.




“Não, Groune! Só passeando mesmo! E você, ainda escrava sexual do Malfoy?” – Hermione replicou.




Eliza engoliu a vontade de responder quando, de repente, Hermione tropeçou numa pedra encoberta de neve e caiu de cara no gelo.




O grupo começou a gargalhar impiedosamente. Antes, não fariam isso, mas hoje, Hermione havia caído bastante no conceito deles por puro preconceito. Mas ela já esperava algo assim, infelizmente as cobras tinham também esta característica.




Draco segurou o impulso de se levantar. As risadas já estavam o cansando. Porém, não se conteve em se pôr de pé quando viu que Granger não se reerguera, e continuou sentada na neve humilhantemente.




“Qual foi Granger? Seu bumbum pregou no gelo?” – Um garoto desdenhou. Outro logo em seguida disse:




“Anda! Levanta Sangue-Ruim!”.




Foi a gota d’água.




Draco se soltou de Eliza e desferiu um soco sólido na cara do garoto que a insultou, o qual caiu em cima do primeiro, numa queda feia.




“O que deu em você, cara?” – Eliza falou.




“O que deu em vocês! Eu chamei a Granger assim, uma vez! Mas isso não significa que alguém tem o direito repetir!”.




Bravo, Malfoy foi até Hermione e se ajoelhou.




A garota chorava copiosamente, mal respirava direito.




“Hermione...” – Draco começou.




“Sai. Daqui”. – Ela sibilou.




“Não posso. Não vou. Deixa-me ajudar você!”.




“Pra que? Por que isso agora? Passei um ano sendo discriminada por sua culpa e agora quer me ajudar? Quem pensa que eu sou? Não acha que eu tenho uma dignidade?” – Ela falou com dificuldade por causa do vento gélido.




Malfoy não respondeu por um tempo.




“Desculpa”. – A palavra soou dura por entre os lábios dele. “Eu juro Hermione que não me sinto feliz por muita coisa que já provoquei e te fiz passar. Nunca tive o direito de te fazer aquilo, e não sei se mereço perdão, mas mesmo assim eu quero, eu preciso. Por favor!”.




Granger estancou e engoliu em seco. Nunca falara com Malfoy numa conversa decente, sempre era como brigas e rixas. Agora isso?




“Como eu posso confiar em você?” – Ela questionou descrente.




“Não sei. Mas gostaria que me desse uma chance de me refazer. Prometo que nunca mais vou permitir que ninguém pise em você. Eles fazem isso por influência minha, mas ultimamente não ando mais suportando essa culpa...”. – O rapaz se sentia assim desde que Hermione demonstrara força e excelência perante a primeira vez que foi declarada Sangue-Ruim. Ninguém nunca encararia aquela ofensa da forma que ela encarou.




“Não confio em você, Malfoy!”.




“Eu sei. Mas eu confio em mim, senão, eu não estaria aqui, certo de que preciso do seu perdão. Por favor, Granger. Em nome da decência que resta na Sonserina, por raras pessoas como você, me dê uma chance!”.




Hermione chorou em silêncio enquanto pensava, encarando bem os olhos de azul intenso do rapaz. Perdoar estava na sua formação, e ser justa estava em seu caráter. Uma segunda chance todos merece.




“Eu posso te perdoar, Malfoy”. – Disse ela sem humor, apenas com justiça.




Draco piscou e uma única gota de lágrima orvalhou o rosto do rapaz.




“Muito obrigada Granger!”. – Malfoy não sorriu, mas apertou a mão de Hermione integramente. Tentou ajudá-la a se levantar, mas só aí reparou por que ela permanecia jogada: seu tornozelo estava com um profundo corte.




A morena quase uivou com uma dor aguda que percorreu toda sua perna. Sem conseguir se conter chorou. Malfoy não teve outro impulso, a carregou nos braços e a levou para dentro do chalé da Sonserina sob olhares afiados do grupo descrente.




“E coitado daquele que ousar falar ou fazer alguma coisa de mal-gosto!” – Draco ameaçou passando com Hermione para dentro de um dos quartos.




 


Hogwarts, quarto ano.


 




“Draco, precisode ajuda!” – Hermione falou adentrando no salão principal com dezenas de pergaminhos nos braços.




“Pois não, Mione”.




“A nova seleção do time de quadribol precisa ser feita, e os formulários das escolas que vieram para o Torneio Tribruxo precisam ser enviados para Snape logo, para que a Sonserina se arrume. Não tenho muito tempo até o baile de inverno, então, você pode cuidar da Durmstrang?” – A morena disparou largando metade dos pergaminhos no colo do rapaz em pleno café-da-manhã.




“Obrigado pelos votos de boa-sorte para hoje!” – O garoto respondeu em tom maroto, se fazendo de magoado.




“Boa-sorte? Por que boa-sor...?” – Hermione engoliu em seco quando se lembrou. “Nossa! Hoje é seu primeiro jogo como líder do time!”.




“Valeu por lembrar!” – Ele se doeu.




“Foi mal, Draco, foi mal mesmo!” – A garota levou as mãos à boca.




“Tudo bem, essa é a sua consideração!” – Ele enxugou uma lágrima falsa.




Os sonserinos espectadores, mesmo tendo mudado seu comportamento com Hermione, ainda se surpreendiam com a junção dos dois numa amizade de repente tão natural.




“Não! Eu te desejo muita sorte! Muita sorte mesmo!” – Hermione abraçou Draco bem forte, e por um momento se esqueceu de que estavam sendo vistos.




Draco sorriu quando ela se afastou de repente, totalmente corada.




“Relaxa Granger! Eu ganho essa por nós!” – O rapaz plantou um beijo na testa de Hermione docemente. “E é agora que as cobras dão o bote!” – Ele gritou para os sonserinos que aplaudiram no maior apoio.




“É. Tudo muito lindo, mas nada de jogo agora! Os relatórios, Malfoy!” – Hermione comandou voltando Draco aos pergaminhos.




“Ah, claro, chefa!”.




“Anda logo!”.




“Estou indo!” – Ele riu.




Hermione virou para a entrada e, quando estava indo embora, Draco a chamou:




“Granger?” – Ela olhou por cima do ombro. “Vai ao baile comigo!”.




Não soou uma pergunta. Mas era simplesmente o típico comportamento autoritário do sonserino. Hermione sorriu obliquamente, característica que adquiriu de Draco, mas não respondeu verbalmente.




À noite, o baile estava excepcional. Draco vestia seu traje a rigor milimetricamente cuidado e ajustado nas medidas certas. Estava nos trinques. Uma cobra prateada estava bordada delicadamente na sua lapela, dando um ar de poder, classe e distinção.




Ansioso, porém sério e sublime, ele esperava Hermione na entrada do salão. Logo, não tardou a aparecer. Usando um vestido de um verde profundo e escuro, Hermione desfilou do início das escadarias até em baixo. Estava magnífica, com ninguém nunca a imaginou.




Saltos altos a deixavam sensual e imponente. Um broche de serpente, somado ao seu sorriso oblíquo a deixavam uma genuína sonserina de sangue-verde. Draco não poderia ter sorrido de forma mais orgulhosa.




Eles dançaram e desfilaram majestosamente pela festa durante toda noite. Ao final, estavam na última dança. Foi quando tiveram um tempo mais reservado.




“Ainda estou sinceramente extasiado, Hermione!” – Draco falou.




“Você é tão garboso, Malfoy!” – A morena tirou por menos.




“Você nunca se deixa seduzir não garota?” – Ele falou sorrindo.




“Você acha que consegue essa proeza?”.




“Confio no meu taco!”.




Ela preferiu não responder. Obviamente a sonserina já tivera alguns casinhos muito discretos com alguns da Lufa-Lufa, da Corvinal... Mas ninguém imaginava isso dela. Também, ela nunca se envolvera com ninguém da própria casa.




“O que está olhando tanto Granger?” – Malfoy perguntou notando o olhar fixo dela.




“Sinceramente?” – Ela começou sorridente e arteira, lembrando que esta foi a primeira frase que Malfoy dirigiu a ela quando se conheceram. “Hoje estou vendo um grande bruxo!” – Elogiou sem reservas.




“Isso é uma honra vindo de você! A melhor bruxa que qualquer pessoa ou bruxo pode conhecer nesse mundo!”.




Os dois sorriram e voltaram para dança. Naquela noite, os demais perderam qualquer chance, pois naquele salão, apenas os ilustres sonserinos brilhavam.




 


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