Primeiro e Segundo ano.

Primeiro e Segundo ano.



Eu Confio.


 




Draco Malfoy.


 




“Parabéns, o acordo foi fechado e o imóvel é seu!” – Ele ouviu isso há uma hora.


“Você está promovido, sujeito a um aumento do dobro de seu salário!” – Ele ouviu há trinta minutos atrás.




Draco Malfoy, o homem mais bem-sucedido do mundo bruxo. Alto cargo no Ministério. Dono de uma imensa propriedade no centro de Londres, com uma passagem particular para o Beco Diagonal e para o próprio Ministério da Magia.




Homem culto, inteligente e sagaz. Dono de uma beleza diferenciada: loiro de olhos tão claros que tinham brilho próprio. Rosto fresco ainda mesmo aos trinta anos de idade. Corpo em forma e caráter afiado. Talentoso e prestativo.




Draco Malfoy marcou sua passagem em Hogwarts com conquistas estudantis e com bons-feitos, ganhando prêmios para sua casa, assim como para o time de quadribol da Sonserina, representando fora e dentro da Inglaterra. Fez carreira lacônica como escritor de um livro de contos (Hogwarts e Seus Segredos), e só evoluiu dentro do Ministério, onde legislou e teve sua lei aprovada, na qual faz inadmissível qualquer desrespeito aos bruxos-nascidos-trouxa, com tese baseada sob suas experiências... Pessoais.




Mas, enfim, voltando, Malfoy tinha tudo para ser o homem mais satisfeito e feliz do mundo. Bem-sucedido em todos os aspectos e popular entre o gosto feminino. Recebia cartas de bruxas, fãs suas, e algumas o pediam em casamento. Já tivera oportunidade com grandes mulheres do mundo bruxo e até mesmo do mundo trouxa, mas nenhuma desatou seu coração...




Desde muito tempo atrás, seu coração estava ferido e, para que aquela laceração estancasse, foi preciso vedar todas as passagens, e assim seu peito se tornou algo como um sarcófago de seus próprios sentimentos.




Dentro dele, um coração mumificado e velado pela lembrança de uma única mulher. A única que soube perfeitamente ser tudo o que ele precisava, e tudo que ele merecia ao mesmo tempo. Esta mulher, a mesma que mudou sua vida, a mesma que o motivou a crescer, a mesma que o elevou até o topo, onde a visão era plena e linda, porém, o fez despencar no mais profundo abismo, o outro lado da moeda de tudo de bom que ele projetou. Que eles construíram juntos.


 




Hogwarts, primeiro ano.




 


“Andem logo! Não queiram se atrasar!” – Hagrid comandava na plataforma.




“Por acaso Hogwarts vai sair do lugar, Hagrid?” – Malfoy disse ironicamente, sorrindo ao lado de seus comparsas traiçoeiros.




“Não seja mal-criado, Malfoy! Ande! Junte-se aos outros!”.




“Gigante metido à besta!” – Malfoy murmurou ao passar por Hagrid e ir se juntar a alguns alunos numa carruagem.




Quando se sentou no banco do transporte, sentiu seu rosto sento fritado por um par de olhos castanhos-dourados que ardiam em desgosto. Virou-se para seu lado e avistou Granger o olhando de esguelha, perceptivelmente fula com ele pelo jeito com que tratara o Guarda-Caça.




“O que você esta olhando... Granger?” – Perguntou acidamente se segurando para não chamá-la do que tinha vontade... Pelo menos não agora.




“Estou vendo um perfeito idiota! Por que Malfoy? Algum problema?” – A morena falou cheia de coragem.




“Não, problema nenhum. Só toma cuidado pra não se apaixonar!” – O garoto desdenhou sarcasticamente, rindo junto com seus amigos.




Hermione queria ter encontrado uma resposta à altura, mas ficou totalmente envergonhada e constrangida, já que ninguém ali parecia apoiá-la, e sim se rebaixar ao Malfoy. A garota rezou para que mais alguém subisse naquela carruagem. Mas realmente não teve sorte.




Draco, porém, se limitou a ignorá-la perfeitamente, fazendo piadas sobre as casas que não fosse a Sonserina enquanto todos os outros na carruagem o bajulavam, ou bajulavam seu pai.




Já no Grande Salão, os alunos estavam sendo classificados, enquanto isso, os demais esperavam aos pés dos degraus onde Minerva estava junto com o Chapéu.




“E você acha que vai conseguir Malfoy?” – Perguntou Goyle debilmente.




“Já viu algum Malfoy não conseguir o que quer?” – O louro se limitou a responder.




“Que gosto!” – Hermione censurou baixinho, para si mesma, porém, Draco ouviu.




“Tem algo a ver com isso, pirralha?”.




“Não enche, fedelho!”.




“DRACO MALFOY” – Minerva anunciou.




Quando o Chapéu bradou “Sonserina”, toda a mesa verde e prata se ergueu e aplaudiu, excitada. Malfoy quase não cabia em si. Desceu os degraus do Salão e fez questão de passar perto da Granger.




“Duvido que tenha um gosto melhor!” – Desdenhou.




Hermione vacilou ao subir com as pernas bambas até o banco. Teria enfrentado Malfoy se ela não tivesse sido a próxima a ser chamada. Granger. Um nome desconhecido no mundo bruxo. Malfoy não conteu um risinho maldoso quando ninguém se manifestou a respeito da garota.




Hermione não sabia muito sobre Hogwarts. Não mais do que se falava trivialmente. As reputações das casas ela veio conhecer apenas no trem, com uns garotos que lhe deram atenção. Mas fora isso, o único exemplo do que encontraria aqui de fato era, infelizmente, Draco.




“Sonserina!” – O Chapéu Seletor bradou orgulhosamente como sempre. Minerva o ergueu da cabeça da garota.




“Não pode ser!” – Hermione cochichou para a professora com os olhos temerosos.




“Oh, minha querida, foi escolha do Chapéu! Agora vá para sua mesa!” – Minerva a enxotou apressada para terminar a longa lista.




A mesa da Sonserina nunca esteve tão perplexa. Uma desconhecida em seu meio? Uma nascida-trouxa que agora receberia uma das casas mais fortes de Hogwarts como lar? Isso só poderia ser uma peça do destino. Uma brincadeira da vida!




Hermione se encolheu no seu lugar não levanto os olhos do prato até o final do evento. Malfoy, por sua vez, não conseguia crer nem discerni por que aquela garota havia caído no ninho das cobras! “Ela não sobreviveria um ano!” – ele pensou.




 


Hogwarts, segundo ano.


 




“Hermione! Hermione! Preciso de sua ajuda!” – Zabine gritava pelos corredores.




Hermione parou e o atendeu com o assunto sobre DCAT. Ela se tornou a bruxa mais inteligente da Sonserina se esforçando mais que todos.  Em um ano, era a mais inteligente da escola. Elevara a pontuação de sua casa com orgulho, passando por cima de preconceitos e rixas, deixando alguns satisfeitos e outros ainda mais despeitados.




Draco Malfoy estava bem no meio disso.




Era um aluno exemplar, de fato. O sonserino mais admirado pela beleza refinada e madura, mesmo ainda pequeno. Odiado pela boçalidade e soberba implacáveis, porém, admirado pela inteligência e astúcia sempre em tudo o que era preciso.




Ninguém ousava falar mal (pelo menos não às claras) ou criticar Draco Malfoy, pois ele sempre estava politicamente metido nos assuntos da escola e, como líder de sua casa, nunca deixou a desejar, e todos se orgulhavam de ter este pulso forte como característica da Sonserina amada.




Pessoalmente, Draco e Hermione ainda não se batiam bem... Eram sempre incluídos nas coisas juntos, por serem a marca forte da Sonserina, mas nunca realmente admitiram o poder um do outro. E a cada dia isto se acentuava mais...




“Soube que está namorando, Granger!” – Malfoy falou com seu tom oblíquo de sempre enquanto Hermione passava. A morena parou assustada com o comentário.




“Quem disse isso?” – Perguntou intrigada.




“Eu soube...” – Ele deu de ombros. “Mas e aí? É realmente tão bom namorar o fantasma da torre da biblioteca?” – Pronto, o escárnio surgiu.




“Melhor que pensar na ideia de aturar você, SIM! Agora vê se enfia toda sua testosterona nessa árvore me deixa em paz!” – A morena berrou para quem quisesse ouvir, fazendo os demais presentes no pátio rirem abertamente do sonserino.




Draco desceu da árvore onde estava e caminhou malevolente até Hermione, que já aprendera a segurar a onda como uma boa sonserina, e não recuou.




“Como disse? Sua Sangue-Ruim!” – Malfoy sussurrou destilando veneno no rosto de Grandger.




Os presentes seguraram a respiração e caíram num silêncio mortal. Poucos sabiam que Hermione não era nascida bruxa. Os que sabiam se esqueciam, perante todo o talento da garota. Alguns nunca se atentaram para isso. A maioria acreditava que ela vinha de uma família bruxa muito humilde e desconsiderada. Porém, desta vez, o choque percorreu o rosto dos sonserinos.




Uns segundos depois, cochichos começaram. Hermione pôde discernir frases de desilusão, desgosto, arrependimento, acusação, chacota, risinhos...




A final, não conseguiu se defender daquela ofensa. Um ano inteiro para se adequar ao mundo diferente e criar uma reputação admirável. Um segundo para desmoronar todo seu esforço e trabalho lícito e belo.




As lágrimas vieram aos olhos de Hermione sem que elas pudessem contê-las. Fixamente fitou o rosto de Malfoy com bravura. Tudo que não conseguia dizer estava sendo impresso naquele olhar.




Os espectadores pareciam ainda esperar por alguma reação dela, porém, Hermione ficou imóvel em frente à Draco, que, ao perceber a densa camada de força por trás da estaticidade da garota, aos poucos começou a se sentir inseguro.




Granger sustentou o olhar até ver o sorriso de escárnio de Malfoy desaparecer por completo. Depois disso, se virou para os demais com a cabeça erguida e encarou cada um demonstrando honra e coragem. Os sonserinos pareceram se encolher neles mesmos com o poder dela.




“Alguém tem algum problema com eu ser nascida trouxa?” – Perguntou enquanto as lágrimas rolavam a parte.




Ninguém se dignou a responder.




Hermione virou a costa par Malfoy e saiu do pátio em direção ao Salão Comunal. Nada mais foi igual depois disto.




 


.......

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