Mortes?
Capítulo 2 - Mortes?
Dakota andava apreensiva. Tinha um pouco de medo, talvez.
Sua irmã, Em, andava esquisita. Não era mais aquela menina doce que gostava de brincar de bonecas com ela. Ela, Em, tinha até queimado uma boneca dela, de Dakota. Sua boneca preferida, enfim.
Tentava pensar que não fora sua irmã, e sim, um acidente qualquer. Afinal, a boneca de repente consumira-se em chamas, mas como não pensar se ela apertava a bonequinha com força na hora do ‘acidente’?
Já tinha se passado três meses desde o incidente com o fogo das velas do bolo de aniversário. E as queimaduras de Dak logo tinham sumido com a pomada especial recomendada pelo médico.
Com certeza ela mesma tinha esbarrado sem querer nas velas e feita-as pegar fogo, afinal, não poderiam, de repente, queimar sozinhas. Mas fora exatamente o que aconteceu com sua boneca e talvez fosse isso que a deixava inquieta.
No momento, jantava com sua família na sala de jantar. Adam contava para a esposa como os negócios no banco iam bem (ele viajava para Londres todo dia para ir trabalhar e voltava tarde da noite). Shannon acenava nos momentos certos, com um leve interesse às vezes. Dakota prestava atenção em seu prato, com macarronada.
Emillie estava brava, muito irritada, na verdade. Já tentara pensar em várias coisas para livrar-se das irmãs, mas todas envolviam seus pais chegando e ela tendo-se que livrar deles, não que houvesse problemas. Mas como iria livrar-se das evidências de que fora ela a assassina de sua própria “família”.
“Família” mais ou menos, porque não era a família de sangue dela. Já que sua própria família não a quis. Mas isso realmente importava?
Olhou com raiva mal disfarçada para Dakota Lílian, mas ninguém parecia prestar atenção nela, então era seguro fatiá-la com os olhos azuis escuros.
Olhou para os pais, conversando descontraída e alegremente.
Morram, pensou.
No instante seguinte, tal como acontecia com o fogo, seus pais morreram. Não pareceram sentir dor, não gritaram, não tinham nem mesmo uma marca. Nenhuma evidência. Tinham até mesmo um sorriso no rosto e a boca aberta por estarem conversando.
Dakota tirou os olhos do prato de porcelana e viu seus pais ali. Poderia passar-se por vivos, mas os olhos não piscavam, o corpo não mexia com respiração.
Socorro!, pensou a garota, antes de paralisar.
Emillie, assim que notara que a irmã ia gritar pensou: Morra. E a garota morena paralisou-se tanto quanto seus pais.
Em sorriu. Era, afinal, uma garota especial. Poderia fazer o que quiser. Queimar e matar, será que podia fazer mais só com o pensamento?
Olhou para o corpo da irmã, já falecida.
Levante, o corpo de sua irmã levantou da mesa, como uma marionete. Dance, e começou a dançar um inconfundível sapateado, com um sorriso bobo no rosto, mas assim que pensou para parar, o corpo caiu sem vida no chão e a boca aberta, como estivesse gritando.
Ela tinha conseguido, afinal. Nenhuma pista de que fora ela que matou a família. Poderia simplesmente ir embora e pensarem que ela fora levada pelo assassino.
Levantou-se da mesa e foi correndo ao quarto. Pegou uma mochila de colocar nas costas, pensando feliz em como não teria que dividir nada com a falsa irmã, agora morta!, e começou a colocar as coisas na mochila.
Pegou várias roupas, sapatos e todo o dinheiro que encontrou pela casa, o que dava umas boas notas, porque seu pai, aparentemente, acabara de receber o salário do mês.
Sem nem olhar por uma última vez para os familiares, chegou ao hall de entrada. Teria que andar muito, ou será que talvez... Por que não?
Vá para Nova York, quando abriu os olhos novamente, se encontrava numa movimentada rua da cidade desejada.
Aparentemente, ninguém reparou que uma garota de dez anos apareceu de repente ali, mas ela iria garantir que fosse importante.
Iria descobrir quem era sua verdadeira família, mas, primeiro, iria fazer uma visitinha a cidade mais conhecida dos Estados Unidos.
E o melhor, sem uma irmã e pais, que não eram de sangue.
ooOoo
Charlene Melcolvits era uma dona de casa e casada com o médico Dr. Malcom Melcolvits. Sempre fora muito amiga da família McCartney.
Passava intermináveis tardes conversando com sua boa amiga Shannon, e, às vezes, papeando com as doces gêmeas Dak e Em.
Lembrava-se perfeitamente de ter olhado pela janela na noite anterior e ter acenado para Shannon, que botava o jantar na mesa sorridente, enquanto acenava de volta.
Mas, ficara realmente assustada, ao voltar na sala de estar de sua casa, para ver um pouco de televisão, e ver pela janela, perfeitamente, a família McCartney ali.
Não seria um fato estranho, mas parecia assustador para quem via mesmo.
Somente Adam, Shannon e Dakota estavam na mesa. Mas os olhos esbugalhados, as bocas entreabertas, os corpos paralisados. Não pensou duas vezes, e chamou o marido para ir lá ver.
No dia seguinte, todo povoado já sabia, e no outro, os outros povoados próximos também.
Todos ficaram assustados, principalmente porque os corpos não tinham nada de errado.
Nenhuma marca, nenhuma arranhão, nenhuma queimadura. Nada que indicasse uma morte. Bom, Dakota Lílian tinha uma cicatriz de raio na testa e quando um médico, que examinava os corpos, perguntara sobre isso, Charlene havia dito a garota já ter essa marca, então, voltavam a estaca zero do mistério.
Passaram uma longa semana procurando pistas, mas nada. Também ficaram preocupados, pois o corpo da doce Emillie não fora achado.
Como alguém poderia morrer assim?
Os corpos do casal McCartney e de Dakota estavam cobertos com um fino pano, em cima de cada um numa maca, no hospital ali próximo.
E todos só pareceram ficar mais assustados e temerosos, quando o corpo da pequena Dak sumiu, tanto quanto o de sua irmã, que também não fora achado.
Não sabe-se realmente quem avisou as autoridades que o corpo de Dakota estava na cama dela, devido ao grande alvoroço que fazia-se em volta da casa.
Realmente, constataram, na mesma noite do sumiço do corpo, que a garota estava na cama dela. O problema realmente, era que ela respirava tranqüilamente, dormindo, e sorria para seu ursinho de pelúcia, sendo que estava com a boca aberta e, principalmente, morta
Tentaram acordá-la, cutucá-la, sacudi-la, mas a menina parecia decidida a dormir.
- Deixem-na descansar – falou Charlene enraivecida, quando viram os médicos tentando acordá-la – Provavelmente está dormindo mesmo.
Mas estava com medo demais do fato de que a menina não morrera.
E só pareceu ficar pior, quando logo no dia seguinte, Dakota não estava mais lá.
Não sabiam se estava viva ou morta, o corpo ou a pessoa, no caso de estar viva, mesmo sendo poucas as chances, nunca foi mais achado. Os povoados próximos foram avisados, mas ninguém não a achou durante o mês de busca.
Houve um enterro digno para Shannon e Adam, mas não puderam enterrar as gêmeas.
Fora dois meses estressantes e assombrosos para os habitantes dali perto, mas o que poderiam fazer?
Não sabiam o que tinha acontecido com as meninas.
Não sabiam nem se estava vivas, e as probabilidades era que não estivessem.
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