Vá fazer trancinhas nas barbas



Gabrielle, Felix e Emily faziam anotações em seus livros furiosamente, acompanhando a lenta explicação do professor Binns ao mesmo tempo. De vez enquanto faziam-lhe perguntas, e o professor parecia realmente surpreso que alguém estivesse prestando atenção em seu discurso histórico.



                 - E foi quando esses mesmos gigantes se revoltaram, então houve nada mais do que um...

              
   Só que ela não ouvira o que havia acontecido com os gigantes, porque um pergaminho rosa e cheio de glítter fora colocado em sua mesa. Abriu o bilhete, que dizia:


          
      Querida Gabrielle, Felicia está altamente preocupada com a situação de seu namorado, o Chuck, que você obviamente conhece melhor que ninguém. E claro que ela não queria que eu contatasse você, mas o caso é urgentíssimo e ela está meeeega surtando.

                Com certeza você sabe o que está acontecendo com ele, será que podia nos avisar? Afinal, ele anda super estranho e quando Felicia perguntou o que estava acontecendo, ele não abriu a boca.


Beijinhos, Louise.


              
   Gabrielle soltou um alto suspiro, e rabiscou num canto do bilhete:




Se ele não disse nada, é porque não está acontecendo nada e sua amiga não tem mais o que fazer além de perseguir meninos.


 


Nossa, não precisa ser grossa. Olha, não diga nada, mas estamos preocupadas de verdade. Felicia pegou Chuck bebendo na sala comunal de madrugada.



 


Louise, vá ler um livro, decifrar uma runa, transformar seu bule num cachorro, fazer trancinhas nas barbas do Dumbledore... Qualquer coisa, mas me deixe em paz. Não sei nada do Chuck, e não me interessa. Raramente falo com ele. E se nem ele mesmo quis se abrir com Felicia, então é porque não acha que ela é digna pra isso. Pare de se meter entre os dois, e saiba que a cor que você está usando no seu cabelo só fica bem na Felicia.



                Louise leu o bilhete, mas não mandou mais nada. Ficou desenhando várias Gabrielles deformadas, de todos os jeitos possíveis, em seu bloquinho de pergaminho pink.

                 Ao saírem da aula de História da Magia, Felix saíra pra seu tempo de Aritmancia, enquanto Gabrielle estava no meio do relato do bilhete pink, quando Fred apareceu como que tivesse acabado de sair da armadura mais próxima, e se pôs entre as duas.

               
  - E então senhorita Emily, pensou em minha proposta? – ele sorria, e até deu uma piscadela particularmente intimidadora.

                 - Desculpe, Jorge... Mas...

                 - Fred. Eu sou o Fred. Como você pode me confundir com aquela coisa horrorosa? – e franziu o cenho, numa careta indignada.

                 - Que feio, irmãozinho traidor. Veio cortejar a dama e nem me disse nada? Seu sacana de merda.

                 - Meu deus, meninos, parem com isso! – Gabrielle exclamou. – ela tem namorado, o nome dele é Wes.

                 - O Garfoman? – perguntou um deles.

                 - É. O Garfoman. É melhor tomarem cuidado se gostarem de ter os dois olhos, hein.

                
Gabrielle se segurava muito pra não cair na risada, imaginando Wes perseguindo os gêmeos com vários garfos nas mãos, vermelho, e gritando em plenos pulmões coisas como Voltem aqui seus merdinhas, vou deixar vocês caolhos.

                
- Isso é verdade, Emmy? – Fred fez beicinho, entristecido.

                 - Como você pôde fazer isso com a gente?

                 - É... Ainda mais com um garfoman como ele.
              
  Emily olhou pra amiga. Estava apavorada com a idéia dos dois Weasley a chamando pra sair, assim, do nada. E mais apavorada ainda por Gabrielle ter dito que era namorada de Wes. Pensou, enquanto andava em passos apressados, seguida pelos três, e decidiu que era melhor se passar por namorada do Wes e se livrar dessa. Era perigoso demais.

        
         - É, desculpem, rapazes. Mas namoro o Wes.

           
      Gabrielle puxou Emily pelo braço e se meteu no banheiro feminino com ela.

                
- Ufa, obrigada. Essa foi por pouco. – Emily se encostara num box.

                 - Amigas são pra essas coisas. – e desatou a rir.

                 - Wes? Não tinha ninguém melhor não? – torcendo os lábios, a loira olhou com cara de desaprovação.

                 - Foi a primeira pessoa em quem pensei que adoraria namorar com você.

                 - Não diga besteiras, Elle. E vamos já parar com isso.

                 - Tudo bem, desculpe. - calou-se, mas ainda sorria.

                 - Vamos, termine de me contar o que aconteceu com o bilhete.

             
    E ela contou.

             
    Pensou mais uma vez no que Louise havia escrito, e não pôde deixar de se perguntar se seria verdade. Imaginou Chuck sentado confortavelmente como de habitual no sofá da sala comunal, bebendo e se afundando em algum mal que desconhecia. Sentiu-se mal por ele, e gostaria de ajudar, apesar de tudo. Mas algo lhe dizia pra que ficasse fora disso, que não era de sua conta, e como todos sabem, às vezes ouvir os próprios conselhos é muito bom.

                 Gabrielle suspirou e passou a mão nos cabelos repicados, provavelmente era verdade, Felicia não mentia, apesar de seus defeitos, só não sabia se Louise estava mentindo, quem sabe ela poderia das uma olhada discretamente? E prometeu pra si mesma que, mesmo que os boatos se provassem verdadeiros, não se meteria, só queria ver por curiosidade.

                  No que será que ele se meteu? Afinal, se ele está faltando tantas aulas, se mantendo trancado no dormitório masculino, então não duvido nada que esteja passando por algo sério. Vai ver está assim por beber, mas também pode beber por estar assim. Maldita hora em que resolvi ser uma boa pessoa, por que simplesmente não ignoro tudo isso? Ele não ia nem ligar se fosse eu. Talvez essa seja a diferença entre eu e Chuck, eu tenho um coração, e gosto de usá-lo.

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