Capítulo 3
Quem amou traz marcada uma cicatriz.
- De Musset
Capítulo 3
10 de Julho, 07:22 PM
Marlene estava sentada num banquinho do café, esperando impacientemente. Olhava o relógio do celular a cada minuto. Era a noite do show do Michael Buble, e Sirius dissera que pegariam um táxi do café. Estava ansiosa para o show.
Quando pegara o celular para olhar o horário mais uma vez, batidas na porta do café chamaram sua atenção. Sirius estava lá, com as mãos nos bolsos da calça e sorrindo. Marlene saíra do café e trancara a porta.
- Está ansiosa? – ele disse, enquanto começaram a andar em direção a Lafayette St. Para pegarem um táxi.
- Acho que sim. – Marlene disse, dando ombros. Jamais admitiria que estava ansiosa para o show.
- Você acha? – ele repetiu, chocado. – Depois do que eu passei para conseguir esses ingressos você deveria estar pulando de felicidade!
Marlene riu do quanto ele parecia sério com aquela expressão. E mais ainda com seu sotaque britânico.
- Eu estou feliz, se quer tanto saber. – ela disse, e ele sorriu levemente.
- Você estava brincando. – ele concluiu. Marlene riu mais um pouco, e Sirius a acompanhou. Não era a primeira vez que ela brincava com ele desse jeito. “Você precisa se soltar”, era o que ela dizia. Chegaram à movimentada Lafayette e antes que Marlene pudesse chamar um táxi, Sirius o fez. Assobiando e tudo. A garota o olhou, surpresa. – Eu treinei um pouco.
Marlene sorriu e Sirius abriu a porta do táxi para que entrassem.
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- Sabe, nunca estive no camarote da imprensa mas sempre achei que fosse algo mais glamoroso. – Marlene disse, sentando-se ao lado de Sirius. Estavam na primeira fileira do camarote VIP da imprensa do Radio City Music Hall.
- Seria mais interessante com alguma celebridade? – Sirius arqueou a sobrancelha, entregando a ela uma taça de bebida. – Pare de reclamar. Você vai ver o show de graça e ainda tem uma ótima companhia. – ele terminou sorrindo.
- Você se esqueceu das bebidas. – ela disse, levantando seu copo e ambos riram.
As pessoas da platéia abaixo começaram a berrar e bater palmas, quando Michel Buble entrou no palco. Marlene foi uma delas. Sirius riu e alguns jornalistas a sua volta a encararam. Marlene nem ligou; estava lá para se divertir. E berrou ainda mais quando “Everything” começou a tocar.
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- A próxima música é dedicada a todos os apaixonados da platéia.
- Eu amo essa música! – Marlene exclamou, quando os primeiros acordes de “The Way You Look Tonight” começaram a tocar.
- É do Frank Sinatra, sabia? – Sirius disse.
- Na verdade, foi cantada pela primeira vez por Fred Astaire no filme “Swing Time” e ganhou o Oscar de melhor canção original em 36. – ela respondeu prontamente, ainda assistindo o show. – Mas é um erro muito comum, a versão de Frank Sinatra ficou muito mais famosa. – ela olhou para Sirius que a encarava surpreso. – O quê?
- Como você sabe coisas desse tipo?
A morena deu ombros.
- Eu gosto desses filmes e músicas, só isso. – e voltou sua atenção ao show.
- Você é estranhamente incrível. – Sirius disse, e isso a fez rir. Principalmente pelo seu sotaque, mais uma vez. – E isso é um elogio.
- Obrigada.
Sirius ainda encarava a garota que tinha seus olhos fixos no show e cantava a música baixinho. Observou como seus lábios rosados se moviam, acompanhando a letra da música. Estendeu sua mão à frente dela. Ela o encarou como se fosse louco.
- Não podemos dançar no meio do show!
- Podemos dançar ali. – ele mostrou o corredor entre as poltronas. – Ou não sabe dançar? – ele a provocou sorrindo maliciosamente.
Marlene o encarou mais uma vez. Odiava ser provocada ou desafiada. Aceitou sua mão e foram para o corredor, atraindo os olhares de muitas pessoas. Ele colocou sua mão na cintura fina dela, puxando-a para perto. Ele a guiava pelo pequeno corredor que havia, e sabia que as pessoas os olhavam, talvez incomodadas.
Não sabia por que, mas a sensação de dançar com Marlene o fazia sentir-se bem com o mundo. Ela apoiava sua cabeça em seu peito, e afastou-se um pouco parando de dançar. Aquele momento de cinema que Marlene acreditara nunca presenciar acontecera. Ele olhava-a intensamente com seus olhos azuis, e aquele seria o momento clichê em que ele a beijaria, mas Marlene apenas afastou-se e sentou-se de volta em seu lugar, respirando fundo para não corar. Logo em seguida, viu Sirius sentar-se ao seu lado, pela sua visão periférica.
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- Ele canta bem, mas ainda prefiro Sinatra. – Sirius comentava, enquanto chegavam próximo a casa de Ruby.
- É óbvio que Frank Sinatra é bem melhor. Mas se você pensar bem, não existem tantos cantores bons hoje em dia. Seja qual for o estilo. – ela disse, abrindo a bolsa para pegar sua chave. – Ou vai dizer que garotas que gostam de Justin Bieber são normais? Não, porque ele é horrível. Em todos os sentidos. – ela respondera a própria pergunta de um modo que fizera Sirius rir. A espontaneidade dela o divertia. Pararam em frente ao prédio onde ela morava. – Obrigada. Pelo ingresso e tudo mais. – ela disse, sorrindo. – Boa noite.
Virara para entrar no prédio, mas ele segurara seu braço, forçando-a a virar para encará-lo. Quando o fez, colou seus lábios aos dela. Tinha imaginado como seria beijá-lo, admitia isso. E pelo jeito que ocorrera, ele tinha a pegada. Não que ela gostasse de usar esse termo, mas era o único que expressava o que era aquilo que ele tinha. Marlene correspondera. Aparentemente, ele tinha uma grande habilidade de persuasão.
Empurrou-o para que a soltasse, e antes que ele dissesse algo entrou no prédio. Sirius apenas sorriu, andando em direção ao hotel.
Demorou alguns minutos até Marlene conseguir achar a chave da porta entre todas as outras que tinha na mão. Suas mãos tremiam. Na verdade, tudo tremia. Principalmente suas pernas. Mal conseguia ficar em pé. Quando finalmente conseguiu entrar, viu as luzes apagadas e não havia ninguém na sala. Paolo e Ruby provavelmente já estavam dormindo.
Apoiou-se na bancada da cozinha, pegando um copo d’água. Colocou a mão nos lábios, lembrando-se do que ocorrera, de como ele dançou com ela e o sabor de seu beijo. Respirou fundo, fechando os olhos, tentando tirar de sua cabeça o que acontecera mais cedo. Viera para Nova York tentar esquecer uma decepção amorosa, e não arranjar outra.
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Pela primeira vez desde que começara a trabalhar no café, Marlene não fora fazer a entrega a James e Sirius. Pedira a outra garçonete alegando que não estava sentindo-se bem. A verdade é que não sabia o que faria quando encontrasse Sirius. Mal conseguira dormir durante a noite, pensando no que acontecera. Porque ele fez aquilo? Essa era a pergunta que não saía da cabeça de Marlene.
Porém Sirius não desistiria tão fácil. Ele apareceu no café mais tarde naquele mesmo dia. Marlene olhou para o relógio, já era quase oito da noite. Avisou Ruby que iria a voltava para o jantar, e saíram andando. Aparentemente Marlene liderava o caminho, pois Sirius mal conhecia a cidade. Ela continuou até chegar ao Sarah Roosevelt Park, 10 minutos depois.
Ela parou, encarando-o. Percebera só naquele momento que ele ainda usava o terno e gravata do trabalho. Caramba, porque ele tinha que ficar tão bem vestido e sexy assim?
- Você não apareceu essa manhã. – ele disse, e Marlene nada respondeu. – Você está fugindo de mim?
- Não é isso. – ela respondeu. Sirius manteve-se em silêncio, esperando a morena continuar. – Eu acabei de sair de um relacionamento que não deu nem um pouco certo. Eu não acho que conseguiria ficar com alguém agora.
- Eu também. – ele respondeu chegando um pouco mais perto. – Foi tão ruim que vim para Nova York trabalhar, durante o verão, para esquecer isso. – Marlene rira mentalmente. Que tipo de louco trabalharia durante verão além dela? Alguém que estivesse fugindo de algo. – Então eu conheci você. – ele colocou uma mão no rosto dela, mas Marlene saiu de perto.
Sirius suspirou, apoiou-se na árvore que havia perto, acendendo um cigarro. Momentos como esse necessitavam de um.
- Você é incrível, ok? – ele disse depois de dar uma tragada. – E um pouco louca, - Marlene riu levemente. – Mas essa é uma das melhores coisas sobre você. E eu nunca conheci ninguém que não fosse jornalista que gostasse do meu trabalho.
Marlene apenas o encarava, ouvindo.
- Você não deveria fumar. – ela disse, finalmente. Parecia algo ridículo de se dizer naquele momento, mas ela não se importava.
- É um vício indispensável para mim agora. – ele disse, dando mais uma tragada. – E além do mais, você nem liga.
- Eu ligo sim, Sirius. – ela disse, começando a ficar irritada. – Só não acho certo estarmos num relacionamento juntos, quando acabamos de terminar outro.
- Ok, - ele começou, aproximando-se. – O que acha então de não estarmos juntos num relacionamento? – ele parou, e pensou melhor. Marlene riu de como a frase dele não fazia sentido algum.
- Nós dois vamos nos arrepender disso. – ela disse desistindo, quando ele chegou bem próximo a ela. Porque estava desistindo tão facilmente? Porque ele tinha algo que ela não sabia explicar. Marlene sentia o cheiro de cigarro de vinha dele, e, naquele momento, era maravilhoso.
- Não vamos, eu prometo. – ele disse, meio segundo antes de beijá-la. Marlene não demorou a passar seus braços no pescoço de Sirius retribuindo o beijo. Sirius sorriu quando ela fez isso, e a puxou ainda mais pela cintura, tomando cuidado para não encostar o cigarro nela ou derrubá-lo.
N/A: Antes de tudo, espero que o Natal e a virada do ano tenham sido ótimas para vocês!
Meu primeiro post em 2011, estou muito feliz! Bom, esse capítulo foi super curto, mas eu realmente não fazia idéia do que colocar nele. O próximo está quase pronto e devo começar o cinco logo logo. Desculpem a demora, eu tinha escrito umas coisas do capítulo, achei horrível e reescrevi. Muito obrigada mesmo a quem comentou: Fê Black Potter, Evans B. Potter, Mii Reis, eugênio, vanessa., MayBlack, Júb, Vih Escribano, Mrs.Nah Potter.
Espero que gostem desse capítulo também. E prometo não demorar tanto para postar o próximo!
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