Black?



Capítulo 8 – Black?


(Copa Mundial de Quadribol, 1994)


 


  Ginevra Weasley era uma garota meio quieta. Cabelos ruivos flamejantes e olhos castanho chocolate.


  Desde seu primeiro ano em Hogwarts não era a mesma. Espontânea, alegre, tagarela. Passara a ser fechada, assustada, quieta. Em seu primeiro ano, quando fora, ridiculamente, possuída por um simples diário preto.


  Achara um simples diário no meio de seu material escolar, ao qual usara para escrever suas coisas mais intimas. Mas, estranhamente, o diário, que descobrira se chamar Tom Riddle, lhe respondia. Mas estava começando a ficar estranho, tinha períodos de tempo onde não se lembrava de como chegara em algum lugar, ou o que fizera. Lutando com todas as forças de sua mente, entregara o diário para o diretor Alvo Dumbledore, que lhe explicara estar ficando possuída por ele.


  A historia não demorou a se espalhar pela escola, e logo era aquela garotinha ridícula e burra o suficiente para confiar em um diário.


  Somente seus verdadeiros amigos ficaram ao seu lado. Luna Lovegood, uma Corvinal, Neville Longbottom, um Griffinório, Hermione Granger, melhor amiga de seu irmão e uma Griffinória. Além, de, é claro, seus irmãos, pelo menos os que ainda estavam em Hogwarts. Rony, Fred e Jorge.


  Seu pai, Arthur Weasley, conseguira entrada para os camarotes da Copa Mundial de Quadribol.


  No momento, ela, seu irmão, e Hermione, que fora convidada a vir, estavam indo pegar água, cada um tinha um balde em mãos.


  Mas, infelizmente, se “esbarraram” com Draco Malfoy. Um loiro aguado e metido a besta, o que se achava em Hogwarts, e, é claro, Sonserino.


- Ora, ora, se não é a sangue-ruim, o pobretão e a traidorazinha? – disse com sarcasmo pesado.


- Cai fora, Malfoy – falou Rony, sem paciência para estúpidos.


- Senão o que, Weasley? Vai correr para seu papai? – zombou.


- Não acho que ele vá, mas você, talvez, Malfeito – falou uma voz.


  Todos, instintivamente, olharam para a pessoa que dissera isso. Um garoto, não devia ter mais do que 14 anos. Usava uma calça jeans azul, e uma camiseta preta, onde por cima tinha um casaco cinza-escuro com capuz. O capuz lhe cobria o rosto, dava-se somente para ver olhos verde esmeralda.


- O que quer aqui, sangue-ruim? – perguntou Draco, com um tom zombativo e raivoso.


- No momento, falar com um Malfeito, você é um verme que devia ser esmagado – disse num tom pensativo.


- E o que um trouxa como você poderia fazer? – falou Malfoy.


- Muitas coisas e, na verdade, Malafoy, se eu te dissesse meu nome você iria tremer, então, fique na sua e rasteje de volta para a pedra de onde você veio– disse numa voz gélida.


- O que temos aqui? – perguntou Lucio Malfoy se aproximando, e postando-se ao lado do filho enquanto encarava o estranho encapuzado.


- Nada, Lulucy, uma conversa agradável onde decido que azaração lanço em seu “queridinho” filho – zombou.


- Você parece falar demais e fazer de menos – disse num tom arrastado.


- E você tem uma tatuagem horrorosa no antebraço esquerdo, e? – disse zombeteiro.


  A esse ponto muitas pessoas já tinham parado para ouvir a discussão daquelas pessoas.


- Ora, seu, tenha mais respeito com seus superiores – falou Lucio autoritário.


- Claro, quando achar um, me avise, porque até agora, só vejo um verme Malfeito, e que está torrando minha paciência. Agora, seu filho estava voltando para baixo da pedra dele, por que não o acompanha? – ironizou.


  Lucio ia replicar, mas Cornélio Fugde, o primeiro-ministro, o chamou e ele virou as costas lançando um olhar gélido ao garoto.


- Espero que morra – disse Draco zombeteiro.


- E eu espero que você arda nas mais profundas chamas do inferno, agora suma da minha frente – disse friamente e indiferente com que o loiro disse-lhe.


  Draco saiu virando-lhe as costas.


- Ai, ai, posso cortar o item humilhar um sangue-puro idiota da lista que meu padrinho fez – disse o garoto divertido.


  Rony, Hermione e Gina não sabiam o que dizer. O garoto, o estranho, conseguira xingar os Malfoy, membros da alta sociedade, sem nem mesmo suar.


- Cara, como ‘cê fez isso? – perguntou Rony com a boca entreaberta.


- Fiz o que? Ah, espantar os Malfeito? É natural – disse dando um meio sorriso, mas não pode ser notado pelos outros três por causa do capuz.


- Qual seu nome? – perguntou Hermione curiosa.


- Bem... Podem me chamar somente de Black – falou sorrindo irônico.


- Black? – perguntaram todos.


- É, um nome postiço – disse meio rindo meio pensativo. – Querem ajuda com a água?


- Mas nem enchemos os baldes ainda – falou Hermione.


  Estalando os dedos, água encheu os três baldes.


- Tem certeza? – perguntou.


  Os três olharam, e viram que a água estava mesmo ali.


- Como você fez isso, Black?! – perguntou Rony.


- Aprendi uns truquezinhos, vamos deixar assim – falou sorrindo.


  Os Weasley e Hermione pegaram cada um seus baldes e começaram a caminhar em direção a cabana deles, com “Black” os seguindo.


- De onde você vem? – perguntou Hermione.


- Da Inglaterra mesmo – respondeu pensando que tipo de pergunta era aquela, já que ele fala inglês sem sotaque algum.


- Nunca te vi em Hogwarts – comentou Gina vagamente.


- Ah, não estudo lá. Estudo sozinho mesmo – falou Black.


- Por quê? – perguntou Rony curioso.


- Digamos que, não me agrada ficar lá, e se eu aparecesse poderia causar um impacto no Mundo Mágico – falou rindo.


- Você é cheio de mistérios não? – disse Hermione pensando como o garoto era arrogante.


- Sim, mas imagino que você não goste de um mistério não solucionado, não é mesmo Hermione Granger? – perguntou rindo.


- Como sabe meu nome? – perguntou a garota meio brava.


- Ora, se eu te dissesse como sei, não seria mais tão misterioso não é mesmo? – disse parando, então os outros puderam perceber que chegaram a cabana em que estavam acampados.


  Dois ruivos saíram de lá. Diferente de Rony, os dois eram bem mais velhos e mais maduros.


- Que bom que voltaram – falou um.


- Estavam demorando – falou o outro.


- Desculpa, encontramos com o Malfoy – explicou Rony sorrindo largamente ao lembrar da discussão Black x Malfoy.


- Quem é esse? – perguntou um ruivo.


- Sou Black, prazer – falou estendendo a mão.


- Gui Weasley- disse o ruivo que parecia mais velho e apertando a mão do moreno.


- Carlinhos Weasley – disse o outro, também apertando a mão dele.


- Então, o que aconteceu com o Malfoy? – perguntou Gui curioso.


- Ah, Black humilhou ele – falou Gina admirada.


- Ah, tava na minha lista de coisas a fazer, juro – explicou, seu tom de voz estava tingido de divertimento.


  Todos gargalharam.


- Bem, até mais – falou Black.


- Mas já vai embora? Por que não vai assistir o jogo com a gente? Quero dizer, você está no camarote ou na arquibancada? – perguntou Rony.


- Digamos que vou assistir de um lugar onde só eu vou estar – falou dando um sorrisinho.


- Como assim? – perguntaram todos em uníssono.


- Ora, sou o garoto mistério. E, como um mágico não revela seus segredos, também não revelarei os meus – e sumiu como se evaporasse ou fosse levado pelo vento.


- Garoto estranho – comentou Carlinhos.


 


  Durante o jogo, Rony, Gina e Hermione bem que procuraram aquele garoto misterioso, mas não o acharam. Talvez estivesse no tal lugar onde só ele ia estar.


  A Irlanda ganhara, apesar de Krum ter pegado o pomo de ouro.


  Da barraca deles ainda se podia ouvir os gritos de comemoração da Irlanda.


  O Sr. Weasley, Arthur, entra apressado na barraca dizendo:


- Coloquem um casaco e uma calça rápido.


- Por quê? – perguntou Percy sonolento.


- Comensais da Morte atacando – falou com preocupação.


  Os outros ficaram alarmados e se arrumaram muito rapidamente.


  Quando saíram da barraca puderam ver o caos que se instalava ali. Algumas barracas pegavam fogo, pessoas corriam e gritavam em todos os lados. Uma família trouxa estava virada de cabeça para baixo por Comensais, que riam se divertindo. A Marca Negra pairava no céu.


- Aquele retardados, como ousam... – os Weasleys e Hermione puderam ouvir alguém dizendo.


  Passara uma sombra por eles, em que puderam ver que era Black.


- Black! – gritou Gina, mas seu irmão lhe puxara.


  Gina corria pela floresta com Rony, Hermione, Fred e Jorge.


  Não sabiam para onde estavam indo, mas com sorte, escapariam vivos.


  Mas estava escuro, e Gina tropeçara num tronco de árvore. Seus irmãos pararam para ajudá-la, mas ouviram uma voz:


- Weasleyzinha, tomaria mais cuidado se fosse você – disse Malfoy numa voz arrastada – Sabe, você até que é bonitinha.


  Malfoy ia tocá-la, já tinha a mão estendida. Fred, Jorge e Rony já iam socar o loiro aguado. Entretanto, uma mão, que parecia pálida a pouca luz, segura firme no pulso de Draco. Um som de osso sendo quebrado pode ser claramente ouvido.


- Tente de novo, e não será só seu pulso a sair quebrado – falou uma voz cortante e mortal.


  Malfoy arregalou os olhos. Puxou rapidamente a mão e saiu, não sem antes lançar um olhar gélido no garoto.


- Está bem, Gina? – perguntou o moreno oferecendo a mão para a ruvia levantar.


- Estou, sim. Obrigada Black – acrescentou ao notar quem era.


  Vários sons de aparatação foram ouvidos.


- ABAIXEM-SE! – gritou Black.


- Estupefaça! – gritaram vinte vozes.


  Black entrou na frente de Gina, a única que não abaixara, e recebeu muitos feitiços estuporantes no tórax. Não tivera tempo de criar uma barreira.


  Foi lançado para trás.


- Parem! São meus filhos e os amigos deles! – o garoto pode ouvir meio atordoado a voz de um adulto, que imaginou ser o patriarca dos Weasley.


  Levantou, dolorido e atordoado. Seu corpo protestava, mas ignorou completamente.


- Quem lançou a Marca Negra? – perguntou Bartô Crounch, parecendo cansado.


- Ora, por favor, Bartô, são crianças! – falou Arthur.


- E ele? – disse apontando a varinha para o garoto que levantava com visível dificuldade.


- Desculpe se você é cego o bastante para perceber que recebi vários feitiços estuporantes, pois entrei na frente de Gina – falou irônico e levantando cambaleante.


- É verdade, não foi ele – defendeu Hermione – esteve com a gente o tempo todo.


- E qual o nome dele? – perguntou Amos Diggory desconfiado.


- Black – falou Rony.


- Ora, todo mundo sabe que a família Black foi toda morta, exceto Sirius Black que a muito não se tem noticias dele, e é impossível que esse seja Black – falou Bartô como se falasse com uma criança que 1+1 é 2.


  Entretanto, quando olharam para onde o moreno, que ainda tinha o capuz cobrindo-lhe o rosto, não estava mais lá. Novamente sumira de repente.


- Quero que achem-no – ordenou Bartô e todos os bruxos do Ministério aparataram novamente.


  Os Weasleys e Hermione estavam confusos, mas voltaram a barraca para uma boa, e merecida, noite de sono.


  Puderam ver que Gui tinha arranhões no braço, Percy o nariz ensangüentado e Carlinhos sangue escorrendo pelo pulso, mas nada grave.


  Mas uma pergunta não saía de suas cabeças. Afinal, quem era “Black”?


[...]


- Vamos logo para casa, sua mãe deve estar tendo gatinhos – falou o Sr. Weasley na manhã seguinte.


  Saindo da barraca, Rony pode ver que “Black” dormia encostado a uma árvore, com a cabeça baixa e coberta pelo capuz.


  Ele e Hermione se entreolharam e caminharam até lá.


- Hei! – falou Rony e a próxima coisa que viu foi uma varinha em sua garganta – O-o que f-foi?


  Black balançou a cabeça como se despertasse.


- Me desculpe, estou em alerta – disse desculpando-se.


- Tudo bem – falou Rony rapidamente. Ele sabia de uma coisa: o garoto era estranho.


  Carlinhos, Gui e Gina aproximaram-se para chamarem os dois para ir embora, e notaram a presença de Black.


  Black, por sua vez, tentou levantar, mas sentiu-se tonto. Com certeza, os feitiços estuporantes no tórax não lhe fizeram bem algum.


  Gui o amparou antes que caísse.


- Ei! Vai com calma!


- Desculpe, é somente tontura – falou Black meio rapidamente.


- Sei... – disse pouco convencido. – Venha conosco até nossa casa, nossa mãe poderá curá-lo.


- Não sei... Tenho que ir para casa, meus guardiões devem estar subindo pelas paredes, e Adie deve estar quicando nas paredes... – comentou distraído, sem nem perceber muito bem o que dissera.


- Adie? – perguntou Gina, de repente, desanimada. Não sabia por que.


- Sim, minha quase-irmã. Seria, se fosse possível, é claro. Apesar dela já ter vinte anos – disse, mas parou por ai, falara demais.


- Mas você vai até nossa casa! – exasperou Gina, ela sentia que tinha que fazer isso – Nossa mãe vai cuidar de você.


  Black não teve como discordar. Acompanhou os Weasleys através da chave de portal montada por Arthur, apesar de desnecessário, sabia aparatar.


  Quando tudo parou de rodar, Harry/Black se viu em frente a uma casa meio torta. Tinha uma placa dizendo ‘A Toca’. Uma mulher baixinha e gorducha saiu correndo de lá.


- Ah! Arthur! Estava tão preocupada! Não sabia se tinha acontecido alguma coisa ou não! – e chorou dando um abraço quebra-costelas em todos os ruivos e na Hermione. Até que ela chegou em Black e olhou sugestivamente.


- Quem seria esse? – perguntou Molly.


- Esse é Black, querida, ontem na confusão o Ministério achou que nossas crianças tivessem lançado a Marca Negra, e lançaram feitiços estuporantes, todos abaixaram-se, menos Gina, e Black entrou na frente – explicou Arthur rapidamente.


- Oh, meu Deus – falou arrastando o garoto para dentro da casa.


  Mandou ele sentar no sofá para ela poder examiná-lo.


- Pode tirar esse capuz, por favor? – a voz de Molly estava entre raiva e amorosa.


  Harry se sentiu incomodado, não poderia tirar o capuz, mas, antes que alguém pudesse fazer alguma coisa, ele sentiu uma magia vindo de fora da casa.


 


POV’s Harry:


 


  Senti uma onda de magia grande vindo do lado de fora da casa, seguida de feitiços de anti-aparataçao, anti-chaves-de-portal e anti-flú. Dumbledore. O “digníssimo” diretor de Hogwarts deve ter descoberto que estou aqui.


  Não deu outra.


  Ele entrou, sendo logo seguido por outras duas pessoas. As reconheci como Minerva McGonagall, que sei ser minha tia-avó, e Severo Snape, quase quis quebrar a cara do infeliz.


 Alvo ‘Digno’ Dumbledore, sinceramente, perdi respeito pelo cara no momento que lançou os feitiços na casa para eu não fugir, estava parado na frente da porta, com um sorrisinho disfarçado e os olhos azuis estranhamente brilhantes.


  O Sr. e a Sra. Weasleys estavam confusos, perto do sofá onde eu estava sentado. Gui olhava, também confuso, sentado em um sofá. Carlinhos sentado no braço do mesmo sofá e Percy numa poltrona, estufando o peito como se quisesse dizer “Sou bom”. Rony, Gina, Hermione, Fred e Jorge estavam mais atrás de mim, muito, muito confusos.


- Bom dia, Sr. Potter – disse Dumbledore olhando diretamente para mim. Instintivamente, os outros olhos também.


- Como vai, digníssimo diretor de Hogwarts? – disse cheio de sarcasmo. Não gosto do velho. Primeiro porque lançou feitiços para eu não fugir. Segundo, porque ao invés de me deixar com minha madrinha ou Remo quando eu ainda era bebê, me deixara com os Dursley. Não que eu não gostasse de lá, simplesmente me sentia deslocado ali, pelas coisas estranhas que fazia.


  Alvo pareceu surpreso com minha ironia, tanto quanto os outros presentes na sala, mas ainda sorriu como se nada tivesse acontecido.


- A muito gostaria de lhe ver, Harry – falou Dumbledore.


  Nem via mais motivos para ficar de capuz. O baixei.


  Meus cabelos pretos estavam, como sempre, desgrenhados. Meus olhos esmeraldas. Eu tinha um sorriso irônico no rosto, e meu óculos não eram mais necessários a muito tempo.


- Ah, por quê? Pelo que eu soube, não foi você que constatou que eu estava morto a alguns anos atrás? – disse sendo rude. PQP! Dane-se!


- Sim, vejo que me enganei. Mas nunca acreditei realmente que você estava morto – falou gentilmente, com uma gentileza que não me engana.


  Senti minha mente ser forçada a abrir.


  Caraca! O velhote, safado e sem vergonha, devo acrescentar, estava tentando usar Legilimencia em mim!


- Olha aqui, Dumbledore, escute e escute bem – minha voz saiu num rosnado – Nunca, ouça bem, nunca tente invadir minha mente novamente, ou vai se arrepender e ter desejado nunca ter nascido!


  Pude ouvir as pessoas ofegando. To nem ai.


- Onde esteve todos esses anos, Potter? – perguntou Snape, lançando um olhar gélido.


- Não é da sua conta Snape. Mas me diga, como vai Voldemort? Anda bem? – zombei.


  Ele deixou sua mascara de indiferença no rosto.


- Você é arrogante como seu pai, Potter – falou sem emoção.


         Foi o suficiente para eu perder as estribeiras.


- OLHA AQUI – as pessoas se sobressaltaram com o grito – VOCÊ ANDA POR AI SE ACHANDO O JUIZ DAS PESSOAS, MAS VOCÊ É SÓ UM EX-COMENSAL! E PIOR, VOCÊ SÓ SE JUNTOU AO VELHO GAGÁ PORQUE AMAVA MINHA MÃE E ELA MORREU! NEM CULPA DE TER ENTREGADO A MALDITA PROFECIA VOCÊ TEM!


         O velhote empalideceu um pouco.


- Como sabe sobre a profecia? – perguntou numa falsa gentileza.


- Fontes confiaveis – falei e dei um sorrisinho – E pensar que acham você o maior bruxo do mundo. O que achariam agora? Porque, bem, você não contou o que aconteceu de verdade comigo não é?


- Como assim, Sr. Potter? – perguntou Dumbledore.


- Ora, eu li os jornais do passado. Mas li um que me interessou muito... O Profeta Diario de 1981, dia 1 de novembro – comentei distraidamente.


         Ouvi a Sra. Weasley ofegar surpresa.


- Sabe, interessante aquela historia lá. Você disse que fui para a casa dos meus tios, onde iriam cuidar muito bem de mim. Mas não comentou que eu tinha minha madrinha Marlene, ou meu tio postiço Remo. Ou até mesmo Sirius – falei.


- Sirius? Sirius Black? – perguntou o Sr.Weasley.


- Sim. Porque o Alvo Percival Wulfrico Brian Dignissimo Dumbledore sabia que ele era inocente. Mesmo assim deixou ele ficar lá em Azkaban por alguns anos, não é mesmo? – perguntei sarcastico.


- Veja bem, Harry – começou o velhote.


- Veja bem, veja bem – interrompi – É tudo para o “bem maior” não?


         Ele não tinha palavras. Ninguém tinha.


- Ah, mas quantas vezes você foi ver se eu estava realmente bem com meus tios. Por mais que minha tia cuidasse de mim, por mais que meu tio não brigasse comigo, eu me sentia diferente lá. Não podia perguntar sobre meus pais sem ser repreendido, não podia fazer mágicas acidentais, não era permitido. As pessoas achavam que eu era louco ou simplesmente anormal. Me sentia deslocado lá. – continuei – E por mais que fosse minha família, eram somente laços de sangue. Você acha mesmo que o sangue de minha tia ia aumentar a proteção de minha mãe? Pois se enganou.


- Mas o feitiço, Harry, era claramente para isso. Só podia ser feito com sangue da mesma família. E sua mãe só tinha a irmã dela – falou.


         Eu ri irônico.


- Você acha mesmo que esse seu feitiçozinho funciona? Não fui protegido, não mesmo. O feitiço que você fez devia impedir de qualquer força maléfica de entrar na casa, mas não funcionou. Quando eu tinha três anos, três homens mascarados entraram em minha casa – falei.


- Trouxas – disse Snape indiferente a tudo.


- Trouxas? Claro que não. Era um de seus amiguinhos, Snape. Comensais da Morte. – revelei – Estavam lá por uma causa, e somente uma. Minha morte, vingança ao mestre deles. Tio Voldy, vulgo idiota.


         Pude quase sentir os Weasleys tremendo com o nome, o que me fez revirar os olhos.


         É só um nome, não é como se o cara... A cobra fosse aparecer aqui.


- Entretanto Harry, você disse que eles já estavam na casa, quando você entrou, então presume-se que você não estava lá quando eles entraram, de forma que não tinha proteção – terminou o velho, aquilo era um sorriso vitorioso?


- Mas, Dumbledore, o feitiço era claramente para casa, e não para mim. De forma que, se eu estivesse dentro ou fora, teria de agir. E não funcionou, comprovando que não funcionava e você só me deixou longe de minha família – argumentei inocentemente.


         O velho, digo, Dumbledore pareceu pensar por alguns instantes... Talvez... Não custa tentar.


         Eu me concentrei em entrar na mente de Dumbledore, e, praticamente, pude sentir a íris de meus olhos ficarem esbranquiçadas.


 


- Vamos Alvo! – gritou alguém lá debaixo.


- Já vou, já vou, meu amigo – falou baixo, enquanto pegava uma carta do bico de uma coruja.


  Pôs-se a ler:


 


Alvo,


  Nossa mãe foi morta por ela. Só estou lhe avisando, continue sua viagem pelo mundo sem se importar.


 


Aberforth.


 


 


- Irei ficar aqui e cuidar dela! Você termine seus estudos – quase berrou. Estavam na soleira de uma porta, de uma casa branca e de madeira.


         Em frente a Alvo, Aberforth Dumbledore. O mesmo suspirou. Jovem.


- Está bem, irmão, mas saiba que é muita responsabilidade.


 


- Prazer, sou Grindewald – falou um homem, talvez nem chegasse a isso. Tinha somente dezessete ou dezesseis anos.


- Prazer, Alvo – falou sorridente e apertou a mão do rapaz a sua frente.


 


- É tudo para o bem maior – falou Alvo.


         Grindewald concordou com um sorrisinho.


- Com certeza – falou.


 


         Desviou de um feitiço. E lançou outro.


         Um duelo acirrado entre Alvo, Aberforth e Grindewald. Todos fortes e excelentes em magia.


- Parem! – ouviram a voz de uma garota gritar, antes da mesma entrar na frente de um jato de luz verde.


         Para logo depois cair morta.


         Os três rapazes se entreolharam. Dois culpados, um indiferente.


 


- E quem vai me derrotar? Você, Alvo? – ironizou Grindewald.


         Raiva.


- Avada Kedavra! – e o outro caiu, a varinha fez um som irritante, antes de sair rolando pelo chão.


 


         Um espelho a sua frente.


         Alvo sorria, com sua irmãzinha, viva e feliz, ao seu lado. O culpado da morte dela era seu inimigo Grindewald. Seu irmão, seu pai e sua mãe ali.


         Ele sorria, como todos no espelho.


         Até ele voltar um pouco para trás, longe o suficiente para não se ver, e a imagem sumir.


 


         A professora McGonagall o esperava, ansiosa.


- E então, Alvo? – perguntou não se agüentando mais. Entretanto, o rosto do diretor parecia dizer bem o que acontecera.


- Harry Potter... Harry... Está morto – finalizou num sussurro.


  Os olhos da professora voaram largos, tão arregalados que lagrimas começavam a cair.


 


         Senti minha visão voltando. Tudo fora muito rápido, não durara nem três segundos. As lembranças dele passavam rápidas demais para se ver todas, somente pedaços.


         É claro que eu sabia o que tinha acontecido com Dumbledore, pesquisei sobre vários bruxos famosos, entre eles o velhote.


         Como era amigo de Grindewald, antes de derrotá-lo. Como queria as Relíquias da Morte para o “bem maior”. Como podia ser ele ou não a ter matado a irmã.


         Dumbledore ainda estava pensativo, até que falou:


- Você pode estar certo, Harry. Mas é essencial que você vá a Hogwarts. Irá aprender melhor do que independetemente.


- Quem disse que aprendo sozinho? Algumas vezes, de fato. Mas tenho pessoas qualificadas a me ensinar, melhor do que Comensais da Morte imundos, tenho certeza – olhei com a melhor cara de desprezo para Snape.


         Quando falei isso me lembrei imediatamente de Náh e Merk. Também de Adie, que começou a me ensinar cura quando aprendeu completamente... Sirius e Remo me ensinando truquezinhos sobre duelos e patronos. Lene falando sobre Defesa Contra as Artes das Trevas, apesar de eu já saber muito bem na época... E sobre todos me ensinando a Arte da Esgrima, fantástica.


- Por favor, Harry – pediu o velho diretor, suspirando cansado.


         Não respondi. Somente olhei intensamente para Dumbledore, antes de segurar no meu colar de fênix, e pensar desesperadamente para ir para casa.


         No segundo seguinte, estava na sala dos quadros, desmaiado. Tão como a primeira vez que usei meu colar para me transportar para lá, quando tinha três anos.


         É, nunca consegui ficar consciente depois de usar essa “chave de portal”.


         Fazer o quê.

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