Cócegas



 


Decorrida mais uma hora e meia, Harry espreguiçou-se para trás. Eram dois terços do trabalho vencidos e o relógio marcava dez horas. Não havia mais ninguém além de ele, Hermione e Madame Pince na biblioteca. Dando-se por satisfeito, o garoto fechou os livros. Rapidamente juntou suas coisas e colocou tudo dentro da bolsa. Apanhou todos os livros e apressou-se a colocá-los no lugar. Enquanto procurava o lugar do último livro, olhou com o canto dos olhos Hermione, sentada na escrivaninha ao lado da janela. Ela também estava juntando suas coisas, dando seu trabalho por finalizado. Finalmente, Harry encontrou o lugar do último livro e, depois de repousá-lo cuidadosamente onde deveria estar, voltou até sua mesa. Colocou a bolsa transversal por sobre o ombro direito, a alça por cima do peito. Hermione tinha acabado de colocar os livros no lugar e voltava para buscar a sua bolsa.


Harry passou a mão pelos cabelos, dirigiu-se até a porta e a abriu, segurando-a aberta com uma mão enquanto a outra repousava dentro do bolso da calça. Hermione desejou boa noite à Madame Pince e juntou-se a Harry, passando para fora e seguindo devagar à frente, enquanto ele passava pelo vão da porta e a fechava silenciosamente.


- Harry, aquela poção... no modo de preparo dizia que se você corta o bezoar com a faca de prata o sumo é extraído, mas se você fizer isso amassando o bezoar com a adaga sai mais líquido, não? – Hermione perguntou.


- Sim, claro. Sempre que se amassa sai mais sumo. – Harry respondeu, andando ao lado da garota, as duas mãos nos bolsos.


- Correto... tenho que perguntar o porquê disso, nunca entendi direito. – Hermione disse, pensativa.


- É magia. Muita coisa não precisa fazer sentido, precisa apenas funcionar. – Harry pontuou.


Ficaram alguns segundos em silêncio. Harry desviou os olhos para as janelas. Ali estavam elas, seus queridos pontinhos luminosos... As estrelas estavam especialmente brilhantes naquela noite, o céu estava claro. Foi quando Harry teve uma idéia...


- Hermione, vem comigo. – ele disse, puxando-a pelo braço e desviando o caminho de ambos para a esquerda.


- Quê? Harry, onde estamos indo? O caminho pra Torre é... – Hermione começou.


- É, eu sei. Só vem comigo. – ele respondeu, apressando o passo.


- Já passou da hora de estarmos lá! – Hermione protestou, enquanto Harry a puxava pela mão escada acima.


- Somos monitores, as regras para nós são diferentes. – ele falou, sorrindo, maroto, para ela.


Hermione se rendeu àquele sorriso e resolveu seguir o amigo para onde quer que eles estivessem indo. Ele era encantador quando exibia aquele lado despreocupado e inconsequente, e tinha um poder de persuasão naquele sorriso capaz de levar qualquer um a fazer qualquer coisa. Ele seguiu puxando a garota cada vez mais para cima, até que chegaram à Torre de Astronomia. Ele abriu a porta para Hermione passar e fechou-a logo em seguida. A escuridão era densa, exceto por uma faixa iluminada pelo luar, bem longe da porta. Os dois tiraram as bolsas dos ombros e seguiram até lá. Harry olhou para o céu, maravilhado com os pontinhos brilhantes acima de sua cabeça. Parecia uma criança.


- E então...? – Hermione começou, observando as estrelas brilharem nos olhos do Escolhido.


- Olha... é uma mais bonita que a outra, Mione. – Harry disse, apoiando-se na bancada que limitava o espaço da torre.


- É, são lindas. – ela disse.


- Não tão lindas quanto minha melhor amiga. – Harry comentou, olhando-a de soslaio e sorrindo pelo canto da boca.


- E quem seria essa menina tão especial e bonita, heim? – Hermione deu corda, sorrindo também.


O sinal estava dado, a brincadeira continuava a partir dali.


- Uhm, digamos que ela é uma garota pra lá de inteligente... tem cabelos bonitos, olhos então nem se fala... – Harry descreveu, carregando cada palavra com sentimento implícito e sentido único.


- Olha só, parece ser muito legal essa sua amiga... me apresenta, Harry? Gosto de saber com quem meu melhor amigo anda... – disse ela, brincando com os dedos.


- Melhor amigo? Eu? – Harry perguntou, falsa surpresa em seu semblante.


- Sim, posso não ser sua melhor amiga, mas você é meu melhor amigo... – Hermione tornou, displiscente, falsa mágoa em sua voz.


- Sei exatamente onde ela está, se você quiser posso te apresentar agora. – Harry disse, aproximando-se da amiga.


- Uhm, e onde ela está? – perguntou a garota, o dedo no queixo, olhando-o de lado.


- Bem aqui, entre os braços do seu melhor amigo, na Torre de Astronomia, olhando as estrelas. – Harry disse, abraçando a melhor amiga e apoiando o seu queixo no ombro da garota.


- Quem? Eu? – Hermione colocou a mão no peito e fingiu surpresa, imitando Harry. – Você não pode estar falando sério!


Ela virou de frente para o melhor amigo e lançou-se ao seu pescoço em um abraço apertado, enquanto riam muito, os dois. Harry deixou-se perder naquele abraço e ela também.


- Te odeio. – Harry murmurou no ouvido da garota.


- Não, eu te odeio, Harry Potter. – Hermione murmurou no ouvido do melhor amigo.


- Que bom, porque vai me odiar ainda mais agora. – Harry disse.


- Quê, por q... HARRY NÃO!


O garoto cutucava freneticamente a barriga de Hermione, segura em seus braços. A garota contorcia-se de cócegas, rindo descontroladamente e tentando se libertar do melhor amigo. Harry era mais forte, e ela estapeava o peito do garoto com vontade, enquanto ria até os músculos não aguentarem mais. Os seus joelhos começaram a ceder e Harry acompanhou o movimento da garota, até que pararam ajoelhados, abraçados. Ele então desacelerou os cutucões e Hermione repousou a testa em seu ombro, ainda rindo.


- Chato. – ela disse.


- Você que é! – ele tornou.


- Além de tudo é bobo! – ela provocou.


- E posso saber por que?


- Nunca, mas nunca mesmo, – ela começou – dê moleza para o seu inimigo!


Quando terminou a frase ela empurrou Harry com força e levantou-se para correr. O garoto deu-lhe uma fração de segundos de vantagem até se levantar e correr atrás dela. Hermione foi rapidamente alcançada e, quando tentou desviar-se do garoto, contornando uma coluna, trombou com ele em cheio, bem de frente. Caíram os dois no chão, Harry abraçando-a para proteger-lhe a queda.


Eles riram por um segundo, mas logo que abriram os olhos pararam de rir. O clima ficou difente. Estavam perigosamente próximos. Harry caíra de costas e Hermione por cima dele, segura pelos braços do rapaz. Suas bocas estavam separadas por, no máximo, quinze centímetros. Harry estava hipnotizado. Fitavam-se nos olhos, perdidos um no olhar do outro.


- Harry, eu... – Hermione começou.


- Hermione, não consigo mais esconder. – ele cortou.


- Esconder o que? – ela perguntou, como quem confirma algo.


- Não dá pra perceber? Não consigo mais ficar longe de você. Mione eu... eu tenho medo de estragar tudo, tenho medo do que vai acontecer, mas não dá mais pra te olhar como amiga e só amiga. Eu... eu te amo. – Harry falou de uma vez, suavemente e baixinho.


Hermione não disse nada. Harry estava preparado para um corte, para que ela se levantasse e saísse correndo, pra qualquer coisa. Menos aquilo. Ela venceu facilmente a distância que separava os dois e depositou seus lábios mornos nos dele, devagar, em um beijo casto. Isso não durou muito tempo. Logo ambos depositaram naquele beijo toda a intensidade do amor que sentiam um pelo outro. Harry virou-se rapidamente, colocando Hermione no chão, de costas e debruçou-se sobre ela, aprofundando o beijo cada vez mais. O cheiro dela era tóxico, o melhor entorpecente de que o mundo já ouvira falar. Ele ouvia harpas de anjos e fogos de artifício, tudo ao mesmo tempo. Com ela não era diferente. Ele estava por todo lugar em sua boca e a mão dele acariciava seus cabelos. As mãos da garota acariciavam o cabelo do rapaz, puxando-o para si possessivamente.


Pela pura necessidade de respirar, eles se separaram. Harry olhou-a com ternura e ela retribuiu o olhar. Ele acariciou as bochechas da garota com carinho e cuidado.


- Você...? – ele começou.


- Ainda tem dúvidas? – ela respondeu.


- Nunca imaginei. – ele pontuou.


- Desde sempre. – ela sorriu, traçando a linha dos lábios do garoto com a ponta do indicador.


- E Rony?


- Não sei de onde vocês tiram essas idéias. – ela respondeu, girando os olhos para cima.


Harry sorriu e beijou o pescoço da garota. Logo em seguida deixou-se cair de costas no chão ao lado da “melhor amiga”.


- Hermione? – ele começou, segurando sua mão e virando a cabeça em sua direção.


- Uhm? – ela respondeu, virando a cabeça para ele e olhando em seus olhos, duas esmeraldas brilhantes.


- Namora comigo? – ele finalmente perguntou.


Ela apoiou-se no cotovelo direito e em seguida no peito do garoto, esticando o pescoço para alcançar-lhe os lábios. Beijou-o de novo.


- Responde? – ela perguntou, deitando-se no peito de Harry.


- Você gosta dessas respostas, não? – ele disse.


- E você não? – ela perguntou.


Harry arrumou uma mecha do cabelo da garota atrás de sua orelha. Ergueu-se ligeiramente e beijou a namorada.


- Adoro! – ele respondeu, enquanto ela sorria e se aninhava em seus braços, para observarem as estrelas.


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Muito obrigado por ler, espero que tenha gostado!
Se gostou, por favor, gaste os próximos quarenta segundos deixando um comentário, isso ajuda bastante...
Tenho outra short desse shipper, se chama Sob o Primeiro Raio de Sol (http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=35917), quem tiver tempo e se interessar, agradeceria muito se pudesse dar uma passada por lá e lê-la.
Ok, assim que tiver mais idéias, volto com novas histórias!
ATT, In. 

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Comentários (3)

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