O Auror Ausente
_O que está acontecendo aqui? _ disse uma voz esganiçada que vinha de alguém logo atrás de Alvo _ Por Merlin! O que aconteceu? Alguém vá logo chamar a Prof. Minerva!
Alvo se virou e viu o Prof. Flitwick que acabara de chagar no local Mas isso não importava, o garoto se sentia estranho, estava experimentando algo novo, seus sentidos pareciam tê-lo abandonado, não tinha reação, não sabia o que pensar, aquilo era tão chocante, tão absurdo... era a realidade nua e crua. Aquele livro... aquele mesmo livro que ele acreditava estar trancado em seu malão, estava ali, ao lado de um garoto ferido e isso significava... Alvo não queria pensar no que isso significava, coisas sombrias povoavam sua mente: “Scorpio havia saído do dormitório antes dele acordar... onde ele estava? Será que sua prima Rose tinha razão? Será que Tim Hanger estava certo?”.
_Saiam do caminho! Agora! _ berrou a Prof. Minerva _ Professores e monitores, levem os alunos de volta para salas comunais, ninguém está autorizado a sair até segunda ordem!
Alvo estava sentado com a cabeça encostada na janela, nunca se ouvira tanta algazarra e conversa na sala comunal de Grifinória, mas ele parecia distante de tudo aquilo, a única coisa que ele queria era encontrar Scorpio, mas ele continuava desaparecido.
_Você está bem? _ perguntou Dominique que havia se sentado ao lado de Alvo.
_Sim _ respondeu Alvo que não queria prolongar a conversa.
_Alvo! Você quer enganar quem? O que está acontecendo?
Alvo olhou dentro dos olhos de sua prima e de repente se lembrou o porque daquilo tudo estar acontecendo, sem dizer nenhuma palavra se levantou e caminhou até o outro lado da sala.
_Eu quero falar com você _ disse a Tiago Potter que estava com um grupo de alunos mais velhos.
_Saia daqui! Eu já disse que não quero você perto de mim!
_Eu quero falar sobre o livro que estava do lado do garoto e que...
_Ei! O que você pensa que está fazendo? Tudo bem, vamos para um lugar mais reservado.
Os dois subiram até o dormitório de Alvo.
_Eu vi aquele livro com você na carruagem que nos trouxe para a escola _ disse Alvo simplesmente.
_Eu não sei do que você está falando Alvo. Você está imaginando coisas.
_Se você não falar a verdade eu vou agora mesmo procurar a Prof. Minerva.
_Você não faria isso.
Alvo virou-se e caminhou até a saída do dormitório.
_Tudo bem moleque! O livro estava comigo! Mas não fui eu quem o trouxe, quando eu e o Fred entramos na carruagem ele estava lá, jogado no banco, nós só estávamos olhando quando você e Rose entraram.
_E o que você fez com ele depois?
_Ele estava no meu bolso, mas depois ele simplesmente desapareceu! Depois do banquete quando fui procurá-lo, não estava mais comigo.
_Eu não acredito nisso.
_Pois eu não estou nem um pouco preocupado com o que você acredita! Faça o que você quiser pirralho!
E dizendo isso, Tiago deixou o dormitório batendo a porta atrás de si. Alvo ficou parado sem saber o que fazer, estaria seu irmão falando a verdade? Será que o livro realmente estava jogado no banco da carruagem? De repente a porta se abriu e um garoto entrou no local.
_Ah! Veja quem apareceu! _ disse Alvo com sarcasmo.
_Ei, o que está acontecendo? Eu ouvi uns boatos de que alguém está ferido _ disse Scorpio Malfoy.
_Você ouviu foi? Que interessante... o engraçado é que a escola inteira sabe exatamente o que aconteceu e você apenas ouviu uns boatos...
_Porque você está falando assim cara?
_Onde você esteve?
_Eu...eu estava... estava resolvendo umas coisas...
_Resolvendo o que?
_Desculpe Alvo, mas eu não posso te contar.
_Ah! Você não pode me contar!
_O que está acontecendo Alvo? Você está muito esquisito.
_O que está acontecendo é que aquele livro desapareceu do meu malão está manhã e adivinha onde ele foi parar?
_Onde?
_Ao lado de um garoto que estava banhado com seu próprio sangue.
_Sério?! Que coisa... espere um minuto, você não está pensando que eu...
_Onde você esteve?
_Eu já disse que não posso dizer!
_Neste caso, eu vou ter procurar alguém e contar que você estava com esse livro!
_Você sabe muito bem que não fui eu quem trouxe esse livro para Hogwarts! Quem fez isso foi seu irmão!
_Do que você está falando?
_Ora Alvo, você acha que eu sou idiota? Você sempre soube que esse livro não era meu, então você tinha visto outra pessoa com ele, pessoa que você vive protegendo, só pode ser o seu irmão! E não é segredo para ninguém que ele ficou desagradado com minha vinda para Grifinória, teria sido muito conveniente para ele tentar arrumar minha expulsão da escola.
_SE VOCÊ É TÃO INOCENTE ASSIM, PORQUE NÃO ME DIZ ONDE VOCÊ ESTAVA!
_Lamento Alvo, já disse que não posso.
Alvo estava furioso, atravessou o dormitório com passos largos e desceu as escadas rumo à sala comunal.
_Ei Alvo! _ disse sua prima Dominique.
_O que foi?
_Essa coruja é sua, não é?
Alvo percebeu que a garota carregava uma coruja branca como a neve, era sim a sua coruja Átila, que seu pai lhe dado pouco antes do início do ano letivo.
_Ela entrou aqui a pouco, parece que está um pouco desorientada...
Alvo recolheu a coruja que parecia um pouco tonta, ela demorou um tempo para reconhecer seu dono, até que finalmente levantou a asa e Alvo viu que havia ali uma carta.
Querido Alvo,
Eu não disse que iria te escrever sempre, meu filho? Estamos todos com muita saudade, nossa casa ficou muito vazia sem sua presença, o pior de todos é seu pai, o coitado ainda não superou o fato de você ter crescido! Sua irmã Lílian mal agüenta esperar o dia de também ir para Hogwarts. Você está se alimentando direito? Tiago está pegando muito no seu pé? Se estiver me diga que eu mandarei um berrador para ele! Espero que você esteja gostando de Hogwarts e não deixe de escrever para casa!
Ah! Gostaria também de lhe fazer um pedido, talvez você ouça alguns boatos descabidos e mentirosos meu filho, mas por favor, aconteça o que acontecer não faça nenhuma loucura! Se você tiver algum problema procura Neville ou Hagrid, eles saberão te ajudar!
Com todo carinho,
Gina, sua mãe.
Alvo sentiu as lágrimas brotando em seus olhos, aquela carta havia despertado nele uma saudade tão grande de sua casa, sua família... eles pareciam tão distantes agora. Mas outra coisa também lhe veio a cabeça: o que sua mãe estava tentando dizer no final da carta? Boatos descabidos e mentirosos? O que poderia ser? E porque ela não lhe contou sobre a chegada de seu pai? Será que isso ainda era algum segredo? O garoto sentiu que sua mãe estava escondendo algo e aquilo não o deixou nada satisfeito.
_Ah! Ai está você Potter! _ Alvo se virou e viu Tim Hanger caminhando decidido em sua direção _ viu o que aconteceu? Você ainda vai continuar defendendo seu amiginho Malfoy?! _ o garoto parecia descontrolado, mais selvagem do que nunca.
_Eu vou resolver esse assunto hoje Tim _ respondeu friamente Alvo.
_Assim espero, porque se você não fizer isso eu mesmo faço!
As horas se arrastaram naquele dia, as aulas haviam sido canceladas e os alunos ficaram trancados o tempo inteiro nas salas comunais, de dez enquanto algum professor aparecia para ver se tudo estava bem e logo saía novamente. Alvo observava a distância Tiago, que não parecia tão descontraído como sempre, estava num canto conversando baixinho com Fred Weasley que também parecia preocupado. Alvo não tinha visto Scorpio depois da discussão que tivera com o garoto, o que era uma sorte, pois não estava com a menor vontade de falar com ele. Alvo teria gostado que Rose estivesse ali, ele teria alguém para dividir suas preocupações, mas naquela hora, ela deveria estar na sala comunal de Corvinal, numa torre muito distante dali.
Na hora do jantar, Neville apareceu para escoltar os alunos até o salão principal (o almoço havia sido mandado para a sala comunal).
Todos sentiram um calafrio ao cruzar o corredor onde naquela manhã o garoto estava ferido e inconsciente, mas naquela hora, já não havia mais vestígio de sangue nem do livro que estava causando tantos problemas.
Alvo havia refletido muito durante aquele dia sobre o que fazer a respeito desse assunto, uma coisa era certa em sua mente: ele precisava contar a alguém o que ele sabia, mas o que exatamente iria dizer? Incriminaria seu irmão e seu primo que haviam sido os primeiros que ele vira com o livro? Ou seu amigo Scorpio que desaparecera naquela manhã e estranhamente se recusara a dizer onde estava? O garoto chegou a conclusão que a melhor coisa a se fazer era contar a verdade, dizer que havia visto o livro com Tiago e Fred e depois com Scorpio, não seria interessante mentir numa situação dessas. Assim, quando os alunos entraram no salão principal, ele caminhou decidido na direção da mesa dos professores que já estavam presentes.
_O que foi Potter? _ perguntou Minerva quando o garoto se aproximou.
_Eu gostaria de falar com a senhora, professora.
_Sobre o que? _ perguntou Minerva desconfiada.
_Bem, eu...
_Prof. Minerva! _ Madame Pince, a bibliotecária, havia acabado de chegar completamente sem fôlego na frente da diretora empurrando Alvo para o lado _ verificamos tudo! Cada centímetro! O nosso exemplar realmente não está na biblioteca, o livro encontrado ao lado do garoto é nosso e foi provavelmente roubado na última madrugada!
_Obrigada Pince! Isso será importante para as investigações. O que você queria mesmo, Potter?
_Ah... apenas... apenas saber como está o garoto.
Minerva encarou o garoto por alguns instantes e finalmente disse:
_Ele vai sobreviver Potter, agora vá se sentar.
Roubado da biblioteca! Como poderia ser! Alvo estava desconcertado, o que poderia ter dito depois de ouvir isso?
_Muito bem! Escutem todos! _ Minerva havia se levantado e o salão inteiro sedento de informações, mergulhou em profundo silêncio _ como todos sabem, Eduard McLanh, aluno do 1º ano de Lufa-Lufa, foi atacado covardemente está manhã por um agressor ainda desconhecido, gostaria de tranqüilizar a todos afirmando que ele está sob os cuidados da enfermeira Pomfrey e não corre risco de vida. Temos esperança de que quando ele recuperar a consciência, possa nos contar quem foi que lhe agrediu. Ao lado da vítima foi encontrado um livro chamado Os Segredos das Artes das Trevas, que segundo informações da Madame Pince; foi roubado na última madrugada da sessão reservada da biblioteca, quem souber algo a respeito deve comunicar imediatamente! Acredito não ser necessário salientar a gravidade da situação que estamos atravessando. O feitiço utilizado para ferir McLanh está descrito no livro, portanto sua ligação com o caso é direta.
Um burburinho como rastilho de pólvora correu todo o salão até que a diretora voltou a falar e se fez novamente silêncio.
_Para a nossa felicidade, chegaram hoje em Hogwarts, seis aurores que estarão fazendo a segurança do castelo, gostaria de apresenta-los agora.
O coração de Alvo deu um salto, seu pai estava ali, tudo ficaria bem! De uma sala adjacente ao salão saíram os aurores, Alvo os observou com atenção: O primeiro era um homem alto e musculoso com a cabeça careca, seguido de um bruxo baixo e atarracado com um brinco na orelha direita; uma bruxa ruiva com um longo chapéu pontudo; um bruxo com bigodes e suíças; um outro jovem de cabelos loiros e fechando o grupo uma mulher alta e negra... mas estava faltando alguém... onde estava o homem de óculos e cicatriz em forma de raio na testa... onde estava seu pai, Harry Potter?
_Estes _ recomeçou a falar Minerva _ são os aurores que estarão aqui este ano letivo, eles estão liderados pelo Sr. Calhill _ disse ela apontando para o homem careca _ e espero que todos sejam sensatos o suficiente para não contrariar qualquer ordem dada por um auror. Agora os senhores podem jantar e em seguida serão levados de volta a suas salas comunais, amanhã teremos nossas aulas normalmente.
Acabou? Pensou Alvo, nada sobre Harry Potter? Porque os aurores haviam vindo sem ele? Na carta que Alvo lera no trem estava escrito com todas as letras que seu pai estaria liderando os aurores em Hogwarts, o que havia acontecido? Porque ele não tinha vindo? Alvo teve uma sensação desagradável que foi se espalhando por todo o seu corpo como erva daninha. Naquele momento, a mensagem que sua mãe escrevera na carta começava a fazer sentido...
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