A Ala Sul do Sétimo Andar



“Ela está muito longe da sala comunal de Corvinal”. Esta frase estava atormentando a cabeça do Alvo Potter enquanto a estranha comitiva formada por ele, Scorpio Malfoy, Dumbledore e Pickwick cruzavam os sombrios corredores de Hogwarts. Ele gostaria muito de ter perguntado na hora em que Dumbledore dissera está frase “Onde ela está?”, mas ele temia a resposta, limitou-se a seguir o professor, o que não estava sendo tarefa fácil, já que suas pernas pareciam ter virado chumbo.  Continuaram andando em silêncio por mais de quinze minutos, sem que Dumbledore desse a menor indicação de que estavam se aproximando, até que num corredor do sétimo andar onde aparentemente não havia nada, o professor declarou:


_Chegamos.


Alvo olhou para todas as direções em busca de uma porta ou passagem, mas não viu nada.


_Ah... professor... onde nós chegamos exatamente?


_Chegamos no local onde está Rose _ ele respondeu simplesmente, Scorpio parecia tão perdido quanto Alvo, enquanto Pickwick sorria, aparentando achar que a declaração do colega a coisa mais normal do mundo.


_Antes de entrarmos, eu preciso lhe explicar algumas coisas Alvo _ começou Dumbledore _ quando cheguei a Hogwarts, a Diretora Minerva muito gentilmente me ofereceu a posição de diretor da casa de Corvinal, o que eu aceitei com satisfação, na escola em que eu me formei, eu fui membro de uma casa com uma filosofia muito semelhante à de Corvinal, onde a inteligência era a qualidade mais apreciável. Então logo na minha primeira noite no cargo, tive o primeiro problema a resolver, uma aluna estava em estado de choque, muito deprimida por ter sido mandada para Corvinal, sim Alvo, ela era sua prima Rose Weasley.


Eu conversei muito com a garota naquela noite, explicando-lhe que não havia nenhum mal em ser membro de uma casa com uma história tão honrosa, mas nada parecia confortá-la. Como você sabe, toda a família dela, que inclusive também é a sua família, ficou na casa de Grifinória e ela estava se achando uma aberração ou algo do tipo, por ter quebrado esta tradição. Veja bem Alvo, como algo tão irrelevante tem poder sobre as pessoas, até mesmo se tratando de uma garota tão inteligente quanto Rose. Ela simplesmente estava com vergonha de continuar na escola, chegou a declarar que desejava ir embora de Hogwarts, totalmente exaltada. Eu vi naquele momento que ela precisava de um tempo para se acalmar e botar a cabeça no lugar, conversei com a Prof. Minerva e nós encontramos uma solução para essa situação delicada. Rose foi então acomodada numa sala onde poderia passar algum tempo até estar preparada a continuar sua vida escolar. Este lugar é bem aqui.


Alvo continuou a não ver nada além do corredor vazio e já estava se perguntando se a tal sala era invisível quando Dumbledore começou a andar de um lado para o outro em frente à parede lisa, na terceira volta que deu uma porta se materializou onde antes não havia nada.


_Bem-vindo a Sala Precisa, Alvo.


_Ah! Eu já ouvi falar desse lugar! Foi aqui que meu pai organizou a Armada de Dumbledore!


_Sim.


_A sala se transforma exatamente naquilo que a pessoa precisa, não é mesmo?


_Exatamente. E neste momento ela é um belo e acolhedor quarto. Vamos entrar então?


_Ah... professor, será que eu poderia entrar sozinho primeiro?


_Naturalmente.


Alvo seguiu direto para a porta e girou a maçaneta. Assim que entrou na sala, se viu num aposento bonito e bem ornamentado, com belas pinturas nas paredes, um tapete vermelho, uma grande lareira onde crepitava um fogo acolhedor e uma grande cama onde estava deitada uma garota de cabelos vermelhos.


_Rose!


            _Alvo!O que você está fazendo aqui?


_Eu que deveria estar lhe fazendo essa pergunta! O que você está fazendo aqui enquanto as aulas estão lá fora?


_É muito difícil Alvo, eu fui para Corvinal e...


_E que é que tem? Você foi para a casa da inteligência, que grande tragédia!


_Você fala isso porque está em Grifinória.


_Você não pode se abater por causa disso! O que você acha que sua mãe vai dizer quando souber que você está perdendo as aulas por estar com vergonha de não ter ido para Grifinória?


_Ela provavelmente vai ficar louca!


_Exatamente. E eu tenho certeza que ela não liga para toda essa bobagem de casas!


_É verdade... ela não deve ligar em que casa eu estou, desde que eu seja a melhor aluna da classe!


_Você vai sair então?


_Tudo bem Alvo, você me convenceu, eu estava mesmo sendo uma boba... mas como foi que você me achou?


_Bem eu estava tentando entrar na sala comunal de Corvinal para te procurar, quando o Prof. Dumbledore me encontrou e me trouxe até aqui.


_Você estava andando pelo castelo essa hora da noite?!


_Eu precisava procurar você e...


_Você não tem juízo Alvo! Você poderia ter sido expulso e...


_Tudo bem, agora já passou, ok? Eu preciso te contar uma coisa.


Alvo então narrou para Rose todos os fatos ocorridos a respeito do livro de magia negra.


_E o que o Prof. Neville disse sobre isso? _ perguntou a garota.


_Eu não contei a ele.


_O que?! Um livro de magia negra é encontrado no seu dormitório e você não comunica isso ao diretor da sua casa!


_Eu não podia fazer isso, Scorpio poderia ter sido expulso!


_Alvo, esse garoto... é um Malfoy!


_Mas ele não é mau! E você sabe muito bem que esse livro estava com Tiago e Fred na carruagem.


_Nós vimos o livro apenas de relance na carruagem, Alvo. Você não pode ter certeza que é o mesmo livro.


_Mas é o mesmo livro Rose!


_E onde está o tal livro agora?


_No meu malão.


Rose ficou lívida. Aparentemente, de todos os planos que ela tinha para resolver a situação do livro, guarda-lo em seu próprio malão parecia ser a pior de todas.


_Alvo, seu malu...


Rose interrompeu sua frase no meio porque a porta da sala havia se aberto novamente.


_Presumo que os senhores tiveram tempo para conversar _ disse Dumbledore.


_Oh sim _ disse Alvo _ obrigado professor.


­_ E a senhorita vai retornar ao convívio dos vivos? _ perguntou animadamente Pickwick.


_Sim. Alvo me convenceu.


_Excelente notícia! _ disse Dumbledore.


Rose então percebeu a outra pessoa que estava dentro da sala, uma garoto loiro...


_O que ele está fazendo aqui? _ perguntou ela à Alvo.


_Ele estava me ajudando a te procurar.


Rose não pareceu nada satisfeita com isso, mas seja lá o que ela pensou, guardou para si mesma.


_Vamos andando então? _ disse Dumbledore_ já está tarde e os senhores terão aula pela manhã, é essencial que estejam acordados e bem dispostos!


 


E assim eles partiram, deixando para trás a Sala Precisa. Novamente todos caminhavam em silêncio, o que era muito importante, já que a última coisa desejável naquele momento seria chamar a atenção de outras pessoas. Isso desagradava um pouco Alvo, que estava com vontade de correr e gritar de felicidade. “Um problema a menos!” ele havia encontrado sua prima, ela estava bem e ainda por cima seu pai estaria em Hogwarts ainda naquela semana; nada poderia atormentá-lo, até o problema do livro parecia algo pequeno agora. Ele estava perdido nessa nuvem de felicidade quando algo aconteceu.


_Para trás! Agora! _ gritou Dumbledore.


_O que aconteceu professor? _ disse Rose exasperada.


_Logo saberemos!


Os garotos olharam para todas as direções mais não viram nada, apenas paredes e armaduras velhas; mas de repente, um pequeno ponto de luz iluminou o local como se fosse um vaga-lume, o ponto de luz foi crescendo e crescendo até se tornar um redemoinho multicolorido do tamanho de um goles, ele continuou crescendo até ocupar toda a parede, do meio do emaranhado de cores, se tornou discernível alguns vultos, vultos macabros que pareciam se contorcer de dor e gritavam terrivelmente, o que fez os garotos sentirem calafrios. Um vulto maior surgiu; e começou a se aproximar como se tivesse a intenção de sair do redemoinho. Dumbledore se adiantou com a varinha na mão, o vulto também parecia estar segurando uma, o professor murmurou algo e um jato de luz azul saiu da ponta de sua varinha, o vulto contra atacou com um jato verde que encontrou o outro no meio do caminho. Os dois participantes daquela luta sinistra continuaram segurando suas varinhas tentando vencer a disputa e fazer sua magia atingir o adversário. Um globo de luz surgiu entre as varinhas e lentamente foi na direção do redemoinho. Alvo viu que Dumbledore estava com uma expressão irreconhecível, muito diferente da tranqüilidade habitual, seus olhos estavam fixados no inimigo de uma forma selvagem, quase sanguinária. A disputa continuou até que para o desespero do vulto o globo continuou se aproximando do redemoinho até que o atingiu em cheio, os gritos ficaram ainda mais altos e de forma lenta e progressiva o redemoinho começou a diminuir de tamanho até voltar a ser um pequeno ponto de luz e finalmente desaparecer deixando o local novamente na escuridão.


_Professor _ disse alvo _ o que foi aquilo?


_Você sabe onde nós estamos, Alvo?


_Não exatamente.


_Estamos na ala sul do sétimo andar, isso te lembra alguma coisa?


Alvo pensou alguns instantes e finalmente se lembrou.


_Um dos lugares em que a Prof. Minerva proibiu os alunos de ir! A ala do sul do sétimo andar!


_Exatamente!


_Uau! _ disse admirado o Prof. Pickwick mais para ele mesmo do que para os outros.


_Mas Prof. Dumbledore... o que era exatamente aquilo?


_Uau! _ disse novamente Pickwick antes que Dumbledore falasse _ aquilo meu garoto, é a confirmação que a lenda é verdadeira!   


Alvo olhou de Rose para Scorpio que pareciam ter entendido tanto quanto ele da declaração de Pickwick, ou seja, nada.


_Nós não devemos aborrecer nossos queridos jovens com este tipo de assunto Pickwick _ disse Dumbledore que voltara a adquirir sua expressão habitual, voltando-se para os três alunos ele completou _ Aquilo garotos, é algo que vocês nunca viram,  porque vocês nunca estiveram aqui, entenderam?


Os três garotos acenaram afirmativamente.


_Muito bem. Então vamos continuar andando.


_Uau! Isso foi mágico! _ disse mais uma vez Pickwick


 


Alvo mal conseguiu fechar os olhos aquela noite, ele sempre esperou que estar Hogwarts fosse uma experiência intensa, mas não imaginava tanto. Sua cabeça estava fervilhando com os últimos acontecimentos. Aquele redemoinho foi a coisa mais fantástica e ao mesmo tempo assustadora que ele já vira na vida, o que seria aquilo? O que Pickwick quisera dizer? Que lenda era aquela?


Quando finalmente dormiu, Alvo logo foi acordado novamente, a manhã chegou mais rápido do que ele poderia ter desejado. Ao abrir os olhos, Alvo se deparou com Tim Hanger, seu companheiro de dormitório parado em frente sua cama com os braços cruzados e a expressão fechada.


_E então Potter, já resolveu aquele assunto?


_Ei! O prazo ainda não acabou está bem! Não fique me pressionando!


_Tudo bem. Só espero que você saiba o que está fazendo.


 


Alvo saiu mal-humorado do dormitório e foi em direção ao salão principal, por algum motivo Scorpio já tinha saído sem ele.  No meio do caminho ele encontrou Rose que fazia o mesmo caminho.


_Olá! _ disse o garoto.


_Olá _ respondeu ela com a expressão preocupada.


_Aconteceu alguma coisa?


_Alvo, eu preciso falar com você.


_O que foi?


Eles deixaram as pessoas passarem até que ficaram sozinhos no corredor, Rose verificou se o lugar estava realmente deserto e então disse:


_Você não devia estar andando com Scorpio Malfoy, Alvo.


_O que? Porque não?


_Está acontecendo alguma coisa muito estranha aqui, você não viu aquele redemoinho? Você não devia confiar nele.


_Você está querendo dizer que foi ele que fez aquela “coisa”?


_Eu não estou querendo dizer nada Alvo, mas ele estava com um livro de magia negra, não estava?


_Aquele livro é do Tiago e do Fred!


_Você não tem certeza disso Alvo.


_É claro que eu tenho, eu vi e você também viu!


_O que ele está fazendo em Grifinória? A família inteira dele é de Sonserina, você não acha isso estranho?


_A sua família inteira é de Grifinória e você foi para Corvinal!


_É o que eu estou dizendo, tudo isso é muito estranho!


_Então é isso! _ disse Alvo ficando nervoso _ você não gosta dele por que ele está em Grifinória e você não!


_Você é um idiota Alvo! _ gritou Rose antes de se virar e sair correndo chorando.


Se Alvo já estava nervoso com a conversa com Tim Hanger, agora ele estava furioso! Furioso com a infantilidade de sua prima “Que absurdo! Acusando Scorpio só porque ele é um Malfoy, justamente o que aconteceu com ele a vida inteira! Eu achava que ela era diferente!” ele continuou andando sem ver muito bem para onde ia até bateu em algo parecido com um muro, ao levantar-se ele viu que havia uma grande aglomeração de pessoas no meio do corredor que levava ao salão principal. “O que está acontecendo aqui?”, Alvo foi abrindo caminho até que chegou ao centro do círculo, havia um garoto caído no chão com as vestes ensopadas de sangue, ao seu lado, jazia um livro de capa negra intitulado: “Os Segredos das Artes das Trevas”.


 

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