Um Pedido Especial
_Alvo! Alvo espere, eu preciso falar com você!
O garoto ouviu uma voz ao fundo, ela parecia muito distante... tudo parecia muito distante. Seu corpo parecia anestesiado, ele se lembrava da chegada dos aurores e da ausência de seu pai, depois disso, tudo virou um borrão: ele tinha consciência de que um prato se enchera de comida na sua frente, mas não sabia ao certo se tinha comido; sabia que alguém tinha falado algo com ele, mas não se lembrava se respondera; quando todos levantaram, ele fez o mesmo apenas para ter algo a fazer, o garoto estava em estado de choque.
_Alvo! Aqui!
O garoto teve a impressão de ouvir seu nome, mas isso não importava; nada importava. De repente alguém puxou seu ombro, impedindo-o de seguir em frente. Ele se virou.
_Oh Alvo! Como você está se sentindo? Nada bem pelo que vejo!
Aos poucos Alvo foi voltando a si e viu quem estava à sua frente com os olhos banhados em lagrimas.
_Me desculpe Rose. Eu não devia ter dito aquilo tudo. Eu fui um idiota.
_Não se preocupe com isso Alvo, está tudo bem!
_Nós precisamos conversar, venha comigo.
Os dois garotos saíram do salão junto com os outros alunos e aproveitando a confusão tomaram um caminho diferente quando ninguém estava prestando atenção, seguiram por um corredor deserto e entraram numa sala de aula.
_O que está acontecendo Rose? _ perguntou Alvo que começava a sentir os olhos ardendo, as lagrimas estavam brotando e ele não conseguiu mais se segurar. Todas as angustias que ele vinha sentindo vieram à tona e sem pensar ele abraçou a prima chorando como uma criança.
_Ei Alvo! Vai ficar tudo bem! Se acalme.
_Por que ele não veio? Eu não consigo entender! Você se lembra da carta, estava escrito que ele viria!
_Deve ter acontecido alguma emergência, o tio Harry é um homem muito ocupado.
_O que pode ser mais importante do que estar aqui Rose? Você viu aquele redemoinho com aquelas coisas dentro, a história dessa tal lenda e ainda por cima um aluno foi atacado! Alguma coisa séria está acontecendo em Hogwarts!
_Eu sei Alvo... porque você não escreve para casa? Agora que os aurores estão aqui não teria nada demais perguntar como quem não quer nada se seu pai também vai vir.
_Minha mãe me escreveu hoje.
Alvo contou para sua prima o conteúdo da carta que recebera.
_Hum... eu posso entender o que a tia Gina quis dizer... e você precisa fazer exatamente o que ela disse!
_Como assim?
_Podem surgir boatos Alvo. Seu pai é o chefe dos aurores e não veio para Hogwarts, as pessoas podem inventar que ele está com algum problema ou sofreu algum ataque, existe muita gente maldosa...
_V-você acha que meu pai está ferido?!
_É claro que não! Mas você tem que estar preparado, alguém pode inventar alguma história desse tipo.
_Mas e se isso for verdade Rose, faz todo sentido! Que outro motivo ele teria para não ter vindo?
_Não fique pensando nisso! Se algo tivesse acontecido com seu pai, a tia Gina nunca iria esconder isso de você! Bem Alvo... eu sei que essa não é a melhor hora... mas... você sabe o que foi encontrado junto com o aluno que foi atacado, não sabe?
_Sim. O livro das Artes das Trevas.
_Bem... e o que você vai fazer à respeito?
_Eu tinha tomado uma decisão esta noite, eu ia contar para a Prof. Minerva tudo o que eu sabia sobre esse livro.
_E você fez isso?
_Eu tentei. Mas quando eu estava falando com ela, apareceu a Madame Pince e disse que o livro encontrado com o garoto era um exemplar roubado da biblioteca.
_Da Biblioteca! Então aquela cópia ainda está com você?
_Não. Aquele livro também sumiu do meu malão e...
Alvo parou a fala no meio, será que devia contar sobre o sumiço de Scorpio a Rose? A garoto já não era a maior admiradora de Malfoy, quando soubesse disso então... mas Alvo precisava contar a alguém, precisava de apoio, alguém para lhe dar um conselho, já que seu pai não estava lá, esta pessoa seria sua prima... Ele então contou tudo a garota.
_Por Merlin! _ disse Rose _ Então Scorpio se recusou a dizer onde estava na hora do ataque? Eu não quero que você pense que eu estou perseguindo ele ou coisa parecida Alvo, mas você tem que concordar comigo que essa recusa é no mínimo muito suspeita...
Os dois garotos congelaram, eles ouviram passos vindos do lado de fora da sala, logo eles puderam ouvir vozes:
_E então Prof. Minerva, quando foi que aconteceu?
_Como eu lhe disse Sr. Calhill, foi logo na primeira noite do ano letivo.
_E desde então não aconteceu nada de novo?
_Não. Tudo o que eu sei é isso.
_A senhora acredita mesmo nesta tal lenda, professora?
_Eu desde o início fui a mais cética sobre este assunto, mas as últimas evidências... o Tirante de Gáia se moveu, não é mesmo? E ele estava estático há mais de quatrocentos anos! E ainda com esses acontecimentos em Hogwarts...
_Eu compreendo. Onde foi que aconteceu, professora?
_Foi na ala sul do sétimo andar, onde segundo a lenda fica uma das quatro passagens.
_Vamos até lá então?
_Claro.
_Eu vou chamar meu grupo...
Alvo e Rose continuaram em silêncio por mais alguns minutos até terem certeza de que eles haviam ido embora, em seguida se despediram apressadamente e partiram, por mais que estivessem morrendo de vontade de discutir o que ouviram, eles não queriam nem pensar no que aconteceria se a Prof. Minerva os encontrassem ali naquela hora.
Os dias que se seguiram foram muito angustiantes para Alvo, ele mal conseguia se concentrar em suas aulas, que finalmente haviam começado pra valer. Os alunos estavam sobre um rígido regime de segurança e não se deslocavam a lugar nenhum se não estivessem acompanhados por um professor ou auror. Alvo não estava falando com Scorpio Malfoy que estava ficando cada vez mais isolado, já que o garoto era o único membro de Grifinória que falava com Malfoy. Os outros companheiros de dormitório de Alvo, continuavam pressionando o garoto a resolver a história do livro, em especial Tim Hanger, que pareceu não acreditar nem um pouco que o livro encontrado com o garoto atacado não era o que estava com Alvo. Ele também sentia falta de Rose, como os alunos não podiam circular livremente pelo castelo, ele mal falara com a prima desde aquele encontro noturno, numa das raras ocasiões em que conseguiu isso, chamou a garota para ir com ele na sexta à tarde na cabana de Hagrid. Alvo quase se esquecera de que sua mãe havia lhe falado sobre o convite na plataforma de embarque para Hogwarts, com tanta coisa acontecendo aquilo parecia algo muito distante, era incrível pensar que ainda não havia se passado nem uma semana desde que chegara à escola! Depois que se lembrou, o encontro com Hagrid era o que Alvo mais ansiava, ele conhecia o meio gigante desde que era um bebê e estava planejando conseguir dele algumas respostas sobre o que estava acontecendo.
Então na sexta logo após a última aula do dia, Alvo e Rose se encaminharam para o saguão de entrada, onde um Hagrid sorridente já esperava por eles.
_Alvo, meu garoto! _ cumprimentou Hagrid dando em Alvo um abraço de quebrar costelas _ e veja só quem veio também, Rose! Não consigo acreditar que vocês já estão em Hogwarts. Eu estou ficando velho!
E assim eles seguiram para a cabana. Aquele era o dia onde pela primeira vez desde que chegaram em Hogwarts o céu estava azul cristalino e até o sol dera o ar de sua graça.
_Aceitam biscoitos amanteigados? Minha culinária melhorou muito nos últimos anos! Os pais de vocês que o diga!
Os garotos aceitaram, Alvo queria deixar o gigante o mais à vontade possível, para prepará-lo para o momento difícil da conversa. Eles se sentaram à mesa e Dino, o novo cão de Hagrid que tinha quase o dobro do tamanho de Canino que morrera de velhice há alguns anos, fazia festa pulando e lambendo os visitantes.
A cabana de Hagrid mudara muito pouco naqueles anos, ainda havia a mesma cama gigantesca num canto coberta por uma colcha retalhos que não ficava para trás, a mesma mesa, prateleiras e condimentos em um canto; os garotos repararam que sobre o armário havia dúzias de pequenas garrafas que tinham como conteúdo um liquido meio esverdeado com aparência de estragado.
_E então? Contem-me, como foi a primeira semana de aula? Aposto que já estão cheios de deveres de casa!
_Oh sim! _ respondeu Rose _ O prof. Pickwick nos mandou escrever uma redação sobre a revolta dos duendes, a Prof. Sinistra pediu um mapa com todas as estrelas da nossa galáxia e a Prof. Minerva então! Nos passou um caminhão de dever de casa!
_Ah! Ela continua a mesma, esperem até chegar os exames! Eu acho que Mione nem dormia!
_Hagrid _ disse Alvo _ porque agente não pode fazer a travessia pelo lago como todo ano acontece?
_Hum... bem... coisas da Prof. Minerva, sabe... segurança...
_Teria algo haver com o ataque que aconteceu essa semana?
_Bem...eu... infelizmente não posso falar sobre isso Alvo.
Alvo então resolveu partir para uma abordagem mais agressiva, era tudo ou nada.
_Eu li uma carta quando estava no trem Hagrid _ Rose olhou chocada para o garoto _ uma carta para o Prof. Pickwick, nela dizia que meu pai viria para Hogwarts para liderar os aurores.
Hagrid ficou branco feito fantasma, seu pratinho de biscoitos caiu no chão para a alegria de Dino, mas o gigante nem notou.
_Como foi que você leu essa carta, Alvo?
_Um coruja deixou comigo por engano.
_Uma coruja o que?!
_É muito estranho, não é mesmo?
_Eu não sei o que dizer!
_Porque você não diz a verdade?
Hagrid pareceu sofrer um grande conflito interno, balançava-se na cadeira e torcia suas mãos do tamanho de tampas de lixo.
_Tudo bem! Era exatamente esse o plano, Alvo! A Prof. Minerva nos disse no primeiro dia do ano letivo que Harry Potter estaria aqui com os aurores para fazer a segurança da escola.
_E porque ele não veio?
_Isso eu sei tanto quanto você! Foi uma grande surpresa para mim quando os aurores apareceram ontem sem ele!
_A Prof. Minerva não informou os professores da mudança de plano?
_Tudo está muito estranho... Esse ataque... o Tirante de Gáia se movendo...
_Tirante de Gáia! _ disseram Alvo e Rose ao mesmo tempo _ nós ouvimos a Prof. Minerva dizer isso ontem para um auror!
_Vocês o que?! Que coisa! Vocês estão me saindo idênticos a seus pais! Sempre bancando os detetives! Vocês não deviam saber de nada disso!
_O que é Tirante de Gáia, Hagrid? _ perguntou Rose que também não conseguia mais disfarçar a curiosidade.
_Eu... eu não posso dizer...
_Por favor Hagrid!
_Eu também não sei direito... coisas do departamento de mistérios... tem haver com a lenda de um bruxo muito mal... e não me perguntem mais nada!
Os garotos viram que não adiantava mais insistir nesse assunto.
_Eu gostaria de falar sobre outra coisa com você Alvo _ disse Hagrid mais sério _ que história é essa de você ficar andando com o Malfoy?
_Porque você está perguntando isso?
_Olhe Alvo, o grande Prof. Dumbledore, costumava dizer que todas as pessoas podem mudar, mas apesar de confiar em quase tudo que ele dizia, nunca acreditei muito nessa história, eu não acho que Draco Malfoy tenha virado uma pessoa boa, eu poderia apostar cem chifres de unicórnio que não! Então imagine a criação que esse garoto Scorpio teve, numa casa onde reina as Artes das Trevas!
Alvo olhou desconfiado para Rose.
_Eu não disse nada _ declarou a garota.
_Rose também não gosta dele _ disse Alvo.
_Isso mostra que ela é uma garota com a cabeça no lugar! _ disse Hagrid _ e você, Alvo?
_Bem... eu confiava nele, mas... e o que você acha desse novo Prof. Dumbledore?
_Ah! Eu acho ele ótimo! Mal acreditei quando o vi chegando ao castelo, parecia que meu velho mestre estava... estava... de volta _ disse Hagrid que parecia prestes a chorar _ eu... eu vou pegar mais biscoitos.
Hagrid se levantou e caminhou até o armário, parecia não estar vendo direito o que estava fazendo e sem querer derrubou uma das garrafas que estavam no local.
_Errr! O que tem aí, Hagrid? _ perguntou Rose quando a garrafa quebrou e um fedor insuportável se espalhou pela cabana.
_Isso é Extrato de Venvíli.
_E para que serve? _ perguntou Alvo.
_Serve para... é melhor vocês irem! Esse fedor vai demorar horas para passar, vocês não vão querer esperar! Foi um prazer vê-los garotos.
_Para quê você acha que serve aquilo? _ perguntou Alvo enquanto eles caminhavam de volta para o castelo.
_Com certeza não é para perfumar o ambiente...
Eles mal haviam chegado no saguão de entrada quando deram de cara do o Prof. Dumbledore conversando com a aurora de cabelos ruivos e chapéu pontudo.
_Olá garotos _ disse o professor _ eu estava mesmo querendo conversar com você, Alvo. Será que nós poderíamos ir até a minha sala? Tenho certeza de que a Srta. Estempter poderá acompanhar a Srta. Weasley até a sala comunal de Corvinal.
_É c-claro professor _ respondeu o garoto um pouco assustado. O que será que o professor queria falar?
Ele então seguiu o professor até o terceiro andar, onde ficava seu escritório.
_Hum... professor? _ disse Alvo enquanto eles andavam.
_Sim, Alvo?
_O que exatamente o senhor quer conversar comigo?
_Guarde um pouco sua curiosidade, já estamos chegando, o assunto que quero tratar é um pouco sigiloso e aqui as paredes tem ouvidos! _ disse o professor apontando para uma pintura onde uma freira de aparência maldosa parecia prestar atenção em cada palavra.
Finalmente eles chegaram na sala do professor. Era um local agradável com muitos quadros e vasos de plantas; sobre a mesa havia alguns objetos prateados estranhos.
_E então, Alvo. Como você está se sentindo?
_Hum... eu estou bem, senhor.
_Sério? Pois eu esperava justamente o contrário _ disse o professor com um sorriso agradável _ sabe, o Prof. Pickwick me confidenciou uma história interessante... ele me disse que... vamos dizer que por acidente, você leu uma certa carta no trem de Hogwarts.
O estomago de Alvo pareceu se revirar, então era isso! O professor havia descoberto sua falta e agora ele seria punido!
_Professor, me desculpe, eu...
_Se acalme, Alvo. Eu não vou contar isso a ninguém. Não que eu tenha achado sua atitude bonita _ disse ele um pouco mais severo _ mas no momento nós temos assuntos mais importantes a tratar. E então? Como você está se sentindo?
Agora Alvo entendeu a pergunta.
_Bem... eu estou um pouco chateado... achei que meu pai viria para Hogwarts.
_Entendo.
_Você sabe porque ele não veio, senhor? _ perguntou Alvo achando que estava abusando de sua sorte.
_Tenho apenas algumas teorias, nada concreto ainda... mas de qualquer forma estou muito preocupado.
_Como assim?
_Eu temo pela segurança de seu pai, Alvo.
_O senhor sabe de alguma coisa? Ele está ferido?
_Infelizmente eu não tenho estas respostas.
_Então porque acha que ele está em perigo?
_Eu tenho razões para acreditar que tudo que está acontecendo, gira em torno de Harry Potter.
_Porque, senhor?
_Eu prefiro dividir isso com você quando eu conseguir reunir algumas provas, mas de qualquer forma eu gostaria de lhe fazer um pedido.
_E o que é?
_Se o que eu estou pensando vier a se confirmar, eu creio saber como deter os perigos que envolvem uma certa lenda, Alvo. A lenda que é o motivo de tudo isso que esta acontecendo. E se isso acontecer, eu gostaria de sua ajuda.
_Mas professor, eu ainda não sei nada de magia!
_ Não subestime suas capacidades rapaz; e além do mais, eu estarei com você.
_E o que exatamente eu tenho que fazer?
_Isso eu lhe responderei em nossa próxima reunião...
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