“Os papa galeões”
Rony acordou de repente e olhou para o lado assustado. Hermione estava sentada no chão no meio de dezenas anotações.
– Desculpe, acordei você? – ela perguntou sorrindo.
– Não, não. Só não vi você e...
Rony reparou que Hermione usava sua camiseta do Chudley Cannons.
– Você se importa? Acordei e era a peça mais a mão.
– Não de jeito nenhum. Fica melhor em você do que em mim. O que são todos esses papéis?
– Minhas anotações finais para o livro. Às vezes acho que não vou terminá-lo nunca.
Rony se levantou e sentou ao lado dela no chão.
– Não tenha pressa.
– Às vezes acho que está tudo uma droga.
– Tudo que você faz é incrível! – disse Rony deitando Hermione sobre as anotações.
– Harry quer que a gente assista a cerimônia da quebra de varinha.
– Vamos chegar muito atrasados então...
A cerimônia estava marcada para as dez horas. Harry e Patrick seguiram para a sala reservada do Ministério; havia poucas pessoas presentes. A mulher antipática e sem pescoço lançou a Harry um olhar enraivecido e sentou no último banco; Harry reparou que ela parecia sinceramente triste.
Hermione e Rony chegaram quando o Ministro iniciava um pequeno discurso. Sentaram atrás de Harry, Patrick e Percy.
– Olá Hermione. – cumprimentou Patrick.
Hermione se desculpou pelo atraso encabulada; Rony não parecia sentir tanto. Após alguns minutos Harry notou que Rony observava no outro lado da sala uma garota com uma pena de repetição atenta às palavras do Ministro.
– Você a conhece? – perguntou ao amigo em voz baixa.
– Já conversamos algumas vezes.
Harry pensou em perguntar se conversaram no St. Mungus, mas o momento não era adequado.
– Ela não devia estar aqui. – apenas comentou.
Foi tudo muito rápido o Ministro levantou a varinha de Roman Young e a partiu desligando seu nome do Ministério para sempre. O nome da vitima no Beco Diagonal e dos elfos domésticos não foram citados, mas houve um minuto de silêncio. O Guardião não foi citado como criminoso, tão pouco como vítima, fora simplesmente esquecido.
Durante o tempo que permaneceu em silêncio Harry refletia que o mundo bruxo tinha divisões de classes e funções bem definidas mesmo para pessoas que ele sabia que eram boas. Quantas outras criaturas ainda seriam subservientes aos bruxos? No final lembrou-se de Dobby.
Na saída a Conselheira Hayes os encontrou e entregou a chave do cofre de Roman Young para Patrick.
– Traga até a poeira que estiver nesse cofre. Aproveite e apresente Bunko aos rapazes.
Harry perguntou a Patrick se Rony e Hermione poderiam os acompanhar a Gringotes.
– Não acho boa idéia Bunko não vê muitas garotas. Além disso, é assunto do Ministério.
Harry teve que concordar.
Patrick franziu a testa quando a garota que Rony observava de longe veio em direção a eles.
– O que faz aqui? – perguntou aborrecido.
– Calma, Sr. Rent. – respondeu Emily sorrindo. – Tenho permissão desta vez. Sr. Potter, o senhor tem absoluta certeza que os pertences mágicos eram exclusivamente de Roman Young?
Harry ia responder, mas Patrick lhe fez sinal negativo com a cabeça.
– Sem entrevistas.
– Quando o cofre dele será esvaziado? Teremos acesso ao conteúdo? – Emily perguntou a Conselheira Hayes. – Vamos poder registrar a incineração do que foi encontrado?
– De maneira nenhuma! A incineração será feita pelo Ministro na presença apenas dos Conselheiros e sem exceções desta vez! Considere-se acompanhada até a porta senhorita. E vocês três para Gringotes agora!
Em Gringotes Bunko foi avisado que representantes do Ministério queriam vê-lo.
Enquanto desciam Patrick fez algumas recomendações:
– Não façam movimentos bruscos e nem cochichem; Bunko odeia cochichos. Ele acha que estão conspirando contra ele.
Percy anotava tudo o que Patrick dizia; era definitivamente irritante.
Quando desceu do carrinho; Patrick foi até uma parede que girou para outra sala mal iluminada que Harry sentiu estar se mexendo. Parecia estar preso dentro de uma gaveta.
– Estamos indo mais pra baixo Patrick? – perguntou.
– Ah, sim. Gringotes vai além de muitos quilômetros abaixo da terra. Muitos mesmo!
– Eu sei, meu irmão trabalhou aqui durante anos – disse Percy – os aposentos de alguns duendes e outras salas ficam muito abaixo dos cofres. Ele me contou.
– Que legal! – Patrick respondeu. – Eu descobri da pior maneira. Achei que estava sendo seqüestrado pelos duendes.
Harry riu.
Quando sentiram que a sala parou uma porta apareceu e abriu para um corredor. Percy e Harry foram em direção a ela, mas parecia estar cada vez mais longe. Atrás deles Patrick parecia tranqüilo.
Harry passou a não gostar de lugares fechados e escuros demais. Sentia-se meio bobo admitindo isso; era uma coisa que ninguém precisava saber.
– Tudo bem Harry? – Patrick perguntou percebendo que Harry estava calado demais.
– Estamos sob toneladas de terra... – deixou escapar.
– Terra e duendes. Ah, vejam a porta parou.
Patrick se adiantou e a empurrou. Entraram numa sala onde havia vários balcões, como de uma joalheira, expondo peças de ouro.
Harry teve que se conter para não abrir a vitrines e tocar o seu conteúdo.
– O que são essas coisas? – perguntou Percy.
– É a coleção de Bunko. – Patrick respondeu. – Eu disse que ele é um artesão. São peças que ele fez para famílias, soldados, bruxos e até trouxas. Quando o dono da peça morre...
– Ele as pega de volta eu sei. Essas peças não têm preço Patrick. Olhem essa espada! – disse Harry impressionado.
– É a espada mágica de Langues um conquistador bruxo. E esse é o meu favorito!
Patrick apontou para um escudo dourado. Harry cobiçava uma das espadas.
– Como pode se ter uma espada dessas?
Uma voz áspera os assustou.
– Primeiro você não pode desejá-la.
Saindo das sombras um duende que Harry achou ser o mais feio que vira na vida. Seu sorriso era maligno com dentes marrom; tinha uma flecha fincada no ombro. Conforme se aproximou um forte cheiro que lembrava enxofre tomou conta do ar. Harry olhou para Percy que se mostrava tão enojado quanto ele. Patrick continuava tranqüilo.
– Nenhum bruxo desejou ter um objeto desses em sua vida. – o duende continuou a falar. – É o destino...
– Olá Bunko! – cumprimentou Patrick.
– Quem são esses?
– Este e Percy Weasley e esse Harry Potter. Já ouviu fala dele com certeza.
– Já, já ouvi. – respondeu duende com desdém.
Patrick apertou o ombro de Percy.
– Na minha ausência eles virão conversar com você.
Uma sensação ruim tornou conta de Harry. Já era bastante ruim estar sob toneladas de terra agora com a presença de um ser tão desagradável seu estômago começou a embrulhar.
– Só isso que queria me dizer Patrick? – perguntou Bunko.
– Viemos esvaziar um cofre, um membro do Ministério morreu.
Bunko não demonstrou entusiasmo.
– O ouro do cofre vai para a conta do Ministério como sempre?
– Vamos contá-lo primeiro.
– Fiquem a vontade.
O duende desapareceu.
A caminho do cofre tanto Percy como Harry estavam felizes simplesmente de saírem da presença de Bunko. No interior do cofre de Roman Young havia uma boa quantidade de dinheiro e muitos papéis.
– Percy você recolhe os papéis e nós contamos o dinheiro. – disse Patrick.
Percy apontou a varinha pra as pilhas.
– Accio papéis.
– O que achou de Bunko? – Patrick perguntou a Harry.
– Asqueroso.
– Ele está de bom humor hoje. Normalmente ele se gaba mais do que já fez. E sempre diz que o ouro de Gringotes e todo dele.
– Ele sabe que não é? – perguntou Percy.
– Não sei. – Patrick respondeu encolhendo os ombros.
– Vamos contar logo esse ouro e sair daqui. – pediu Harry.
Com a varinha eles somaram a quantidade das moedas. Percy estava curioso a respeito do valor total.
– Achou que ele ganhava mais Percy? O Ministério não paga tão bem assim. – disse Harry sorrindo. – Conselheiros devem ganhar mais fique tranqüilo.
– Não quero ser Conselheiro pelo dinheiro.
– Eu também não – respondeu Patrick –, mas é um bom titulo para impressionar garotas.
Harry começou a rir; gostava do senso de humor cínico de Patrick.
– Podemos ir? – perguntou Percy fechando a cara.
– Acho que é tudo. Percy, você pode ir e levar tudo para o Ministério. Pode usar minha sala para ler tudo isso.
– Ler tudo?
– Precisamos saber o que são todos esses papéis. Pode haver um testamento, escrituras ou sei lá mais o que. Pode ir, eu e Harry cuidamos do resto.
Depois de Patrick abrir o cofre exclusivo do Ministério marcou a quantidade de dinheiro deixada por Roman Young em dois pergaminhos. Percebendo a curiosidade de Harry contou o que o estava fazendo.
– Um fica arquivado aqui e o outro no Ministério. É pra cá que vem o dinheiro dos impostos e que recolhemos e das transações do Ministério. Daqui que sai nossos salários e tudo mais.
– Como entramos no cofre de Roman Young sem ele autorizar? Quero dizer a chave dele não foi encontrada.
– Quando o dono da conta morre a chave perde o feitiço que a diferencia das outras, entende?
– Aí qualquer chave abre o cofre?
– Só alguém do Ministério pode fazer isso. O Ministro muda o feitiço regularmente; uma vez usada, a chave, não serve mais. Essa aqui já era.
Patrick fechou o cofre e a chave se desintegrou em sua mão.
Foi um alívio para Harry sair de Gringotes.
À noite enquanto jantavam Harry contou a Rony e Hermione sua ida a Gringotes e sobre Bunko.
– Gostaria de não vê-lo mais se puder, mas Patrick me deu passe livre se precisar falar com ele.
– O que você teria pra conversar com ele? – perguntou Rony.
– Assuntos do Ministério. – respondeu Harry achando a pergunta descabida.
– É claro... – Rony disse achando graça – e falando em assuntos do Ministério; o que você fez com aquela intimação que lhe entreguei?
– Vou resolver isso logo amanha cedo. – disse Harry. Havia se esquecido totalmente do que prometera a Rony.
Depois de sua primeira visita a Gringotes Harry e Percy passaram a acompanhar Patrick para todos os lados tratando de assuntos do Ministério.
Poucas vezes desde que convivia com bruxos Harry fora tão maltratado. A maioria das pessoas, especialmente comerciantes, não gostavam de receber a visita dos “papa galeão”; era assim que todos que faziam a coleta mensal de impostos eram chamados.
Percy não gostou nenhum um pouco quando um velho rabugento lhe empurrou um saco de ouro misturado com bosta de dragão. Harry também teve que aturar o dono de uma loja de perfumes que queria saber exatamente no que seus preciosos galeões seriam gastos pelo Ministério. Mas houve momentos que valeram à pena. Donos de restaurante ofereciam os melhores pratos de graça; em outra ocasião entraram numa fábrica de vestes masculinas onde havia centenas de pequenas fadas que davam ao tecido brilho e maciez. O dono os presenteou com camisas incríveis.
Algumas pessoas, no entanto nem olhavam para ele ou Percy; só queriam falar com Patrick em particular. Depois de algum tempo Percy e Harry receberam uma lista de endereços e tarefas para cumprirem sozinhos. Durante a manha Harry tratava de testamentos trouxas e bruxos e a tarde dava um pulo em Gringotes para assinar a liberação do cofre. Nessas ocasiões namorava as espadas da coleção de Bunko. Percy parecia também não gostar dessa parte do trabalho. Ficar em Gringotes significava ficar longe dos demais Conselheiros e do Ministro.
Numa manha indo a pé para Gringotes Harry resolveu passar na Gemialidades Weasley para resolver o assunto da intimação que mais uma vez esquecera. Quando entrou viu Rony conversando com a repórter do Profeta Diário que vira na cerimônia da quebra da varinha de Roman Young. A loja estava cheia, mas Rony e a garota conversavam distraídos. Sem ser notado devido a multidão de garotos em frente à prateleira de poções Slater; Harry parou no corredor onde os dois conversavam. Emily contava alguma coisa a Rony.
– Ela esteve no centro de ajuda a elfos.
– Contratou algum pelo menos? – perguntou Rony.
– Não, só perguntou sobre os elfos mais velhos, que foram mandados embora pela família.
– Esses são os mais fiéis aos antigos donos – disse Rony franzindo a testa – e mesmo sendo tratados como lixo não aceitam servir a mais ninguém.
– Você recomendaria isso para meninos de oitos anos? – perguntou Emily mostrando uma caixa de Bombas de Gás Sorriso Forçado a Rony.
– Não, mas garotos adoram coisas que explodem.
– Meus sobrinhos adoram meus presentes. Gostaria de ter sobrinhas pra variar.
– Eu tenho uma sobrinha; ela também adora ver coisas voando pelos ares, não se iluda.
– Por que alguém iria querer elfos mais velhos? – perguntou Emily pensativa. – A menos que...
Ela parou de falar. Rony se virou e viu Harry.
– Pode nos dar licença? – Harry pediu com certa rispidez.
– Claro. Vou dar uma olhada na prateleira de poções.
Quando Emily se afastou Rony se virou não muito amistoso para Harry.
– Faz tempo que você não vem aqui Harry.
– Por que você está conversando com essa tal repórter?
– O nome dela é Emily.
– Vocês são amigos?
– Você quer alguma coisa Harry?
– Vim lhe dizer que não se preocupe com a tal intimação...
– Eu sei, já está paga. Eu paguei faz dias, só não conte ao Jorge ele acha que foi você.
Harry ficou aborrecido e constrangido.
– Rony eu...
– Você não teve tempo! Eu sei assuntos do Ministério. Não faz mal.
– Você sabe que essa garota andou seguindo Patrick para Rita Skeeter?
– Comentamos a respeito.
– Acho que ela se próxima das pessoas por interesse. Não devia conversar com ela. Logo ela vai querer sobre mim...
– Nem tudo é sobre você Harry. – disse Rony cruzando os braços..
Harry olhou para Emily que fingia não prestar atenção no que eles conversavam.
– Diga a Jorge a verdade! – disse quase esbarrando em Emily para sair loja.
– O que há com ele? – perguntou Emily.
– Harry Potter não gosta de ser chamado atenção. São nove galeões todas as suas coisas.
– Inclua essa poção.
Rony pegou o vidrinho azul claro.
– “Se auto transforme num lobisomem”. É tem mesmo o seu perfil.
– Já disse tenho sobrinhos. – Emily respondeu corando um pouco.
– Vai pesquisar a fórmula da poção não é? Você é insistente.
– Você não gosta de garotas insistentes?
– Se não gostasse não namoraria Hermione Granger. Se não fosse a insistência dela os elfos... O que foi? Você está rindo de mim de novo!
– E adorável como você se refere a ela. Sabia que sua expressão muda?
– Pare de rir.
– É sério! É uma graça.
– São onze galeões agora e você mesma embrulha.
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