Achado e achatado
O lugar onde Harry estivera com Hermione e Rony anos atrás acampando em busca das Horcruxes continuava o mesmo. Mata fechada, árvores muito altas e pouca claridade. A diferença naquele momento era que vários bruxos espalhados faziam anotações e levantaram a cabeça para vê-lo passar. Patrick deixou o grupo de bruxos que estava orientando e veio ao seu encontro.
– É ele mesmo... – disse e Harry seguiu em frente.
– Quero vê-lo!
Estatelado no chão estava Roman Young. Era a segunda pessoa morta que Harry via naquele dia; seu estômago deu uma reviravolta.
A Conselheira Hayes com suas roupas extravagantes e maquiagem carregada saiu de um grupo de bruxos; foi até Harry, mas ele a ignorou completamente deixando para Patrick a explicação:
– A senhora deve se lembrar que quando encontrasse Roman Young; eu e Harry deveríamos ser avisados.
A Conselheira Hayes mandou que todos saíssem de perto; levantou a cabeça e exibiu o rosto amassado de Roman Young para Harry e Patrick.
– É, ele esta morto. – disse abafando uma tosse.
– Como ele morreu? – Harry perguntou.
– Parece óbvio não? Caiu! – a Conselheira respondeu impaciente.
– Caiu de onde? – perguntou Harry.
– De uma vassoura velha. – respondeu Patrick e apontou para a vassoura quebrada a alguns metros dali.
– Ela rachou em pleno voou. – disse a Conselheira levantando as vestes para sair de perto do corpo. – Sempre dizia a Roman que devia perder peso. Tem uma cabana logo ali. Provavelmente estava vivendo lá escondido nos últimos dias.
Harry entrou na cabana. Parecia uma casa desarrumada normal. Uma chaleira no fogão, restos de torrada e pilhas de livros. Mandou que os peritos mágicos procurassem por um baú que trazia em relevo um bastão com uma pedra vermelha na ponta. E que não abrissem, pois continha magia das Trevas. Rapidamente o grupo começou vasculhar a cabana. Fotografaram a pilha de livros.
– Tire desse ângulo, quero todos os títulos desses livros bem visíveis. – orientou Harry para um fotografo baixinho mal humorado.
– Ora, Sr. Potter vejo que orientou muito bem minha equipe. Talvez eu até saia mais cedo hoje. – disse a Conselheira sarcasticamente.
– Se não estão aí dentro devem estar enterrados por perto. Espalhem-se e quem achar de um sinal com a varinha! – mandou Harry.
Patrick fez sinal que Harry o acompanhasse.
– Madeleine Hayes pode expulsar nós dois não só daqui, mas do Ministério. Ela esta à frente da investigação e...
– Onde ela estava quando alguém tentou me cozinhar naquele galpão? Ninguém mais se preocupou com o que pudesse acontecer! Protocolos? Foi o que ele me disse naquela noite! – Harry apontou para o corpo no chão.
Patrick puxou Harry para longe.
– Madeleine não vai tolerar que você diga o que a equipe dela deve fazer. Ela só permitiu estarmos aqui porque você é você.
– Você não precisa participar se não quiser!
Harry se livrou de Patrick e voltou para cabana.
– Eu não disse que não quero participar! Só estou tentando explicar até você onde pode chegar Harry!
– Certo, desculpe. Como o encontraram?
– Um casal de bruxos deu o alerta; estavam acampando. Encontraram o corpo.
– Ele morreu há quanto tempo?
– Essa madrugada pelo que parece. Voar por aqui não é fácil. Ainda mais à noite e sem experiência.
Um bruxo os avisou que os baús e alguns livros foram achados numa clareira parcialmente enterrados.
Depois de lançaram feitiços escudos os três foram abertos. Não havia nada dentro de dois; no terceiro estava o bastão que foi removido com muito cuidado.
– Pra onde vão levá-lo? – Harry perguntou para Patrick.
– Pro Ministério.
– Essa coisa não deve ser exposta a magia. Deve ser destruído o mais depressa possível assim como os livros. Todos eles!
A Conselheira Hayes examinava o bastão com cuidado
– Baseado em seu conhecimento em Artes das Trevas considerarei sua opinião Sr. Potter, mas devemos nos certificar de algumas coisas primeiro. Existem certos protocolos que servem para...
– Eu vou me certificar de uma coisa agora mesmo! – Harry tirou o bastão da mão dela e o quebrou no joelho.
– Harry Potter! O senhor quebrou o protocolo de recolhimento de material mágico desconhecido! Está suspenso de suas atividades no Ministério por tempo indeterminado!
– Sei o que essas coisas são! – protestou Harry.
– Estão sugiro que coloque tudo que sabe num pergaminho ao invés de simplesmente fazer o que lhe der na cabeça! Agora fora os dois!
O corpo de Roman Young foi envolto numa espécie de lençol e despachado ao Ministério.
– De lá ele será enterrado junto à família? – Harry perguntou a Patrick enquanto se afastavam.
– A família dele não existe mais. Ele vai ser enterrado no cemitério do Hospital St Mungus.
– Odeio funerais.
– Ele não terá um. – respondeu Patrick.
– Mesmo fazendo parte do Ministério por tanto tempo?
– A única cerimônia para Roman Young agora será a quebra oficial da varinha. – respondeu Patrick.
Rony estava na Gemialidades Weasley empilhando kits Weasley Para Festas Chatas que incluía uma poção para memória (Um gole e você lembrará todas as piadas que já ouviu na vida!). Uma garota de olhos castanhos claros e carregando uma bolsa enorme o cutucou.
– Sr. Weasley?
– Ah, não você de novo! – Rony largou as caixas. – Já lhe disse no St. Mungus hoje de manha: não dou entrevistas!
– Trouxe algumas fotos para o senhor ver.
– Esqueça não vou ver.
– O senhor se lembra o dia que estava no pub com Srta. Granger e o Sr. Potter?
– Sim, lembro de ver você lá e depois nos seguiu.
– Eu estava investigando o desaparecimento do homem que foi morto pela criatura que vocês capturaram. Veja:
Rony viu as fotos do Thuru preso.
– Você o fotografou bem de perto. Teve muita coragem senhorita...
– Me chame de Emily. Obrigada, mas ele já estava imóvel quando cheguei. Tenho algumas perguntas lhe fazer.
– Já disse para esquecer. – disse Rony devolvendo a pilha de fotos.
– O que sabe sobre Patrick Rent? – perguntou Emily sem rodeios.
– Pouca coisa nós conhecemos há pouco tempo.
– Sabia que não havia registro da família Rent na Grã Bretanha desde... – garota pegou um bloco para conferir a data.
– Você já o ouviu falar?
– Já, ele tem sotaque francês. Muitos acham isso incrivelmente charmoso...
– Ele é francês. Caso resolvido.
– Rita Skeeter queria fazer uma matéria sobre ele. Ele é solteiro, mora sozinho; essas besteiras. Então me mandou pesquisar e acabei seguindo o Sr. Rent por algum tempo.
– Seguir alguém do Ministério pode lhe causar problemas.
– Eu sei, fui proibida pelo Ministro de continuar.
– Que bom.
– Ele vai muito a Mansão Malfoy sabia? Sempre voando e...
Mencionar Mansão Malfoy causava desconforto em Rony, mas Emily continuou a falar:
– Na festa do Ministério o Sr. Rent conversou muito com Draco Malfoy. Veja as fotos.
Emily tornou a empurrar algumas nas mãos de Rony.
– Desde que passei a segui-lo só o tinha visto sozinho. Se bem que agora ele e Harry Potter parecem grandes amigos. Veja essa foto!
Relutante Rony prestou atenção; Draco e Patrick estavam encostados no bar conversando. A foto seguinte era de Patrick dançando com Hermione. Rony não se lembrava nitidamente do dia da festa; tentou puxar detalhes pela memória. Todos haviam dito que Hermione ficara muito triste, mas estava ali... linda e sorrindo. Uma tristeza misturada com vergonha tomou conta de Rony e ele voltou a empurrar as fotos de volta às mãos de Emily.
– Como lhe disse hoje de manha; tirei muitas fotos do jogo de Quadribol; conversei com Córmaco e ele não se lembra de nada. Se bem que ele não passa muito tempo consciente.
– Você publicou a matéria sobre o acidente? – Rony a interrompeu.
– Não citei seu nome. No Profeta Diário sairá apenas matérias sobre a rápida recuperação dele de mais um acidente de Quadribol.
– Por que você fez isso? Alguém lhe disse para não citar meu nome?
– Não, eu fiz por conta própria.
– Se estava no jogo sabe o que aconteceu! Você pretende me chantagear?
– Não Sr. Weasley! Só quero ajudá-lo a entender o que aconteceu naquele dia.
– Não pense que me importo de você contar a verdade do que aconteceu naquele dia. Eu acertei Córmaco e o mandei para o St. Mungus se ele me enfeitiçou não interessa!
– É muito nobre da sua parte, mas...
Nesse instante Jorge entrou na loja e percebeu que interrompera alguma coisa. Foi direto ao escritório sem dizer anda. Emily entregou um cartão a Rony.
– Estou hospedada no Caldeirão Furado se quiser conversar.
Rony não aceitou e pediu que Emily saísse da loja. Quando entrou no escritório Jorge lhe entregou um papel.
– Fomos multados. Alguma mãe descontente nos entregou para o Ministério. Você pode ir até lá resolver isso pra mim? Agora se for possível.
– Tudo bem eu cuido disso.
– Quem era a garota?
– Ninguém.
Rony pegou a intimação e foi para o Ministério sem dizer mais nada.
Harry não estava em sua sala quando Rony foi procurá-lo; encontrou Percy muito agitado no corredor. Acabara de chegar a notícia da morte de Roman Young e apreensão de artefatos possivelmente das Trevas. O corredor começava a ficar lotado quando Rony bateu na sala de Patrick.
– Eles não estão ai. – disse Emily às suas costas.
– Você de novo?
– Eu de novo. – Emily respondeu rindo. – Já soube o que aconteceu?
– Meu irmão acaba de me contar. Vai cobrir a matéria?
– Só a cerimônia de quebra de varinha. Ouvi um dos membros da equipe da Conselheira Hayes comentando sobre o estado do corpo e acho que não vão me deixar fotografá-lo.
– Duvido que alguém queira ver uma imagem dessas.
– Não duvide da curiosidade mórbida do publico. O próprio Ministro vai escrever o obituário. Roman Young será lembrado por tentar matar Harry Potter e esconder objetos das Trevas.
– É a verdade. Muita gente podia ter morrido com aquela coisa a solta.
– Citei os elfos domésticos, mas essa parte foi cortada da versão final da matéria.
– Ainda existe muita resistência sobre o direito dos elfos. – Rony comentou sério. – Minha namorada os defende há tempos. Ainda é um tabu para muitos bruxos...
Emily observava Rony falar e começou a rir.
– O que foi? – perguntou Rony.
– Sua namorada Hermione Granger? Não me lembro de você se referir a ela assim antes e já li muita coisa sobre vocês.
– Sempre achei que isso fosse perfeitamente claro.
– Pra quem?
– Você sempre provoca as pessoas assim? Não deve ter muitos amigos não é?
– Mania de repórter desculpe e desculpe por mostrar aquelas fotos. Eu queria a sua atenção. Se serve de consolo a Srta. Granger não dançou nem por cinco minutos com Patrick Rent.
Rony tentou não demonstrar que essa informação o deixara satisfeito.
– Ela o deixou na pista um pouco antes de você tentar acertar Draco Malfoy. Eu vi.
– Essa festa foi bem movimentada pra mim. Gostaria de me lembrar de tudo! Sabe para ter assunto com as pessoas.
Emily sorriu. Um homem meio careca apareceu no corredor gritando por ela. Antes de deixar Rony ela lhe entregou outro um cartão e saiu se espremendo pela multidão. Desta vez Rony o guardou. Teve uma idéia de onde Harry e Patrick poderiam estar: Quadra de Quadribol.
Assim que o viu Harry abriu uma garrafa de cerveja amanteigada e jogou para ele.
– Não se fala em outra coisa no Ministério! – disse Rony apanhando a garrafa.
– Madeleine Hayes nos deu o resto do dia de folga! – Harry explicou.
– Graças a você tê-la aborrecido! A sua saúde Harry! – Patrick levantou a garrafa e Rony também.
Algumas cervejas, piadas e balaços rebatidos depois Rony mostrou a intimação a Harry.
– Deixa comigo – Harry colocou o papel no bolso e acertou uma pancada num balaço – vejo mais tarde.
– Tenho certeza que Hermione gostaria de poder ver o que vocês recuperaram. – disse Rony.
– Vai ser tudo destruído amanha logo após a cerimônia, mas, cuidei que tudo fosse fotografado. – respondeu Harry satisfeito.
O balaço ricocheteou e Rony o rebateu com tanta força que o fez subir a uns bons quinze metros de altura.
– Espere meu ombro melhorar... – disse Patrick.
Harry também fingiu não se impressionar com a força de Rony.
Mais tarde na Mansão Malfoy Patrick contava as novidades para Draco e Rebecca.
– Tem certeza que Madeleine Hayes caiu nessa armação? – disse Rebecca enquanto lustrava sua varinha nova.
– Ela e todos os outros – Patrick confirmou – a cabana, a vassoura, os livros cuidadosamente não enterrados. Meu coração congelou quando vi Potter quebrar o bastão. Quer dizer; mesmo sendo uma copia. Hermione estava certa esse bastão funciona como uma varinha. E agora temos o feitiço que ele realiza.
– Parcialmente certa você quis dizer – desdenhou Rebecca – falta a pessoa que pode realizar o feitiço.
– Tem certeza que é só isso? – Draco perguntou preocupado – Quem é essa bruxa dona do bastão? Nunca ouvi falar dela.
– Explique a ele Rebecca.
Rebecca encarou Draco e começou a falar como quem conta uma historia a uma criança antes de dormir.
– Zenobhia foi uma bruxa muito poderosa. Ela reinou absoluta em seu tempo. Todos tinham medo do seu poder. Com esse bastão e com esse feitiço pode-se evocar o fantasma de qualquer infeliz que morreu sem ninguém lamentar.
– Uma vez evocados obedecem a quem possuir o bastão. A própria Zenobhia escreveu esse feitiço. – acrescentou Patrick.
– É o que diz o livro que pegamos com o Sr. Young, mas Zenobhia morreu antes de realizá-lo. O problema, é que só um parente pode fazer isso. Naquela época magia passava de geração para geração; não se comprava varinhas na próxima esquina. Você não estudou Historia da Magia Draco? – perguntou Rebecca.
– Não realmente. – respondeu Draco.
– Roman Young era parente dessa bruxa, mas não quis colaborar com a gente e acabou do jeito que o acharam. Pare de lustrar essa varinha Rebecca!
– Como vamos achar um parente vivo de Zenobhia? – perguntou Draco. – Se alguém ainda estiver vivo com certeza fez tudo para se esconder.
– Tenho uma boa idéia de como fazer isso. – Patrick disse tirando a varinha das mãos de Rebecca. – Não se preocupe Draco nós encontraremos quem possa fazer esse feitiço e a controlaremos. Imaginem um exército de fantasmas! Um exército mais do que invencível. Nada e ninguém ficará em nosso caminho!É uma questão de tempo agora. Relaxe.
Draco não acreditou. Toda vez que Patrick dizia que tinha uma idéia e a colocava em pratica alguém aparecia morto.
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