Pequenos segredos de todos nós



Harry desceu do táxi e atravessou a rua. Continuou andando mesmo quando parecia que ia colidir com uma vidraça, então apareceu na recepção do Hospital St. Mungus; Rick Nelson o esperava.


–        Chegou rápido Sr. Potter.


–        Como ele está?


–        Muito mal, o curandeiro acha que não passa dessa tarde.


–        Ele disse alguma coisa? Alguma coisa importante?


–        Ele murmurou algumas coisas. Eu disse a ele que o senhor estava vindo; acho que isso o manteve consciente até agora.


Quando entraram no quarto Harry foi acometido de uma sensação horrível de pena. O Guardião pareceu sentir a presença de Harry e levantou a cabeça.


–        Me disseram que você é Harry Potter. – disse com uma voz muito fraca.


–        Sou.


–        Eu também fui escolhido, mas infelizmente para uma tarefa não tão digna como a sua.


–        O que o senhor pode me dizer daquela noite? Quem lhe deixou nesse estado?


–        Ouça, isso é mais importante! – o Guardião tentou se levantar. – O baú com o bastão foi aberto! É questão de tempo agora...


–       Já sabemos o que é, mas não o que faz. Por favor, me diga...


–       Eu fui escolhido para guardar Artes das Trevas Sr. Potter. A curiosidade me venceu e me puis a ler aqueles livros malditos.


O pobre home fez uma pausa e seus olhos se encheram de lagrimas. Harry entendeu que não eram por causa da dor física.


–        Então passei a guardá-los não mais para seus donos, mas para que não saíssem mais do galpão. Eu falhei...


–        A pessoa que os levou está procurando o feitiço não é?! O que aquilo pode fazer? – perguntou Harry nervoso.


–        O bastão pertencia a uma bruxa muito poderosa da antigüidade e com o feitiço correto evoca e controla espíritos, almas... dos que não tiverem a morte lamentada. Sinto muito não ter confiado no senhor quando o vi pela primeira vez...


Harry acompanhou os olhos perderem o brilho até não restar nenhuma expressão ou sopro de vida. Mais alguns segundos e saberia quem deveria procurar...


Demorou até que Harry levantasse da cadeira. Só quando Rick Nelson sentou ao seu lado e perguntou o que deviam fazer com o corpo ele voltou seus pensamentos ao presente.


–        Mande enterrá-lo. Eu pagarei por tudo. Ele disse que se chamava Joe; ponha esse nome na lápide. Mande a conta para minha casa.


–       Cuidarei de tudo.


–       Achei que não veria mais ninguém morrer... – disse Harry enxugando a testa.


–        Seu amigo Rony Weasley esteve aqui pela manha. – comentou o Sr. Nelson já na calçada do lado de fora do hospital.


–        Esteve? Fazendo o que?


–        Visitando Córmaco. Foi publicado no Profeta Diário que ele sofreu um acidente feio no Quadribol, mas está em recuperação. Só a família pode vê-lo; seu amigo não pode entrar.


Harry sabia que não era verdade. Era testemunha da surra que Rony, mesmo enfeitiçado, dera em Córmaco.


–        Havia uma repórter acompanhando a família.


–        Rony conversou com ela? – perguntou Harry.


–        Muito rapidamente.


Antes de se despedir Harry pediu mais um favor ao Sr. Nelson.


–        Preciso que mantenha esse segredo por mais algum tempo.


–        Se prometer me manter a par de suas descobertas tem minha palavra Sr. Potter.


–        Por favor, inclua a vista de meu amigo a Córmaco.

–        Pode contar comigo. – disse o Sr. Nelson apertando a mão de Harry.

Durante o almoço na companhia de Rony, Hermione e Gina; Harry não contou o que acabara de ver e ouvir. Parecia injusto demais frente a animação dos amigos.


Hermione não estava mais aborrecida com Rony, pelo contrário, estava carinhosa como sempre. Com certeza a presença de Rebecca causara algum efeito na amiga. E Gina estava tão linda que Harry ficou calado durante alguns minutos só a observando falar e sorrir.
Rony não mencionou sua visita a Córmaco e nem a conversa com a repórter do Profeta Diário. Conversaram sobre o jantar na noite anterior. Quando Gina e Hermione saíram Rony comentou sobre Rebecca.


–        Elas vão se encontrar na loja agora à tarde. Hermione me perguntou dezenas de vezes se eu estaria por lá, mas tenho entregas a fazer, tive uma manha cheia hoje.


–        É, eu também. – respondeu Harry recordando a imagem do Guardião.


Já passava da uma da tarde quando Gina e Hermione chegaram a Gemialidades Weasley. A loja estava lotada; Jorge veio recepcioná-las feliz da vida.


–        Essa nova amiga de vocês é uma mina de ouro. Desde que entrou aqui já criou umas vinte poções de efeito rápido. Tudo de graça!


–        Você testou essas poções Jorge? – Hermione perguntou desconfiada.


–        Não, mas nada de muito grave aconteceu. Eu mencionei que ela fez de graça?


–        Mesmo assim você deveria testá-las. Não sabemos nada sobre essa garota.


–        Hermione pega leve com ela! – Gina pediu a amiga. – Sei que não simpatizou muito com ela, mas... ela é "amiga da família" de Patrick e é importante para Harry. Só por algumas horas está bem?

Hermione concordou e encontraram Rebecca na frente de uma prateleira cheia de vidrinhos com o titulo Poções Slater.


–        Jorge, coloque as poções lá na frente e os antídotos aqui atrás pelo triplo do preço.


Jorge beijou a mão de Rebecca.


–        Case-se comigo Rebecca! Por favor!

Gina pegou um dos vidrinhos e leu em voz alta:


–        “Se auto transforme num lobisomem”?


–        Uma poção simples para fazer crescer os pêlos no rosto. – explicou Rebecca. – Para meninos que queiram parecer mais velhos. Uma gota a mais e o garoto vai se parecer realmente com um lobisomem.


–        Muito bom para lugares proibidos para menores de idade. Já vendi dez dessas hoje! – comentou Jorge animado.


Rebecca tirou da bolsa algumas moedas de ouro.


–        Convenci Patrick a me dar alguns galeões a mais enquanto não recebo minha herança. Pra minha varinha nova e mais alguma coisa bonita que encontre pelo caminho.


–        Vamos até a loja de varinhas e depois na Vergasse & Gadorb. Hermione encomendou um vestido. Fazem lindos vestidos de festa lá. – explicou Gina.


As garotas se despediram de Jorge que pareceu que ia chorar quando Rebecca fechou a porta atrás de si.

Na loja do Sr. Olivaras Rebecca escolheu uma bela varinha de vinte centímetros bem leve e fácil de manusear. Transfigurou um catálogo de varinhas numa caixa de bombons para testá-la e seguiram para a Vergasse & Gadorb.


Enquanto Gina e Rebecca escolhiam brincos uma vendedora informou a Hermione que seu vestido fora vendido a outra pessoa.


–        Eu o encomendei há semanas! O que aconteceu?


–        Ele acaba de ser entregue aquela senhorita.


A senhorita em questão era Pansy Parkinson; ela estava parada em frente ao espelho com o vestido azul turquesa que Hermione encomendara. Pansy fez questão de desfilar em frente às garotas que a acompanhavam. Olhou para Hermione com desdém e voltou a se admirar no espelho.


–        Ela deve ter subornado a vendedora; é bem a cara dela! – disse Gina indignada.


Hermione tremia de raiva e Rebecca parou atrás dela.


–        Quem é?


–        Ela esteve com a gente em Hogwarts – Gina explicou – e roubou o vestido de Hermione. Vamos lá falar umas boas pra ela!


–        Não vou me rebaixar ao nível dela! – disse Hermione zangada.


–        Hermione você adorou aquele vestido. Tudo bem que não o queira mais depois de vê-lo no corpo horroroso de Pansy, mas não deixe barato!


Hermione se sentia humilhada e infeliz naquele momento. Só tinha forças pra se concentrar em não chorar. Não ali, não na frente de Pansy e Rebecca.


–        Vamos embora! – disse para Gina.


–        Não Hermione! Vá até lá e diga alguma coisa!


–        Só quero sair daqui Gina! – respondeu Hermione.


–        Vingue-se dela Hermione. – Rebecca disse enquanto colocava um par de brincos. – Você não é mais aquela garotinha de Hogwarts.


Rebecca acenou com a varinha nova e um espelho parou na frente das três. Ficou atrás de Hermione e sussurrou em seu ouvido:


–        Olhe pra você. O que você vê? Eu vejo uma mulher.


Hermione tinha os olhos cheios de lágrimas.


–        Uma mulher que ajudou a derrotar Você-Sabe-Quem! Uma bruxa muito poderosa! – continuou Rebecca. – Uma mulher que ficaria linda naquele vestido. Vestido que essa tal roubou. Olhe o seu corpo! É perfeito. Rony não acha?


–        É, ele já me disse isso. – respondeu Hermione confusa.


–        Ela roubou seu vestido Hermione! Quem ela pensa que é roubando momentos de prazer que esse vestido lhe proporcionaria...


As gargalhadas de Pansy e imagens do tempo de Hogwarts invadiram a mente de Hermione “ela é realmente feia”; “Qual foi comparação? Um castor?”.


–        Ela roubou meu vestido! Aquela... ela roubou meu vestido! – Hermione disse ofegante.


–        Vingue-se Hermione! – Rebecca continuou a sussurrar em seu ouvido.


Gina nunca tinha visto Hermione com uma expressão de ódio no olhar. Sentiu-se até mal por ter dito para a amiga tirar satisfações com o Pansy.


Hermione se virou para Rebecca.


–        Como? Como posso me vingar dela?


–        Talvez eu tenha um jeito. Sigam-me.


Na sala ao lado Rebecca tirou da bolsa um vidrinho com um liquido azul marinho.


–        O que isso faz? – Gina perguntou.


–        Confie em mim ela não vai se ferir... muito.


–        Tudo bem... faça. – disse Hermione com firmeza.


Gina e Hermione ficaram espiando Rebecca ir até o grupo de garotas. Uma vendedora a barrou:


–        Essa área está reservada. Por favor, saia.


Pansy se virou e olhou Rebecca com pouco caso. Parou na frente do espelho e se exibiu mais ainda para as amigas. Rebecca ficou de costas e destampou o vidro; Hermione e Gina viram Pansy se virar em sua como se a fragrância a capturasse.


–        Que cheiro delicioso. O que é? – disse andando até Rebecca.


–        É um perfume muito raro.


–        Quanto é?


Pansy tentou tirá-lo da mão de Rebecca, mas ela se afastou.


–        Ah, não esta a venda. A exclusividade não tem preço; ele é meu.


–        Tudo tem um preço. Quanto você quer?


–        Dinheiro não é meu problema, mas parece ser o seu.


–        Posso pagar o que você quiser.


–        Já lhe disse não esta à venda.


Pansy segurou Rebecca pelo braço.


–        Quanto você quer? É minha última oferta


–        Não está a venda. É minha última palavra. Agora por favor me solte.


Rebecca se livrou e colocou o vidrinho dentro da bolsa; voltou devagar para onde estavam Gina e Hermione. Pansy apanhou a varinha e o vidrinho veio flutuando até sua mão. Ela o mostrou triunfante às amigas.

Hermione tinha os olhos nas mãos de Pansy.


–        O que acontece agora? – perguntou a Rebecca.


–        Essa ratazana terá o que merece. – disse Rebecca voltando a experimentar brincos. – Me avise quando começar.


Pansy espalhou o liquido pelo corpo todo. Olhava-se no espelho como se estivesse perdidamente apaixonada pelo seu próprio reflexo.


Quando a mãe chegou mandou que ela tirasse o vestido para irem embora. Minutos depois de entrar no provador ela abriu as cortinas muito assustada.


–        Não sai! O vestido não quer sair!


A mãe, a vendedora e as amigas tentaram de todas as formas abrir o zíper atrás. Pansy apontou na direção de Hermione, Rebecca e Gina estavam. Todos em volta tentavam feitiços que só machucavam Pansy. Tentaram rasgar e até colocar fogo. O vestido parecia fazer parte dela como uma continuação de sua pele.


–        Foi aquela loira junto da Granger! Elas fizeram alguma coisa!


–        Ah, então foi você que pegou minha poção cola tudo? – disse Rebecca rindo.


–        Era perfume!


–        Este? – Rebecca mostrou um vidrinho idêntico. – Vidro errado... acontece.


A Garota apontava e gritava para que fossem atrás de Gina, Rebecca e Hermione, mas as três saíram calmamente da loja. Da rua ouviram os gritos de Pansy xingando a loja, as vendedoras e principalmente Hermione. Rebecca começou a rir.


–        Vocês viram a cara dela? Não passa de uma ladra de quinta categoria.


–       Ela queria tanto o vestido, pois que fique com ele! – Hermione disse com desprezo.


–        É sempre um prazer acabar com o dia de uma vaca idiota. – disse Rebecca ainda às gargalhadas. – Vamos marcar outra saída como essa! Preciso de sapatos e uma bolsa nova para combinar com que comprei!


–       Certo... – respondeu Gina. – Só pra saber... como...


–       Água. – disse Hermione. – Ela vai conseguir se livrar quando alguém tiver a brilhante idéia de jogar água sobre o vestido!


–       Exatamente! – exclamou Rebecca.

Gina sugeriu que era melhor não contar aos rapazes o que tinha acontecido. As duas se convenceram que Pansy mereceu o castigo.

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