Frases e palavras
Capítulo 23 – Frases e palavras
POV’s Alicia:
Eu estava contente segurando minha varinha e vendo que meus amigos também tinham uma, quando ouvi a voz de Rony:
- Oi! Aqui! – ele berrava em frente a Florean Fortscue, tanto que quase derramou o sorvete de casquinha.
Gina logo a seu lado. Olhando para os lados, vi Fred e Jorge entrando na Floreios e Borrões com uma cara um tanto suspeita. Não me preocupei em procurar Percy – aquele chato de galocha!
- Harry – chamei, enquanto ouvia Su e Nev cumprimentarem Gina e Rony – sabe... eu...
Até me sentia envergonhada. Eu não era do tipo de “pedir desculpas”.
- Quer pedir desculpas a Gina? – chutou Harry, sorrindo docemente.
Não sei se ele era um bom adivinhador, se sabia ler mentes, mas, provavelmente, era só porque era meu amigo há séculos e – talvez – isso estivesse estampado em minha cara.
- Obrigada – dei-lhe um abraço, enquanto via ele distrair todos para entrarem na sorveteria, mas cochichava para Gina ficar.
Tente não estrangula-lá, brincou Universo, em minha cabeça.
Não tem graça, mas eu soltei uma risadinha um tanto histérica em minha mente.
Como se quisesse me dar apoio, Universo virou uma mosca, pequena e totalmente dourada – finalmente minha aura tornara-se igual a de Harry!
Gina aproximou-se. Usava uma saia xadrez vermelha, uma blusinha rosa e um casaco azul, além de uma meia rosa embaixo da saia uma bota marrom. Bem vindo ao verão na Inglaterra!
- Gina, olhe... Eu... – as palavras entalaram em minha garganta.
Reparei que Gina tinha a mesma altura que eu, mesmo sendo um ano mais nova. Bom, todos pareciam mais altos que eu, exceto Harry, que era só um tantinho, dois ou um centímetro.
- Me desculpe, por tudo, está bem? Me perdoe. – pedi rapidamente, respirei fundo, precisava falar mais devagar as palavras se enrolavam – Eu senti ciúmes, não queria perder a amizade do Harry e você parecia alguém que poderia fazer isso facilmente.
Gina me olhou incrédula. Piscou algumas vezes, mal acreditando e disse:
- Então... Era por isso que não gostava de mim? Só por isso? – perguntou, sorrindo.
Senti meu rosto corar.
- A amizade de Harry é... Tudo para mim – dei um sorriso de canto de boca – Sem ela, eu sou, assim, um vazio. Pontas é meu amigo desde que eu me conheço por gente, e vice-versa.
Gina assentiu, entendendo.
- Se é assim, eu te perdôo – falou ela.
E, surpreendentemente, me deu um abraço. Bom, eu retribui, meio sem jeito. Ouvimos uma voz risonha atrás de mim.
- E dizem que a magia faz milagres.
Vi meu pai e meu padrinho, Tio Pontas.
- Não preciso de magia para fazer amigos, papai – respondi-lhe.
Ele sorriu, como se estivesse orgulhoso da filha que tinha.
- Sabe, a loja de Quadribol é realmente espetacular, principalmente com essas vassouras novas – disse Tio Pontas, piscando um olho para mim.
Juntos, entramos para tomar sorvete e encontramos Harry, Nev, Ron e Su se divertindo. Para ter noção, Neville tinha uma casquinha de sorvete na testa...
O dia foi proveitoso. Mamãe apareceu um tempo depois, com Tia Lily, Tia Molly, Tia Sheryl e Dona Augusta.
Já tinhámos comprado todo o material necessário – e, rá, minha vassoura.
Harry ganhara a dele de aniversário e eu só por ganhar. Viva aos nossos pais, que sempre nos davam presentes, mesmo não sendo nosso aniversário, viva!
Rá, rá.
Tomamos sorvete e compramos uniforme, além de vestes bruxas e trouxas, na Madame Malkins.
POV’s Harry:
Fiquei contente em, quando cheguei em casa, ouvir a história de que Al, finalmente, virara amiga de Gina.
Então era isso a falta de olhares assassinos e mortais, aqueles de ladinho...
Bom, o que eu sei é que quando chegamos em casa, ainda estava cedo, então, depois de almoçarmos – Su viera almoçar conosco, pena que Ron, Neville e Gina não puderam – Tio Almofadinhas, tinha que ser!, deu uma idéia maluca.
Há algumas semanas, mamãe comprara um karaokê trouxa, na intenção de nos divertir, mas nunca conseguimos usar. Só que hoje, ligaram na tomada e fizeram toda aquela ligação chata dos fios, e bum! , vamos cantar.
Mico, né?
Bom, pra tentar animar todo mundo, principalmente Su e Al que riam da idéia, Tio Sirius quis ser o primeiro (sempre!)
Olha, admito que a voz de Tio Almofadinhas não era em si ruim e que ele não me ouça dizer isso!
Ele cantou, qual que era o nome da música mesmo? Xiiiii, nem lembro mais, porque o beijo ardente – e vergonhoso para se dar na frente de crianças – que ele deu na madrinha foi o suficiente para desejar não estar ali.
- Eu sou a próxima, assim – gabou-se Alicia, piscando um olho para mim, marota – meu pai vai ver o que é cantar de verdade.
Quando a música começou, ouvi a voz de Al – e acrescentando aqui: é maravilhosa! Não sabia que ela sabia cantar!
Avião sem asa, fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola,
Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim sem você
Ela ria quando a música dava pausas, feliz da vida. Parecia se divertir a beça sorria de montão.
Por que é que tem que ser assim
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
vão poder falar por mim
Ela olhou para mim nessa hora, e sorriu contra o microfone do karaokê.
Um gato saiu de dentro dela, Universo, e ficou quase dançando enquanto passava entre seus tornozelos.
Amor sem beijinho
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço,
Namoro sem amasso
Sou eu assim sem você
Tô louca pra te ver chegar
Tô louca pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço
Retomar o pedaço
Que falta no meu coração
Tia Lene sorria, parecendo orgulhosa da própria voz da filha. Mamãe fechara os olhos, sorrindo, enquanto papai lhe acariciava a cabeça.
Tio Sirius brincava, fazendo uma torcida invisível.
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas
Pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo
Por quê? Por quê?
Neném sem chupeta
Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada
Queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você
Su balançava para direita e esquerda, de olhinhos fechados, como se quisesse dormir ou relaxar. Parecia embalada pela música.
Por que é que tem que ser assim
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
vão poder falar por mim
Al sorriu, enquanto terminava os últimos versos da canção, olhando para todos.
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo
Enquanto todos batiam palmas, como se tivesse sido um show, estalei os dedos fazendo mini-fogos de artíficios explodirem na sala, formando a palavra “Almofadinhas!” e com outro estalito de dedos, um som de palmas de uma grande platéia.
Ela sorriu para mim, com covinha e dentes brancos, os olhos lacrimejantes.
Me abraçou no pescoço como costuma fazer, me deu um beijo na bochecha em agradecimento:
- Obrigadinha, amigo lindo do meu coração.
Sorri para ela.
Bocejei. Al e Su dormiam em camas que eu mesmo conjurara no meu quarto.
Susana já dormia profundamente, mas vi Alicia se remexer, inquieta na cama. Quando virou para o lado que eu estava, vi seus olhos azuis brilharem no escuro e ela ver que eu também estava acordado.
Enquanto ela levantava, vi seus olhos tornarem-se, por um instante, dourados.
Ela sentou no chão ao lado de minha cama e eu sentei a sua frente.
Almofadinhas parecia preocupada.
- Que foi, Al? – perguntei.
- Aquela música que cantei hoje, Harry, me fez pensar, sabe... – ela começou, mas então seus olhos azuis céu que destacavam-se no escuro do quarto viraram-se para mim – Promete que vamos ser amigos para sempre.
- Por que pergunta isso, Almofadinhas? – cocei minha nuca, confuso.
Ela sorriu tristemente.
- Só promete que não vai me deixar nunquinha? Vamos ser amigos até ficarmos bem velhinhos e enrugados? Promete? – seus olhos eram pidões.
- Claro que prometo – respondi prontamente.
- Obrigada – agradeceu, antes de ir para sua cama, deitar e dormir.
POV’s Alicia:
Assim que mergulhei nos meus sonhos, vi minha lua falar:
- Promessas são dívidas – sua voz era de um menino.
Olhei e vi que hoje ela tinha a forma de um gato preto de olhos verdes. Ah, então ela devia saber de Harry.
- Sei que sim, mas, bom, estou com um pressentimento ruim, só isso – eu parecia querertranquilizar a mim mesma e não o gato a minha frente.
Ele ficou com olhos nebulosos e, estranhamente, sábios.
- Posso te perguntar uma coisa? – indaguei ao gato.
- Já perguntou – brincou ele – Mas pode.
- Qual seu nome? Quem é você? – não pude me conter da fazer mais uma pergunta – Quem sou eu?
Isso parecia filosófico demais...
- Pergunta profunda a sua. Não sabemos quem somos realmente, entende? Cada um deve descobrir e trilhar seus caminhos sozinho. Mas, um caminho nunca é longo demais quando um amigo nos acompanha, lembre-se disso – murmurou a lua.
“Harry” um sussurro em minha mente. Era a voz da lua.
- Você é ele? – perguntei.
“Harry” o sussurro veio novamente em minha mente, e eu fiquei em dúvida se respondia ou não a minha pergunta.
- Me diga – implorei a lua – o que tem o Harry?
Eu já estava para acordar.
- O que tem Harry?!
Gritei para a imensidão do universo.
Eu já estava acordada.
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