Reencontro
gente, demorei mas finalmente... consegui!
na verdade... mudei o final duas vezes... mas hoje resolvi postar definitivamente, ou acabo mudando de novo, hehe.... (Belzinha sabe o que é isso, né? quanto mais demoramos mais cirticamos o que escrevemos...)
vamulá, o final da história:
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Reencontro
As lembranças se dissiparam na costumeira névoa, e Harry Potter viu que era hora de deixar a penseira.
De volta à sala da Ministra da Magia, ele fitou a mulher, que permanecia séria, olhos fechados, enquanto recolhia as lembranças com a ponta da varinha e as devolvia para a própria cabeça. Em silêncio, ele aguardou que ela completasse a tarefa.
Depois de alguns minutos que bem poderiam ser séculos, ela finalmente falou em voz muito baixa:
- Alguma conclusão, meu caro?
- Bem... – ele tentou evitar o tom de surpresa demasiada – A senhora é irmã de Severus Snape? É isso?
- Sim. Mas posso acreditar que não será necessário um feitiço de fiel do segredo...
- Claro. Não é necessário. Eu manterei seu segredo...
- Até dos Weasley? E de Gina? É importante, Harry, que eu permaneça sendo “a sobrinha de Minerva McGonagall” enquanto viver. Mesmo deixando o Ministério, as conseqüências de tal fato vir à tona poderiam ser desastrosas.
- Eu compreendo. Pode ficar tranqüila, mas não me oponho a realizar o feitiço se for deixá-la mais tranqüila.
- Não, não é necessário, realmente. Eu apenas achei razoável que você soubesse, para entender melhor o que ocorreu nesta manhã.
- Certo. – os dois permaneceram em silêncio alguns segundos, até que Harry entendeu que a estranha reunião chegara ao fim. – Creio que eu deva me retirar agora. Agradeço pela confiança, Sra Ministra.
- Eu é que agradeço, Harry, você não imagina o quanto foi bom dividir isso tudo com você. Dê um abraço em Gina e nas crianças. E no Teddy também. Eu gostava muito de Tonks.
- Sim. – ele sorriu e estendeu a mão para um cumprimento final. – Até logo.
- Até logo. – ela apertou sua mão, sorrindo.
Harry fez um aceno para os retratos e se encaminhou para a porta. Já estava com a mão na maçaneta, quando a voz da Ministra o fez virar-se. Então, ficou pasmo, pois ali, a alguns passos, estava a mesma mulher que vira em Spinners End.
- Harry... eu achei que você também deveria conhecer minha aparência real. – a mulher pálida e de cabelos negros, tão diferente da figura de roupas vivas e cabelos selvagens com quem conversara, tinha um ar de serenidade e tristeza, mas não lhe pareceu menos bela.
E ela explicou:
- Com o tempo, tornou-se natural renovar o feitiço transfiguratório de minha mãe cigana, mas quando volto à minha casa, prefiro ir como “eu mesma”.
Harry sorriu e deixou a sala, sem dizer mais nada. Acreditou ser desnecessário, tendo certeza de que a Ministra registrara seus pensamentos antes de fazê-lo.
- Não foi tão difícil como eu pensei. – ela exclamou por fim, deixando-se cair de volta em sua confortável cadeira e conjurando uma nova xícara de chá.
- Pensei que você fosse mostrar mais a ele. – Minerva comentou. – Ou que lhe contaria do seu trabalho na Ordem, de como foi você que detectou sinais de Voldemort e Petigrew na Albânia.
- Não acrescentaria muito, não é mesmo? Até porque, Peter se escondeu muito bem de mim, o pequeno rato... Ai, ai, vida de predador é tão difícil! Nem sempre se consegue um jantar razoável!
- Você não teria coragem de devorá-lo! Mesmo em sua forma animaga, isso seria...
- Calma, tia, eu estava só brincando! Nunca faria isso, nem como gato, nem como coruja.
- E ainda se gaba de ter duas formas animagas... Mulher arrogante! – a exclamação de Snape demonstrava o quanto ele piorara o seu humor após a visita.
A risada da Ministra ecoou pela sala, atraindo a atenção até da jovem Alice, que veio espiá-la do outro lado da pintura na porta.
Olho Tonto também estava inquieto, apenas Dumbledore parecia refletir com um leve sorriso pairando nos lábios.
Ela tocou o alto da própria cabeça com a varinha, deixando de ser Serena Snape para ser novamente Regina McGonagall.
- Sabe de uma coisa? – ela fitou irmão-retrato nos olhos – Harry saiu daqui se perguntando se eu teria tido tempo de lhe contar a verdade, se você soube que tinha uma irmã antes de morrer...
- e porque você não mostrou isso a ele? – Snape-retrato perguntou, com leve ar de zombaria.
- Porque era desnecessário e... porque essa lembrança é muito preciosa para ser partilhada...
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Houvera uma pausa na batalha terrível que ocorria nos terrenos do castelo. Voldemort propora uma trégua, um tempo para Harry Potter se entregar... como se o garoto fosse fazer algo assim...
A auror sentou-se, encostada numa árvore, tentando descansar, tentando não “ouvir” as dores que se avolumavam à sua volta. Era praticamente impossível ignorar que amigos preciosos já haviam tombado... sem que ela pudesse defendê-los diretamente ou mesmo se despedir.
Então, percebeu alguém próximo, que se dirigia para a passagem da Casa dos Gritos: ele!
Jogando às favas toda a vigilância de anos, abriu sua mente como no passado e chamou-o:
- Severus?
- Quem... – o homem parou, varinha a postos. Não entendia como sua mente registrava aquela voz feminina. Seus escudos oclumentes estavam intactos!
- Sempre pudemos nos falar assim, não se lembra?
- Ah, claro. Você. – ele suspirou, indo ao encontro da auror, que também fora por muitos anos seu contato na Ordem, pela sua forma animaga bastante útil e pela capacidade de comunicação não verbal que ele nunca compreendera bem... até aquela manhã; prevendo que o fim estava próximo, Dumbledore lhe contara uma história curiosa... e ensinara-lhe o feitiço que desbloquearia lembranças perdidas no fundo de sua mente.
- Então, você já sabe. – foi uma afirmativa, em voz alta, a mulher caminhando ao seu lado na floresta.
- Sim.
Ambos ficaram em silencio, fitando-se intensamente, contendo a custo a forte emoção do reencontro, até que Severus Snape comentou:
- Seu nome... não é Regina.
- Não. É “Serenna”. Lembra-se? Severus e Serenna, os dois “S”.
- E sua aparência...
Ela entendeu o pedido velado e desfez a transfiguração que a mantinha segura.
- Seu nariz não é tão grande como o meu... – foi o único comentário do ex-professor de poções.
- Não. Foi você que puxou a mamãe... –ela tentou sorrir, mas era mais doloroso do que sempre imaginara que seria.
- O fim está próximo, e ainda tenho algo a fazer. Creio que não teremos tempo...
- Teremos sim, todo o tempo do mundo, em nosso coração. Você estará sempre comigo, meu irmão, como estive com você, esses anos todos.
Severus Snape caminhou em silêncio, atravessando a floresta, acompanhado de sua irmã, embora ninguém mais fosse capaz de vê-los.
- Acredito nunca ter agradecido... pela sua intervenção no episódio do dia dos NOM’s. – Ele parou e a fitou – Você alguma vez imaginou...
- Como seria se tudo tivesse sido diferente? Se nosso pai não tivesse chegado bêbado em casa? Se eu não tivesse tentado ajudar mamãe? Se eu tivesse vindo para Hogwarts, sentada ao seu lado no trem? – ela soltou um longo suspiro – Todas as noites, depois que cheguei a Hogwarts, eu imaginava como seria poder chamá-lo de “irmão” na frente de todos...
- Não sei se eu gostaria de uma pirralha atrás de mim o tempo todo...
- Você está falando como alguns grifinórios que conheci...
- Por falar nisso, porque você usa esse cachecol velho? Você nem foi da Grifinória...
Ela sorriu, alisando a peça de lã antes de jogar as pontas para trás.
- Era de meu pai... Liam McGonagall, quero dizer. Ele me deu antes do embarque, e eu sempre me senti mais segura, usando-o. Me ajudava a lembrar quem eu precisava continuar a ser.
- E ainda vai precisar... Mesmo que tudo dê certo. Que os planos do “velho” se concretizem, não será seguro para você se revelar como “Serenna Snape”.
- Você tem razão... – ela olhou em volta, escutando o pesado silêncio. – Precisamos nos despedir, agora. Vou sentir sua falta... Posso lhe pedir um favor?
- Qual?
- Você vai ter um retrato na sala da torre... – ela olhou em direção ao castelo – Posso ter uma cópia? Poderemos conversar...
- Será apenas um fragmento de mim...
- Que saberá quem eu sou.
Ele a olhou por alguns instantes, depois assentiu. Mas ainda tinha uma missão a cumprir: garantir que Harry Potter soubesse toda a verdade sobre o audacioso plano de Dumbledore.
- Preciso ir... – ele estendeu a mão e tocou o rosto da irmã, pela primeira vez depois de trinta anos – Pergunte ao Potter sobre tudo... não terei tempo de lhe contar eu mesmo.
- Perguntarei... do “meu jeito”.
Ela segurou sua mão, beijou sua palma, e Snape puxou-a com delicadeza, também depositando um beijo suave na mão dela.
Esse foi o único gesto de carinho dos dois irmãos, antes que ela voltasse para o lado dos aurores que defendiam o castelo, e ele partisse para seu derradeiro encontro com Voldemort, Nagini e Harry Potter na Casa dos Gritos.
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As lembranças daquele dia eram muito dolorosas, e ela sempre disfarçava a tristeza que a invadia, mesmo sabendo que de alguma forma o eco da personalidade de seu irmão naquele retrato mágico percebia seu sofrimento e até... sofria também.
Mas não cederia às lágrimas, não hoje.
Cantarolando uma velha canção da tribo, ela examinou sua agenda, constatando que a pauta do dia estava cumprida.
- Bem, hora de encerrarmos o expediente por hoje. Vejo vocês em casa.
Com um gesto rápido de varinha, apagou as luzes e guardou os documentos que ainda estavam sobre a mesa, vestindo novamente a capa e saindo da sala.
Caminhou rapidamente pelos corredores, acenando aqui e ali para os funcionários que encontrava ainda no prédio, até chegar às lareiras de saída. Nunca deixava o trabalho pela sua lareira particular, tentava se misturar naturalmente aos demais, mesmo que isso não diminuísse sua fama de distante e anti-social.
Em poucos minutos, estava aparatando em sua casa – que ninguém sabia ao certo onde era, mesmo que as corujas sempre a encontrassem, não poderia ser rastreada.
Em sua sala de estar também havia quatro molduras, mas sua “família” ainda não chegara em casa, provavelmente davam uma volta por seus outros retratos, talvez visitassem Hogwarts. O diretor atual gostava de falar com eles também. Bem...pelo menos com dois deles. Neville Longbottom não tivera uma experiência feliz com Olho Tonto Moody afinal, e seu bicho-papão da adolescência ainda devia assombrá-lo.
Regina riu. Lembrava-se do dia em que o jovem diretor de Hogwarts a visitara no Ministério, o quanto ficara emocionado ao conhecer sua “recepcionista”...
Mas precisava deixar de lado tudo aquilo, preparar seu jantar e descansar. Talvez... seria uma boa idéia voar um pouco depois, para relaxar, e ficou imaginando o que Harry Potter diria se soubesse que a coruja que acariciara mais cedo naquele dia era ninguém menos que a Ministra da Magia...Schakebolt não revelara seu segredo, claro. Gostava de se divertir sozinho com isso. Poderia ser uma boa idéia ir visitar o velho amigo, depois do jantar. Ele devia estar curioso sobre o encontro da tarde, mas não daria o braço a torcer. Não a chamaria na lareira.
Ou, talvez, seria melhor esquecer um pouco que era uma bruxa, pelo menos esta noite.
E enquanto preparava seu jantar, Regina McGonagall tirou de sua mente Harry Potter e todo o resto, imaginando que era apenas uma mulher normal, uma trouxa, e que ligaria sua TV pra assistir a um bom filme enquanto comia. “Razão e Sensibilidade” ou “Simplesmente Amor”, talvez... eram antigos mas valia a pena ver de novo... pela trocentésima vez. Por alguma razão que não comprendia muito bem, era fã de Allan Rickman.
Mas não poderia ficar acordada até tarde, porque no dia seguinte teria um importante compromisso. Prometera ao Primeiro Ministro cuidar para que nada “não trouxa” interferisse num certo casamento...
========== FIM (ou talvez não) ===============
Comentários (1)
Amo tanto!
2020-12-27