Intervenção
Intervenção
- Quem quer ver eu tirar as cuecas do Ranhoso? (*)
A provocação não teve resposta. Pelo menos, não a que James Potter esperava.
Inesperadamente, sua varinha e também a de Sirius Black voaram longe, ao mesmo tempo que Snape era libertado do feitiço de levitação, pousando mansamente sobre os próprios pés e tratando de apanhar sua própria varinha.
Entretanto, ele não teve como fazer nada contra seus agressores, que tentavam em vão segurar suas varinhas, enquanto elas continuavam quicando no chão e soltando faíscas a cada tentativa de serem apanhadas. A Professora McGonagall surgira ao seu lado, silenciosa como um gato.
- O que está acontecendo aqui? Sr. Snape, o senhor tem algo a ver com isso?
- Sinceramente, não, Professora. Mas devo meus agradecimentos a alguém muito bom em feitiços não-verbais.
Minerva McGonagall fitou-o, sobrancelhas erguidas de espanto. Ele fora quase... insolente. Claro que ela vira o ocorrido e viera o mais rápido possível evitar que os alunos de sua Casa fizessem algo irremediável contra o sonserino... Mas alguém agira antes de sua chegada.
Um rápido e atento olhar em torno, e ela descobriu a origem, tanto do “finite incantantem” que gentilmente libertara Snape de seu constrangimento, quanto do estranho encantamento sobre as varinhas saltitantes. Mas, antes de qualquer coisa...
- Finite incantantem! – a professora exclamou, apontando sua própria varinha, e as varinhas dos dois rapazes caíram inertes no chão.
- Sr. Black, Sr. Potter, dirijam-se imediatamente à sala do Sr. Filch para cumprir detenção.
- Mas, professora... – Black começou a dizer, enquanto guardava a varinha no bolso da capa.
- Não piore as coisas, Sr. Black, eu SEI o que aconteceu. – e virando-se para o sonserino – Sr. Snape, se houver qualquer outro incidente, o senhor também sofrerá uma detenção. E quem mais estiver envolvido. Ouviram todos? Ninguém tem nada mais importante para fazer do que ficar aqui participando deste espetáculo ridículo?
Antes que ela dissesse mais alguma coisa, todos os estudantes sumiram de vista, cada qual buscando desesperadamente algo longe dali e de uma detenção certa.
Quando viu-se sozinha, a professora de transfiguração soltou um longe suspiro e falou:
- Pode sair agora, minha filha.
Das sombras emergiu uma forma indistinta a princípio, mas que logo revelou ser uma garota, usando as cores da Lufa-Lufa, assim que desfez o feitiço desilusório sobre si própria.
- A senhora vai me castigar também? – ela perguntou com voz fraca, que demonstrava algum cansaço.
- Não, desta vez. Mas tenha cuidado. Você quase se revelou. Se Potter e Black descobrem que você esteve ajudando Snape, não lhe darão mais paz.
- Eles são muito arrogantes pra isso. Nunca irão imaginar que uma lufana do segundo ano é capaz de fazer algo que eles ainda nem tentaram. Talvez o Lupin pudesse me descobrir, mas ele tem seu próprio problema peludo pra se preocupar... – ela sorria com certo orgulho, mas o olhar de repreensão da professora a fez retrair-se. Olhando para as próprias mãos, ela murmurou - Desculpe, tia Minerva, não fiz por mal. Mas não podia deixá-los humilhá-lo daquela forma. O que ele fez pra eles?
- Bem... essa rixa vem desde o primeiro dia, acredito, e eles vivem se atacando mutuamente. Ele também não é de todo inocente, você sabe.
- Sim, eu sei. Os outros comentam também, eu ouço... – ela ergueu os olhos negros – Vou tomar mais cuidado, tia.
- É bom mesmo. O Professor Dumbledore acredita que você possa se controlar mais. Ou teremos que tomar outras medidas...
- Eu... não vou ser mandada pra casa, vou? Por favor, eu preciso ficar perto de...
- Shiii, criança. – a mulher olhou em volta, subitamente preocupada. – Venha, vamos até minha sala, tomar um chá, antes que você desfaleça. Não vê que gasta muita energia mágica assim?
A professora estendeu-lhe a mão, que a garota aceitou, e ambas caminharam de volta ao interior da escola, para um bom e reconfortante chá.
Não perceberam que alguém permanecera escondido e ouvira a conversa, intrigado.
- Porque essa menina se importa comigo? – Severus Snape se perguntava.
Tentara usar o feitço de legilimência discretamente – ele já treinava feitiços não-verbais – mas encontrara uma estranha barreira.
- Como uma menininha do segundo ano pode já ser oclumente? – ele se indagara – E que ponto dourado era aquele em sua testa? Uma moeda?
Mas essa era mais uma pergunta que permaneceria sem resposta, mesmo depois dele deixar a escola... ou talvez perder a vida no interior da Casa dos Gritos.
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(*) O Harry (e nós também) finalmente soube o que aconteceu depois desta legendária frase, já que o Professor Snape o tinha tirado abuptamente da penseira, né? (Harry Potter e a Ordem da Fênix -cap. "A pior lembrança de Snape")
e, pessoal, desculpem minha distração. eu postei este capítulo no GP quando o FeB estava off, e depois esqueci de voltar.
pra compensar, tem mais um (o último)
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