I'm A You Junkie
Disclaimer: It's all yours, dear J.K.
(a música só começa aos 40 segundos. E têm de a pôr a tocar enquanto lêem. É fantástica :D)
Have you met Miss Jones?
Fanfic by Nalamin
Chapter 40: I'm A You Junkie And I Need A Temporary Fix
'Feels like you made a mistake.
You made somebody's heart break.
But now I have to let you go.
I have to let you go.
Ninguém parecia ter reparado que eu estava ali. Porque eu estava lá, mas não estava. Nunca se sentiram assim? Pois eu já. E naquela noite, mais do que nunca. Sentia-me longe, perdida em sonhos por realizar. Distante, sem me aperceber do que ocorria à minha volta. E à medida que a noite avançava, era cada vez pior. Comecei a sentir-me vazia, oca. Os meus olhos tornaram-se inexpressivos e deixei de sorrir. Sentia um buraco no meu peito. Doía. Mas, se me concentrasse na dor, não me sentia tão deslocada daquele lugar. Eu não pertencia ali. Tinha sido arrastada para aquele antro de ilusões por outra ilusão. Estava farta de me enganar e de ser enganada. Mas doía. Doía cada vez que eu tentava pensar, raciocinar, arranjar uma maneira de sair dali, ou pelo menos, de me sentir melhor.
You left a stain
on every one of my good days.
But I am stronger than you know.
I have to let you go.
Fechei os olhos e encostei a testa à janela fria. Chovia. Conseguia ouvir as gotas de chuva caindo no peitoril da janela, por cima das vozes da multidão. Acalmei-me. Há muito que aprendera a suportar aquela dor. Porque é que desta vez seria diferente? Respirei fundo e abri os olhos, esperando, mais uma vez, que a dor voltasse. Não voltou. Eu tinha de tomar uma atitude! Observei as pessoas. Todas pareciam contentes, sorrindo, gargalhando. Vi os recém formados, aliviados por fecharem aquele capítulo das suas vidas. Vi as famílias orgulhosas, felizes. E eu também estava orgulhosa. Apenas não estava feliz. Aquela também era a formatura dele. E eu sabia que, se levantasse a cabeça e o procurasse, só ia doer mais.
No one's ever turned you over.
No one's tried to ever let you down.
Beautiful girl, bless your heart!
Mas fi-lo. Suspirei, levantei a cabeça e permiti ao meu olhar deambular pelo salão, só observando. Alguns casais dançavam. Os mais novos brincavam com as varinhas a um canto. As familiares mais novas dos formandos olhavam para os rapazes de Hogwarts e davam sorrisinhos. Os professores congratulavam os alunos e cumprimentavam as famílias. Os elfos serviam a comida e as bebidas. O Barão Sangrento deambulava por ali, atrás da Dama Cinzenta. E foi aí que o vi, com o seu porte altivo, encostado a uma parede, sozinho. Claro que estava sozinho. Depois da batalha, não lhe restava ninguém. Os pais, em fuga; a tia, morta. E, de repente, lembrei-me de Andromeda.
I got a disease, deep inside me.
Makes me feel uneasy
Baby, I can't live without you!
Tell me, what am I supposed to do about it?
Keep your distance from it,
Don't pay no attention to me
I got a disease
Considerava-a ele, família? Ou limitar-se-ia a renegá-la devido ao seu casamento com um muggle? Perdera-me em divagações, não reparando sequer que uma mulher com uma criança pequena ao colo se aproximara de mim.
You drove me to the fire,
And left me there to burn.
- Peço desculpa, querida. – Assustei-me. – Oh, perdoa-me, não te queria assustar. Bem vi que estavas pensativa. – Disse, sorrindo. – Chamo-me Andromeda Tonks. Sabes onde posso encontrar Draco Malfoy? – Sorri.
- Não tem que pedir desculpa, eu estava distraída mesmo. Chamo-me Narcissa Jones. As minhas condolências, Mrs. Tonks. Não conheci realmente Nymphadora, mas lamentei a sua morte. – Respondi eu, sinceramente. Andromeda pôs o pequeno no chão e entregou-lhe uma vassoura de brinquedo. Em seguida, sentou-se a meu lado.
- Obrigada, Narcissa. – Suspirou. – Tenho pena que o Teddy nunca conheça a maravilhosa mãe que tinha.
- Era, sem dúvida, uma mulher corajosa, Mrs. Tonks. – respondi, sorrindo-lhe fracamente. Era a única coisa que podia fazer. Nada mais havia para ser dito. Lembrei-me, então, da razão por que Andromeda me interpelara. - Procurava Draco Malfoy, Mrs. Tonks? – Doía pronunciar aquele nome.
- Andromeda, querida. – Disse, sorrindo. – E sim, gostava de saber onde está o meu sobrinho. Sei que está sozinho e gostaria de lhe dar uma palavrinha.
- Ali está ele. – Disse eu, apontando em frente. – Perto dos pais de…Jack. – Andromeda olhou-me, tristemente.
Every little thing you do is tragic.
All my life before was magic.
Beautiful girl, I can't breathe!
- Lamento a tua perda, querida. Lembra-te sempre de que os que amamos nunca nos deixam realmente. Fazem parte de nós e estão sempre connosco.
Andromeda sorriu-me uma última vez e seguiu de encontro ao sobrinho. Ela tinha razão. Jack continuava comigo. A minha avó continuava comigo. E Draco continuava comigo. Eu ia conseguir superar. Ia conseguir passar por cima de tudo para tentar encontrar a felicidade.
Qual seria a sensação se, de repente, decidisse ser feliz? A ideia era tentadora. Não porque eu invejasse a felicidade daquelas pessoas, mas porque queria desesperadamente sentir-me diferente. Já quase não conseguia suportar aquele vazio, aquela sensação de abandono que me acompanhava havia tanto tempo. Avaliei a situação e decidi arriscar. Porque não? Tudo era melhor do que aquele labirinto onde me encontrava.
I got a disease, deep inside me
Makes me feel uneasy
Baby, I can't live without you!
Tell me, what am I supposed to do about it?
Keep your distance from it,
Don't pay no attention to me
I got a disease
Levantei-me, então, decidida. Ajeitei a saia do meu vestido e segui na direcção dos meus irmãos, com um sorriso nos lábios. Olhei a multidão. De repente, uma pessoa ou outra parecia pensar que eu existia. Olhavam-me com um interesse notório, obviamente só se apercebendo naquele momento de que eu estava ali. Sorri de lado, como ele costumava fazer. Eu não me sentia feliz. Eu não era feliz. Mas seria. Pelo menos, naquela noite, seria. Na manhã seguinte, quando tudo estivesse acabado, voltava a sentir o mesmo vazio. Uma Fénix renascida das cinzas. Porque era isso que eu era. Eu vivia o presente, tentando fazendo passar os dias depressa, para que a noite chegasse e me reconfortasse. Era aí que eu morria, todas as noites. E no dia a seguir, acordava, renascia. E sentia-me bem, por alguns efémeros momentos.
And, well, I think that I'm sick.
But leave me be while my world is coming down on me.
You taste like honey, honey.
Tell me, can I be your honey
Bee? Be strong!
Keep telling myself it that won't take long
Till I'm free of my disease.
Yeah, Free of my disease.
Free of my disease.'
(Disease – Matchbox 20)
Depois, tudo acabava.
O vazio voltava, eu sentia-me perdida, e não via quaisquer razões para me encontrar.
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