Epilogue
Disclaimer: It's all yours, dear J.K.
Have you met Miss Jones?
Fanfic by Nalamin
Epilogue
Se naqueles tempos me dissessem que agora estaria a sentir-me assim, teria dito que não queria crescer; que iria parar o relógio, que iria viver para a Terra do Nunca. Se me tivessem dito que iria chorar todas as noites até adormecer, eu teria rido e respondido que não sou rapariga dessas coisas, que sou forte, uma lutadora, e não cedo a lamechices. Mas não me disseram. Ninguém me avisou.
'She sits in her corner,
Singing herself to sleep
Wrapped in all of the promises
That no one seems to keep
She no longer cries to herself
No tears left to wash away
Just diaries of empty pages
Feelings gone astray
But she will sing...
Se me tivessem dito que iria doer desta maneira eu tinha-me precavido! Não me apaixonaria, não faria novas amizades, não tinha muitas expectativas e não sofreria tanto com as desilusões. Se me tivessem avisado que andaria perdida, eu teria arranjado um mapa, uma bússola, uma forma de me orientar. No entanto, fui mantida na ignorância.
Se me dissessem que me iria ver a mim mesma no fundo de um poço sem qualquer hipótese de retornar à superfície, eu teria arranjado maneira de sinalizar o buraco e não cairia nele, ou então, se não conseguisse isso, pelo menos começaria a andar sempre com uma bóia ou com um par de braçadeiras. Mas ninguém me contou nada. E eu acabei por cair no poço, chorei durante horas, dias, semanas, meses, anos, e ninguém apareceu. Portanto, acabei por ficar por aqui.
'Till everything burns,
While everyone screams,
Burning their lies,
Burning my dreams
All of this hate
And all of this pain
I'll burn it all down,
As my anger reigns,
'Till everything burns
Já não considero desconfortáveis, incómodas – e muito menos insuportáveis - estas paredes de pedra ou a água que quase me afoga. Porquê? Simplesmente porque já não me importo. A água gelada enregelou-me desde dos dedos até à alma. Já não consigo sentir nada com a intensidade de antes. A rotina e a habituação vieram como hipótese de salvação e eu não quis perder a oportunidade. Aceitei-as de braços abertos. Podem julgar-me? Afinal, estava no poço. Era nadar ou morrer. E, apesar de tudo, nunca tivera vontade de ver a vida escapar-me entre os dedos.
É por isso, devido a esse puro, intrínseco, inato instinto de sobrevivência que os anos passam por mim. Nem os noto. Daphne disse-me há pouco que faltam exactamente dois meses para o meu décimo oitavo aniversário. Sorri-lhe em resposta, apenas para lhe agradar, para que ela não se preocupe comigo e com a minha apatia mais do que já o faz. Faço o mesmo com Adam e com Claire, os únicos que ainda estão por perto para me policiar o humor e a saúde.
Eu tentei, sabem. Tentei muito não ser a pessoa fraca que sou neste momento. Odeio aquilo em que me tornei, uma amostra da rapariga forte e corajosa que era. Crescer atenuou um pouco a dor, mas não o suficiente. O meu Dom não ajudou nada. Merlin, nem todo o meu poder junto poderia evitar que as pessoas cometessem más escolhas (eu incluída); nada que eu fizesse poderia ter dissuadido Draco de me abandonar, trazer Jack de volta à vida ou encontrar o meu pai. Nada. Porque, de novo, e acreditem em mim, eu tentei. E depois de o fazer acabei na enfermaria, levando um sermão da actual Directora e uma ordem expressa de não realizar magia durante alguns dias. Creio que as suas palavras exactas foram 'Hogwarts dispensa mais tragédias, Miss Jones'. Hogwarts e eu, professora McGonagall. Hogwarts e eu.
Walking through life, unnoticed
Knowing that no one cares
Too consumed in their masquerade,
No one sees her there
And still she sings...
Depois desse episódio, apercebi-me, a certa altura, do que, para além do selvagem instinto de sobrevivência, me tinha ajudado a ultrapassar o dia-a-dia. Conseguem adivinhar? Aposto que não. Eu digo-vos: o que me tornou a mente sã durante todo este tempo foi a minha intensa e exaustiva educação Barclay.
Irónico, não é? Como uma infância roubada e pais negligentes podem vir a ser úteis. A verdade é que se isso não tivesse acontecido, eu não tinha criado defesas, barreiras que durante todo este tempo me escudaram de uma dor mais profunda; não tinha tido o meu intelecto incrivelmente desenvolvido – tanto pelos ensinamentos de Cecília, como pela presença quase constante de James -, que me auxiliou a racionalizar tudo e a tornar a angústia cada vez mais suportável, até ela se transformar na dormência que toma conta de mim neste momento.
Eu costumava ser tão diferente! Costumava ter certezas, sonhos, esperanças. Agora, a única esperança que possuo é a de conseguir sobreviver ao dia que corre; o meu único sonho é o de sair desta maldita escola de uma vez por todas e esquecer tudo o que passei aqui; a minha única certeza é a de que não fui talhada para a felicidade.
'Till everything burns,
While everyone screams,
Burning their lies,
Burning my dreams
All of this hate
And all of this pain
I'll burn it all down,
As my anger reigns,
'Til everything burns'
(Everything Burns – Anastacia ft. Ben Moody)
Mas talvez, um dia, se ela realmente aparecer no meu caminho, espero que a dor, a angústia, a frustração, não me toldem a visão e eu consiga alcançá-la, acalmar-me e, finalmente, escalar para fora do poço. Ou então que apareça um belo príncipe – quem sabe antes sete amorosos anões! – que me puxe de volta, me ajude a colocar os pés em terra firme e me ensine a viver de novo.
FIM
N/A: Antes de mais, deixem-me dizer uma coisa que deveria ter dito no primeiro capítulo: o título da fic foi totalmente inspirado (que é como quem diz copiado ipsis verbis) pela música Have You Met Miss Jones? do Robbie Williams, que faz parte da banda sonora do filme 'Diário de Bridget Jones'.
Pronto, chegou ao fim. Eu sei que ficaram algumas coisas por explicar, mas eu nunca escrevo nada por escrever, nem gosto de deixar coisas sem justificação. Tudo tem significado e vai ser explicado, don't worry.
E por muito que eu gostasse do Jack (mesmo ele se tendo revelado um idiota de primeira), tinha de o matar. Ele ia estragar as coisas com a sua personalidade forte lá mais para a frente, e a vida de Cissa já é um belo poop sem ele a causar problemas xD. Posso-vos dizer, no entanto, que ele foi morto pela odiosa Alecto e que ela usou o feitiço que também já havia matado Cissa: o Asfixiatus (criação aqui da je 8D). Para mais pormenores sobre isto ou para fazerem qualquer pergunta, deixem comentário ou mandem mail :D
Enfim, espero que tenham gostado de ler esta fic tanto quanto eu gostei de a escrever.
Até à próxima aventura de Narcissa & Cia (:
Lots of L-O-V-E,
~Nalamin
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