Bellum Terminus



Disclaimer: It's all yours, dear J.K.









Have you met Miss Jones?
Fanfic by Nalamin


Chapter 38: Bellum Terminus


'Everyone's running from something but we don't know when it's coming
So we keep running and running..


Passou-se tudo demasiado depressa, naquele pequeno período de tempo que se seguiu a eu ter deixado o Potter nos campos e voltado para o Salão, onde me dedicara a ajudar Madame Pomfrey com os feridos. Thomas aparecera entretanto, felizmente acompanhado por Daphne, que se encontrava bastante ferida. Vim a descobrir que arranjara todos aqueles ferimentos porque dera conta, completamente sozinha, do meu grande amigo Amycius. Adam e James também estavam por perto, recolhendo os mortos. Felizmente, estávamos todos vivos. Ou assim pensava até ouvir, de novo, a voz de Voldemort a ecooar pelas paredes do salão.


- O Harry Potter morreu. Foi morto quando ia a fugir, tentando salvar-se, enquanto vocês davam a vida por ele. Trazemos-vos o seu corpo como prova de que o vosso herói morreu.


- Ele está a mentir. – disse James, a alguns metros de Cissa.


- Tens a certeza?


- É claro que tenho a certeza, Thomas.


-…A guerra tem de acabar. Quem continuar a resistir, seja homem, mulher ou criança, será morto, assim como todos os membros da sua família. Por isso, saiam agora do castelo, ajoelhem-se perante mim e serão poupados. Os vossos pais, os vossos filhos, os vossos irmãos sobreviverão, serão perdoados, e todos se juntarão a mim no novo mundo que iremos construir em conjunto.


Depois disto, lembro-me do grito da professora McGonnagall, lembro-me de os Devoradores da Morte entrarem em debandada em Hogwarts e me empurrarem para o segundo andar. Lembro-me de atordoar um ou dois deles para conseguir voltar ao salão. Lembro-me de chegar ao Hall de entrada no preciso momento em que Voldemort caiu morto no chão. Lembro-me da confusão e dos tumultos sobre Harry e os Devoradores da Morte que se seguiram. Lembro-me de sair para os campos por uma janela partida, fechando os olhos para sentir o sol a bater na minha face depois de tanto tempo na escuridão. Lembro-me de correr para o túmulo de Dumbledore, por achar que alguém lhe deveria dizer que estava tudo acabado.


Now I'm looking up the bible tryna find a loophole
Yeah, I'm living for revival, dying for a new soul


Lembro-me de deixar cair uma lágrima e, em seguida, de me sentir completamente diferente.


It's been a long time coming
Been so long but I gotta shine my rusty halo!'
(Rusty Halo – The Script)


E depois, no meio de tantas lágrimas, lembro-me de rir alegremente e correr para o gabinete do Director, com as últimas forças que me restavam, para lhe contar a novidade.


'O que é bonito neste mundo, e anima, é ver que na vindima de cada sonho fica a cepa a sonhar outra aventura. E que a doçura que não se prova se transfigura noutra doçura muito mais pura e muito mais nova'
(Miguel
Torga)




 


- …já tive problemas que chegassem para uma vida inteira. – Harry Potter preparava-se para sair do gabinete do director, quando uma Narcissa Jones sorridente e ensanguentada entrou por ele adentro.


- Oh, desculpa Harry, não sabia que estava aqui alguém. – Harry, Ron e Hermione olharam para a morena, não esperando que alguém fosse interromper.


- Harry – interrompeu Dumbledore, - vai descansar, caro amigo. Narcissa precisa ouvir o que tenho para lhe dizer. - Harry e os amigos seguiram para a porta e Narcissa avançou para dentro do escritório.


- Hey, Harry. – chamou Narcissa, docemente. Ele voltou-se e olhou-a, espantado. Cissa apercebeu-se de que ele reconhecera a sua voz e sorriu-lhe. - Boa sorte. E obrigada.


Potter olhou-a nos olhos e Narcissa tocou-lhe os pensamentos. Não pôde deixar de sorrir largamente. Ele estava aliviado e nunca se sentira tão feliz. Acenou-lhes e eles saíram, voltando-se depois para Dumbledore.


- Desculpa, Narcissa. – Cissa riu e sentou-se numa das cadeiras em frente à secretária do director.


- Se há alguém a quem tem de pedir desculpa, professor, não é certamente a mim. – respondeu. Dumbledore sorriu.


- Metade dos nossos erros na vida nascem do facto de sentirmos quando devíamos pensar e pensarmos quando devíamos sentir. Pobre Harry. Pedi-lhe mais vezes desculpa do que o felicitei.


- Mas ele conseguiu. Já podemos todos respirar fundo e…viver. – Cissa permitiu-se, por um momento, a fechar os olhos e apreciar o silêncio. – Estive perto do seu túmulo antes de vir para aqui. Fawkes acompanhou-me. – afirmou, abrindo os olhos e olhando para Dumbledore. – Chorou comigo. E depois, algo aconteceu. Suponho que não preciso de lhe dizer o que foi. – completou. Dumbledore riu.


- Tenho um palpite.


- De repente, tornei-me nela. Muito literalmente. E no momento em que olhei para o meu reflexo na mármore reparei que tinha bico e penas – muito bonitas e vermelhas, por sinal - e, possivelmente, lágrimas curativas. Quando voltei a mim, embora nunca tenha realmente ido a lado nenhum, apercebi-me realmente do que tinha acontecido. – afirmou, sorrindo.


- Não é raro o Dom de Victoria trazer consigo esta capacidade de o portador se tornar Animagi. Creio até que não possuis qualquer limitação: poderás transformar-te em vários animais, ao contrário dos Animagi comuns. Cecília falara-me dessa possibilidade. – Cissa tornou a rir. No meio de tantas mortes, da partida de Draco e de não ter ideia nenhuma do estado dos irmãos, do primo e dos melhores amigos, Narcissa ria ao falar com o quadro do director.


- A mim nunca me disse nada. – respondeu, encolhendo os ombros. - Nunca me fez diferença não saber, pelo menos, até hoje. Todas estas novas capacidades trazem consigo novas implicações. Cada vez mais e cada vez mais difíceis de suportar.


- Não devias ter de carregar esse peso sozinha, querida amiga. – Respondeu Dumbledore, tristemente. Cissa percebeu que o director se referia a Draco. Não se espantou. Dumbledore sabia sempre tudo acerca de todos.


- Não se preocupe, professor. Já suportei coisas piores. – respondeu, erguendo a mão esquerda, onde se encontravam provas dos castigos de Dolores Umbridge, e mostrando uma cicatriz no antebraço, que Carrow lhe fizera numa qualquer aula. Dumbledore suspirou.


- Sei os seus motivos, mas não aprovo a sua decisão. – Cissa sorriu de lado, percebendo que não era àquelas cicatrizes que o professor se referia.


- Com todo o respeito, professor…o senhor está morto. – Dumbledore riu com gosto, enquanto alguns retratos sussurraram 'insolente!' ou 'que insubordinação!'.


- Calma, senhoras e senhores. O que Narcissa quis dizer foi que já não tenho o direito de aprovar ou não as decisões dos meus alunos.


- Mas o senhor é o Director!


- O Director, Phineas, era Severus Snape. – o quadro calou-se, o que permitiu a Narcissa fazer uma pausa, assimilar informação.


Era? – Cissa suspirou. - Também me pareceu que ele não tinha sobrevivido. – Dumbledore olhou-a curioso.


- Estavas lá, Narcissa?


- Não. Vi a varinha de Voldemort caída a seu lado no salão. Reconheci-a quase imediatamente. E depois, senti doer. Tal como quando vi todos aqueles corpos no salão, ou quando... – Suspirou cansada. – Na verdade, esta noite não lhe sei dizer o que não doeu.


- Talvez a dor esteja lá por um motivo.


- Talvez. – Fez uma pausa. – Penso que há um lado positivo em tudo isto, professor, em sentir esta dor, esta dormência. – Dumbledore esperou calado pela resposta. – Agora, teremos muito tempo para aprender a viver com ela.


Cissa sorriu, levantou-se e dirigiu-se à porta. Ia a sair quando se lembrou de uma coisa. Voltou-se para Dumbledore.


- O professor estava enganado! – Dumbledore sorriu.


- Perdoa-me, então. Em relação a quê, se me permites perguntar?


- Poder amar, incondicionalmente, sem entraves, sem nada que nos prenda, é um dom maior que o meu, maior que qualquer outro e, por isso, mais poderoso. Harry Potter é infinitamente mais poderoso que eu, e não o contrário. Acho que isso foi provado esta noite. – Dumbledore não respondeu, limitando-se a olhá-la carinhosamente. – Sabe, professor, uma vez, há muito tempo, disse à minha avó que o meu amor por ela era o mais poderoso. Ela disse que aquele amor era, de facto, poderoso, mas que haveria um outro, maior, mais forte, em que eu compreenderia o verdadeiro significado da palavra amor. Depois desta noite, compreendo melhor que nunca. – suspirou, terminando. – Vou ter saudades suas, professor. – acrescentou Cissa, deixando escapar uma lágrima. Espantou-se ao ver que o professor se permitira a fazer o mesmo. Sorriu. – Adeus, professor Dumbledore. Acredito que nos vamos voltar a ver, um dia.


- Adeus, querida amiga. Sê feliz.


'It's down to this
I've got to make this life make sense
Can anyone tell what I've done
I miss the life
I miss the colours of the world
Can anyone tell where I am


E, já com os seus olhos transformados em cascatas, Narcissa saiu do escritório do Director e desceu as escadas em caracol, ansiando por ver os irmãos, James, Adam e Daphne e abraçá-los até à semana seguinte. Uma brisa fria vinda das janelas destruídas à sua esquerda, despenteou-lhe os cabelos. Cissa respirou fundo. O ar estava carregado de mudança!


'Cause now again I've found myself
So far down, away from the sun
That shines into the darkest place
I'm so far down, away from the sun again
Away from the sun, again


Despediu-se para sempre daquele escritório ao saltar o último degrau. Quando pôs os pés no chão, recordou-se de uma coisa que vira no gabinete do director. Os globos que fizera levitar e dispusera de forma a que se assemelhassem ao sistema solar no seu primeiro dia em Hogwarts, ainda estavam no mesmo sítio, girando devagar. Gargalhou suavemente, seguindo em frente em direcção ao salão.


I'm over this
I'm tired of living in the dark
Can anyone see me down here
The feeling's gone
There's nothing left to lift me up
Back into the world I know


Afinal, e apesar de toda a dor, todo o sofrimento e de todas as mudanças, haveriam sempre coisas que se manteriam constantes. Cissa, ao ver o irmão à entrada do salão, correu até ele e abraçou-o com força.


I'm so far down, away from the sun
That shines to light the way for me
To find my way back into the arms
That care about the ones like me
I'm so far down, away from the sun again


O amor de irmão.


Daphne, que estava perto, abraçou-se também a eles, chorando. Adam e James apareceram segundos depois, cansados mas felizes.


A amizade.


Agora poderiam todos relaxar por um momento para depois voltar ao trabalho, reerguer Hogwarts e o mundo da feitiçaria.


A razão para lutar.


It's down to this
I've got to make this life make sense
And now I can't tell what I've done


Voltaram todos para a sala comum dos Gryffindor, já que Tom declarara que, naquela noite, não perderia ninguém de vista, não fosse tudo aquilo tratar-se de um sonho. Antes de virar para o corredor onde sabia estar o quadro que dava entrada para a sala comum do irmão, Cissa deixou-se ficar para trás e aproximou-se de uma das janelas mais altas do castelo, olhando o céu lá fora, coberto de nuvens. Mas de repente, um sol brilhante, resplandecente, apareceu por detrás de uma nuvem escura.


And now again I've found myself
So far down, away from the sun
That shines to light the way for me


As pessoas que estavam nos jardins olharam para cima, espantadas. Depois de alguns segundos, Cissa viu algumas sentarem-se, gozando o calor e a luz, e outras permanecerem de pé, abraçadas aos seus amigos mais queridos, olhando para aquela belíssima fonte de vida. Ao olhar com mais atenção, parecia-lhe que a disposição dos colegas formava um formato seu conhecido. Riu. Apercebeu-se de que havia realmente uma coisa que nunca, mas nunca iria mudar.


I'm so far down, away from the sun again
Oh no...
Yeah...
I'm gone...'
(Away From The Sun – 3 Doors Down)


Os globos.


" Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu: há tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de deitar fora; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se; tempo de estar calado, e tempo de falar; tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz." (Eclesiastes, 3)




N/A: Tal como nos outros caps, a fala de Voldemort e a de Harry foram totalmente retiradas do livro Harry Potter e os Talismãs da Morte (JK, Warner Bros (whatthafreakingever!) © ALL RIGHTS RESERVED), versão portuguesa de Portugal.


'Metade dos nossos erros na vida nascem do facto de sentirmos quando devíamos pensar e pensarmos quando devíamos sentir' - J. Collins


'Bellum Terminus' é latim para 'fim da guerra', já agora :p


Keep reading!


Love,
~Nalamin


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