War Of My Life



Disclaimer: It's all yours, dear J.K.









Have you met Miss Jones?
Fanfic by Nalamin


Chapter 37: War Of My Life


' O mal deve ser evitado em qualquer ocasião. Não há ocasião que permita fazer o mal para que resulte alguma coisa boa'
(S. Tomás de Aquino)


O Hall de Entrada estava cheio de alunos a correrem por todos os lados e pessoas a combater. Cissa era uma dessas pessoas, embora ninguém soubesse. Porquê? Porque estava invisível.


Nunca na vida se sentira tão grata pelo Dom. A invisibilidade era, sem dúvida, uma vantagem. O lado das trevas já perdera pelo menos sete aliados às mãos de Narcissa em todas aquelas horas interruptas em que estivera a combater. Não matara ninguém, não conseguira. Não por falta de poder ou energia, porque tinha ambos em abundância. E não se podia chamar covardia àquilo que a impedia de tirar a vida a outro ser humano. Em boa verdade, não tinha como definir o sentimento que a impedira de matar aqueles homens e mulheres nojentos, que certamente mereciam esse destino.


Fosse como fosse, tinha-os deixado, senão à beirinha, a pelo menos três passos da morte. E achara também conveniente, apesar dos ferimentos que lhes causara, atá-los, amordaçá-los e e fechá-los num armário de vassouras magicamente selado e impossível de abrir ou entrar. Só para previnir.


'Come out Angels
Come out Ghosts
Come out Darkness
Bring everyone you know


E, naquele momento, corria desenfreadamente por um corredor vazio, desviando-se de aguçados vidros que saltavam das janelas estrilhaçadas pelos gigantes. A sua cara e os braços estavam cobertos de escoriações e sabia que deveria ter, pelo menos, uma costela partida. Mas a dor era suportável, portanto não se tentara curar. 'Tenho de reservar energia para quem realmente precise'.


I'm not running
I'm not scared
I am waiting and well prepared


Virou a esquina para encontrar um panorama completamente diferente daquele que observara no corredor que acabara de percorrer: haviam corpos espalhados pelo chão, cada um em pior estado que o anterior. ' Oh Merlin…'. Aproximando-se rapidamente de cada um deles, sentiu-lhes a pulsação. Nada. Nada. Nada. Nada. Um batimento? Não, nada. Só o silêncio brotava daqueles corpos sem vida.


Estava pronta para parar com aquilo quando, uns metros mais à frente, um suposto cadáver gemeu e contorceu-se ligeiramente. Cissa correu na sua direcção. Era um rapaz, e parecia ter a sua idade. Ostentava o emblema dos Hufflepuff ao peito e, na cara, uma profunda expressão de dor. Analisando-o rapidamente, a morena constatou que os únicos ferimentos realmente graves que apresentava eram um enormíssimo corte na cabeça e algumas costelas partidas.


- Consegues ouvir-me? – ele assentiu debilmente. – Vais ter de ficar muito quieto, vou tentar ajudar-te.


Cissa fê-lo deitar-se de barriga para cima e ordenou-lhe que respirasse fundo, devagar e tentasse relaxar. Concentrou-se rapidamente e, em alguns segundos, o corte parara de sangrar e sarara minimamente. E, em seguida, ao apoiar a sua mão sobre as costelas dele, fê-las reconstruírem-se, o que arrancou um grito de dor ao rapaz.


- Desculpa, mas é mais rápido desta maneira. – afirmou, respirando rapidamente, sentindo o coração bater descontrolado contra o peito. – Vem, vou levar-te para o salão.


I'm in the war of my life
At the door of my life
Out of Time and there's nowhere to run


Cissa preparava-se para erguer o rapaz do chão quando a voz de Voldemort tornou a soar pelas paredes e pelo chão, fria e aguda, um presságio de morte.


-Têm lutado com grande coragem. – disse. – Lord Voldemort sabe dar valor à coragem. No entanto, têm sofrido pesadas baixas. Se continuarem a resistir-me, morrerão todos, um por um. Não quero que isso aconteça. Cada gota de sangue mágico derramado é uma perda e um desperdício. Lord Voldemort é misericordioso. Ordeno às minhas forças que se retirem imediatamente. Têm uma hora. Tratem dos vossos mortos condignamente. Cuidem dos feridos.


" Agora vou falar directamente para ti, Harry Potter. Deixaste que os teus amigos morressem por ti em vez de me enfrentares pessoalmente. Vou esperar um ahora na Floresta Proibida. Se não vieres ao meu encontro, a batalha recomeçará. Mas, desta vez, eu próprio entrarei na luta, Harry Potter, encontrar-te-ei e punirei todos os homens, mulheres ou crianças que tenham tentado esconder-te de mim. Uma hora.


Cerrando os dentes, tanto por raiva como por esforço por estar a suportar o peso do rapaz, Cissa começou a andar rapidamente na direcção do Salão. No entanto, depois de alguns metros, parou, olhando para trás. Os mortos jaziam no chão de mármore daquele corredor. Não era justo. Não era digno. Sorriu, amarga. 'Nem acredito que vou acatar uma ordem de Voldemort'.


E então, com um pequeno aceno, os cadáveres ergueram-se, moles, e começaram a flutuar atrás de Cissa, seguindo-a no caminho para o Salão. Apressou o passo. Sabia que tinha de lá chegar rapidamente, que não aguentaria manter aquela corrente de energia por muito tempo.


I've got a hammer
And a heart of glass
I got to know right now
Which walls to smash


- Narcissa! – gritou uma voz à sua direita. 'Graças a Merlin que está vivo'.


- Adam, estou mesmo feliz por te ver. Mas temos de ir andando. – afirmou, continuando a andar.


- Espera, deixa-me ajudar-te. - Pararam para alguns momentos e Cissa passou o rapaz que carregara para os ombros de Adam, o que tornava tudo bastante mais fácil.


Em passos rápidos, chegaram ao Salão, que já se começava a encher de sobreviventes que, infelizmente, naquele momento, existiam quase em mesmo número que os que tinham perecido. Cissa indicou a Adam que deveria levar o rapaz a Madame Pomfrey, lá mais à frente, no estrado, ao que ele obedeceu prontamente. A morena aproximou-se do meio do recinto, onde já vários corpos repousavam debaixo de lençóis brancos. Gentilmente, baixou os corpos que transportara até ao chão e pousou-os devagar. Desfazendo o feitiço, Cissa aproximou-se de cada um e limpou-lhes alguma fuligem que lhes sujava as bochechas, que nunca mais ficariam rosadas, os olhos, que nunca mais veriam nada, os lábios, que nunca mais pronunciariam uma palavra. 'Por mais que limpe, não é digno. A morte não é digna'.


- Ci, estás bem? – ecoou a voz de Adam atrás de Cissa, que se levantou logo de seguida, abraçando-o.


I got a pocket
Got no pills
If fear hasn't killed me yet
Then nothing will


- Sim, e tu?


- Aguento-me. – respondeu, encolhendo os ombros.


- Estás ferido? - questionou, inspeccionando-o rapidamente.


- Não, só alguns arranhões que fiz nos vidros partidos. E tu? - Cissa colocou a mão direita sobre o lado direito do tronco e, ao cabo de alguns segundos, gemeu baixinho, sorrindo em seguida.


- Agora também já só tenho alguns arranhões. Onde está o James? Ele está bem? – perguntou, apreensiva, lembrando-se de repente de que Adam supostamente deveia estar com o primo.


- O Yaxley não o tratou nada bem, mas ele sobrevive. Já deve estar a vir a caminho, ele disse que ia só procurar feridos nos corredores ali perto.


- Estavam onde, vocês? Nunca vos vi.


- Em todo o lado. Passámos a noite a correr de um lado para o outro.


- Apanharam algum?


- Demos cabo do Rookwood antes de o Weasley o matar.


- 'Demos cabo' não é uma definição muito correcta para o modo como o deixámos, Sanders. – a voz de James surgiu de repente, enquanto o seu dono cambaleava lentamente na direcção deles. Cissa correu para o ajudar.


- Jamie, estás bem? – olhou-o e viu que a sua camisa do uniforme estava encharcada de sangue.


- Não neste momento em particular, Cissa. Preciso de uma ajudinha.


A morena assentiu e abriu a camisa ao primo, enquanto este se apoiava em Adam. Quase não conseguiu conter uma exclamação de espanto quando viu o peito de James. Um enorme corte desfigurava-lhe o esterno, indo desde a omoplata esquerda até ao meio do peito. Era bastante profundo e era óbvio que tinha sido causado por um feitiço de decapitação, uma das poucas coisas que, por alguma razão, Narcissa não era capaz de curar totalmente.


All the suffering
And all the pain
Never left her name


- Porra, James. – blasfemou, suspirando.


- Eu sei, faz o melhor que puderes. Mais tarde vou ter com Madame Pomfrey.


Fechando os olhos e oncentrando-se, Cissa tentou curar aquele grande rasgão o melhor que pôde, concentrando toda a sua energia nele. Quando sentiu que, se continuasse, em breve perderia a consciência, Cissa parou, abriu os olhos e analisou a ferida. Estava bem melhor do que pensava. Fechara e parara de sangrar, mas continuava um pouco infectada. E sabia que o primo iria ficar com uma cicatriz.


- Desculpa, não consigo melhor. – disse, tentando respirar fundo para recuperar energia rapidamente. – Não agora. E vais ficar com cicatriz. – Ele sorriu.


- Sempre quis ter uma. – gracejou, endireitando-se e apertando a camisa ele mesmo. – Está óptimo, Narcissa, vai aguentar até ganharmos. – fez uma pausa, suspirando. – E agora, meus caros, temos trabalho a fazer.


I'm in the war of my life
At the door of my life
Out of time and there's nowhere to run


Olhando em volta, descobriram Neville, que parecia estar a dar algumas ordens aos colegas. Dirigindo-se-lhe e perguntando-lhe como poderiam ajudar, Neville indicara-lhes que deveriam procurar feridos e mortos, em Hogwarts e nos campos. James e Adam saíram imediatamente do salão rumo à Ala Oeste e Narcissa acompanhou o Gryffindor aos campos de Hogwarts. Mas quando chegaram à enorme porta dupla de madeira que dava para o exterior, Cissa teve de parar, não se importando quando Neville continuou, desaparecendo completamente de vista.


I'm in the war of my life
At the core of my life
Got no choice but to fight 'til it's done


Eram, com certeza, dezenas. Talvez até centenas. Não saberia dizer, porque apesar das luzes das varinhas, o escuro ainda era denso. Mas pareciam infinitos. Hogwarts deixara de ter relva a embelezar o solo. Passara a ter cadáveres. Jovens e adultos, membros da Ordem e alunos. Mortos pela causa. Pelo bem maior. Pela paz. 'A próxima posso ser eu. Ou James. Ou Adam. Ou Tom, ou Daphne. Ou…Draco'.


Era a primeira vez que tivera tempo para pensar sobre ele naquela noite. Onde é que ele estaria, o verme cobarde? Escondido, possivelmente. Quiçá por detrás de uma das máscaras negras dos Devoradores da Morte. Cerrou os punhos. Odiava-o tanto, naquele momento. Tanto! Mas odiava-se mais a ela própria. Por saber que, apesar de tudo - apesar de ele a ter abandonado, apesar de ele, possivelmente, estar a lutar contra si -, amava-o. Simplesmente não conseguia deixar de o fazer.


No more suffering
No more pain
Never again


O barulho de passos nas suas costas despertou-a das suas divagações. Cissa tornou-se imediatamente invisível e deixou-se ficar parada no mesmo sítio. Espantou-se quando os passos continuaram, agora passando muito perto de si, mesmo não estando ali ninguém. Raciocinou depressa. 'Potter. Deve estar com o manto'. Os passos pararam em seguida, segundos antes de Neville e Oliver Wood aparecerem à porta, carregando um corpo de um rapaz loiro e enfezado.


- Sabes que mais? Consigo levá-lo sozinho, Neville. – disse Wood, pegando no rapaz, colocando-o ao ombro e seguindo para o Salão.


Neville encostou-se por momentos à ombreira da porta, limpando a testa com as costas da mão. Depois, tornou a descer os degraus para procurar mais corpos. Então, Cissa tornou a ouvir os passos, que imitavam os de Neville. Decidiu segui-los e não se espantou quando pararam perto do Gryffindor, que estava debruçado sobre outro corpo.


- Neville.


- Caramba, Harry, quase me mataste de susto! – O Potter tirara o manto. – Onde é que vais sozinho?


- Faz parte do plano. – 'Ainda bem que ele tem um plano.' – Tenho de fazer uma coisa. Ouve…Neville…


- Harry! – Neville parecia agora assustado. – Harry, não estás a pensar entregar-te, pois não?


- Não. Claro que não…é outra coisa. Mas talvez desapareça por uns tempos. Sabes daquela serpente que o Voldemort tem, Neville? Aquela serpente enorme…chamada Nagini…


- Sim, já ouvi falar dela… O que é que tem?


- Tem de ser morta. O Ron e a Hermione sabem disso, mas caso eles… - Potter hesitou por momentos, parecendo perder-se. – Só para o caso de eles estarem…ocupados…e tu teres oportunidade de…


- Matar a serpente?


- Matar a serpente.


- Está bem, Harry. Está tudo bem contigo?


- Sim, está tudo bem. Obrigado, Neville. – Neville agarrou o Potter pelo pulso quando ele se preparava para ir embora.


- Vamos continuar a lutar, Harry. Sabes isso, não sabes?


- Sim, eu…


I'm in the war of my life
At the door of my life
Out of time and there's nowhere to run


Neville deu uma palmadinha no ombro do colega e continuou em busca de mais corpos. O Potter estava parado na escuridão, meio perdido. Cissa conseguia perceber que ele estava a perder a esperança, a pensar em parar e desistir. Mas não podia! Não quando tanta gente dependia dele! Não quando toda a gente lutava por ele, pela causa que ele defendia!


Sempre invisível, Cissa aproximou-se dele devagar. Sabia que, se lhe falasse abertamente, ele iria ignorá-la ou enfeitiçá-la. Ser Slytherin não dava realmente jeito nenhum naquele momento. Por isso, decidiu chegar perto do ouvido dele e sussurrar lenta e carinhosamente.


I'm in the war of my life
I'm at the core of my life
Got no choice but to fight 'til it's done
So Fight on, fight on everyone, fight on
Got no choice but to fight 'til it's done


– Harry, não podes desistir, não podes perder a esperança! Tu és o que motiva todas estas pessoas a lutar! Debaixo dos lençóis, no Salão, estão aqueles que te apoiaram, que morreram por aquilo que simbolizas, aquilo que defendes! Se fraquejares, todos fraquejarão; se a chama dentro de ti se apagar, as almas que te acompanham e estão do teu lado morrerão de frio. Sê forte e luta, Harry, luta para manteres a chama acesa, para iluminares o caminho de todas estas pessoas rumo à paz e à felicidade. Eles precisam de ti, Harry. Eles dependem de ti. Eles contam contigo. Não os desiludas. – terminou, colocando, muito ao de leve, a mão direita no ombro do dele.


I'm in the war of my life
I'm at the core of my life
I've got no choice but to fight 'til it's done'
(War Of My Life – John Mayer)


Parecendo animar-se levemente, Harry tornou a pôr o manto e recomeçou a andar.


' No matter how dark the moment, love and hope are always possible'
(George Chakiris)


'Ninguém pode livrar os homens da dor, mas será bendito aquele que fizer renascer neles a coragem para a suportar'
(Selma Lagerlof)




N/A: Tal como nos outros caps, a fala de Voldemort e a conversa entre Neville e Harry foram totalmente retiradas do livro Harry Potter e os Talismãs da Morte (JK, Warner Bros (whatthafreakingever!) © ALL RIGHTS RESERVED), versão portuguesa de Portugal.


'Se a chama dentro de ti se apagar, as almas que te acompanham e estão do teu lado morrerão de frio' - Mauriac


Keep reading! Only 4 more chapters to go!


Love,
~Nalamin


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