The Sweetest Taste Of Sin

The Sweetest Taste Of Sin



Disclaimer: It's all yours, dear J.K.









Have you met Miss Jones?
Fanfic by Nalamin


Chapter 32: The Sweetest Taste Of Sin


- Ela é uma idiota.


- Cala-te Draco, ela estava a ajudar o Adam. Não era intenção dela pôr-se à frente das bludgers, só queria tentar afastá-lo.


- Dado que o Sanders é da outra equipa, não percebo a reacção.


- Lá porque tu não percebes o conceito de amizade…


- Isto não é amizade, Daphne, é burrice.


- É ligeiramente repugnante, mas terei de concordar com o Draco.


- Obrigado, Solomon.


- Cala-te tu também, James.


- O que raio se passou?


- Bludgers. Duas.


- Mas ela nunca levou com uma bludger na vida!


- Nem levaria se não o tivesse feito de livre e espontânea vontade.


- James, fecha a matraca. Não foi bem assim, Tom. Ela estava a tentar ajudar um amigo.


- Que por sinal era da outra equipa.


- O quê! Merlin, se ela não morrer disto, eu mato-a.


- Vocês são um bando de imbecis.


- Como está a minha princesa?


- O que é que te parece? Inconsciente.


- Mas viva.


- Óptimo. Vim agora do campo, o Graham estava a falar com Madame Hooch por causa dos resultados.


- E?


- Não sei, eles ainda estavam a discutir quando vim embora.


- Vou ver se já está tudo resolvido.


- Vou contigo.


Conseguia ouvi-los nitidamente, mas os meus olhos não queriam abrir. Ouvia os passos do Malfoy e do Blaise a saírem da enfermaria, tal como ouvira os de todos os outros quando entraram. Sentia-me ligeiramente zonza, e as memórias estavam todas um pouco difusas. Eles falavam em bludgers, mas eu nem sequer me lembrava de um jogo de Quidditch. A minha última memória era a de abraçar Adam.


- Como é que ela está? Por Merlin, ela é completamente louca. O que raio lhe deu para se pôr à minha frente? – 'Eu pus-me à frente dele? Será que tomei alguma coisa ilegal antes do jogo?'


- É o que todos nos perguntamos, Sanders.


- Partiu alguma coisa?


- Era um milagre se estivesse inteira. Ninguém leva com duas bludgers, no ventre e no peito, e depois cai de uma altura de 20 metros sem sofrer sequer um arranhão. – 'Pelas barbas de Merlin! Foi isso que me aconteceu?'


- Fora aquelas escoriações todas, tem muitas costelas partidas e deslocou o ombro. Mas Madame Pomfrey tratou dela e agora já está estável. O ombro está como novo e está com Skeele-Gro intravenoso para que os ossos sarem mais depressa. – 'Ora mas que estado bonito em que me fui pôr. Idiota, Cissa, idiota'.


- Já não deve faltar muito para que acorde.


- Eu ainda tentei apanhá-la, mas…


- Oh, eu sei, eu vi, Adam. Mas as bludgers projectaram-na contra os postes. Nunca conseguirias chegar lá a tempo.


- Por alguma razão, Daph, isso não me faz sentir melhor.


- Talvez a devêssemos deixar descansar. – 'Não não, eu estou bem! Não se vão embora, quero saber exactamente o que aconteceu. E o resultado do jogo!'


- Sabes que não gosto de a deixar aqui sozinha, James.


- Até parece, Tom. Ela é cliente habitual de Madame Pomfrey, como tu bem sabes.


- Sim, sei. Mas sabes tu que mesmo dessas vezes ela nunca está sozinha? – 'O quê? O que raio quer ele dizer com isto?'


- Mandas Claire vigiá-la? Não és tu que o fazes, com certeza, estás quase sempre comigo.


- Claro que não. É óbvio que a Claire não sabe o que os Carrow fazem à irmã.


- Então quem?


- Meus caros, já temos o resultado do jogo!


- E qual é o veredicto, Zabini?


- A Cissa nunca nos fez perder um jogo, James, não ia ser hoje, por causa de duas bludgers, que ia começar a fazê-lo. – 'Ganhámos? Fantástico!'


- Então podem ir festejar para as vossas salas comuns, Mr. Zabini. Miss Jones tem alguns ossos a crescer, precisa de descansar.


- Sim, Madame Pomfrey, já estávamos de saída.


- Quanto tempo acha que ela vai demorar a recuperar? – 'Daphne Daphne…sempre demasiado preocupada! '


- Se Narcissa repousar devidamente e fizer tudo o que eu lhe disser, depois de amanhã já deve poder ter a sua amiga de volta, Miss Rosier.


- Obrigado. Nós voltamos mais tarde para a visitar.


Ouvi o meu irmão a agradecer à experiente enfermeira e a sair da ala hospitalar acompanhado pelos meus amigos, em passos lentos e ritmados. Sorri mentalmente ao reparar que, dado que não podia ver, a minha audição estava muito mais aguçada. E nem estava a fazer um esforço para usar aquele meu 'super poder', como Claire gostava de lhe chamar.


Quando tornei a ficar sozinha, já que não estava mais nenhum doente na enfermaria e Madame Pomfrey tinha regressado ao seu gabinete, pude pensar melhor na conversa que eu tinha 'presenciado'. Fiz um esforço para me lembrar do que tinha acontecido depois de entrar nos balneários, mas era tudo uma mancha negra na minha memória. Com que então tinha-me posto em frente a Adam para o livrar de levar com as bludgers dos gorilas da minha equipa. Agora, deitada naquela cama, sem conseguir sequer abrir os olhos, repreendia-me por tal feito. Era certo que Adam era muito importante para mim, mas o Quidditch era um jogo onde não havia lugar para amizades, pelo menos, dentro do campo. E principalmente entre equipas adversárias! Suspirei mentalmente, tomando nota de mais outra das minhas burrices.


Outra coisa que me perturbava o espírito cansado, era aquela pergunta feita pelo meu irmão a James. Eu nunca estava sozinha? Nem quando vinha parar àquelas mesmas camas por causa das 'sessões' com os meus grandes amigos Alecto e Amycius? E se não era Claire que me vigiava, quem seria? Ele próprio não poderia ser, tal como dissera James. 'Tom anda cada vez mais misterioso! Já não consigo ler-lhe a expressão. É como se tivesse tornado…estranho.' Tornei a repreender-me. Andava tão ocupada com Adam e as aulas e o piano (e o Malfoy, embora me custasse admitir), que tinha descuidado a minha relação com os meus irmãos. Teria de tratar disso também.


Subitamente, tornei a ouvir passos. Pensando que era Madame Pomfrey, possivelmente para me dar mais uma dose de um qualquer remédio, não liguei. Mas quando uma mão tocou na minha, não pude deixar de me espantar. Raciocinei rapidamente. Devia ser a pessoa que, supostamente, me vigiava! Fiz um enorme esforço para abrir os olhos, mas estavam mais pesados que nunca! A minha exaustão era evidente. 'Merda, eu quero mesmo saber quem é!'


Foi o meu último pensamento antes de perder completamente os sentidos.




 


Saí da ala hospitalar três dias depois, um pouco antes da hora do jantar e apenas porque Madame Pomfrey precisava da minha cama. Os Slytherin e os Gryffindor tinham-se envolvido numa violenta briga de onde resultaram imensos dentes de tamanhos descomunais, sobrancelhas que tinham crescido até ao joelho e uns quantos olhos e lábios inchados. A velha enfermeira não tinha mãos a medir e, resignada, deixou-me sair com Daphne, fazendo-me prometer que utilizaria a minha muleta durante, pelo menos, mais um dia, e dizendo a Daphne para manter um olho na minha pessoa.


- É imensamente engraçado ver Narcissa Jones, força de vida, limitada a andar com uma muleta. – comentou Daphne, rindo e andando muito lentamente a meu lado, rumo ao salão. Eu ainda não pegara o jeito de caminhar com aquele aparelho esquisito.


- Obrigada, Daphne, és muito querida. Mas não planeio andar com isto muito mais tempo. – ela olhou para mim, franzindo o sobrolho. – Quando chegarmos ao quarto, uso a 'minha' magia para acabar de consertar as minhas costelas.


- Tens energia para isso? Não te sentes fraca?


- Não. Sinto-me absolutamente normal. Já estava bem ontem, mas Madame Pomfrey é como tu. Demasiado zelosa no que toca à minha pessoa. – respondi-lhe, com um sorriso. – Mas conta-me, o que é que eu perdi nestes dias que estive enferma?


- Ora, nada de especial. A McGonagall perguntou por ti, o Slughorn ficou desolado e pareceu-me ouvir o Flitwick dar graças a Merlin por não ter de inventar mais nada para te entreter durante uns tempos.


- Pobre Flitwick. Parece que a razão dos seus piores pesadelos vai voltar às aulas. E é logo a primeira, amanhã de manhã. – disse, rindo.


- Bom, ainda vai ter a noite toda para se mentalizar disso.


- E tens visto Claire? Ela pareceu-te bem? É que quando me foi ver estava muito preocupada. – suspirei. - Ela está muito assustada com toda esta situação: Voldemort, os Carrow…


- Conheces alguém que não esteja?


- Mas ela é mais nova.


- Só tem um ano a menos que nós.


- Sim, mas Claire ainda é muito criança. – argumentei. – Não tenho a certeza se compreende a dimensão dos problemas que podemos vir a sofrer.


- Se não compreendesse, não estava assustada, Cissa.


- Talvez. – fiz uma pausa, assimilando o que a minha melhor amiga dissera. – Eu e Tom estivemos a falar, durante as férias de Natal. – Daphne olhou-me, confusa. – Sobre uma espécie de plano de emergência para o caso de as coisas darem mesmo para o torto.


- E então?


- Estamos a pensar mandar Claire para S. Mungus. Ela quer ser curandeira e assim juntava-se o útil ao agradável: ela ficaria segura e teria oportunidade de praticar a profissão.


- Mas Ci, ninguém em S. Mungus vai aceitar uma miúda de 14 anos como estagiária de curandeira! – exclamou Daphne.


- Esqueces-te de que sou uma Barclay. O lema da minha família é 'se existe, pode ser comprado'. Que foi o que nós já fizemos. Comprámos o lugar dela como estagiária ou assistente em S. Mungus. – olhei-a. – Não foi nada barato, deixa-me dizer-te.


- E se não for preciso? – encolhi os ombros.


- Paciência. Ao menos eu e Tom ficamos de consciências tranquilas por termos feito o que estava ao nosso alcance para proteger a nossa irmã. E há muito mais galeões de onde aqueles vieram, por isso, estamos tranquilos em relação a isso também.


- Então e protegerem-se a vocês? Não têm um plano de emergência para vocês? – perguntou Daphne, já muito preocupada.


- Não. Se houver batalha, vamos ficar e lutar. Só espero é que não seja já hoje. Esta coisa não ia dar jeito nenhum. – gracejei eu, tropeçando a cada 5 passos por causa da muleta.


- Nem brinques, Cissa. – fez uma pausa. – Achas mesmo que vai acontecer? – Suspirei.


- Creio que é inevitável, Daph.


Como sempre acontecia quando a conversa descambava naquele assunto, ficámos em silêncio durante o resto do caminho até ao salão. Tive alguma dificuldade nas escadas, oferecendo desse modo a Daphne a hipótese de se rir de mim mais um pouco.


Chegadas finalmente ao salão, notei que toda a gente olhava para mim e para o meu novo 'acessório', do qual eu já estava genuinamente farta. Depois do quarto tropeção na pequena distância que separava a mesa da minha Equipa da porta do salão, desisti de usar aquela coisa. Não imaginava sequer como é que alguns muggles passavam meses pendurados naquilo. Pedindo então a Daphne que fizesse o favor de levar o 'aparelho' na mão até à nossa mesa, fui coxeando, ligeiramente inclinada para o lado esquerdo (já que tinha sido do lado direito que as minhas costelas tinham sofrido os maiores danos), até alcançar o meu primo e Blaise, que nos esperavam.


- Esse foi o andar mais sexy que eu já vi em toda a minha vida. – comentou Blaise, ao meu ouvido, ajudando-me a sentar. Ri-me.


- Imagino que sim, Zab. – assim que me sentei, todos os olhares que me fixavam voltaram-se de novo para os pratos de comida às suas frentes. Acenei aos meus irmãos e a Adam e também eu ataquei o puré e as almôndegas que Daphne me pusera gentilmente no prato.


- Parti quatro costelas, não quatro dedos. – comentei, sorrindo para Daphne, que me olhou de lado, divertida, enquanto se voltava para James.


- Onde é que está o Draco?


- Não te lembras, Daphne? Está no castigo, com a McGonagall. – Vi a minha melhor amiga corar.


- Não precisas de ser idiota, James. Já me sinto mal o suficiente.


- Sentes-te mal pelo Malfoy estar de castigo? Porquê?


- Vá, loirinha, a culpa também não foi só tua. O Draco anda um bocado esquisito, ultimamente. Cheio de segredos. – 'Sendo que um deles é o meu! Mas parece que não o contou a ninguém. Menos mal'.


- Foi maioritariamente minha, Blaise.


- Mas afinal alguém faz o favor de me explicar o que aconteceu? – insurgi-me eu, confusa com toda aquela conversa.


- Foi na aula de Transfiguração. Tivemos aula conjunta com os do 7º ano porque o Slughorn, que lhes ia dar poções nesse tempo, teve de ir tratar de assuntos pessoais. – explicou Daphne. – A McGonagall começou a ensinar-nos a alterar a nossa aparência. Era suposto treinarmos trocando a aparência dos nossos parceiros, os alunos mais velhos. O meu parceiro era o Draco.


- Mas ela estava tão distraída que deixou o Malfoy irreconhecível. – continuou James. – Quando ele se viu no pequeno espelho que cada um de nós tinha gritou: 'Porra Daphne, estás louca? Toma atenção ao que fazes!'.


- E é claro que a McGonagall ouviu e pô-lo logo de castigo. – terminou Daph.


- Ah, pensei que fosse alguma coisa realmente grave. Os castigos da McGonagall não são nada de mais. Provavelmente o Malfoy está a limpar as taças na sala dos troféus. – respondi, não conseguindo esconder um sorriso ao imaginar Draco Malfoy de avental branco e touca na cabeça a polir indignado uma Taça das Equipas ganha pelos Gryffindor. – Mas já agora, Daphne, por que é que estavas distraída? Não é teu costume. – Ela suspirou.


- Mais cedo naquele dia, o segundo que passaste no hospital, nós fomos todos ver-te antes de irmos para as aulas. Quando íamos a meio do caminho, uma aluna mais nova veio a correr ter connosco dizendo que Madame Pomfrey nos chamava com urgência. Fomos a correr e quando lá chegámos, ela ainda estava muito atarefada a tratar de ti. Quando acabou, não nos deixou ver-te. – franzi o sobrolho.


- Porquê? – ela voltou-se para os rapazes.


- Como é que ela disse? Houve uma pressão e…


- As bludgers partiram-te as costelas, e uma das costelas partidas perfurou-te o pulmão. Estavas a sangrar internamente. – explicou James, erudito. - É praticamente indetectável, já que ninguém apresenta sintomas. Madame Pomfrey só reparou porque começaste a sangrar do nariz. É muito raro isso acontecer. Normalmente os doentes acabam por morrer. – Merlin. Estivera assim tão mal? – Seja como for, ela viu o que estava a acontecer e tratou-te. Mas não tinha como saber se tinha chegado a tempo. Só restava esperar e ver se conseguias recuperar.


- Ficámos preocupadíssimos. Queríamos ficar lá à espera que acordasses, mas Madame Pomfrey obrigou-nos a ir às aulas. Tom estava zangadíssimo e aqui o Blaise estava pronto a rogar uma ou duas pragas à enfermeira.


- Ora, ninguém me proíbe de ver a minha princesa. – sorri-lhe.


- A nossa primeira aula era a da McGonnagall. Quando chegámos contámos logo ao Edwin, à Erika e ao Draco. E depois…enfim. Acho que podes imaginar. Estava tão distraída e preocupada a pensar em quando é que irias acordar que deixei o Draco naquele estado lastimável. – terminou Daphne, arrependidíssima.


- Esquece isso, Daph, ele já estava num estado lastimável de qualquer maneira. – comentou Balise, encolhendo os ombros. – E como a Cissa disse, os castigos da McGonagall são simples. Ele está óptimo. Talvez um pouco mais mal-humorado.


- Mesmo assim…


- Por Merlin, Daphne! – James suspirou antes de continuar. – Se te faz sentir melhor, eu vou contigo buscá-lo ao castigo.


- Oh, obrigada James! – Ele apenas assentiu e revirou os olhos, continuando a comer.


- Têm a certeza de que é tudo? – perguntei, fazendo-os olhar para mim, confusos. – Não perdi mais nada?


- Não. Naquele mesmo dia acordaste e ficou tudo bem. Daphne já não enfeitiçou erradamente mais ninguém. – Daphne lançou um olhar chateado ao meu primo.


- E se fôssemos buscar o Draco, James? – perguntou ela, dando-lhe um sorriso amarelo. Ele riu.


- Vamos lá, Daph, vamos lá. – respondeu ele, levantando-se e seguindo-a para fora do salão.




 


- Obrigada, Zab. – agradeci eu, quando ele me deixou no sofá junto à lareira, na sala comum. Olhando em volta, vi que, com excepção de uns alunos mais novos jogando xadrez nas mesas perto das janelas, esta estava vazia. – Onde é que estão os Slytherin?


- Princesa, os remédios de Madame Pomfrey fizeram-te esquecer? Slytherin que se preze nunca está na sala comum antes das duas da manhã a um sábado. – respondeu-me ele, sorrindo maroto. – Ficas bem?


- Sim, Blaise, vai lá ser um Slytherin prendado.


Ele gargalhou, beijou-me os cabelos e saiu depressa da sala comum, provavelmente já atrasado para um encontro com a rapariga com quem estava nessa semana.


Fechei então os olhos e respirei fundo, sentindo uma pontada no lado direito do peito. Tinha de tratar rapidamente daquilo. Reparando que os dois rapazes que estavam comigo ali se encontravam absorvidos no jogo de xadrez que disputavam, pus a minha mão esquerda sobre os ferimentos, enquanto me concentrava, pelo sim pelo não, em pronunciar o feitiço que remendaria os meus ossos. Senti um pequeno formigueiro que parou segundos depois. Tornei a respirar fundo, dando-me me conta de que a dor desaparecera. Sorrindo, estiquei-me no sofá, relaxando. Daphne e James chegaram entretanto, ligeiramente aborrecidos. Tinham ido, com todas as boas intenções do mundo (tradução: porque Daphne se sentia culpada e James já estava farto de a ouvir), resgatar Malfoy das garras da professora McGonagall. Mas quando lá chegaram, a professora informara-os de que a doninha tinha sido libertada do castigo há meia hora.


- Acho que vou para a cama. Vens? – perguntou Daphne, parando à minha frente.


- Acho que vou ficar por aqui mais um bocado. Não tenho sono.


- Está bem. James?


- Sim, eu vou. Até amanha, prima.


- 'Noite!


Com um sorriso, vi-os subirem calmamente as escadas, sendo quase imediatamente seguidos pelos outros dois ocupantes da sala, que claramente se tinham fartado do jogo. Suspirando, fechei os olhos e deixei-me cair para o limbo, aquele lugar entre o sonho e o real que é tão estupendamente tranquilo e agradável, e nem me dei conta de quem entrara na sala e se sentara na mesa em frente ao meu sofá. A presença também nada fez para se fazer notar, portanto, só reparei nela quando, passados longos minutos, me espreguicei, abri os olhos e apanhei um grandessíssimo susto, que quase me fez cair do sofá.


- Porra, Malfoy, queres matar-me do coração? – perguntei, enquanto esfregava energicamente o peito.


- Quantas vezes já te disse que não sou assassino, Jones? – questionou ele, olhando para o chão.


Agora que o olhava com atenção, reparava que ele não parecia o mesmo Malfoy de sempre. A maneira como ele passava as mãos por aquele incrível cabelo loiro davam a entender que ele estava frustrado, nervoso com alguma coisa. O facto de ele estar a olhar para o tapete ao invés de me fixar com os seus olhos intensamente azuis e o seu sorriso torto não era nada normal. E também não era nada normal eu estar a achá-lo ainda mais sexy por causa disso.


- Não foi isso que eu quis dizer, Malfoy. É só uma expressão. – justifiquei-me, mais calma, olhando o tecto. Os minutos passavam e ele continuava na mesma posição, sem me responder. – O que é que se passa, Malfoy? – questionei, curiosa.


- Nada da tua conta, Jones. – 'Mas porque é que só consigo mentir-lhe!'


' Intentions that were pure have turned obscure
Seconds into hours
Minutes into years
Don't ask me why
I cant tell you lies'
(Angels Cry – The Red Jumpsuit Apparatus)


- Ok, Malfoy, tu lá sabes. – comentei, suspirando e fechando os olhos. – Mas agora, se não te importas, afastas-te. – 'Mas eu não o quero longe'. – Estás no meu espaço. – 'Tretas, é claro que o quero longe. O mais longe possível.'


- Desculpa, Jones. – disse ele, levantando-se e seguindo para a porta. 'Acabei de lhe pedir desculpa? Idiota!' Ele tinha acabado de me pedir desculpa ou eu estava ainda meio a dormir?


- Espera lá, doninha! – exclamei eu, saltando do sofá atrás dele e seguindo-o para fora da sala comum. – Agora é que me vais mesmo contar o que se passa. Tens a noção de que acabaste de te desculpar? A mim?


- Não vou ter de fazer nada, Jones. Deixa-me em paz. – disse ele, acelerando o passo. Dado que ele tinha as pernas mais longas que as minhas, comecei a correr devagar a seu lado.


- Não, lamento, mas isso não vai acontecer. – ele olhou-me de lado, mas nada disse. Sorri. – Já viste o que é ser seguido e chateado nos momentos mais inoportunos, Malfoy? Agora compreendes o meu sofrimento quando o fazes.


Ele continuou sem me responder, sem sequer me olhar. Aquela situação estava cada vez mais estranha (o que para mim já se estava a tornar normal). Primeiro aparece na sala comum como se tivesse sido torturado, depois desculpa-se e agora quase que corre por Hogwarts só para fugir às minhas perguntas. 'Porque é que ele está tão evasivo? Qual é o segredo?'. Pensei por um momento. 'Merlin! Será que ele contou a alguém do Dom!'. Comecei a ficar preocupada. Se isso realmente tivesse acontecido, eu estava literalmente condenada. Os Carrow viriam imediatamente atrás de mim. Sabe-se lá o que me fariam. E é claro que isso seria só o começo.


- O teu segredo ainda está seguro, Jones. Não precisas de fazer essa cara. – disse ele, com desprezo, continuando a andar. Suspirei de alívio e olhei em volta, verificando que estávamos no 4º andar.


- Óptimo. Então se não deste com a língua nos dentes, o que é que fizeste? – 5º andar.


- Cometi um erro. – respondeu finalmente, depois de um suspiro quase indetectável.


- Que erro, Malfoy? – 6º andar.


- Um erro muito grave, Jones. – ele parecia cada vez mais pálido. 'Deve ser uma coisa realmente séria'.


- Pode-te custar a vida? – perguntei, calma mas séria. Por alguma razão, queria mesmo que ele me respondesse àquela pergunta. De forma negativa, preferencialmente. Fiquei um pouco mais aliviada quando o vi dar um dos seus sorrisos. Era pequeno, mas bailava-lhe definitivamente nos lábios.


- Não se eu puder evitar. – 7º andar.


- E como é que planeias fazer isso? – ora, agora estava curiosa. E, reparei também, em frente à porta da sala das necessidades. O que raio estávamos ali a fazer?


- Ouvi dizer que tens uma orquestra, Jones. – disse ele, ignorando-me e parando a alguns metros da porta, olhando-a. Arrepiei-me, espantada.


- Como é que sabes que eu…?


- Não interessa. Importas-te, Jones? Tenho alguma pressa. – disse ele, ríspido, cruzando os braços.


- Pressa, Malfoy? Amanhã é domingo. – 'NARCISSA JONES, QUE COISA MAIS ESTÚPIDA PARA SE DIZER!'.


- Sou um homem ocupado, Jones. Não tenho a noite toda.


Bastante confusa e ainda assimilando toda aquela conversa numa parte da minha mente, ordenei a outra parte que se focasse na minha sala. Rapidamente se ouviu um clic bastante sonoro e a porta se abriu ligeiramente, convidando-nos a entrar. Com um gesto cavalheiro, a doninha indicou-me que deveria entrar. 'Cobarde assassino, mas cavalheiro gentil. Que combinação!'. Assenti e encaminhei-me para dentro da sala com ele atrás de mim.


- Então esta é a famosa 'orquestra' de Narcissa Jones. – comentou ele, fechando a porta atrás de si. Ignorando-o, fui sentar-me ao piano, perguntando-me por que é que ele me levara para ali. E por que é que tinha requerido a minha 'orquestra'. E como é que ele sabia que eu tinha uma orquestra.


- Não respondeste à minha pergunta, Malfoy. – disse eu, passando os dedos pelas teclas brancas, sem o olhar. – Como é que planeias remendar o tal erro que comeste?


- Não tenho a certeza de que tenha remendo possível, Jones. – disse ele, encostando-se ao piano, à minha frente. Mas aquela doninha só falava por enigmas? Custava muito dizer logo que merda é que tinha feito?


Bufando, comecei a tocar qualquer coisa, só para conseguir manter a concentração. Mas alguns segundos depois de começar a dedilhar as teclas, deixei-me simplesmente levar. Sim, tinha plena consciência de que ele ainda estava ali, mas não queria realmente saber. Precisava de serenar durante um minuto. Quando acabei, respirei fundo e olhei pela janela. Ainda estava ligeiramente confusa.


- És boa. – disse ele, de repente, fazendo-me olhá-lo. – Trapalhona, mas boa. Quem é que te ensinou, Jones?


- A minha avó. – respondi eu, automaticamente. 'Quem mais poderia ser?'. – E eu não sou trapalhona. Só não gosto de tocar com gente a ver.


- E o que era isso que estavas a tocar? – perguntou, avançando na minha direcção.


- Nada de especial.


- Então certamente que não te importas de tocar de novo, Jones. – respondeu-me, sentando-se a meu lado no banco. Estava tão perto de mim que eu conseguia novamente ver o loiro-esbranquiçado das suas pestanas. E sentir o seu cheiro. Cada vez que aquele aroma invadia as minhas narinas eu só pensava: 'Merlin me ajude'.


' Meu Deus, como pode ser tão bom esse mal que tu me fazes
Que me obriga a ir a jogo sem figuras nem ases
Sabendo que não vou ganhar como nunca ganhei
Sabendo que não consigo parar como nunca parei '


Ele podia ser cobarde assassino, doninha e tudo o mais que eu conseguisse pensar para lhe chamar…mas era indubitável e irrevogavelmente sexy. E eu estava indubitável e irrevogavelmente atraída por ele. Não, aquilo já era mais que atracção. De cada vez que ele se chegava mais perto, a minha cabeça deixava de funcionar. Só conseguia pensar naqueles olhos a fixarem os meus, os seus braços das minhas costas, os seus lábios…


Só pode ser verdade o que me conta a poesia
Eu gosto de gostar e sinto a tua falta todo o dia
Que posso eu fazer se me fazes tão bem/mal
Desafiando as leis da gravidade, a minha moral '


- Ok, Malfoy. – respondi eu, piscando os olhos várias vezes para me obrigar a raciocinar e a responder de forma coerente. – Como queiras.


Respirando fundo, recomecei a tocar. A certa altura, os dedos dele voaram para as teclas que eu dedilhava e começaram a acompanhar-me. Contive o meu espanto e continuei, deixando-o fazer a sua parte e percebendo que a música ficava muito melhor tocada daquela maneira. 'Quem diria…Narcissa Jones e Draco Malfoy a tocarem uma peça juntos!'. Sorri.


- Parece que fazemos um belo par, Jones. Obrigado por me permitires acompanhar-te. – disse ele, sorrindo de lado.


- Parece que sim. E foi obviamente uma honra, Malfoy. – respondi, sarcástica. – Mas, já agora, como paga, podias conceder-me um desejo. – acrescentei, virando-me para ele e vendo-o franzir o sobrolho.


- E esse desejo seria…


- Gostava de saber que erro tão crasso foi aquele que dizes cometer.


A luz era fraca, mas reparei que ele empalideceu ligeiramente. E quando, em seguida, passou as mãos pelo cabelo, percebi que me ia contar o que escondia. E percebi que não deveria ser nada fácil fazê-lo. Para começar, eu era Narcissa Jones. E depois, pelo que eu havia deduzido da sua forma de agir, parecia ser algo que ele estava realmente arrependido de ter feito. Não me parecia que fosse assim tão sério, ou ele não teria sorrido quando eu lhe perguntara se a sua vida estava em perigo. Parecia ser algo mais ligeiro, menos grave…e possivelmente embaraçoso.


- Não consigo dizer-te. – respondeu ele, ao fim de algum tempo, olhando-me profundamente nos olhos. Suspirei, revirando os olhos.


'O prazer da tua carne tornou-se essencial
Para a minha sanidade, física e mental
Fatal fatalmente o coração sente
E a minha boca mente em ritmo desplicente
Palavras que nunca direi à tua frente
Aprendi a ser humano haveria eu de ser diferente? '
[Sam The Kid ft. Pac e SP – Resistir À Tentação (O Crime do Padre Amaro)]


- Vá lá, Malfoy, deixa-te de coisas.


- Mas posso mostrar-te.


- Ok, força. Mostra-me. Precisas que invoque um pensatório? – perguntei, sarcástica, de mãos nos joelhos.


' You call me a stranger
You say I'm a danger
But all these thoughts are leaving you tonight
I'm broke and abandoned
You are an angel
Making all my dreams come true tonight'
(Stranger – Secondhand Serenade)


Ele sorriu e não me respondeu. Mas tal como disse que ia fazer, mostrou-me. E apesar de, lá no fundo, eu já saber (talvez por o meu subconsciente dar ouvidos a Adam), não consegui deixar de ficar um bocadinho surpreendida com aquele 'erro'. Nem com isso, nem com o facto de eu ter admitido a mim própria, naquele momento, estar a cometer o mesmo 'erro' que ele.




N/A: Ex-namorados não são uma coisa fantástica? Tenho muito a agradecer-lhes, foram parte muito importante da minha inspiração para esta fic. Aliás, esta pequena situação aqui de cima é baseada num acontecimento verídico. Com a diferença que Draco é muito mais sexy que o rapaz envolvido -.-


Anyways, keep reading, will you? (:


Love,
~Nalamin


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